quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

FATOR AMAZÔNICO


O fator amazônico começa a interferir no curso de nossa expedição. O eixo do barco quebrou em Ipixuna (AM), município a 12 horas de viagem de Cruzeiro do Sul.

Como o conserto é impossível lá, o barco terá que ser conduzido por um rebocador. A viagem, que seria feita numa velocidade de até 30 quilômetros por hora, será agora no máximo a 15 KM/hora. É certo que a viagem vai durar mais de 10 dias até Manaus.

O barco Igaratim-Açu e não Surára, conforme havia sido informado antes, saiu de Manaus às 15 horas de sábado 22 e chegou em Ipixuna após uma semana.


O Juruá corre para a plenitude de sua cheia, mas o rio é famoso mesmo é pela infestação de pragas como piuns, carpanãs, meruins e outros insetos menores e não menos danosos ao couro de quem o percorre.

Dizem que não adianta levar repelente e que a melhor roupa para se proteger dos insetos é aquela usada pelos apicultores. No Juruá ninguém perde tempo tentando matar pium ou carapanã. O trabalho mais eficaz é apenas passar a mão para remover as centenas deles que vão se apossando do corpo da gente.

- Pium e carapanã ataca a gente até quando o barco está navegando - diz a cozinheira.

É a primeira vez que o comandante do barco, Ocemir Guerreiro, viaja no Juruá. Além da quantidade de insetos, ele disse ter ficado "abismado" com a quantidade de troncos de árvores que descem e com a sinuosidade das curvas.

- O GPS fica tonto, enquanto a gente pensa que está indo em frente, mas na realidade fica avistando o rio após suas curvas. Parece que a gente não sai do lugar.

Existem 21 pessoas na expedição organizada pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do Acre. O ex-sindicalista Jair Santos, por exemplo, fará a viagem sem minhoca.

A companhia aérea se recusou a embarcar 10 quilos de minhocas que Santos trazia com a mulher dele, a ex-deputada Naluh Gouveia, atualmente conselheira do Tribunal de Contas do Acre. Aficcionada por pescaria, ela está capionga porque o marido não providenciou atestado fitossanitário das minhocas.


No que está sendo considerado o primeiro milagre da expedição, o deputado oposicionista Luiz Calixto (PDT) e o jornalista Leonildo Rosas, colunista político do Página 20, voltaram a se falar após um abraço por iniciativa do parlamentar.


A partida com destino a Manaus foi adiada para às 8 horas da manhã. Não sei quando terei acesso à internet novamente. Dependeremos do fator amazônico.

Inté.

3 comentários:

Saudades do Acre disse...

1)Fator amazônico parece ser sinônimo de Lei de Murphy.-

2) O deputado Luiz Calixto tá certo ao se reconciliar com o Leonildo Rosas. Ele obedece a uma máxima sertaneja que diz: "nossos adversários e críticos devem ser mantidos à distância segura de um tabefe".

3)Quanto à perda das minhocas, isso não deve se transformar em motivo de tamanha frustração. Afinal de contas, vão-se os anéis...

Raimari Cardoso disse...

Altino, fui informado que meu amigo xapuriense, Leônidas Badaró, faz parte desta expedição. Espero que seus cerca de 150 quilos não configurem mais um "fator amazônico" a interferir no curso da viagem.

Abraço e sorte.

Raimari Cardoso.

Antonio Alves disse...

Minha fixação não é com o Baixo, é com o Alto Juruá. Mas não sei se teria coragem de entrar num barco assim cheio de deputados...