quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

O SONHO ACREANO

Por Claiton Pena (*)

Os acreanos sonham e como sonham. Sonham tanto que muita coisa está virando realidade. São tão sonhadores que agora incluíram no dicionário regional sinônimos para palavra acreano: virtuoso, ser superior, acreanismo e acreanidade.

Digamos o seguinte: os acreanos estão tão de bem com a vida que eliminaram os criminosos da sociedade. Comentam, com a maior serenidade, que os bandidos atuando em Rio Branco chegaram de Porto Velho.

Os acreanos pensam que estão salvos. Costumam repetir que se não fosse isso, ou aquilo, se não fosse a acreanidade, estariam hoje tão ruins quanto Rondônia. Para eles, Rondônia é um caos. O Acre o céu.

Já se ligaram ao Pacífico através do Peru, primeiro que os rondonienses. A ponte Brasil-Perú, em Assis Brasil, foi inaugurada pelo presidente Lula, que pela sexta vez esteve no Acre durante seu mandato. A propaganda oficial diz: “O futuro passa aqui. Ponte Brasil Peru – um sonho acreano mudando o Brasil”.

O sonho acreano é poderoso. Nos meios políticos comentam que o atual governador Jorge Viana, poderá até ser candidato em Rondônia, para tentar salvar o nosso querido Estado de um mal maior.

O sonho acreano mudou Rio Branco. A cidade está muito mais urbanizada que Porto Velho. Não têm bons hotéis, mas excelentes restaurantes. Investem em qualidade de vida, pistas quilométricas para caminhadas seguem as ruas duplas asfaltadas de um extremo a outro da capital.

De noite, ruas iluminadas lembram qualquer cidade litorânea, muita gente caminhando, lanchonetes e restaurantes lotados. Só falta a orla marítima.

Nem todo mundo é PT no Acre. Mesmo quem não é, admite com certo ressentimento e ciúmes: o pessoal do PT está mudando o Acre. E muitos que não eram PT se converteram, influenciados pelo carisma e habilidade política do governador Jorge Viana.

Quando estou em Rio Branco, digo sempre: não sou acreano, mas sou do bem. Para demonstrar que reconheço a profundidade do orgulho acreano, e que mesmo não estando neste patamar, mesmo assim, não sou hostil.

E, então, olhando para eles, tenho muita vontade de ver Rondônia do mesmo jeito. De ver a prosperidade circular. De ver gente feliz. E o que mais me acalenta é que somos um povo batalhador. Temos grandes líderes. Temos apenas que fazer como os acreanos: sonhar muito e ter orgulho de ser rondoniense.

(*) Claiton Pena é jornalista, advogado e publicitário. Nasceu em Sorocaba (SP), mas vive em Rondônia há 25 anos. O artigo foi publicado no blog Marketing Político e Jornalismo, do jornalista mineiro Fred Perillo, que vive em Rondônia há um ano. Perillo, que conhece o Acre, disse sentir pena dos rondonienses e que assinaria embaixo o artigo. Acho bom o povo acreano reforçar a porteira pela qual Rondônia pode passar. O Claiton contou a mim que o dono de um jornal de lá disse o seguinte: "Ou Rondônia muda ou vamos nos mudar de mala e cuia para o Acre".

4 comentários:

Anônimo disse...

Altino
O Cleiton Pena é um dos quatro heróis sorocabanos que me tornaram atento ao que se passava longe das chaminés daquela cidade que foi chamada de Manchester Paulista em alusão à cidade inglesa que produzia tecidos. Numa bela tarde, ele pegou um violão na redação do Jornal Cruzeiro do Sul, entoou uma canção da Elis e anunciou que estava de viagem para Rondônia. Estávamos em 1980. Meses depois recebemos uma carta. Cleiton já chegara a Ji-Paraná, pela BR 364. Ele conhece a gênese de Rondônia e, certamente, detectou em Rio Branco o que falta em Porto Velho: identidade. Passei meses por lá sem conhecer cidadãos rondonienses a não ser os barbadianos que restaram da Madeira Mamoré. Sulistas, sudestinos e nordestinos tomaram conta de Porto Velho e do interior. E vivem por lá com a expectativa de que um dia vão voltar, razão pela qual não se interessam em preservá-la para futuras gerações.

Anônimo disse...

Também sou paulista e acabo de chegar ao Acre. É gratificante ver confirmado o que a sensibilidade já me tinha apontado. Agora, isso do Jorge em Rondônia não é sério, vá...

Anônimo disse...

Fred Perillo já me falara do Blog do Altino como quem se refere ao maior acesso da Internet no Acre. Isso me impressionara. E é muito mais. Agora, com o maravilhoso João Maurício, lembrando-me ainda violeiro e sonhador, ainda um bandeirante sorocabano, sem lenço nem documento... vejo que o Blog do Altino é universal, é glocal (como ele mesmo diz: um global mais que local). É do mundo e é da floresta. É meu e dos acreanos. Um grande abraço ao Altino, ao Fred, ao João Maurício. Deus salve o Acre.

Anônimo disse...

Valeu Eurípedes