sábado, 17 de março de 2007

SAUDADE

Leila Jalul

Creio que esse negócio de saudade não é igual para todos. Sensações de vazio incomodantes, vontade de estar perto, de beijar, abraçar até que doam os braços e ardam os beiços. Não, não é tudo igual.


Uma amiga me contou que emagreceu mais de dez quilos por conta de uma separação. Credo! Ou esse sujeito era muito bom, ou a coleguinha estava sem dinheiro para fazer a feira. Meu Deus! Quanto mais não como, mais saudade sinto de comer.

Chico Buarque, um dos nossos "maiores", canta a saudade como o "revés do parto", como "arrumar o quarto do filho que já morreu".

Tenho a saudade no rol das coisas sérias.

Hoje, particularmente hoje, estou abatida pela saudade. Um dos meus antigos companheiros, um sujeito com quem dividi muito mais além dos travesseiros, que tem vergonha de expressar saudade, me diz que gostaria de saber mais do cotidiano daqui.

Saber mais do cotidiano daqui é saber mais de como vou vivendo. Não seria mais econômico perguntar:

- Olá! Como vai? Conte sobre você e seus dias, seus desgostos, anseios, expectativas, temores, alegrias, enfim. Me fale sobre como você sobreviveu à hecatombe da minha ausência.

A economia a que me refiro, também estaria na resposta:

- Vou indo mais ou menos. Meus desejos são poucos, muitos os temores, alegrias esparsas, os desgostos profundos. Sobrevivi à hecatombe da sua ausência pelo simples motivo de entender que sua presença era a própria hecatombe. Agora, para saber do cotidiano da terrinha, dê um pulinho e venha até aqui. Assim a gente mata umas e outras saudades.

Depois a gente daria o assunto por encerrado, até a saudade bater de novo.

6 comentários:

Anônimo disse...

Dalva de Oliveira... a Glória vai matar o povo afogado nas emoções.São muitas emoções para uma minissérie.O Elson vai se derreter todo, não é pra menos.Os que já ultrapassaram a marca dos sessenta têm que tomar muito chá de camomila.Que venha a estrela Dalva, já me preparei pra "morrer".

Anônimo disse...

Leila, a Núbia está aqui em Rio Branco de férias.E também encontrei o Lhé no mercado com uma capa de chuva amarela parecendo um piu piu. Disse que nós perdemos o jirau, depois o Casarão mas que agora o novo point é o Café do Teatro.Ele estava muito feliz,lembro que mencionou os nomes do Silvio e do Toinho.Eu não tive coragem de falar nenhuma maldade, apenas pensei.

Anônimo disse...

Leila, Leila, a saudade mata a gente, a saudade é dor cruenta.Vai ouvir os pássaros e dá asas a imaginação.

Anônimo disse...

Queridíssimo (a) anônimo (a), disso eu não morro mais não.
É que hoje choveu muito... não tomei uma geladinha e tive uma pequena recaída. Nada que um bom banho frio não resolvesse!

Anônimo disse...

Leila, você simplifica sentimentos aparentemente complexos. Você desnuda e compacta seus sentimentos tão bem, que um mundão fica cabendo no recôncavo de uma cuia prá todo mundo ver e aprender. Texto maravilhoso. Abração.

Anônimo disse...

Walmir, veja se vem logo. Não sei por quanto tempo eu e Altino conseguiremos manter o rio cheio. Somos poderosos, mas temos limites.
Meu amigo, vc é a bondade em pessoa. Veja, uma mente vazia, um toró de chuva, sem uma gelada para esquentar os nervos, a gente começa a lembrar desses sentimentos que só os bons merecem. Amor e carinho deveriam ser vendi -dos na farmácia, a preços módicos, não achas?
Um beijo no seu coração.
Marca essa passagem. Estamos no aguardo.
Leila