terça-feira, 30 de janeiro de 2007

GOLPE DO COLUNISMO SOCIAL

Do botânico Evandro Ferreira, que curte férias em João Pessoa, no blog Ambiente Acreano:

Colunista social paraibano: não poderia ser diferente. Leiam a preciosidade que copiei de uma coluna social de um jornal local:

"Esta semana...ela trouxe à tona, mais uma vez, a sua inspiração poética através do livro "Inspirações e Devaneios", uma obra que reflete a pureza e o romantismo que prevalece em suas ações, a nobreza dos seus sentimentos e a sua necessidade perene de compartilha-los com os seus amigos."

Em outro trecho, o colunista continua:

"...percorreu os seus caminhos e se transformou na mulher plena que é hoje, atuante, vibrante, solidária e generosa, infatigável no seu desejo de servir ao próximo, de levar a sua luz a quem necessita dela."

E tem mais:

"...na realidade, é uma mulher de corpo inteiro, absoluta, consciente que nos comove todos os dias com seus gestos de carinho, com suas demonstrações de humildade e com o exemplo permanente de que o que vale mesmo não é a capa, mas o conteúdo; não é a casca, mas o fruto; não é a aparência, mas a essência"

Lendo sem saber quem ele está descrevendo, se tem a impressão de que só pode ser a Madre Teresa de Calcutá. Uma pessoa que definitivamente refletiria tudo o que está descrito acima. Como ela ja faleceu e nunca morou em João Pessoa...Quem seria a Madre Teresa Paraibana?

A resposta não é difícil de saber considerando-se que muitos colunistas sociais "adoram" enaltecer sempre certas castas sociais - algumas vezes em troca de cargos de assessoria. Já deu para adivinhar? É isso mesmo.

A personagem em questão é a esposa do presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, Berenice Ribeiro Coutinho Paulo Neto, esposa do Dr. Julio Paulo Neto. O evento foi realizado - e não poderia deixar de ser, no Salão "Nobre" do Palácio da Justiça local. Para coroar a noite de gala, a homenageada ainda recebeu, das mãos do presidente da Assembléia da Paraíba, o título de "Cidadã Paraibana".

Para entender esta nota, basta dar uma rápida olhada nas colunas sociais dos jornais de Rio Branco.

No Acre não é diferente. Jornalistas e colunistas sociais atuam na imprensa como bajuladores de membros do Executivo, Judiciário, Legislativo e até do Ministério Público. Alguns conseguem a proeza de constar na folha de pagamento do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, das empresas de comunicação, e ainda recebem, por fora, da plebe.

Um comentário:

Saramar disse...

Altino, tenho saudades daqueles tempos em que a imprensa era o principal braço da luta dos cidadãos pela liberdade diante do autoritarismo dos governantes.
Hoje, quantos não trocam seu nome e sua dignidade por benesses governamentais, esquecendo-se que os governos passam e os homens ficam?

Beijos