quarta-feira, 28 de setembro de 2005

TERRA PROMETIDA II


É muito estranho que a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração Nacional tenha apontado apenas os pequenos produtores rurais em lavouras de subsistência e esquecido de mencionar os fazendeiros como responsáveis pelas queimadas no Acre.

Há mais de 45 dias, o fogo avança em fazendas, pequenas propriedades e áreas de preservação florestal no Estado, incluindo a famosa Reserva Extrativista Chico Mendes.

- Geralmente, quando esse tipo de fogo atinge as florestas, a umidade natural da mata consegue controlá-lo. No Acre, os incêndios tomaram essas proporções porque não chove há cem dias e a umidade do ar está baixa - observou o gerente do departamento de Resposta aos Desastres e de Reconstrução da Sedec, Marcos Aurélio Alves de Melo

Não é apenas por isso, doutor Marcos Melo. Os incêndios tomaram essas proporções porque existem muitos estímulos para a cultura do fogo. Os fazendeiros tocam fogo para o pasto brotar viçoso ou para ampliar a pastagem devastando as áreas de preservação permanente. Os colonos para formar roçados ou porque assimilaram o sonho da vida fácil de fazendeiro.

A Sedec planeja ações de capacitação de pequenos agricultores para ensinar técnicas de uso controlado do fogo, que causem menos impacto ao meio ambiente e evitem que o fogo atinja florestas próximas às propriedades rurais. A mesma medida foi adotada com sucesso em Roraima, após incêndio em 1998.

O governo federal enviou hoje para o Acre uma força-tarefa composta por 150 bombeiros do Distrito Federal e 15 especialistas em incêndio florestal. Eles vão enfrentar locais de difícil acesso. Os bombeiros do Acre viajam duas ou três horas de caminhonete e levam mais quatro horas caminhando na mata.

A equipe de combate ao fogo será transportada por dois helicópteros de Xapuri -a 188 quilômetros de Rio Branco- para as clareiras próximas aos focos de incêndios e utilizarão aparelhos localizadores e de comunicação por satélite. Os helicópteros podem diminuir o tempo de deslocamento e permitir que uma equipe combata mais de um foco por dia.

Há duas semanas, 67 bombeiros do Estado tentam controlar o fogo que consome áreas de floresta nos municípios de Acrelândia, Bujari, Capixaba, Plácido de Castro, Porto Acre, Rio Branco, Senador Guiomard, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Sena Madureira.

O envio da força-tarefa foi determinado, na manhã de hoje, pelo ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. Ontem à noite, o governador do Acre, Jorge Viana, havia feito o pedido ao ministro. De acordo com o secretário Nacional de Defesa Civil, Jorge Pimentel, a força-tarefa só retornará a Brasília após o fim das queimadas.

Na última semana, 12 municípios do Acre decretaram estado de emergência por conta da fumaça produzida nas queimadas no Acre, Mato Grosso, Rondônia e Bolívia. Os municípios mais atingidos são Acrelândia, Xapuri e Brasiléia.

No domingo, o Ibama enviou uma tonelada de equipamentos para a equipe de bombeiros. Um helicóptero e uma aeronave Pantera, do Exército, também ajudam no trabalho. Não existe ainda uma estimativa da área destruída.

Tirei essa a foto que ilustra essa nota às 17h34 do dia 12 de julho.
Quando viajava de carro, de Brasiléia para Rio Branco, encontrei em chamas o pasto da camponesa Dulcilene Gurgel, na margem esquerda do ramal de acesso à usina da Alcobrás, na BR-317.

Vale a pena ler a nota "Terra prometida" que escrevi naquele dia. Antes daquele dia já havia muito fogo por aqui. Só não via quem não queria. Esse pessoal de Brasília costuma ouvir o galo cantar, mas não sabe onde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Altino: Apresentei um projeto no Senado propondo que 50% dos recursos do FNO, operado pelo BASA, fossem destinados a financiar as cadeias produtivas da grande variedade de recursos da biodiversidade amazônica, como por exemplo a cadeia da floresta, do manejo a industria moveleira com comercialização certificada, sistemas agroflorestais, o Acre dispoe de um exemplo de grande sucesso que é o projeto RECA, serviços ambientais, ecoturismo,etc. O projeto também destina 10% das aplicaçôes para pesquisa, pois acredito que estamos destruindo a Amazonia empurrados pela pela carencia de conhacimentos cientificos. Afirmo que enquanto não estabelecermos um modelo de desenvolvimento capaz de mudar a relação homem-natureza a Amazonia vai continuar ardendo com graves prejuizo para todos. Um forte abraço e obrigado pela solidariedade nesse momento de luta acirrada pra fazer prevalecer a soberania do voto popular. Saiba que eu continuo acreditando na politica como instrumento de construçaõ coletiva para a mudança