quarta-feira, 4 de abril de 2007

PROSPECÇÃO

Alceu Ranzi

Creio que a palavra prospecção - método ou técnica empregada para localizar e calcular o valor econômico de jazidas minerais, segundo o Aurélio - nunca foi tão utilizada no Acre como agora. Porém, há mais de 70 anos, se prospecta para localizar petróleo no Acre.

Já em 1935 o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) enviou seus técnicos para procurar petróleo no Acre. Isto está bem registrado nos relatórios produzidos por Pedro de Moura e Victor Oppenheim. Pedro de Moura publicou, em 1936, na Revista Mineração e Metallurgia, o artigo “Estudos geológicos para pesquisa de petróleo no Valle do Juruá, Território do Acre”. Na mesma Revista, em 1937, Pedro de Moura voltou a publicar sob o título “Possibilidades de petróleo no Território do Acre”.

A descoberta, por Victor Oppenheim, de uma estrutura geológica com possibilidades petrolíferas, na Serra do Moa, extremo ocidental do Brasil, determinou a necessidade de maiores estudos. Novamente o DNPM enviou uma equipe de técnicos para o Acre, para operar durante o verão de 1936, na área compreendida entre as nascentes do Igarapé Ouro Preto e as nascentes do Rio Javari (Paraná dos Mouras, Rio Azul, Rio Moa, Igarapés Capanáua, Jesumira e Ramón). Os resultados estão relatados por Pedro de Moura e Alberto F. Lavenére Wanderley em um volume datado de 1938, publicado no Boletim do Serviço de Fomento da Produção Mineral sob o título “Noroeste do Acre - Reconhecimentos Geológicos para Petróleo”.

Entre outros relatos destes trabalhos ou prospecção, em 1937 Victor Oppenheim publicou no Boletim da Associação Americana de Geólogos Petroleiros o artigo "Geological Exploration between Upper Juruá river, Brazil and Middle Ucayali river, Peru". Sob o mesmo título e no mesmo Boletim, J.T. Singewald Jr. publicou seus estudos efetuados na mesma região.

Foi neste tempo que se perfurou o poço do Central, que jorra água ainda hoje, e se instalou na região uma antena para o telégrafo, cuja energia necessária era produzida pela caldeira que jaz abandonada ao pé da Serra do Moa, na margem direita do rio. Na década de 1960 o Departamento de Exploração da Petrobrás, atuou na área, perfurou e lacrou alguns poços. Os resultados da Petrobrás não foram publicados, estão em forma de Relatorios Internos.

Em 1963, na Alemanha, foi publicado um artigo assinado por G. Bischoff com o título "Mitteilung zur geologie des Territoriums Acre in grenzgebiet von Brasilien und Peru". O mapa que acompanha o artigo de Bischoff é baseado em Moura e Wanderley de 1938.

Em 1972, surgiu outro interessante artigo, um dos mais completos, sob o título "Possibilidades petrolíferas da Bacia do Acre", assinado por K. Miura, publicado nos Anais do Congresso Brasileiro de Geologia, realizado em Belém.

Nos volumes 12 e 13 do Projeto Radam, com ampla revisão bibliográfica, constam os relatos dos levantamentos dos Recursos Naturais do Estado do Acre, trabalhos realizados no início da década de 1970.

Por último, já no final da década de 1970, portanto depois do Radam, a Petrobrás atuou novamente no Acre, agora com intenso uso de helicópteros e equipes de geofísica. Nestas ultimas pesquisas o artista Maqueson, marcheteiro de Cruzeiro do Sul, atuou como guia local para a Petrobrás e estava a bordo de um dos helicópteros que sofreu acidente, felizmente sem vítimas fatais.

Outro que trabalhou naquelas época, a bordo dos helicópteros, para a Petrobrás, foi o José Boito, mais conhecido como Gaúcho, proprietário da Comercial Carola no Bairro da
Floresta. Ambos podem contar muitas histórias.

Para finalizar, queremos demonstrar que a prospecção para petróleo no Acre não é novidade. E para embasar uma discussão salutar, nada como ler o que já foi publicado sobre o assunto e ouvir quem participou dos trabalhos de campo.

Alceu Ranzi é paleontólogo. Para saber mais sobre a ventura de Victor Oppenheim, visite o blog Ambiente Acreano.

4 comentários:

Anônimo disse...

isto é: se fosse tão fácil de encontrar o tal ouro negro, já teria acontecido, nao é mesmo? Ou estou errada?

Anônimo disse...

Sabe que você tem razão José!? Isso tudo não passa de jogada de marketing dessa turma do poder que sabe como ninguém manipular as "massas", inclusive as cinzentas.Yo tô fora, vão prospectar seus fiofós.

Anônimo disse...

Belo texto. Mas tu é contra ou a favor cara pálida. Não fica em cima do muro.

Anônimo disse...

Certamente, belo texto Doutor Alceu, agora queremos saber Parte 2: IMPACTOS, QUEM GANHA, QUEM PERDE.