segunda-feira, 26 de setembro de 2005

PLANTAS DE PODER

Na quinta-feira, em São Paulo, acontecerá o lançamento do livro "O uso ritual das plantas de poder", organizado por Beatriz Caiuby Labate e Sandra Lucia Goulart.

Bia Labate, doutoranda em ciências sociais e mestre em antropologia pela Unicamp, é pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP).

Sandra Goulart, doutora em ciências sociais pela Unicamp e mestre em antropologia social pela USP, também é pesquisadora do NEIP.

Eis o resumo da obra:

A coletânea, reunião de quatorze artigos de colaboradores de cinco países, vem ocupar uma lacuna na reflexão das Ciências Sociais sobre o tema das drogas ou das plantas psicoativas. Através do enfoque da etnologia, da antropologia, da história e da etnobotânica são analisados diversos contextos de consumo de substâncias psicoativas.

Variedades de rapé utilizadas por povos indígenas da Amazônia, raízes como a jurema nordestina ou a iboga do Gabão, a folha de coca nos Andes e na Amazônia, a Cannabis nos ambientes afro e indígena, a ayahuasca da selva peruana aos grandes centros urbanos brasileiros e algumas outras espécies menos conhecidas, são alguns dos temas abordados na obra.

Destaca-se como o consumo de plantas de poder está associado à organização de complexos sistemas cosmológicos, ao surgimento de ricos cultos sincréticos, a promoção da identidade social, a redes multiétnicas de intercâmbio, ao gerenciamento de conflitos religiosos ou tribais, à produção artística, ao autoconhecimento, entre outras coisas.

O uso destas substâncias implica numa articulação entre diferentes esferas da vida, como a política, a terapêutica, a xamânica, a estética e a cultural. A análise dos vários contextos e agentes explicita continuidades e descontinuidades entre os usos religiosos, profanos, modernos e tradicionais, ou entre substâncias naturais e artificiais, rompendo assim com dicotomias pouco úteis à reflexão sobre as “drogas”.

A leitura da obra destaca o uso ritual e religioso de psicoativos, praticado em diferentes culturas e épocas históricas, mas pode ser valiosa também para pensar o consumo de drogas na sociedade contemporânea, apontando para alternativas a uma política meramente proibicionista, dependente de um mercado ilícito que só dissemina, cada vez mais, violência, miséria, exclusão e guerra.

Mas informações podem ser obtidas no blog Alto das Estrelas, de Bia Labate.

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