domingo, 14 de janeiro de 2007

TOQUE DE RECOLHER

Thiago Fialho

Era mais ou menos 3 horas da manhã de hoje quando as luzes da pista de dança foram acesas e o som parou. Por alguns instantes, as pessoas simplesmente não entendiam o que estava ocorrendo. Parou por quê? Por que parou?

Mas não demorou muito para que todos lembrassem da insensata portaria da Secretaria de Segurança Pública do Acre, que determina que as boates, de segunda à sábado, devem fechar às 3 da manhã, e, aos domingos, no máximo, até a meia-noite.

Uma viatura da Polícia Militar estava na frente do Imperador Galvez para garantir o cumprimento da lei. Fato inédito, inusitado. Nunca havia presenciado uma cena como aquela - uma multidão parada, sem saber o que fazer, quase não acreditando no que ocorria.

Era como se o poder dissesse "acabou a festa, vão para casa dormir, está imposto o toque de recolher na floresta". Mas estamos em Rio Branco ou em Bagdá?

Não demorou muito para que as pessoas começassem a combinar a ida para outros lugares. O público se dispersou. Algumas pessoas andaram até locais próximos, como a Praça Namoradeira, no Parque da Maternidade, que, ao contrário de um ambiente como o Imperador, não dispõe de segurança - algumas viaturas, vez ou outra, dão o ar da graça apenas para mostrar serviço.

Não é raro que o local ao lado, identificado como "área de jogos", seja utilizado, sem o menor pudor, por usuários de drogas. Para mim, não seria estranho se o gênio que propôs a portaria, diante desta informação, tivesse mais uma brilhante idéia: proibir, também, a presença de pessoas no Parque da Maternidade após as 3 da manhã.

Não dá para saber o que existe na cabeça de alguém que propõe uma medida como essa, completamente impopular e comprovadamente ineficaz, ao menos para ambientes que dispoem de infra-estrutura e segurança para seus frequentadores.

A festa pode acabar às 3 horas, mas as pessoas não vão parar de beber neste horário, tampouco voltar para casa e dormir. O que ocorre é apenas a transferência do local, o que pode até trazer mais transtornos.

O toque de recolher é uma solução sem sentido para algo que, verdadeiramente, é um problema: a falta de competência para gerir a segurança pública.

Thiago Fialho é acadêmico de direito.

Um comentário:

Anônimo disse...

simplesmente gerou em nossa cidade um mostro chamado sec.segurança publica,pessoa ou simplesmente um ditador?
determinando que todos vão durmir as 3 da manha,logico que ninguem irá fazer,pois todos nos trabalhamos a semana toda e esperando o final de semana pra se divertir e dançar até o amanhecer,mas a diversão tem que acabar as 3:00?
gostaria que ele mostrasse o indice de violência ocorrido dentro de uma casa noturna.
noto que ao abrir os jornais nas paginas policiais vejo as seguintes manchetes:
fulano esfaqueado em um bar na periferia.
tiros contra policiais no belo jardim

a violência não esta dentro das casas noturnas.e sim nesses bares clandestinos nas periferias.

"" morreu sadan hussein,acabou de renascer outro""