45% dos prefeitos do Acre são proprietários de terra
Dos 22 prefeitos do Acre eleitos em 2008, 10 são proprietários de terras rurais. Os dados constam do livro “Partido da Terra – como os políticos conquistam o território brasileiro”, um lançamento da Editora Contexto.
O jornalista Alceu Luís Castilho analisou quase 13 mil declarações de políticos eleitos em 2008 e 2010. Somando os vice-prefeitos, 13 municípios do Acre (59,09%) possuem políticos proprietários de terra à frente de prefeituras. A porcentagem entre os prefeitos é de 45,45%.
O estado que mais possui “prefeitos e vice-prefeitos com terra” é o Mato Grosso (com 62,41% entre prefeitos, 78,72% incluindo vice-prefeitos). Em seguida vêm Paraná, Bahia e Espírito Santo, contando os vice-prefeitos. Em todos estes estados mais de 70% dos municípios têm o prefeito ou o vice “com terra”.
Contando só os prefeitos a ordem muda: depois do Mato Grosso vêm Bahia (53,62%), Tocantins (53,24%), Rondônia (52,73%), Goiás (52,05%), Espírito Santo (51,95%) e Piauí (51,12%). Em todos estes casos mais da metade dos prefeitos é proprietária de terras rurais.
A lista dos 31 políticos com mais hectares, conforme as declarações entregues por eles mesmos à Justiça Eleitoral, possui um prefeito do Acre: Hilário Melo (eleito pelo PT), de Jordão. Ele declarou a posse de 17.842 hectares, em 2008, por R$ 42.942,87.
Uma das terras de Melo, de 17.731 hectares, foi declarada por R$ 642,87. A relação R$/hectare dessas terras é uma das mais baixas das 13 mil declarações analisadas: R$ 2,41, o equivalente ao preço de uma lata de cerveja. Entre os latifúndios (pelo menos 2 mil hectares), essa proporção só é maior que a de uma fazenda do senador mato-grossense Jayme Campos, com relação R$/há de R$ 0,017.
A obra também enumera crimes ambientais em terras de políticos. Um dos casos é o do ex-prefeito eleito de Feijó, Juarez Leitão, do PT, afastado pela Justiça Eleitoral, que já teve obra embargada pelo Ibama, por desmatamento. Leitão era seringueiro, companheiro do sindicalista Chico Mendes e chegou a presidir o Conselho Nacional dos Seringueiros.
Um dos capítulos sobre ambiente conta o caso de Luiz Augusto Ribeiro do Valle. Ele já foi diretor-presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre. Teve uma área embargada pelo Ibama, em 2007, por destruição ou danificação de florestas.
Outro nome que aparece (sempre no 17º capítulo do livro, Arco do Desmatamento) é o de Darly Alves da Silva Filho, por desmatamento em Xapuri.
O livro trata também de crimes contra camponeses, indígenas e trabalhadores, a mando de políticos.
Tema transversal
Uma das cinco partes do livro trata de Ambiente, em três capítulos (Madeira Abaixo, Amazônia Despedaçada e Arco do Desmatamento). Mas a Amazônia é também tema transversal do livro. As declarações de bens mostram que políticos de todas as regiões do país possuem terras na Amazônia e no Cerrado.
Somente em São Félix do Xingu (PA) esses políticos eleitos em 2008 e 2010 possuem mais de 12 mil hectares nesse município, o segundo maior do país, com o maior rebanho bovino. O Pará é um dos principais destinos dos políticos – inclusive nos municípios do Arco do Desmatamento, no Pará e em Mato Grosso.
“Partido da Terra” traz também uma lista inédita de políticos madeireiros: são mais de 60 nomes. Quatro são do Pará, um do Amapá, um de Rondônia. Vários já foram acusados – alguns, até presos – de crimes ambientais.
O livro expõe a tese de um “sistema político ruralista”, do qual emerge um fenômeno mais conhecido, a famosa bancada ruralista.
8 comentários:
Amigos da página, conto com vocês em uma divulgação maciça. O que está sendo julgado é uma prática política e não um partido político. Resta ao partido — a todos eles — entender os sinais eloquentes da sociedade brasileira: Queremos nosso país de volta e se Deus quiser chega!!!
AMIGOS PATRIOTAS, POR FAVOR, ASSINEM E DIVULGUEM!
TEMOS QUE ACABAR COM ISSO!!!
VAMOS APOIAR O SUPREMO-STF!!!
Uma manifestação fresquinha! Cidadãos! Ajudem a divulgar! Nossa meta é 20 milhões de assinaturas.
Abraço a todos e parabéns!
BRASIL FORA DO CRIME!!!
ASSINE
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=mensalao
Se não aparece no livro, acrescente-se o caso do ex-prefeito de Senador Guiomard que embora as terras não encontrem-se no Acre (estão na divisa do AC/AM/RO) figura numa lista publicada pelo IBAMA como sendo um dos maiores inimigos do meio ambiente amazônico. Veja reportagem publicada em fevereiro de 2012: http://apublica.org/2012/02/fazendeiro-politico-quem-esta-por-tras-dos-crimes/
Mesmo assim, não é difícil que em 30 ou 40 anos alguém o enalteça com discursos do tipo: "tudo que conseguiu foi às custas de muito trabalho e honestidade". Assim, estará apto a entrar para os anais da história como um grande político, vire nome de avenida e até de instituição de caridade...
O Altino omitiu algumas informações aqui, mas eu faço o favor de ajudá-lo e as transcrevo aqui:
"Essa elite é afiliada a diferentes partidos políticos e de todo o país. Porém, PMDB, PSDB e PR são os que lideram o ranking. "Alguém se surpreenderá que os filhos da Arena possuem menos terras que os filhos do MDB?", questiona Castilho sobre o crescimento da "esquerda latifundiária"."
Ah sim, faltou dizer também que um candidato a prefeito de Cruzeiro do Sul têm duas multas não pagas ao IBAMA. E não é dinheiro de latinha de cerveja...
Juannus, não seja tolo. Não se trata de omitir informações. O livro tem 238 páginas e não tenho autorização para reprodução integral. Qualquer nota deixará a desejar em relação ao conteúdo do livro.
É emblematico o número do percentual de prefeitos acreano que possuem terra no estado;45,45% . kkkk
Interessante, num país agrário como o Brasil, que se vangloria de suas terras, produção e produtividade, político com terras ser tema de livro. Nada mais natural que isso. Preocupante, seria justamente o contrário: político sem raiz alguma com as raízes da nação! O produtor rural põem os alimentos na mesa dos brasileiros e ao mesmo tempo é tratado como um pária!
Beneditino, que o Brasil tem suas raízes agrárias não se discute. Mas é preciso separar o joio do trigo. O produtor que põe o alimento na mesa dos brasileiros, não é o agricultor representado pela bancada ruralista. O Censo agropecuário do IBGE já mostrou isso e todos somos testemunhas. O agricultor da bancada ruralista é aquele que põe ração para criar os animais consumidos na Europa, EUA e China, que enche os tanques "flex" e por aí vai. O agricultor da bancada ruralista é o que afirma que a terra não deve ser colocada para a agricultura familiar (que aos trancos e barranco produz batata, feijão, hortaliças, frutas, farinha)porque ela seria "incompetente".
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