terça-feira, 27 de março de 2007

PRIVATIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

O laboratório Arkhos Biotech, dos EUA, defende em vídeo o controle privado para “salvar a Amazônia”. E acusa o Brasil de não cuidar da região

Ana Maria Mejia
Chico Araújo
Montezuma Cruz



A Amazônia está mesmo à venda. Em um vídeo de 1’25”, postado em seu site, a empresa norte-americana Arkhos Biotech está convocando as pessoas do mundo inteiro a investir “para transformar a floresta (Amazônia) num santuário de preservação sob controle privado. O apelo, em tom dramático, é feito pelo diretor sênior de marketing da empresa Allen Perrell, para justificar que a Amazônia precisa ser cuidada por grupos internacionais. “A Amazônia não pertence a nenhum país. Pertence ao mundo”, afirma Perrel.

Segundo ele, a proteção privada da Amazônia deve ocorrer porque “os países (no caso o Brasil) que deveriam tomar conta dessas riquezas não estão à altura da tarefa”. Perrel vai mais longe: “ajudar-nos a comprar a Amazônia não é apenas uma ótima oportunidade de investimento. Pode ser a única maneira de salvar a floresta da extinção total”.

Em sua página a Arkhos Biotech divulga, em texto, áudio e vídeo sua missão: A Amazônia deve ser internacionalizada. A empresa tem laboratório em Itacoatiara (AM), no coração da Amazônia, explora essências e óleos vegetais amazônicos, tradicionalmente conhecidos das comunidades ribeirinha, a exemplo do óleo de andiroba (Carapa Guianensis), usado como repelente natural de insetos e com ação anti-inflamatória; óleo de castanha-do-Pará (Bertholletia Excelsa), hidratante, óleo de Buriti (Maurita Flexuosa L.f.), rico em carotenóides e pró-vitamina A ; óleo de copaíba (Copaifera Officinalis) que tem ação anti-inflamatória e óleo de açaí (Euterpe Oleracea Mart) que tem ação calmante e de hidratação.

Ela se apresenta como uma das maiores fabricantes do mundo de ativos vegetais para a indústria cosmética e farmacêutica, atuando no mercado desde 1965 exportando para mais de 20 países. Também, segundo ela, é líder mundial na distribuição de sistemas concentrados 100% naturais, contendo ativos retirados de óleos de frutos tropicais. Em troca, a Arkhos Biotech promete “fabricar produtos que reduzem custos de processos produtivos, barateando-os e gerando renda para as comunidades ribeirinhas”.

Amazônia é fardo para o Brasil
Na avaliação da Arkhos Biotech, a Amazônia é um fardo difícil para o Brasil carregar. Para referendar suas afirmações destaca a pouca atenção do Governo brasileiro para com a região. Lista entre as ausências as taxas de desmatamento; o baixo investimento em pesquisa; (dos 0,65% do PIB brasileiro investido em pesquisa, apenas 2% são canalizados para a região Norte); o surgimento de organizações não-governamentais (ONGs) na Amazônia brasileira mantidos com dinheiro dos países desenvolvidos. Além disso, ironiza: “78% das pesquisas sobre a Amazônia são produzidos por pesquisadores estrangeiros”.

Sobre a riqueza existente na Amazônia – a empresa lista desde água em abundância, produtos não-madeireiros, minérios e recursos cujos valores ainda não mensuramos - o maior estoque de biodiversidade do mundo. Com cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados de extensão a floresta amazônica ela abriga entre 10% e 20% de todas as espécies que vivem em nosso planeta. Destaca que das 10 mil espécies de plantas possíveis de ser utilizadas como insumos em produtos para a saúde e a aplicação cosmética, a indústria de cosméticos usa apenas 135 espécies. E conclui: a vida do homem sobre a Terra depende da Amazônia. Por isso, o objetivo da Arkhos Biotech é ajudar a humanidade a usar e a tomar conta da Amazônia.

O QUE DIZ O VÍDEO
“Controle privado é a melhor maneira de salvar a Amazônia.

Controle privado é a única maneira de salvar a Amazônia.

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo

Não apenas isso: em termos de biodiversidade, nenhuma outra floresta no mundo é páreo para a selva sul-americana.

O fato:

O comércio de madeira tropical movimenta US$ 10 bilhões por ano.

Trata-se de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados de floresta, uma área responsável por grande parte do oxigênio produzido no planeta.

A dura verdade é que os países que deveriam tomar conta dessas riquezas não estão a altura da tarefa.

O custo:

15 bilhões de hectares anuais de floresta nativa destruídos todo ano.

Se nada for feito, a floresta será condenada à morte e desaparecerá diante de nossos olhos.

Nós podemos impedir isso. E você pode nos ajudar. (Aparece um homem de gravata. Allen Perrel, diretor sênior de Marketing ).

Através de nossas atividades na Amazônia, nós podemos trabalhar junto a investidores para gradualmente transformar a floresta num santuário de preservação sob controle privado.

Ajudar-nos a comprar a Amazônia não é apenas uma ótima oportunidade de investimento: pode ser a única maneira de salvar a floresta.


Lembre-se:

A Amazônia não pertence a nenhum país.

Pertence ao mundo.”

Ana Maria Mejia, Chico Araújo e Montezuma Cruz são jornalistas da Agência Amazônia.

20 comentários:

Anônimo disse...

Acho esse discurso muito perigoso. Que eu saiba a Amazônia não está à venda e esse "fardo" o Brasil carrega com o maior prazer há mais de 500 anos. Por que só agora, depois que eles destruíram quase todas as florestas do planeta, querem "ajudar", sugerindo a compra da amazônia? Se estão mesmo preocupados com a sobrevivência da raça humana e com a deles próprios, doem recursos com essa finalidade, que serão bem recebidos. Sou particularmente contra qualquer atividade que, mesmo tendo como suposto objetivo final o bem estar da população, como é o caso da prospecção de petróleo, venha a causar danos à floresta e suas bio-riquezas, mas acho que qualquer decisão, boa ou má que seja, quando se trata de amazônia brasileira, compete exclusivamente ao Estado Brasileiro. Começo a pensar que a postura do Hélio Jaguaribe em relação à amazônia está correta, à exceção apenas da sua posição em relação aos indígenas.

ALTINO MACHADO disse...

Espero que essa história não seja alternate reality game.

Anônimo disse...

que filhos da p...!

Anônimo disse...

Será que é de verdade?? Na página desta "empresa" a maioria dos links não funcionam, o link para inglês 1) não funciona e 2) mostra a bandeira do Reino Unido e não dos EUA - se fosse uma empresa Americana, seria assim? No google, não consigo achar nenhum link em inglês para esta "empresa". E o outro vídeo da "conferência de Arkhos" do YouTube é ridículo. Bom, não posso dizer de certeza que é falso mas vale a pena pesquisar mais um pouco, né? Será que não é outro exemplo igual aquele "mapa de um livro de geográfia dos EUA" que colocava a Amazonia como território internacional? Se examinar aquele documento, fica óbvio que foi escrito por alguem que não fala inglês...

Anônimo disse...

Vão vender com a gente dentro????

Anônimo disse...

Vc também caiu?

Eh uma jogada de marketing...
Veja abaixo...

Senador discursa contra empresa que não existe

O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), acabou cometendo uma gafe em Plenário, iludido por um site fictício da Internet. Na última terça-feira, ele criticou a empresa Arkhos Biotech, supostamente com sede nos Estados Unidos, por propor que a Amazônia fosse internacionalizada e passasse ao controle privado. O senador classificou a proposta de "extremamente grave" e lamentou a "declaração ofensiva ao Brasil".
Mal sabia o senador que a Arkhos é na verdade uma criação publicitária do Guaraná Antarctica. Em nota, a assessoria de imprensa da empresa disse que aderiu a uma ferramenta de marketing ainda pouco explorada - a "alternate reality games" - conhecida como ARGs. Para isso, a empresa criou um site que desafia os consumidores a desvendar a fórmula secreta do Guaraná.

O jogo tem uma empresa vilã que se chama Arkhos Biotech, que deseja transformar a Amazônia em uma reserva sob controle privado. A empresa, parte do jogo virtual, tem até mesmo um site próprio na Internet, em língua portuguesa.

Esta perfeição de detalhes acabou pregando uma peça no senador Arthur Virgílio. Segundo a assessoria de imprensa de Virgílio, quando foi informado sobre a verdadeira identidade da Arkhos Biotech, o senador achou graça do equívoco, que considerou "um mico". O senador ressaltou que o dever dele é defender a Amazônia, e que propostas como esta já foram discutidas em outras ocasiões.

Anônimo disse...

Altino:

Boa tarde.
Li hoje no site G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL16083-5601-6017,00.html) que o Senador Arthur Virgilio pedira uma audiência com a empresa Arkhos Biotech. Segundo a reportagem, "o que o senador Arthur Virgílio não sabia, e nem a agência de notícias pela qual ele se informou, é que a empresa Arkhos Biotech é fictícia e faz parte de um jogo patrocinado pelo Guaraná Antarctica."
Seu leitor está correto quando desconfiou da autenticidade da notícia.

Bom trabalho e ótimo final de semana!

Anônimo disse...

Será necessário que outros países façam campanhas para salvar a AMAZÔNIA?
Porque o Brasil não toma frente desse problema que se agrava a cada dia?
É necessário que o governo brasileiro ajude a preservar a AMAZÔNIA através de um policiamento mais rigoroso e eficaz para que esses bilhões de hectares já devastados sejam recuperados e a AMAZÔNIA volte a ser como era antes.Mas como isso ainda está por acontecer, outros países mais desenvolvidos que o Brasil já tomaram iniciativas que com certeza serão boas para a AMAZÔNIA, mas não para o Brasil; a AMAZÔNIA pode até ajudar o mundo, mas ainda continua sendo um território brasileiro, que mais cedo ou mais tarde será ajudado por nós mesmos e não por um outro país qualquer.Assim discordo da afirmativa de que a AMAZÕNIA NÃO PERTENCE A NENHUM PAÍS ,PERTENCE AO MUNDO.

Johnson Fernandes Nogueira disse...

Caro Altino,
Penso ser interessante eslcarecer que este vídeo é sim "alternate reality game". Algumas pessoas estão fazendo verdadeiros discursos sobre algo que não existe.

O Senador Artur Virgílio chegou a fazer discurso no Senado Federal. Pode?
Té mais.

Unknown disse...

Será que essa é realmente a solução?

A privatização da Amazônia é um projeto pretendido pelo laboratório Arkhos Biotech, dos EUA, que afirma que a privatização é a única forma de salvar essa floresta.
A Floresta Amazônica, que ocupa grande parte do território brasileiro, sofre grandes ameaças através do desmatamento ilegal para a exploração da madeira e queimadas, mas esse projeto de privatização é uma ameaça contra nós brasileiras. Por isso, devemos alertar e tomar uma provdência contra esse ato, pois ela pertence a nós brasileiros e cabe apenas a nós preservá-la, para o nosso próprio bem. Pois ela é uma riqueza natural de grande valor.

Anônimo disse...

Não acredito em mudar o dono para salvar a Amazônia. Mas em responsabilidade participativa: se ela é o bem do mundo, o mundo(cada país) dará a sua parcela para este bem comum.
Infelizmente a realidade social - alguns ricos demais e outros pobres demais - nos deixa duvidosos quanto "as boas intenções" de alguns.

Anônimo disse...

O que a empresa americana está fazendo não é a melhor solução para o problema, a floresta não deve ser vendida, já que ela é um bem mundial deve ser respeitada por todos, não só pelo Brasil. Com a ajuda de todos paises essa situação pode mudar, mas infelizmente temos uma grande diferença social entre estes, fato que pode prejudicar essa solução.

Anônimo disse...

Discordo da afirmativa de que a Amazônia não pertence a nenhum país, pertence ao mundo. A Amazônia não é lugar que se vende ela é um patrimônio nacional brasileiro, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que segurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Segundo ele, a proteção privada da Amazônia deve ocorrer porque “os países (no caso o Brasil) que deveriam tomar conta dessas riquezas não estão à altura da tarefa”. Nós brasileiros devemos correr atrás de nossos direitos e salvar a Amazônia. O governo brasileiro é capaz de cuidar das riquezas da Amazônia através de políticas racionais e rigorosas, preservando-a e não deixando acontecer a privatização da Amazônia.

Anônimo disse...

Será que a privatização da Amazônia seria a melhor maneira para salvar a floresta?
A Floresta Amazônica ocupa grande parte do território brasileiro,e nao do mundo.È certo que a Amazônia nao é o pulmão do mundo,mas presta serviços ambientais ao Brasil principalmente,e ao planeta.
O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
O governo brasileiro é capaz de cuidar das riquezas da Amazônia,basta fortalecer o policiamento,fazer campanhas de preservação.Devemos preocupar com a Amazônia,porque ela é o nosso futuro.
Descordo da frase: "A Amazônia não pertence a nenhum país,pertence ao mundo",porque ela é patrimônio brasileiro,por isso nao podemos vendê-la.E cabe a nós explorar de forma legal os recursos naturais da Amazônia.
È hora de enxergarmos nossas terras,nossas árvores como monumentos da nossa cultura e história.

Anônimo disse...

Será que a privatização da Amazônia seria a melhor maneira para salvar a floresta?
A Floresta Amazônica ocupa grande parte do território brasileiro,e nao do mundo.È certo que a Amazônia não é o pulmão do mundo,mas presta serviços ambientais ao Brasil principalmente,e ao planeta.
O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
O governo brasileiro é capaz de cuidar das riquezas da Amazônia,basta fortalecer o policiamento,fazer campanhas de preservação.Devemos preocupar com a Amazônia,porque ela é o nosso futuro.
Descordo da frase: "A Amazônia não pertence a nenhum país,pertence ao mundo",porque ela é patrimônio brasileiro,por isso não podemos vendê-la.E cabe a nós explorar de forma legal os recursos naturais da Amazônia.
È hora de enxergarmos nossas terras,nossas árvores como monumentos da nossa cultura e história.

Acácia Guerra disse...

Primeiro: o país pode não estar na altura de poder cuidar da amazônia, mas está localizado na melhor parte para ferrar algo, atrás. Se os EUA não se incomodarem, a gente dá algumas cutucadas neles.
Segundo: sobre o controle privado. Privada é aonde a sua cabeça irá entrar se vcs continuarem a divulgar este vídeo, empresa f.d.p.!
Terceiro: vai comprar a puta que te pariu,que ela pode até estar a venda,pois a amazônia não está não e obrigada por perguntar...
Sem mais a comentar.
Acácia Guerra- universitária

Unknown disse...

Privatização da Amazonia será realmente o melhor recurso?
Para muitos a melhor alternativa concerteza seria está,mais já que a Amazonia é um bem mundial então porque cada um não faz a sua parte?!
Mas não,a obcessão de se ter cada vez mais atualmente se tornou um grande problema,o exagerado consumismo e a ganancia por variadas riquezas atrapalha para que este problema seja solucionado.
E o Governo Brasileiro se mostra muito impotente nesta questão ja que a Amazonia ocupa uma grade parte de seu territorio e "deixar" com que ela seja desmatada como esta sendo,mostra que não temos poder nenhum sobre a nossa maior riqueza e que ao menos sabemos a explorar de uma forma correta!
Por isso desde já deveriamos a repensar em nossos atos,e atraves de campanhas contra o dematamento,novos plantios de arvores poderiamos tentar amenizar este grande problema que está bem ao nosso lado.Pois somos um povo da floresta e devemos protegê-la!

Anônimo disse...

O que deveríamos pensar é que a Amazônia é um patrimônio da humanidade, que está por acaso sobre nossos cuidados... Que pelo menos saibamos, senão nos orgulhar e fazermos o máximo para merecermos esse privilégio, fazer o mínimo, que seria garantir que a Floresta seja preservada. E isso deveria ser consenso geral. Não adianta nada vivermos em um país fértil e maravilhoso como o nosso, se a mesma fertilidade não pode ser constatada na mente do nosso povo...

Anônimo disse...

O Brasil já realizou a façanha de privatizar a floresta. Não precisa de nenhuma propaganda, ainda que fictícia. Estão aprovados os procedimentos para a concessão de florestas públicas pelo governo Lula, pela ministra Marina Silva.

O Ibama e os estados da Amazônia não têm a menor condição de cumprir com suas funções de proteger o patrimônio natural da região.

Então, levados pelo lob das madeireiras aprovaram esse disparate que representam as concessões.

Vamos conceder as florestas e vamos ficar com as terras ao final, devastadas.

Seria ótimo que houvesse um poder mundial que protegesse não só a amzônia, mas o planeta contra a imbecilidade humana. Proteção contra Lulas, Bushes e contra os políticos em geral!!!!!! Corruptos ou omissos!!!

Anônimo disse...

Tudo bem que essa é uma jogada de marketing, um jogo, uma brincadeira, alternate reality game, como queiram chamar. Mas já se deram conta que o PAC propõe uma tal de "concessão de terras públicas", onde áreas de floresta, especialmente na Amazônia, serão concedidas à "exploração sustentável" por prazos que podem ser de até 10 anos. Que tipo de empresas acham que terão condições de pagar por isso que não sejam empresas estrangeiras? É a privatização mascarada.