domingo, 25 de novembro de 2007

GRANDES REPORTAGENS - AMAZÔNIA

O Estado de S. Paulo traz na edição de hoje a revista "Grandes Reportagens - Amazônia" com o resultado, segundo o jornal, de três meses de expedições pela floresta e por cidades da região. Soube que, por enquanto, é uma iniciativa para medir a aceitação de leitores e anunciantes. Para tanto, nada melhor do que se valer do apelo que detém a Amazônia. Se colar...

Dei uma espiada rapidamente e constatei na reportagem "Era uma vez a cana-de-açucar...", de José Maria Tomazela, em relato a partir de Apuí (AM), que a Amazônia já produz 20 milhões de toneladas de cana por ano. A reportagem informa que, no Acre, a Álcool Verde pretendia produzir 45 milhões de litros do combustível a partir de maio do ano que vem.

- O empreendimento, que custou R$ 60 milhões, surgiu após a falência de um projeto governamental que originou, nos anos 80, a Alcobrás. Parte de seus 11,5 mil hectares está ocupada por assentamentos, mas os agricultores viraram parceiros e produzem a cana processada pela usina - afirma o jornal.

Como ninguém da revista Grandes Reportagens visitou o Acre, o Estadão presta uma desinformação aos seus leitores. É sabido que a usina não processou até agora nenhuma cana e enfrenta o Ministério Público do Acre por causa de sérios problemas com a legislação ambiental.

Esse tipo de publicação costuma ser um apanhado requentado de informações disponíveis em bancos de dados e a realidade acaba permanecendo fora de foco. Vide a exploração criminosa de madeira na fronteira do Brasil com o Peru, que, apesar da gravidade, não consegue espaço na pauta da suposta grande imprensa brasileira.


A revista traz um artigo assinado pelo presidente Lula cuja leitura é recomendada aos petistas do governo da floresta que defendem desesperadamente a usina Álcool Verde para a produção de etanol no Acre.

- Com regulação e fiscalização, o etanol e o biodiesel criarão oportunidades inéditas de negócios e empregos, de combate à pobreza e à desigualdade. Um zoneamento agroecológico definirá áreas para o cultivo da matéria-prima dos biocombustíveis, e o bioma Amazônia não estará entre elas. É um exemplo de como não repetiremos na Amazônia o passado, quando o imediatismo e ações desconectadas geravam passivos enormes, muitos do quais ainda insepultos - afirma Lula.

A Álcool Verde continua insepulta.
Leia na íntegra a revista Grandes Reportagens - Amazônia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Depois, Altino, eles estão equivocados quando afirmam que, ali, teria ocorrido a "falência de um projeto governamental". O projeto era privado, embora financiado com recursos incentivados. Agora, é que o governo estadual entrou na formação do capital da empresa. No entranto, é uma pequena participação, mais para criar uma perspectiva positiva para o investimento do que para ter influência na política da empresa./Mário

ALTINO MACHADO disse...

Tens razão, Mário. Imagina o que não há de desinformação nas demais reportagens!