sexta-feira, 27 de maio de 2005

DEU NA FOLHA

Suplicy diz que sentiu desgosto com governo

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de chorar ao assinar o requerimento da CPI dos Correios anteontem à noite, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que sua decisão de incluir o nome na lista foi tomada com base no desgosto que sentiu com as notícias de recente ação fisiológica do governo -liberação de verbas em troca de retirada de nome.
Além disso, recomendou ao governo Luiz Inácio Lula da Silva atuação mais transparente. Suplicy passou o dia em sua casa em São Paulo recebendo manifestações de apoio. Disse que se submeterá à possível retaliação do PT, que pode vetar sua candidatura à reeleição ao Senado em 2006.
Para ele, o PT nunca esteve "tão longe do sentimento do povo" e, com isso, corre o risco de trilhar o rumo do PMDB e ficar com a pecha do fisiologismo.


Folha - O sr. acha que tomou a decisão certa ao assinar o pedido de CPI? O partido errou ao recomendar que petistas não assinassem?
Eduardo Suplicy -
A minha decisão é consistente com o que é melhor para o presidente Lula e o governo. Detectei que nunca a direção nacional esteve tão distante daquilo que percebi ser a decisão de bom senso, que mais condizia com o sentimento do povo. Fiquei cada vez mais convencido pelas notícias de que havia liberação de verbas para convencer parlamentares, o que sempre criticamos.

Folha - O senhor disse que o PT está longe da vontade do povo. E o governo?
Suplicy -
Cada voto no Parlamento deve ser em função do que consideramos o melhor para o interesse público. Não podemos tomar decisões em função de designação de pessoas indicadas por parlamentares para cargos ou verbas que forem liberadas.

Folha - O fisiologismo...
Suplicy -
Em jantar na Embaixada da China, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) comentava como diversos senadores haviam obtido compromissos de indicação de pessoas para cargos e como o governo atrasava, citando vários casos de forma engraçada, jocosa. Os senadores Cristovam Buarque (PT-DF) e Serys Slhessarenko (PT-MT) comentaram comigo como nem sabíamos disso!

Folha - O sr. se espantou?
Suplicy -
[pausa] Sinceramente, pensei que essas coisas não são o que poderíamos considerar normais. Gostaria de poder ver o governo se posicionando de maneira transparente para os senadores que dizem que só aprovam algo com indicação para um cargo.

Folha - O sr. teme punição do PT?
Suplicy -
Não foi fechada a questão pela Direção Nacional, portanto não há sanção prevista no estatuto. Estou consciente de que meus companheiros podem querer escolher outro candidato ao Senado. Precisarei me submeter a isso. Sei que estão bravos comigo.

Fonte: Folha de S. Paulo

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