segunda-feira, 3 de julho de 2006

AVÁ-CANOEIRO

A TEIA DO
POVO INVISÍVEL


Tive o prazer de receber uma cópia e assistir antes do lançamento o excelente vídeo documentário "Avá-Canoeiro - A Teia do Povo Invisível", dirigido pela jornalista Mara Moreira, que narra o drama da nação indígena ameaçada de extinção. Da grande nação Avá-Canoeiro, que reinava absoluta até o início do século XVIII, nas terras férteis às margens dos rios Maranhão e Tocantins, no Centro-Oeste brasileiro, hoje restam apenas dois pequenos grupos familiares.

Temido e respeitado por todos os outros povos indígenas no passado, o Avá-Canoeiro não pode resistir a um dos massacres mais covardes e cruéis promovido pelo branco contra os nativos brasileiros.

Perseguidos desde os tempos das bandeiras, os corajosos avá nunca se entregaram. Responderam bravamente aos ataques do colonizador e, quando se viram acuados, tornaram-se o “povo invisível”, escondendo-se nas matas. Dos mais de 3 mil, à época do descobrimento, restam apenas nove. Três vivem na Ilha do Bananal (TO) e seis em Minaçu (GO).

A saga destes indígenas, separados pela história e pela geografia, é narrada no vídeo “Avá-Canoeiro, a Teia do Povo Invisível”, que será lançado em no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, no próximo dia 13 de junho.

O documentário de Mara Moreira foi roteirizado pela jornalista Andiara Maria. Um média-metragem, com 1h10 de duração, que traz depoimentos dos sobreviventes, assim como dos antropólogos Mario Arruda e Dulce Rios, da Universidade Católica de Goiás, que acompanham os avá há mais de uma década.

A história do massacre é reconstituída com uma bela e tocante coreografia da Companhia de Dança Quasar. O registro da realidade atual dos Avá exigiu um mergulho profundo no universo dos dois grupos sobreviventes.

Nas várias semanas passadas com as famílias de Tutau e Iawí (chefes dos grupos), a equipe responsável pela realização do vídeo gravou mais de 40 horas.

- Buscamos descortinar a teia que envolve a trajetória desses índios misteriosos, investigando as motivações subjetivas que forjaram seus mitos e ritos e as correlações possíveis com a sua estratégia de sobrevivência em seu percurso nômade” – observa Mara Moreira.

A roteirista Andiara Maria expõe o dramático dilema das nações indígenas brasileiras.

- Manter a resistência étnica e correr o risco de extinção com as dificuldades impostas pelo isolamento e pela dinâmica da própria biodiversidade, ou optar pela aculturação e miscigenação para evitar a morte definitiva da espécie - indaga.

Um dos pontos polêmicos do vídeo é a visão antropológica que questiona a educação dos Avá-Canoeiro e aproximação entre os dois grupos remanescentes.

Além da diretora Mara Moreira e da diretora-assistente e roteirista Andiara Maria, participam da produção o diretor de fotografia, Alexandre Duarte, a equipe técnica formada por Sebastião Silvestre, André Montelo e Emerson Santana, além do geógrafo e ambientalista Rodrigo Santana como produtor-executivo.

Mara Moreira não teve necessidade de usar a famosa canção "Canoa, canoa", Nelson Angelo e Fernando Brant, para fazer aflorar a emoção num documentário imperdível.

Serviço:
“Avá-Canoeiro, a Teia do Povo Invisível” – vídeo documentário
Local: Museu da Imagem e do Som – MIS – SP
Data: 13/07/2006
Local : Av. Europa, n. 158 – Jardim Europa SP –
Horário: 20h

6 comentários:

Anônimo disse...

Em Rio Branco, a índia Tânia, do povo Manchineri, com apenas 15 anos, está em estado de coma no Hospital de Urgência e Emergência. Ela ficou ferida em um acidente quando um veículo capotou. O motorista e outras duas garotas escaparam ilesos e abandonaram Tânia ferida, pois não tinham documentos do carro e levavam produtos ilícitos. É dramática a situação da família manchineri, bem como a de outros desaldeados que vivem na antiga sede da UNI, sem luz elétrica. Tânia está precisando de fraldas descartáveis. Quem puder ajudá-la...

Anônimo disse...

Altino, que maravilha!
Deve ser belissimo, já que conta com o Quasar.
Espero que chegue até aqui, uma vez que foi realizado por goianos.

Beijos e uma excelente semana para você.

Anônimo disse...

Conheci os Avá-Canoeiro em primeira mão pela música gravada pelo Milton, com a letra cheia de imagens destacando a bravura e a coragem dessa tribo. Uma pena que a arte nos traga o belo através de uma história tão dolorida. Mas quando passar esse documentário aqui no Rio, vou querer prestigiar, de qualquer forma.

Anônimo disse...

Parabéns sobretudo pelo RESPEITO E CUIDADO E POR GERAR AÇÕES NESTA VALORIZAÇÃO DOSPOVOS DA TERRA.
Gostaria muito de conversar mais com voce Mara.
Seria possível lhe mostrar nosso Projeto e quem sabe unir forças dentro desta mesma ação de VALORIZAÇÃO/REVITALIZANDO?
Agradeço
Liana Utinguassú
Presidente ONG Yvy Kuraxo

Anônimo disse...

sou acreana e tambem,conheco o seu trabalho e gostei muito!




julianah-curitiba/pr (10/11/2006).

Anônimo disse...

A minha infancia toda foi convivendo junto como os avá canoeiro. Tenho muitas saudades de todos, pois brincavamos juntos, Tutau, Macaquira, Agadimim e Buticau o filho caçula de Tutau que faleceu de tétano aos 17 anos. Era um menino muito lindo e educado por natureza, aliás todos eles, não esquecendo da Tatia que me chamava de iatema. Mesmo nos seus dias de velhice e de cegueira, conhecia a todos pela voz. Eu moro em Brasilia mas quando chegava lá ela já sabia que eu estava chegando para passar férias lá e me chamava pelo nome.São pessoas que amo e que necessitam de mais proteção, principalmente em dar continuação a sua tribo pois parecem ser os ultimos da mesma linha etnica. Sugiro que aprofundem mais em termo de publicaçao desse povo que estava tão em oculto, pois poucas pessoas ocnhecem a respeito deles. Parabens ao Altino pela publicação.