terça-feira, 20 de setembro de 2005

TRISTE PREVISÃO

Acre só terá chuvas após
dia 10 de outubro, diz Inmet


Chico Araújo
Colaboração especial

A população acreana ainda vai conviver com altas temperaturas, de 36 graus, em média, até meados de outubro. As chuvas - menos de 30 milímetros por dia - só devem começar depois do dia 10 do mês que vem.

A previsão é do meteorologista Expedito Rebello, chefe da Divisão de Meteorologia Aplicada do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília. As projeções de Rebello são feitas com base no comportamento da temperatura dos últimos anos no Acre.

- De hoje até meados de outubro, o acreano viverá uma situação de desconforto violento por causa das altas temperaturas - alerta Rebello.

O Inmet registrou 36,1 graus - a média nos anos anteriores foi 30 graus - de temperatura no Acre, no último domingo (18). As temperaturas elevadas, somadas às queimadas e à densa camada de fumaça e fuligem, sufocam as pessoas, dando a impressão de que elas se encontram dentro de uma estufa.

Segundo Rebello, as altas temperaturas no Acre são conseqüência da Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), fenômeno climático que se intensificou no Oceano Pacífico a partir de 1998.

O fenômeno faz com que as temperaturas da superfície do Oceano Pacífico (TSM) apresentem uma configuração semelhante ao fenômeno El Niño, porém com variações de prazo mais longo. Os eventos ODP persistem por 20 a 30 anos, enquanto os El Niño por 6 a 18 meses.

Da mesma forma que o El Niño, a ODP apresenta duas fases. A fase fria é caracterizada por anomalias negativas de TSM no Pacífico Tropical e, simultaneamente, anomalias de TSM positivas no Pacífico Extratropical, tanto Norte como Sul.

A última fase fria ocorreu no período 1947-1976. Já a fase quente apresenta configuração contrária, com anomalias de TSM positivas no Pacífico Tropical e negativa no Pacífico Extratropical.

A fase quente se estendeu de 1976 a 1998. Não se sabe ainda qual é a causa da ODP, tampouco seus impactos sobre o clima.

No caso do Acre, explica Rebello, os eventos ODP têm elevado a temperatura de 3 a 5 graus acima da média nesse período do ano. E como resultado do fenômeno, o Acre não tem uma “chuva significativa” há mais de 30 dias.


O Inmet considera “chuva significativa” as precipitações pluviométricas acima de 30 milímetros diários. A média pluviométrica registrada no Acre variou de 200 a 250 milímetros por mês em anos com temperaturas menos elevadas.

Um estudo do meteorologista Luiz Carlos Baldiero Molion, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mostra que a ODP entrou novamente em sua fase negativa a partir de 1999, na qual deve permanecer possivelmente até cerca de 2025 -ou seja, pelos próximos 20 anos, com um conseqüente aumento (redução) da freqüência de eventos La Niña (El Niño).

Segundo Molion, esse fenômeno fará o Brasil sofrer mudanças climáticas. Ele diz que, em média, a amplitude térmica diária deve aumentar, com temperaturas máximas diárias maiores e mínimas diárias menores, em face do enfraquecimento do efeito-estufa pela redução da concentração de vapor dágua, o principal gás de efeito-estufa, na atmosfera global.

Os invernos no Sul e Sudeste do País devem ser mais intensos, com aumento da freqüência de geadas, como observado nos cinco últimos anos já dentro da fase fria da ODP possivelmente. Molion também acrescenta que totais pluviométricos (chuvas) poderão se reduzir no País como um todo. Essa redução se daria em atmosfera mais fria e mais seca.

Nota do blogueiro: O jornalista Chico Araújo é acreano e mora em Brasília. Existe no site do Inmet um aviso metereológico especial relativo ao Acre: "Condiçoes meteorológicas favoráveis a ocorrência de baixa umidade relativa do ar, com valores em torno de 20%, do estado do Acre , no período entre os dias 20/09/2005 e 22/09/2005".

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino, aqui e Fernando Melo. A proposito desse assunto que estamos vivenciando gostaria de apelar para a crendice popular. Em 1998, a Funai, como colaboradora da forca tarefa, destacada para combater terrivel incendio de desvastou 25% do territorio do Estado de Roraima, convidou dois indios caiapos, Kucrit e Mantii, que sairam do Mato Grosso ate Boa vista e la realizaram a danca da chuva durante 40 minutos na beira do rio Curupira. Resultado, a chuva veio e a maior parte dos focos de incendio foram apagados. Devemos ressaltar que a tragedia de Roraima se deu apos 90 dias sem chuva. No Acre, ja chegamos a mais de 70 dias e segundo o Chico nos relata, chuva, somente depois do dia 10 de outubro. Vamos acionar os Caiapos?
Um Forte Abraco
Fernando Melo

Anônimo disse...

Num momento desses toda boa idéia é bem-vinda. Taí, deputado, que tla fazer uma gracinha? O senhor que tem quotas de passagens poderia mandar trazer dois Caiachuvas desses aí pra ver o que acontece. Caiapó não! Lembre-se que tu já foi o "homi" da segurança. Deixa esse negócio de pó pra lá...Que caia chuva!