quarta-feira, 5 de março de 2014

Isolamento do Acre

POR MARCIO BITTAR

No dia 19 de fevereiro, o governo dos petistas, depois de 16 anos de poder, informou que caso a enchente do Rio Madeira continue, o abastecimento de combustível e de alimentos poderão ser prejudicados no Acre. Sequer o estado produz o suficiente para o seu próprio abastecimento. Um dia, um grande empresário radicado aqui disse-me que é preciso importar todos os gêneros alimentícios: "até o tomate, o alface, a batata, a cenoura são alimentos importados". A falta de produção do estado, resultado de um verdadeiro marasmo econômico, é condicionada pela falta de incentivos adequados por parte do governo, pouca ou inexistente assistência técnica ao produtor, falta de investimento sério em formação de Capital Humano, falta de industrias e incompetência em dotar o Acre de infraestrutura adequada.

Com 16 anos de poder, o PT nada fez de efetivo e relevante para a infraestrutura de transporte do Acre. As obras de construção e manutenção da BR 364, em mãos petistas, andam a passos de tartaruga  e nunca ficam prontas de fato. Rios de recursos foram, prontamente, desperdiçados na estrada que nunca acaba. Não é preciso ser um especialista para ver que já no verão a BR  estava em péssimas condições, agora, no inverno, é fechada por causa de mais uma cheia no rio Madeira.

Até hoje, por não ter o PT investido recursos de maneira séria e consequente na infraestrutura do estado, fechar a BR 364 é isolar o Acre do resto do Brasil. Uma vergonha, em 16 anos de poder daria tempo suficiente para o desenvolvimento de todas as modalidades de transporte no estado. Um governo estadista faz planos de longo prazo e os executa meticulosamente. Os governos petistas só visam o curto prazo, apagam incêndios e estão preocupados em aparelhar o estado para apenas perpetuarem-se no poder. Não possuem visão de futuro. O Estado do Acre não tem uma ferrovia desenvolvida, não têm hidrovias como deveria ter e a malha rodoviária é precária e incompleta.

Sem infraestrutura adequada, o estado, infelizmente, é mais uma vez vítima do isolamento por causa das alagações rotineiras do Rio Acre e do Rio Madeira e o isolamento leva ao desabastecimento. São 16 anos de atraso. Inúmeras oportunidades foram perdidas ao longo dos anos petistas. Empréstimos internacionais vultosos, recursos abundantes do governo federal e dinheiro dos altos impostos não serviram para fazer o estado avançar, nada, estamos na mesma rotina de falta de estradas para escoar a produção e falta de apoio técnico consistente no incremento da produção pecuária, da produção agrícola e da industrialização do Acre.

Ficaremos isolados do resto do Brasil até quando? Quando faremos a infraestrutura necessária para trazer progresso para o Estado? Até quando ficaremos a mercê das intempéries passivelmente previsíveis? Até quando o governo do estado inibirá a iniciativa das empresas no Acre? Até quando optaremos por sufocar a produção e tratar produtores como bandidos e invasores como mocinhos ou coitados? Até quando o estado viverá de caridade estatal federal? Quando tomaremos as rédeas de nosso futuro?

Creio que não é justo o que está acontecendo com o povo acreano, ao fechar a estrada o único a prejudicar-se é o Acre, pois é ele quem depende dos demais estados. Um dia o Brasil dependeu da borracha do estado, hoje impera a inação econômica. Um dia o PT vendeu a ilusão da Florestania, uma mera ficção que não deixou sequer estória para contar. Não faltou poder e nem recursos federais para o desenvolvimento do modelo petista, que naufragou pelos próprios deméritos.

Chegamos a um ponto sem volta. Neste momento, é urgente tirar os petistas do poder com o voto consciente, livre e lúcido. Um voto de confiança em novos homens e mulheres quer darão tudo de si para instaurar uma nova ordem de mudanças para o progresso do Acre. É a confiança que falta para podermos  romper com o marasmo econômico, investir seriamente em infraestrutura, qualificar o acreano e construir uma rede de assistência técnica e incentivos para crescermos, para fincarmos as bases do progresso no Estado. O acreano é um povo sofrido e que merece caminhar de cabeça erguida e orgulhoso por não ter mais o seu estado querido no isolamento.

Marcio Bittar é deputado federal do Acre pelo PSDB, primeiro secretário da Câmara dos Deputados e presidente da Executiva Estadual do PSDB

4 comentários:

Marcos Motta disse...

Sem ser partidário, mas convém perguntar se as pessoas não têm um justo receio de trocar o poder de mãos e colocá-lo na mão de pessoas sem comprometimento e responsabilidade, como, por exemplo, parlamentares que não comparecem às sessões da câmara e mancham o nosso Estado com notícias dando conta de que nossos parlamentares figuram entre os mais inassíduos do Congresso.
É com essa responsabilidade que o Acre vai ser administrado?

Altemar disse...

Pena que não tivemos em outros MOMENTOS parlamentares federais que já tivessem tido um pouquinho mais de atenção em tomar as rédeas da redentora ponte da BR. 364 que se arrasa, a mim me parece, há breves 18 anos (smj).
Talvez seja hora de dar mais atenção às pagelas.

joaomaci disse...

Muito bem deputado Marcio Rolandolero Bittar, vossa excelência está correto. Não podemos tratar invasores como mocinhos. Não podemos admitir autoridades que vendem meras ficções.
Neste sentido, creio que vossa excelência deve ocupar as primeiras posições da fila dos que precisam ser substituídos e banidos da política acreana, por não terem cumprido seu papel de ajudar o Acre.

Gabi Ramos disse...

Falar em trocar o certo pelo duvidoso? ter coragem de trocar o poder para as mãos de pessoas que não tem responsabilidades? Falar de responsabilidade é complicado, tendo uma quadrilha como o PT Estadual e Federal no poder. É G7 aqui e mensalão lá. Aos poucos o PT começou sendo preso, enjaulados, e mostrando que responsabilidades é o que falta para essa quadrilha.