terça-feira, 21 de novembro de 2006

AO MEU DILETO SOBRINHO

Eterna fã de Juvenal Antunes, poeta e vate da preguiça que estará em destaque na minissérie "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes, a autora Glória Perez envia a seguinte mensagem:

- Altino querido, uma raridade pra você: poema inédito do nosso Juvenal. Presente da sobrinha dele, a escritora Lúcia Helena Pereira. Ela explicou tratar-se de uma carta incompleta de Juvenal, ao sobrinho Abel Antunes Pereira, em resposta às asneiras escritas pelo referido às donzelas da briosa Vila, só para desacatar a inteligência do tio.

As musas belas, cândidas, mimosas,
Ficaram tão sentidas e chorosas,

Que, no estancar as lágrimas vertidas,
Gastaram muitas dúzias repetidas.

De finíssimos lenços de cambraias,
E, por cima, serviram-se das saias.

Eu, Juiz, te trancaria na masmorra,
Que poeta, assim tão ruim, nas grades morra!

Violante da poesia, o santuário...
És um bandido Abel, és um sicário!

És muitíssimo pior que o mais ladrão,
Mais bandido que o próprio Lampião!

Tu sabes lá o que é ser-se poeta?
Tu pensas mesmo em alcançar tal meta?

Vai ser negociante ou agricultor,
Não podes na poesia ser doutor!

De fazer versos maus enforca o vício!
Procura, Abel, qualquer prosaico ofício!

Deixemos, pois, de lado, a arte santíssima,
Abordemos matéria vulgaríssima!

Os que deixastes bons, bons se conservam
E com desgosto alguns até se enervam.

Eu já me julgo restabelecido,
Mas ao Patu ainda não hei subido.

Tens gostado do leite e da coalhada?
Já vês ao espelho a carantonha inchada?

Ceva-te bem, sobrinho, entrega os músculos,
Que isto é melhor do que escrever opúsculos!

Lembrança dos de cá, quando aos daí,
Dá lembranças, eu faço ponto aqui.

Deste teu tio ultrapiramidal,
Trovador e farrista, Juvenal!

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