sexta-feira, 11 de maio de 2007

PROSPECÇÃO CAMARADA



Moisés Diniz


Estimado jornalista Altino Machado,

Em primeiro lugar, gostaria de reconhecer que o seu blog tornou-se o principal espaço de debate sobre prospecção de petróleo e gás no Acre. Os demais meios de comunicação, quando abordam o tema, atiram com "Espingarda de Mazzaropi". O seu blog, de fato, virou uma ferramenta eficiente anti-petróleo.

Nesse sentido, gostaria que você pudesse publicar essa opinião, nesse espaço democrático e sem donos.

Inicio esclarecendo que ainda não me posicionei sobre a exploração de petróleo e gás no Acre. É que eu não quero fazer como aquele pai que compra o enxoval antes de saber se a mulher vai parir menino ou menina.

Eu estou debatendo prospecção! A minha proposta de audiência pública da ANP, a ser realizada no Acre, é uma das prerrogativas das populações locais, garantida na Lei do Petróleo. Isso significa dizer que a população do Acre não estava utilizando um instrumento de consulta fundamental, considerando que o pregão nº 12/2007 já havia sido divulgado, conforme você mesmo demonstrou, sem a prévia realização da audiência pública.

Assim, a audiência pública é uma oportunidade especial para que os técnicos da ANP confrontem suas informações científicas e econômicas com as preocupações ambientais e sócio-econômicas do povo do Acre. Se daí vai nascer o consenso ou o dissenso, só saberemos depois.

Quanto à prospecção, eu tenho uma opinião formada. Estudei os modelos de prospecção de gás e petróleo e pesquisei as experiências em regiões florestais. Acho que você poderia ajudar muito na construção de um consenso em torno da prospecção. Quanto à exploração, por que a gente não deixa o debate para depois da descoberta ou não do que temos no nosso subsolo?

Será que o Acre não tem peito para explorar ou barrar uma possível exploração de petróleo e gás em nossas terras? Há inúmeras regiões do globo onde se descobriu petróleo e gás, mas as populações locais barraram a sua exploração. Sinto que há um medo velado aqui no Acre. Acho que esse debate tem que sair da "magia" e adentrar a ciência, sem retirar o calor necessário das divergências, inclusive ideológicas.

Quanto à prospecção em terras indígenas e no seu entorno, a possibilidade é zero! Qualquer manifestação nesse sentido, inclusive com propostas indecentes no Congresso Nacional, de emendar a Constituição, terá a oposição combativa de todos nós.

No mais, acho salutar o debate que você vem fazendo! Só estou com um problema: não estou podendo imprimir os bons textos do seu blog para levar à Assembléia Legislativa, porque cada cartucho de toner de tinta da impressora consome meio litro de petróleo...

Moisés Diniz (PC do B) gosta de ser apresentado como deputado estadual da floresta. Realmente, um toner custa caro, mas não pense em defender o reajuste de seu salário e dos seus pares por conta disso, deputado. Para aprofundar o poço: Jorge Viana disse que não existe no mundo nenhum lugar onde tenha sido encontrado petróleo e o mesmo deixado de ser explorado. Portanto, é oportuno que você nos faça conhecer os lugares onde o petróleo foi encontrado e a exploração barrada pelas populações locais. Quanto ao blog, embora não haja donos, você é um dos "sócios". "Espingarda de Mazzaropi"? Gostei da expressão. É aquela arma que tem sido usada pela assessoria do senador Tião Viana e pelos bajuladores de plantão. Um forte abraço.

3 comentários:

Fred Perillo disse...

Veja Altino, um posicionamento absolutamente lúcido. Não conhecia este deputado, mas desde já manifesto minha simpatia por ele e pelo texto de uma felicidade ímpar que ele postou no seu blog. Equilibrado, distante dos posicionamentos radicais dos desenvolvimentistas exacerbados e dos verdes festivos. Vida longa ao seu blog e ao debate!

Cartunista Braga disse...

Alguém forneça um cartucho recarregado para meu comunista predileto!

Sandro Ricardo disse...

Acho que o ilustre deputado veio armado de "lábias", com o objetivo de tentar parar uma discursão que não quer parar, felizmente esse jornalista não se deixou enganar com esse papo "deixa para discutir isso depois", vamos continuar nossas discursões.......