POR RUY SPOSATI
Viu as dragas e as balsas pegando fogo, enquanto sobrevoava o rio Teles
Pires. Uma bomba passa ao lado do avião, à direita. No campo de visão de
V., não havia indígenas.
O bimotor desce – a pista de pouso não fora destruída. Havia rastros
de sangue no chão, marcas de bala nos telhados e nas paredes. Espalhados
pelo caminho, restos de cartuchos, munições e carcaças de bombas. Todas
as casas estavam com as portas arrombadas.
E então a comunidade começa a sair e ir ao encontro de V.. Estavam
todos escondidos nas casas, assustados com a chegada do avião. Reúnem-se
no barracão e explicam à liderança Munduruku do que tinham medo.
V. ouve, então, os relatos de uma série de pessoas baleadas,
machucadas, queimadas, ainda afetadas pelo spray de pimenta. Uma mãe
chorava desesperadamente: sua filha de cinco anos estava desaparecida.
Achava que poderia estar morta, pois havia se perdido dela na mata.
Havia uma mulher com o rosto inchado por causa de um soco que o policial
lhe deu. Os professores não-índios que trabalham na comunidade também
foram agredidos.
Leia reportagem no Blog da Amazônia.
Um comentário:
Agora sim retroagimos 500 anos no tempo.
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