sábado, 3 de dezembro de 2005

SANTO KAMBÔ DA LUZ VERDE

Logo adiante, existe uma indicação para saber mais sobre as peripécias da "terapeuta indígena" Sônia Maria Valença Menezes. Contrariando resolução do Ministério da Saúde, "Soninha" integra um grupo que faz propaganda e ganha dinheiro com a aplicação da "vacina" do sapo kambô em pessoas de três grandes cidades, auxiliada ou não por índios da etnia katukina.

A antropóloga Edilene Coffaci de Lima, professora da Universidade Federal do Paraná, que conhece os katukina há quase quinze anos afirma:

- A comercialização da substância por brancos gera insatisfações entre os katukina, porém, do ponto de vista do Estado, seria complicado estabelecer uma regulamentação do 'uso tradicional do kambô' ou uma espécie de 'reserva de mercado' para a aplicação somente por indígenas, como gostariam alguns”.

Para ela, haveria uma “grande diferença” entre “simplesmente usar a secreção do sapo, como índios e seringueiros fazem há muito no alto Juruá, e comercializar a secreção ou a atividade de aplicação do kambô, como tem ocorrido ultimamente.”

O veneno de sapo tem sido incorporado sobretudo aos circuitos das terapias holísticas e das novas religiosidades urbanas. Para a antropóloga, no caso específico dos katukina, estaria ocorrendo um processo de “xamanização do kambô”.

- Nas aldeias, o kampo é usado principalmente para a caça e para combater a preguiça e é aplicado por qualquer pessoa, desde que tenha atributos morais reconhecidos como positivos pelo grupo. Já nas grandes cidades, há uma tendência a divulgar o kambô como se ele dependesse de conhecimentos secretos e iniciáticos (típicos de um pajé) e a vacina passa a ser usada como um remédio capaz de combater todos males.

Outra antropóloga, Bia Labate, do blog Alto das Estrelas, conta que já experimentou a vacina do sapo. Ela reconhece que a substância está sendo propagandeada como uma espécie de antídoto contra “panema de branco”:

- Não é difícil imaginar que no futuro surgirão muitas variações do uso do kambô. Talvez apareça a igreja do “Santo Kambô da Luz Verde”? - indaga a antropóloga.

Esta nota foi redigida com base no artigo "O pajé que virou sapo e depois promessa de remédio patenteado", de autoria de Bia Labate, publicado no site Comunidade Virtual de Antropologia.

Em tempo: cientistas brasileiros vêm ao Acre pesquisar vacina do sapo kampô em áreas indígenas. Eles vão estudar a viabilidade da vacina e da produção de fármacos e cosméticos, com repartição de benefícios para os índios. Leia a esclarecedora reportagem de Romerito Aquino, publicada no jornal Página 20.

Um comentário:

Anônimo disse...

PREZADO ALTINO,
SE POSSIVEL ME INFORME LOCAIS DE APLICACAO DE KAMBO QUE ESTEJAM FAZENDO PURO COMERCIO DO MESMO.

OBRIGADA,

MONIK

E-MAIL:MONIK1963@YAHOO.COM