O laboratório Arkhos Biotech, dos EUA, defende em vídeo o controle privado para “salvar a Amazônia”. E acusa o Brasil de não cuidar da região
Ana Maria Mejia
Chico Araújo
Montezuma Cruz
A Amazônia está mesmo à venda. Em um vídeo de 1’25”, postado em seu site, a empresa norte-americana Arkhos Biotech está convocando as pessoas do mundo inteiro a investir “para transformar a floresta (Amazônia) num santuário de preservação sob controle privado. O apelo, em tom dramático, é feito pelo diretor sênior de marketing da empresa Allen Perrell, para justificar que a Amazônia precisa ser cuidada por grupos internacionais. “A Amazônia não pertence a nenhum país. Pertence ao mundo”, afirma Perrel.
Segundo ele, a proteção privada da Amazônia deve ocorrer porque “os países (no caso o Brasil) que deveriam tomar conta dessas riquezas não estão à altura da tarefa”. Perrel vai mais longe: “ajudar-nos a comprar a Amazônia não é apenas uma ótima oportunidade de investimento. Pode ser a única maneira de salvar a floresta da extinção total”.
Em sua página a Arkhos Biotech divulga, em texto, áudio e vídeo sua missão: A Amazônia deve ser internacionalizada. A empresa tem laboratório em Itacoatiara (AM), no coração da Amazônia, explora essências e óleos vegetais amazônicos, tradicionalmente conhecidos das comunidades ribeirinha, a exemplo do óleo de andiroba (Carapa Guianensis), usado como repelente natural de insetos e com ação anti-inflamatória; óleo de castanha-do-Pará (Bertholletia Excelsa), hidratante, óleo de Buriti (Maurita Flexuosa L.f.), rico em carotenóides e pró-vitamina A ; óleo de copaíba (Copaifera Officinalis) que tem ação anti-inflamatória e óleo de açaí (Euterpe Oleracea Mart) que tem ação calmante e de hidratação.
Ela se apresenta como uma das maiores fabricantes do mundo de ativos vegetais para a indústria cosmética e farmacêutica, atuando no mercado desde 1965 exportando para mais de 20 países. Também, segundo ela, é líder mundial na distribuição de sistemas concentrados 100% naturais, contendo ativos retirados de óleos de frutos tropicais. Em troca, a Arkhos Biotech promete “fabricar produtos que reduzem custos de processos produtivos, barateando-os e gerando renda para as comunidades ribeirinhas”.
Amazônia é fardo para o Brasil
Na avaliação da Arkhos Biotech, a Amazônia é um fardo difícil para o Brasil carregar. Para referendar suas afirmações destaca a pouca atenção do Governo brasileiro para com a região. Lista entre as ausências as taxas de desmatamento; o baixo investimento em pesquisa; (dos 0,65% do PIB brasileiro investido em pesquisa, apenas 2% são canalizados para a região Norte); o surgimento de organizações não-governamentais (ONGs) na Amazônia brasileira mantidos com dinheiro dos países desenvolvidos. Além disso, ironiza: “78% das pesquisas sobre a Amazônia são produzidos por pesquisadores estrangeiros”.
Sobre a riqueza existente na Amazônia – a empresa lista desde água em abundância, produtos não-madeireiros, minérios e recursos cujos valores ainda não mensuramos - o maior estoque de biodiversidade do mundo. Com cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados de extensão a floresta amazônica ela abriga entre 10% e 20% de todas as espécies que vivem em nosso planeta. Destaca que das 10 mil espécies de plantas possíveis de ser utilizadas como insumos em produtos para a saúde e a aplicação cosmética, a indústria de cosméticos usa apenas 135 espécies. E conclui: a vida do homem sobre a Terra depende da Amazônia. Por isso, o objetivo da Arkhos Biotech é ajudar a humanidade a usar e a tomar conta da Amazônia.
O QUE DIZ O VÍDEO
“Controle privado é a melhor maneira de salvar a Amazônia.
Controle privado é a única maneira de salvar a Amazônia.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo
Não apenas isso: em termos de biodiversidade, nenhuma outra floresta no mundo é páreo para a selva sul-americana.
O fato:
O comércio de madeira tropical movimenta US$ 10 bilhões por ano.
Trata-se de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados de floresta, uma área responsável por grande parte do oxigênio produzido no planeta.
A dura verdade é que os países que deveriam tomar conta dessas riquezas não estão a altura da tarefa.
O custo:
15 bilhões de hectares anuais de floresta nativa destruídos todo ano.
Se nada for feito, a floresta será condenada à morte e desaparecerá diante de nossos olhos.
Nós podemos impedir isso. E você pode nos ajudar. (Aparece um homem de gravata. Allen Perrel, diretor sênior de Marketing ).
Através de nossas atividades na Amazônia, nós podemos trabalhar junto a investidores para gradualmente transformar a floresta num santuário de preservação sob controle privado.
Ajudar-nos a comprar a Amazônia não é apenas uma ótima oportunidade de investimento: pode ser a única maneira de salvar a floresta.
Lembre-se:
A Amazônia não pertence a nenhum país.
Pertence ao mundo.”
◙ Ana Maria Mejia, Chico Araújo e Montezuma Cruz são jornalistas da Agência Amazônia.
20 comentários:
Acho esse discurso muito perigoso. Que eu saiba a Amazônia não está à venda e esse "fardo" o Brasil carrega com o maior prazer há mais de 500 anos. Por que só agora, depois que eles destruíram quase todas as florestas do planeta, querem "ajudar", sugerindo a compra da amazônia? Se estão mesmo preocupados com a sobrevivência da raça humana e com a deles próprios, doem recursos com essa finalidade, que serão bem recebidos. Sou particularmente contra qualquer atividade que, mesmo tendo como suposto objetivo final o bem estar da população, como é o caso da prospecção de petróleo, venha a causar danos à floresta e suas bio-riquezas, mas acho que qualquer decisão, boa ou má que seja, quando se trata de amazônia brasileira, compete exclusivamente ao Estado Brasileiro. Começo a pensar que a postura do Hélio Jaguaribe em relação à amazônia está correta, à exceção apenas da sua posição em relação aos indígenas.
Espero que essa história não seja alternate reality game.
que filhos da p...!
Será que é de verdade?? Na página desta "empresa" a maioria dos links não funcionam, o link para inglês 1) não funciona e 2) mostra a bandeira do Reino Unido e não dos EUA - se fosse uma empresa Americana, seria assim? No google, não consigo achar nenhum link em inglês para esta "empresa". E o outro vídeo da "conferência de Arkhos" do YouTube é ridículo. Bom, não posso dizer de certeza que é falso mas vale a pena pesquisar mais um pouco, né? Será que não é outro exemplo igual aquele "mapa de um livro de geográfia dos EUA" que colocava a Amazonia como território internacional? Se examinar aquele documento, fica óbvio que foi escrito por alguem que não fala inglês...
Vão vender com a gente dentro????
Vc também caiu?
Eh uma jogada de marketing...
Veja abaixo...
Senador discursa contra empresa que não existe
O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), acabou cometendo uma gafe em Plenário, iludido por um site fictício da Internet. Na última terça-feira, ele criticou a empresa Arkhos Biotech, supostamente com sede nos Estados Unidos, por propor que a Amazônia fosse internacionalizada e passasse ao controle privado. O senador classificou a proposta de "extremamente grave" e lamentou a "declaração ofensiva ao Brasil".
Mal sabia o senador que a Arkhos é na verdade uma criação publicitária do Guaraná Antarctica. Em nota, a assessoria de imprensa da empresa disse que aderiu a uma ferramenta de marketing ainda pouco explorada - a "alternate reality games" - conhecida como ARGs. Para isso, a empresa criou um site que desafia os consumidores a desvendar a fórmula secreta do Guaraná.
O jogo tem uma empresa vilã que se chama Arkhos Biotech, que deseja transformar a Amazônia em uma reserva sob controle privado. A empresa, parte do jogo virtual, tem até mesmo um site próprio na Internet, em língua portuguesa.
Esta perfeição de detalhes acabou pregando uma peça no senador Arthur Virgílio. Segundo a assessoria de imprensa de Virgílio, quando foi informado sobre a verdadeira identidade da Arkhos Biotech, o senador achou graça do equívoco, que considerou "um mico". O senador ressaltou que o dever dele é defender a Amazônia, e que propostas como esta já foram discutidas em outras ocasiões.
Altino:
Boa tarde.
Li hoje no site G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL16083-5601-6017,00.html) que o Senador Arthur Virgilio pedira uma audiência com a empresa Arkhos Biotech. Segundo a reportagem, "o que o senador Arthur Virgílio não sabia, e nem a agência de notícias pela qual ele se informou, é que a empresa Arkhos Biotech é fictícia e faz parte de um jogo patrocinado pelo Guaraná Antarctica."
Seu leitor está correto quando desconfiou da autenticidade da notícia.
Bom trabalho e ótimo final de semana!
Será necessário que outros países façam campanhas para salvar a AMAZÔNIA?
Porque o Brasil não toma frente desse problema que se agrava a cada dia?
É necessário que o governo brasileiro ajude a preservar a AMAZÔNIA através de um policiamento mais rigoroso e eficaz para que esses bilhões de hectares já devastados sejam recuperados e a AMAZÔNIA volte a ser como era antes.Mas como isso ainda está por acontecer, outros países mais desenvolvidos que o Brasil já tomaram iniciativas que com certeza serão boas para a AMAZÔNIA, mas não para o Brasil; a AMAZÔNIA pode até ajudar o mundo, mas ainda continua sendo um território brasileiro, que mais cedo ou mais tarde será ajudado por nós mesmos e não por um outro país qualquer.Assim discordo da afirmativa de que a AMAZÕNIA NÃO PERTENCE A NENHUM PAÍS ,PERTENCE AO MUNDO.
Caro Altino,
Penso ser interessante eslcarecer que este vídeo é sim "alternate reality game". Algumas pessoas estão fazendo verdadeiros discursos sobre algo que não existe.
O Senador Artur Virgílio chegou a fazer discurso no Senado Federal. Pode?
Té mais.
Será que essa é realmente a solução?
A privatização da Amazônia é um projeto pretendido pelo laboratório Arkhos Biotech, dos EUA, que afirma que a privatização é a única forma de salvar essa floresta.
A Floresta Amazônica, que ocupa grande parte do território brasileiro, sofre grandes ameaças através do desmatamento ilegal para a exploração da madeira e queimadas, mas esse projeto de privatização é uma ameaça contra nós brasileiras. Por isso, devemos alertar e tomar uma provdência contra esse ato, pois ela pertence a nós brasileiros e cabe apenas a nós preservá-la, para o nosso próprio bem. Pois ela é uma riqueza natural de grande valor.
Não acredito em mudar o dono para salvar a Amazônia. Mas em responsabilidade participativa: se ela é o bem do mundo, o mundo(cada país) dará a sua parcela para este bem comum.
Infelizmente a realidade social - alguns ricos demais e outros pobres demais - nos deixa duvidosos quanto "as boas intenções" de alguns.
O que a empresa americana está fazendo não é a melhor solução para o problema, a floresta não deve ser vendida, já que ela é um bem mundial deve ser respeitada por todos, não só pelo Brasil. Com a ajuda de todos paises essa situação pode mudar, mas infelizmente temos uma grande diferença social entre estes, fato que pode prejudicar essa solução.
Discordo da afirmativa de que a Amazônia não pertence a nenhum país, pertence ao mundo. A Amazônia não é lugar que se vende ela é um patrimônio nacional brasileiro, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que segurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Segundo ele, a proteção privada da Amazônia deve ocorrer porque “os países (no caso o Brasil) que deveriam tomar conta dessas riquezas não estão à altura da tarefa”. Nós brasileiros devemos correr atrás de nossos direitos e salvar a Amazônia. O governo brasileiro é capaz de cuidar das riquezas da Amazônia através de políticas racionais e rigorosas, preservando-a e não deixando acontecer a privatização da Amazônia.
Será que a privatização da Amazônia seria a melhor maneira para salvar a floresta?
A Floresta Amazônica ocupa grande parte do território brasileiro,e nao do mundo.È certo que a Amazônia nao é o pulmão do mundo,mas presta serviços ambientais ao Brasil principalmente,e ao planeta.
O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
O governo brasileiro é capaz de cuidar das riquezas da Amazônia,basta fortalecer o policiamento,fazer campanhas de preservação.Devemos preocupar com a Amazônia,porque ela é o nosso futuro.
Descordo da frase: "A Amazônia não pertence a nenhum país,pertence ao mundo",porque ela é patrimônio brasileiro,por isso nao podemos vendê-la.E cabe a nós explorar de forma legal os recursos naturais da Amazônia.
È hora de enxergarmos nossas terras,nossas árvores como monumentos da nossa cultura e história.
Será que a privatização da Amazônia seria a melhor maneira para salvar a floresta?
A Floresta Amazônica ocupa grande parte do território brasileiro,e nao do mundo.È certo que a Amazônia não é o pulmão do mundo,mas presta serviços ambientais ao Brasil principalmente,e ao planeta.
O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
O governo brasileiro é capaz de cuidar das riquezas da Amazônia,basta fortalecer o policiamento,fazer campanhas de preservação.Devemos preocupar com a Amazônia,porque ela é o nosso futuro.
Descordo da frase: "A Amazônia não pertence a nenhum país,pertence ao mundo",porque ela é patrimônio brasileiro,por isso não podemos vendê-la.E cabe a nós explorar de forma legal os recursos naturais da Amazônia.
È hora de enxergarmos nossas terras,nossas árvores como monumentos da nossa cultura e história.
Primeiro: o país pode não estar na altura de poder cuidar da amazônia, mas está localizado na melhor parte para ferrar algo, atrás. Se os EUA não se incomodarem, a gente dá algumas cutucadas neles.
Segundo: sobre o controle privado. Privada é aonde a sua cabeça irá entrar se vcs continuarem a divulgar este vídeo, empresa f.d.p.!
Terceiro: vai comprar a puta que te pariu,que ela pode até estar a venda,pois a amazônia não está não e obrigada por perguntar...
Sem mais a comentar.
Acácia Guerra- universitária
Privatização da Amazonia será realmente o melhor recurso?
Para muitos a melhor alternativa concerteza seria está,mais já que a Amazonia é um bem mundial então porque cada um não faz a sua parte?!
Mas não,a obcessão de se ter cada vez mais atualmente se tornou um grande problema,o exagerado consumismo e a ganancia por variadas riquezas atrapalha para que este problema seja solucionado.
E o Governo Brasileiro se mostra muito impotente nesta questão ja que a Amazonia ocupa uma grade parte de seu territorio e "deixar" com que ela seja desmatada como esta sendo,mostra que não temos poder nenhum sobre a nossa maior riqueza e que ao menos sabemos a explorar de uma forma correta!
Por isso desde já deveriamos a repensar em nossos atos,e atraves de campanhas contra o dematamento,novos plantios de arvores poderiamos tentar amenizar este grande problema que está bem ao nosso lado.Pois somos um povo da floresta e devemos protegê-la!
O que deveríamos pensar é que a Amazônia é um patrimônio da humanidade, que está por acaso sobre nossos cuidados... Que pelo menos saibamos, senão nos orgulhar e fazermos o máximo para merecermos esse privilégio, fazer o mínimo, que seria garantir que a Floresta seja preservada. E isso deveria ser consenso geral. Não adianta nada vivermos em um país fértil e maravilhoso como o nosso, se a mesma fertilidade não pode ser constatada na mente do nosso povo...
O Brasil já realizou a façanha de privatizar a floresta. Não precisa de nenhuma propaganda, ainda que fictícia. Estão aprovados os procedimentos para a concessão de florestas públicas pelo governo Lula, pela ministra Marina Silva.
O Ibama e os estados da Amazônia não têm a menor condição de cumprir com suas funções de proteger o patrimônio natural da região.
Então, levados pelo lob das madeireiras aprovaram esse disparate que representam as concessões.
Vamos conceder as florestas e vamos ficar com as terras ao final, devastadas.
Seria ótimo que houvesse um poder mundial que protegesse não só a amzônia, mas o planeta contra a imbecilidade humana. Proteção contra Lulas, Bushes e contra os políticos em geral!!!!!! Corruptos ou omissos!!!
Tudo bem que essa é uma jogada de marketing, um jogo, uma brincadeira, alternate reality game, como queiram chamar. Mas já se deram conta que o PAC propõe uma tal de "concessão de terras públicas", onde áreas de floresta, especialmente na Amazônia, serão concedidas à "exploração sustentável" por prazos que podem ser de até 10 anos. Que tipo de empresas acham que terão condições de pagar por isso que não sejam empresas estrangeiras? É a privatização mascarada.
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