sexta-feira, 23 de setembro de 2005

UM PRESENTÃO!

A ex-vereadora Maria Lenice da Silva Barros, mulher do deputado Roberto Filho, foi nomeada pelo governador Jorge Viana para ocupar o cargo em comissão de gerente de suporte técnico operacional, referência G-3, da Secretaria Extraordinária de Gestão Governamental.

O deputado estadual Roberto Filho é aquele que, em 20 de dezembro de 1996, invadiu a Redação do jornal Página 20, em Rio Branco, capital do Acre, para agredir e ameaçar de morte dois jornalistas. Munido de uma pistola engatilhada, o deputado atacou a pontapés o então diretor do jornal, Antônio Stélio de Castro. O jornal havia publicado reportagem da Agência Jornal do Brasil, assinada pelo então correspondente Altino Machado, sobre fraudes no vestibular na Universidade Federal do Acre.

A então vereadora Maria Lenice, mulher do deputado, fazia parte do grupo de pessoas cujas provas tiveram o mesmo número de erros e acertos. "O Stélio pagou sem culpa, mas vou pegar o Altino e matá-lo", ameaçou Roberto Filho, diante de toda a Redação do jornal.

A Associação Nacional de Jornais - ANJ enviou correspondência ao então governador do Acre, Oleir Messias Cameli, e ao deputado César Messias, que presidia a Assembléia Legislativa, manifestando preocupação com a agressão e ameaça de morte aos jornalistas. A ANJ solicitou garantia de integridade física minha e de Antonio Stélio de Castro e o pleno exercício da liberdade de imprensa. O governo do Acre, em resposta à ANJ, garantiu que as providências solicitadas foram tomadas pela Secretaria de Segurança Pública.

Por causa das ameaças, tive que passar um ano e nove meses refugiado em Brasília e Manaus. No dia 29 de dezembro daquele ano, o jornalista Elio Gaspari, escreveu a nota "O sargento cego é um deputado que enxerga", publicada em sua coluna na Folha de S. Paulo. Eis a nota:

"A banda podre do Acre, onde o governador tem quatro CPFs e sete inquéritos, acaba de ganhar um símbolo. É o ex-sargento da PM Roberto Filho, aposentado por cego e, por bom de vista, eleito deputado estadual pelo PMN. Já espancou médico de pronto-socorro e percorreu redações de jornais com um secretário de governo sob a pontaria de seu revólver.

Agora anunciou que pretende matar o jornalista Altino Machado, de 33 anos, com 15 de profissão e três filhos. Seu pecado foi ter divulgado a existência de um balcão de venda de gabaritos no vestibular (anulado) da Universidade Federal do Acre. A mulher do deputado e o filho do prefeito de Rio Branco, bem como alguns iluminados, fizeram provas idênticas.

Alguém poderia ensinar ao deputado que seria mais fácil sua mulher estudar um pouco, porque matar jornalista sempre acaba dando algum trabalho.


O pior da história, teme Altino Machado, é que quadrilhas insatisfeitas com o que escreve acabem usando a ameaça do deputado para ensinar uma lição ao Brasil, como fizeram quando mataram Chico Mendes".

O vestibular daquele ano foi anulado. Lenice responde a dois processos na Justiça Federal, sendo que um é uma ação civil pública por improbidade administrativa. Para conhecer detalhes, clique em Justiça Federal e busque pelo nome dela.

A nomeação é um presentão para quem lançou o filho candidato em sua vaga temendo a condenação num dos processos. Felizmente Bebeto Jr. foi derrotado pelo povo.

Perdôo, claro, mas não esqueço.

4 comentários:

Anônimo disse...

ESSE É O ALTINO QUE CONHEÇO DE VELHAS DATAS. PARABÉNS!

Anônimo disse...

Esse é o verdadeiro governo de Jorge Viana, que fala mal dos deliqüentes, mas faz acordos com eles..rsrss... por baixo do pano....rsss... e agora, descaradamente... rsrs.. rsss...

Anônimo disse...

Altino, tenho por ti um enorme apreço e admiração, por vc incomoda. Vida longa, garoto!

Anônimo disse...

Aldo, dono da gramática, não esquecestes alguma "coisa" na tua frase?