terça-feira, 17 de janeiro de 2006

NOVO DESASTRE ANUNCIADO


A seca de 2006 deverá ser mais severa no Acre que a do ano passado, quando a população teve que usar máscaras cirúrgicas para se proteger da intoxicação gerada pela fumaça decorrente das queimadas de florestas e pastagens.

Pesquisadores da Universidade Federal do Acre constataram que na primeira quinzena de janeiro choveu 80% a menos que o previsto cientificamente para o mesmo período.

Tivemos até agora, 20% das chuvas do mês, tanto em Rio Branco, a capital, como em Cruzeiro do Sul, no extremo-oeste brasileiro. Os estudos indicam que não teremos enchentes em janeiro.

Caso algumas medidas não sejam tomadas, a destruição de florestas no Acre vai quadruplicar sem que Ibama e Imac possam identificar as respectivas áreas derrubadas e multar os responsáveis.

Evandro Ferreira, pesquisador do Inpa no Acre e do Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre, fez a revelação no blog Ambiente Acreano, onde chegou a publicar as mensagens sobre a questão, que foram trocadas por seus colegas pesquisadores Foster Brown e Alejandro Fonseca.

Essas são algumas das poucas pessoas que realmente fazem ciência na Ufac e procuram servir à sociedade. O resto, convenhamos, como a imprensa local, não faria falta se deixasse de existir. A foto acima é do Marcos Vicentti. Leia o artigo:


Troca de mensagens sobre um desastre anunciado


Por Evandro Ferreira (*)

Aos leitores informo que todos os dados disponibilizados até o presente indicam que 2006 vai ser um ano "infernal" no tocante a queimadas e fumaça. E tudo ocorrendo em plena época de eleições. Já imaginou a propaganda política explorando o fato das pessoas terem que usar máscaras para sair de casa? Que tal ter que ir votar usando máscaras? Quero ver em que tudo isso vai dar!

O Imac, a Ufac, o Inpa, a Embrapa, a Seater e outros órgãos governamentais e não governamentais estão empenhados, desde o final do ano passado, em organizar um importante seminário que vai discutir o que aconteceu em 2005 e o que se pode fazer para minorar os efeitos do que vai acontecer em 2006.

Durante o seminário vão ser traçadas as linhas principais para enfrentar o desastre que vem pela frente. Entre outras coisas, vão ser formadas e capacitadas brigadas de agricultores para combater os incêndios. Se tudo correr como planejado, o combate ao fogo não vai depender unicamente dos bombeiros...

Outro assunto sério que está sendo tratado com cuidado é o "boato" de que centenas de produtores - aproveitando-se que o fogo do ano passado "limpou" (brocou) mais de 200 mil hectares do subbosque de florestas nativas - plantaram sementes de capim no subbosque destas florestas.

Comenta-se que estes produtores planejam "queimar acidentalmente" estas áreas de florestas para formar pasto. Tudo sem precisar de autorização do Imac e Ibama para a derrubada de florestas. Caso isso isso ocorra, em um ano a destruição de florestas no Acre vai quadruplicar sem que Ibama e Imac possam identificar as respectivas áreas derrubadas e multar os responsáveis. Tudo vai ser culpa dos "incêndios acidentais".

O mais irônico é que parece que alguns dos produtores que hoje estão em busca de anistia ou extensão para o pagamento de empréstimos possuem áreas com florestas afetadas pelo fogo. Durante as discussões que estão sendo travadas para serem levadas ao seminário, está tomando corpo a necessidade do Ibama e Imac fiscalizarem, em conjunto com o pessoal dos bancos, quem plantou e quem não plantou capim.

Os que plantaram vão ser eliminados de qualquer benefício fiscal ou creditício e deverão ser "marcados" de perto durante o período das queimadas.

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