quinta-feira, 7 de abril de 2005

ROMERITO AQUINO RESPONDE

Prezado Altino, acho que falta apenas explicar a temporaridade desse história toda dos teus comentários a respeito de minha participação no caso Geraldinho.

Primeiro, o que você mandou no seu e-email teve o seguinte teor: "Caro, por que você e nem o JB não explicaram nas reportagens o detalhe da informação que postei no meu blog?".

Agora, depois que você colocou a íntegra da minha resposta ao teu e-mail no teu blog, você prenuncia aos teus leitores dizendo que em teu e-mail querias saber porque ele (eu, Romerito) e o JB omitiram que o senador e o deputado Zico Bronzeado usaram suas respectivas mulheres para a troca de favores.

Ou seja, as tuas duas intervenções se diferenciaram nos dois contextos, ou seja, no meu e-mail e no teu blog. Além disso, você colocou hoje ao longo do teu blog sobre o mesmo assunto que os jornalistas se auto-censuram no Acre por causa do governo da Floresta e bla bla bla. Ou seja, você armou o circo para fazer crer aos teus leitores que sou destes jornalistas que se auto-censuram, são antiéticos, não valem nada...etc etc (e logo no nosso dia do jornalista!). Muito bem.

Primeiro, é muito fácil manipular palavras, frases, notas, blogs e outras coisas para se passar por guardião da imprensa e pregar lições de moral nos outros. Mas isso você pode fazê-lo para os teus leitores, não para mim, que trato da arte da palavra (certa,correta, verdadeira, ética) como profissional da imprensa (de muitos jornais de muitos estados) desde quando você ainda usava calça-curta.

Portanto, não vai ser em cima de mim que vais manipular palavras para passares a ser guardião da ética e da verdade para os teus privilegiados leitores de computador. Outra coisa, é bom você saber que estou há 29 aninhos trilhando o caminho do jornalismo ético, honesto, sincero tanto na relação com o público quanto com meus colegas de trabalho. E não vai ser o teu joguinho de palavras que sequer arranhar essa minha honrosa historia profissional.

Segundo, vamos à cronologia dos fatos, que você manipulou para se passar de guardião da ética jornalística. Só li o teu e-mail (por questão de falta de tempo, estava trabalhando, viu?) ontem à noite. A informação (que acabou virando a matéria de hoje do JB) sobre a existência da prática de nepotismo chamada "barriga de aluguel" entre as esposas do senador e do deputado só foi dada (soube depois) no final da tarde de ontem pelo senador Geraldinho com exclusividade para os repórteres do JB.

O senador não me chamou no seu gabinete para repassá-la a mim, o que foi lamentável tendo em vista ter sido o repórter que repercutiu na terça e na quarta no Acre (terra dos eleitores do senador), no jornal Página 20, as duas matérias do JB. Como não havia tomado conhecimento prévio da operação barriga de aluguel entre os dois políticos e nem vi seu e-mail com o mesmo conteúdo da informação passada pelo senador, seria, impossível, portanto, escrever matéria sobre o assunto hoje no jornal do qual sou correspondente em Brasília.

Diante disso, volto a te questionar por que você só se limitou a publicar a informação da barriga de aluguel apenas no teu blog, se tinhas, como jornalista, todas as razões de mundo (éticas, morais etc etc) para publicá-la em qualquer jornal do Acre, onde também tens acesso como eu? Como jornalista (principalmente por comentar em blog assuntos da imprensa) você tinha o dever ético de, tendo a informação, repassá-la também para o público de jornal. Afinal, parte do conteúdo de teu blog é de comentários de assuntos que saem na imprensa. Ou seja, terias que fazer também mão-dupla na informação, que não pertence ao jornalista, mas à sociedade como um todo.

Portanto, Altino, saia do blog, saia do teu público seleto, do teu grande grupão (como dizes no teu blog), dos privilegiados que podem comprar e ter computador e vai botar tua cara no jornal para informar à sociedade como um todo, principalmente os pobres que não têm computador, os fatos que cercam o poder exercido através dos votos de todos. Vai lá cumprir com tua obrigação ética de jornalista também com aqueles (que são maioria na sociedade) que não tem dinheiro para comprar computador, mas podem comprar (ou espiar) um jornal de vez em quando. Saia dos bastidores dos ricos. Vai ouvir os pobres na rua camarada!

Reflitas um pouco sobre tudo isso. É meu presente para você no nosso dia do jornalista, que deve ser comemorado intensamente por aqueles que no passado, no presente e no futuro se preocupam em publicar e questionar os privilégios que fazem desse imenso país rico, de forma padoxal, o campeão mundial de desigualdades, de hipocrisias e de bla bla bla.

Colocas isso tudo no teu blog.

Um abraço camarada!

Romerito Aquino

Nota do blogueiro: Valeu, vovô. Era isso o que eu queria: sacudi-lo. Nunca é demais reconhecer mais uma vez, publicamente, a sua competência profissional e sua correção como acreano, como naquele momento conturbado de minha vida, quando você me recebeu em sua casa e indicou meu nome para ser repórter do Jornal do Brasil. Bem, é uma honra para esse modesto espaço suas reflexões sobre a profissão no Dia do Jornalista. Depois conto porque deixei de trabalhar nos jornais da city. Abenção!

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