terça-feira, 27 de maio de 2008

ANTIPOEMA 6

Paes Loureiro

Triste Amazônia ou o empate de Marina Silva

Tu és frágil sim
mas tu és forte.
Tu pareces uma delicada lenda xapuri
mas tu és forte.
Tu pareces uma pétala da floresta
mas tu és forte.

Tu estavas ali
braços cruzados contra o latifúndio.
Tu estavas ali
braços cruzados contra os grãos da morte.
Tu estavas ali
cabeça erguida contra as chamas das queimadas.
Tu estavas ali
contra os tratores e correntões do erro.
Tu estavas ali
o coração na mão a defender
teus antigos irmãos
irmãos de sempre.

A teu lado estava Chico Mendes.
A teu lado estava Dorothy Stang.
A teu lado estavam Pe. Josino, Espártacus, Canuto
Paulo Fonteles, Mártires do Araguaia,
Ianomâmis, Zumbi, Ajuricaba
Guaimiaba, Herzog, Luter King,
Cristo, Caruanas, Édson Luís
legiões de rostos desaparecidos
rostos que poderiam ter sido nossos filhos
nossos pais, irmãos, nossos amigos
que desceram à cova e se plantaram
sementes da Amazônia e do Mundo que queremos.

Ai!Amazônia!Amazônia! Quem te ama?

Ai! Marina! Marina!
Que posso a ti oferecer senão o sonho
a indignação e o desespero,
quando buscaste apenas a terra da doçura
para o índio, nativo da terra
para o colono, semente da terra
para a Amazônia, paraíso na terra.

Nenhum decreto há de enterrar tua luz
porque tua luz há de queimar decretos.
Tu que és da Amazônia
a Amazônia retiraram de tua mão.
Mas não há força humana ou desumana
capaz de retirar
a Amazônia cravada em teu coração.

Do blog do escritor paraense Paes Loureiro.

3 comentários:

morenocris disse...

Caramba, que lindo Altino!

Amei!

Glub,...glub...glub...

:)

Adoro-te! rsrs

Jalul disse...

Paes Loureiro é de uma sensibilidade grande.
Belo poema!

Fernando França disse...

Rapaz, de arrepiar!!!