terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

ELE É DANIEL ZEN



Daniel Queiroz de Sant'Ana, o Daniel Zen, é o novo presidente da Fundação Cultural do Acre. Aos 26 anos, é o mais jovem secretário da equipe do não menos jovem governador Binho Marques.

Além de ser a consciência crítica da cena roqueira acreana, Daniel Zen é baixista, bacharel em direito e sócio do selo Catraia Records. Faz mestrado em direito com área de concentração em relações internacionais.

- Mais cedo ou mais tarde vou me desvincular oficialmente do Catraia, enquanto pessoa jurídica, para que não haja qualquer sorte de incompatibiliades de cunho ético - prometeu.

Como Zen é zen, seguem trechos da conversa que tivemos nessa tarde.

Daniel, parabéns pela indicação para presidir a Fundação de Cultura. Torço para que você consiga superar as minhas expectativas.
Obrigado, cara. Vai ser um desafio e tanto. Também espero superar até as minhas próprias expectativas. Confesso que ainda estou um tanto assustado. E sei que quando você faz as colocações no blog é no sentido de estimular o debate.

Você é o Daniel Queiroz de Sant'Ana. Por que virou Daniel Zen?
Na época da faculdade, aqui na Universidade Federal do Acre, tocava em uma banda que se chama Estação Zen. Os colegas de classe, que achavam o nome engraçado, começaram a me chamar assim. Pegou e hoje até a minha mãe me chama de Danizel Zen.

O Carlos Alberto Araújo, da Articulação Institucional, quando foi convidado para o cargo disse ao governador que não era de bater e soprar. Binho Marques disse que precisava mesmo era de alguém zen pro cargo. Vejo que buscou em você outro zen para a equipe.
Acho que acabei incorporando um pouco a filosofia do termo, do zen-budismo, do caminho do meio. Hoje em dia consigo exercitar um pouco mais a paciência.

Posso testemunhar que você sempre soube assimilar as críticas que eu e uma legião de anônimos ou não fizemos no blog.
A transparência e o debate são necessários. Isso nos fortalece como sociedade.

Então aproveita para cumprir a promessa de explicar a respeito daquela prestação de contas do Festival Varadouro.
Com certeza. Não foi repassado nenhum centavo do dinheiro oriundo da parceira com a Fundação Elias Mansour para a curadoria, coordenação executiva, Catraia Records ou qualquer parceiro envolvido na organização do festival.

Caramba!
Os recursos públicos oriundos da parceria foram administrados diretamente pela própria Fundação Elias Mansour, mediante o processo normal de pagamento - empenho, liquidação etc - previsto na Lei n° 4.320/1964. À organização do festival somente coube encaminhar a relação de credores e prestadores de serviço, que atendia ao plano de trabalho, cronograma de execução e ao orçamento previamente encaminhados à FEM. Sendo assim, não era sequer necessário prestar contas, pois não houve nenhum repasse direto de verba, mas tão somente, pagamentos realizados pela própria FEM. Ainda assim, em nome da transparência, fizemos questão de encaminhar todos os dados referentes à parte financeira, inclusive dados relacionados a recursos provenientes da esfera privada, como patrocinadores e bilheteria.

Mas quanto chegou a ser prometido como repasse?
A quantia de R$ 100 mil que você divulgou no blog. O resto foi parceria, mas ainda existem algumas dívidas sendo pagas aos poucos.

Quanto mais ou menos?
Algo em torno de R$ 25 mil. Havia uma sinalização de que o Estado também pudesse cobrir esse débito, pois estava dentro da margem de erro dos custos. Em verdade, não houve furo orçamentário e sim captação insuficiente na esfera privada. Contudo, mesmo com a sinalização de que o Estado poderia arcar com esse ônus, assumimos pessoalmente essas dívidas perante os credores.

É bom que você sentiu na pele uma promessa não cumprida de dinheiro para a cena roqueira. Agora é esperar que não se repita o mesmo durante sua gestao em relação aos demais segmentos culturais.
Na verdade o que foi prometido foi cumprido, que eram os R$ 100 mil. Nós é que não fomos eficientes na captação perante os patrocinadores e, ainda assim, a FEM, julgando que os resultados e a repercussão do festival foram proveitosas, poderia arcar com uma suplementação, a qual, salvo engano, está prevista nos próximos duodécimos. Mesmo assim, nos comprometemos pessoalmente com os credores. Alguns ainda não receberam, pagaremos na medida do possível.

Como se deu sua escolha? No começo você falou que ainda está "assustado".
Então, a escolha se deu mediante um convite do Binho, feito há uns dias atrás. Pensamos, avaliamos e resolvi aceitar o convite.

O que voce considera o maior desafio na Fundação Cultural?
O grande desafio é estabelecer um modelo de gestão que se paute pelo princípio da participação, da democracia e da cidadania participativas, envolvendo a comunidade artística e a população em geral na eleboração conjunta da agenda e da pauta de atuação da FEM. Deve haver uma grande disposição para o diálogo de ambas as partes e o momento é bem propício para que isso venha a se concretizar.

Como você concebe um evento como a feira agropecuária? Acha que ela precisa ser reinventada?
Acho que ela pode ser ampliada, agregar valor de outros matizes, para além da agropecuária, como a economia solidária. As cadeias produtivas da economia da cultura podem estar representadas. O extrativismo e a produção familiar agro-florestal podem estar mais presentes. Acrescentar, na verdade.

A Fundação de Cultura tem existido esses anos todos muito em função dos artistas, mas a produção cultural é algo mais abrangente. O que fazer para ampliar a participação?
Tem que haver um compromisso com a implementação concreta dos preceitos do Sistema Nacional de Cultura e do Plano Nacional de Cultura, coisas quem passam pela reformulação dos mecanismos de incentivo e financiamento, a desejável criação de um fundo estadual de cultura, o fortalecimento das instâncias de deliberação popular como o Conselho de Cultura, o estabelecimento de câmara técnicas de avaliação de projetos. Enfim, há uma série de alternativas e horizontes que podem se concretizar, não são coisas tão simples de se implementar, mas são viáveis em longo prazo.

Além do salário de R$ 17 mil, o que Binho Marques disse ou prometeu que fez você aceitar o desafio?
É tudo isso mesmo? É verdade, teve um reajuste recente nos salários dos ministros do STF, efeito cascata. Bem, ele não prometeu nada, mas demonstrou a disposição de construir a política cultural em conjunto, de permanecer sensível às demandas da área cultural. Vindo do Binho, pra mim são palavras muito mais do que suficientes para topar o desafio.

Voce já tomou aluá de pega-pinto (leia)?
Infelizmente, não. Acho que a receita se perdeu com o meu bisavô Benedito. Quem pode prestar consultoria a respeito de assuntos botânicos da família Maia é o Tancredo Filho, filho do tio-avô Tancredo, que atualmente trabalha no MEC. Ele é o nosso curador para assuntos genealógicos e históricos. No último aniversário da dona Zima, minha avó, ele trouxe a árvore genealógica da família, um barato.

20 comentários:

Anônimo disse...

Esse menino é filho do Dindinho, irmão da Dra Tapajós. A mãe dele é gente fina e exigente demais. Se não pressionarem muito ele, é capaz de fazer um trabalho bom. gostei do teu comentário sobre o Cassioano Marques.

Eymard disse...

Leila,nos meados da década de 60(é o novo!...)qunado chequei na então bulcólica Fortaleza de N. Senhora D'Asssução, época em as famílias punham cadeiras nas calçadas e cidade ainda não havia sido afetada pela modernidade, podia-se tomar um aluá de pega-pinto em plena Pça do Ferreira, numa lanchonete chamada "Pega-Pinto do Mundico". Esse aluá, segundo costa, tem propriedades diuréticas eymard

Anônimo disse...

Agora que a Cultura do Acre é Zen,me expliquem também esse Instituto da Diversidade, de qual diversidade é a instituição? No Ministério da Cultura tem um que é quem patrocina as paradas gay(s)do Brasil.Será que o Edgar tem noção da diversidade em que se meteu?

Anônimo disse...

Boto fé.
Pelo que eu conheço dele.
Ou pelo menos pelo que ele passa ser.
Boto fé mesmo.
Ponto pro Rock'n Roll acreano.

E pra todas as outras manifestações culturais.

Anônimo disse...

Daniel,é necessário que a política cultural seja abrasada em cadnhos maiores e autênticos.Fundidos nos tornaremos fortes. Seja um bom fundidor.

Anônimo disse...

Querido Altino,

Assim, numa única manhã, encontro esperança em Daniel Zen, emoção com a Leila Jalul, acredito um pouco mais na política, porque adoro governantes que lêem blogs, e boto fé nessa nossa profissão custosa porque há um Altino no Acre. Ih! quase me esqueço, dispenso discussões filosóficas sobre governantes que lêem e lêem blogs. Bjo. Mara

Anônimo disse...

Ponto pro rock acreano? Então é disputa mesmo "artistas"? Agora "fundeu"! Ou alguem aparece com esse aluá ou vai acabar PEGAndo mal pro nosso galinho botar órdem no novo terreiro. Pressão ele não vai ter quase nenhuma, inclusive o Narciso Augusto tá pronto pra fazer pra ele o mesmo show q já aluou um presidente da fem.

Anônimo disse...

É só prá colocar o "i" do cadinho da fundição cultural que nos abrasará.

Anônimo disse...

Com esse cavanhaque estiloso, até parece que ele chegou direto da minissérie Amazônia.

Sucesso na nova missão!!! Vale uma visita (ou sobrevôo) do secretário à algum geoglifo pra conhecê-los de perto e quem sabe, estudar a possibilidade de tombá-los como Patrimônio Cultural do Estado do Acre, conforme Lei Estadual nº 1.145/94.

O Altino conhece o caminho dos geoglifos.

Abraços,

Anônimo disse...

Tô começando a achar que vai dá samba esse menino do rock. A Leila está prestando um grande serviço de informação cultural com seu artigo "O Pega-Pinto". Daniel, tem raízes pega-pinto,que tem origem com os Maias,que têm raízes profundas nessa terra,além de ser também da família da Maroca, conhecida e respeitada Tapajós.Daniel, em nome de seus avós, assim como seu tio miltom,transforme aquele cemitério cultural que é a FEM em um lugar alegre e receptivo,vivo!Tomara que a moda pega-pinto, pegue também lá na FGB.

thiago disse...

Acho que é puro preconceito identificar o Daniel como "menino do rock" e achar que ele só fará algo nessa área. No entanto, a experiência dele na chamada "cena rockeira" deveria servir como exemplo para mostrar sua competência e o que ele poderá fazer pela cultura em geral. O rock acreano nunca foi tão valorizado nacionalmente, nunca esteve tão presente na mídia (Veja, Rolling Stone, Bizz, MTV, MultiShow, Folha de SP, Jornal do Brasil, etc), e o Daniel teve e tem uma grande importância nisso ao ajudar a promover eventos como o Varadouro e ter iniciativas como a criação de uma gravadora acreana (Catraia Records, que, entre outras coisas, mostrou os Los Porongas ao mundo), ou a disponibilização de um estúdio de ensaio à preços baixos, fatos que certamente incentivam a produção musical no Acre. Acho que essa entrevista mostrou que ele é um cara preparado para o cargo e acalmou os ânimos dos anônimos descontentes unidos. Críticas sempre são importantes, mas não convém falar mal sobre o que não se conhece.

Anônimo disse...

thiago, e por um acaso o existe algum arqueólogo morando no estado do acre?

o altino que eu saiba não é!

Anônimo disse...

Altino, por minha conta e risco, considerando o sucesso do aluá de pega-pinto, resolvi fazer uma pesquisa.
Veja, dentre as ISSABAS,plantas sagradas para os orixás, o pega-pinto
assume o nome de TEPOLA. Está listada nas plantas específicas de ÒYA, ou YANSÃ, que nos defende de raios e tempestades.

Cientificamente falando, a plantinha pega um pomposo nome, qual seja: boerhaavia coccinea. Nas mãos do Dr Raiz, deve ser muito bem aproveitada. Veja, a gente brinca, mas a coisa é séria. Dependendo de como é preparada, serve para albuminúria, anuria, cistite, béquico (tosse), hepatites, nefrite, icterícia,reumatimo, vesícula biliar e mordeduras de insetos, e etc e tal.

É bom que o menino ZEN consiga uma muda de pega-pinto com o Mário da Justiça do Trabalho, que é seu tio e sabe onde encontrar, e vai me arranjar uma muda. Assim, ele prepara uma jarras de aluá, coloca na geladeira da FEM, para se proteger contra raios e trovoadas. E mais, quando chegar um béquico, cheio de bilis, entrevado de reumatismo e pedindo aprovação daqueles projetos que não contribuem em nada para a cultura, ele serve um cálice de aluá e tudo bem.
Um abraço para o ZEN. Que tenha êxito na nova função.

Anônimo disse...

Caro Anderson,

Até onde sei o Altino não é arqueólogo. Mas não precisa sê-lo, para saber onde se encontram os geoglifos. Até pq o conhecimento de onde se encontram os geoglifos, inclusive com coordenadas geográficas, nunca foi exclusividade de ninguém. O próprio Altino, já publicou aqui no blog, por várias vezes, informações e coordenadas onde os geoglifos podem ser encontrados. Alguns podem ser vistos inclusive através do programa Google Earth.

E sobre a sua pergunta, sei apenas do Marcos Vinicius Neves.

Mas independente de ser jornalista, arqueólogo, professor, estudante, governador, secretário, empresário, etc., o fato é que os geoglifos estão ficando mesmo é para boi pastar (conforme expôs o jornalista Elson Martins em artigo).

Assim, como cidadãos (e não somente até onde nossa profissão nos limite), temos o dever de informar a sociedade acreana sobre este patrimônio cultural e exigir das autoridades, medidas que possibilitem o conhecimento e a conservação destes sítios.

Abraços,

Anônimo disse...

Nunca pensei que o Zen na FEM atrairia tanta tanta atenção assim...

Anônimo disse...

Que gato, o Daniel Zen! Gostei da cara dele! boa sorte pq não é fácil ser secretário de cultura em qualquer lugar. nn

Anônimo disse...

O Zen é um bom menino, um menino bom, articulado, sensível, antenado e com gás para começar a mudar a tímida politica cultural acreana, que precisa urgentemente de um reboliço. Vai ser preciso muito "pega-pinto do mundico". Zen, precisa fazer tudo o que os outros deveriam ter feito e não fizeram...abre, democratiza, regionaliza, interioriza, do centro para a periferia...E vai arrumar din-din em outra freguesia: editais, empresas, emendas...O bichin tá ligado nisso...Fui!!!!

Anônimo disse...

Olha o Daniel!!!
Entrei no blog p ler as notícias de hoje e vi o nominho dele na coluna de arquivo.
Fico feliz demais de ver meu colega de escola em um lugar onde ele possa unir a competência profissional que sei que ele tem com o amor a arte e a cultura.
Se bem que ele sempre foi de se destacar, desde de pequeno, então acho que ele ainda chega muito mais longe.
Parabéns, Daniel!! Manda um beijo p David!!

PS: Gosto muito do blog, considero um veículo de comunicação importante para o Estado. Torço pelo sucesso. Boa Sorte!

McDigitações. disse...

' muiito bom cara, adoorei.. Ah, bonitinho o daniel né? rsrs . beijos :*

ALTINO MACHADO disse...

bonitinho sou eu, caroline. beijos