quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O QUE É ISSO, PROFESSOR EVANDRO?

Moisés Diniz

Acabei de ler o artigo do professor Evandro Ferreira que trata da proposta de mudar o fuso horário do Acre. Confesso que fiquei assustado. Acostumado aos bons artigos do professor, me deparo com uma montanha de inverdades e, acima de tudo, uma visão abaixo do senso comum. Incomum para um professor da academia.

Vamos aos seus argumentos. Ele diz que o nosso povo acorda cedo. Uma verdade. Verdade que depõe a favor da mudança de fuso. Pois teremos uma hora a menos em relação a Brasília. Na verdade, professor Evandro, nós não vamos fazer o povo acordar mais cedo. Ele já acorda cedo, como o senhor mesmo diz.

O que vai ocorrer é que, com a mudança de fuso, nós vamos adequar as atividades humanas ao nosso horário natural acreano. Iremos mais cedo ao trabalho, à escola, etc. Voltaremos mais cedo para casa. Uma hora a menos do horário mais quente, quando o sol está no zênite.

Como vamos “puxar” para baixo as atividades humanas, o dia vai ficar mais longo, pois estaremos aproveitando uma hora a mais no período da manhã. E será exatamente aquela hora mais prazerosa, sem sol e com uma gostosa brisa matinal.

Assim, as tardes ficarão mais longas, antes de anoitecer. O que ganharemos com isso? Mais tempo para caminhadas, cuidar do corpo, curtir uma praça, ler um livro, cuidar do espírito.

Economizaremos ainda uma hora de energia elétrica. Pois é ao anoitecer, professor, e não ao amanhecer, que surgem os picos de consumo...

Quanto à programação de TV, professor, leia as decisões judiciais e os estudos acadêmicos sobre a influência na formação das crianças. Não compare DVDs piratas, que custam dinheiro e exigem um aparelho para tocá-los (que os pobres não têm) com a TV gratuita na periferia.

O senhor sabe que as emissoras sempre ganham na justiça porque a geração se dá nas sedes (sul e sudeste) e elas utilizam a legislação para isso. Aqui no Acre, “Brinquedo Assassino” é programa infantil, porque passa às 9 da noite no horário de verão. Lá onde ele é gerado, permitido por lei, já é meia noite!

E, mesmo que ganhássemos na justiça, nós voltaríamos ao tempo dos “enlatados”, gravações de programas impróprios para os menores pobres (TV aberta), enquanto os ricos assistiriam 2 ou 3 horas antes, através da TV fechada, paga. Isso é justo?

Quanto ao projeto do senador Tião Viana, ele surgiu a partir de um debate que levantei na Assembléia Legislativa. Estou organizando um debate público e o senhor vai ser convidado. Não se preocupe!

Agora, professor, me desculpe! Mais eu nunca vi tanto argumento furado de uma vez só. Quanto ao seu preconceito com os políticos, não vou debater. Isso não significa dizer que vamos perder o respeito um pelo outro. Eu, pessoalmente, acesso o seu blog e admiro a sua luta em defesa do meio ambiente.

Se o senhor tiver tempo, acesse o Blog do Líder. Lá está disponibilizado o meu livro sobre fuso horário, que será impresso nos próximos dias.

Quanto ao seminário, lá vamos discutir o que o senhor chama de interesses das elites! Horário bancário, transações comerciais de produtos que o pobre consome, viagens para fora do Acre, incluindo doentes pobres do TFD, etc. Aguardo o senhor lá!

Moisés Diniz é deputado estadual do PC do B, líder da bancada do governo do Acre. Escreve no Blog do Líder.

10 comentários:

Anônimo disse...

Voltar mais cedo prá casa, sim. Acordar às 4:30 não.Temos que mudar muitas coisas além de horário de TV e Banco. Aqui é muito escuro às 4:30.Vai ter consulta popular? Votos na urna e tudo direitinho? quero votar à favor do 4ºFUSO.

Anônimo disse...

pensei que comunista fosse mais ligado em assuntos sérios. O povo merece.

Anônimo disse...

O deputado Muniz disse que se assustou com o artigo do professor Evandro, entre outros aspectos, pelo recurso a argumentos apoiados no senso comum. Claro, comecei a ler o texto do deputado esperando encontrar ali a recuperação dos termos científicos do debate.

Não precisei ler muito para encontrar a seguinte pérola do pensamento científico proposto pelo deputado: "O que vai ocorrer é que, com a mudança de fuso, nós vamos adequar as atividades humanas ao nosso horário natural acreano [o grifo é meu]." Tomássemos corretamente a noção de "horário natural", usado pelo deputado, o que deveria ser considerado era o ciclo do movimento da terra - rotação - ao qual os animais, entre eles o homem, se adaptam. O homem, meio cego, dorme durante o período de escuro e aproveita o período de claridade para realizar as atividades. Há, em virtude da posição geográfica, um momento certo para o início da claridade e um momento certo para o início da noite - nascer e por do sol (isso é bem marcado aqui, nesse ponto da terra onde vivemos). Dependendo do período do ano, o pôr do sol em Rio Branco, por exemplo, fica ali entre cinco e seis horas (isso se não aparecer o horário de verão). Pelo que se sabe esse ciclo já é obedecido pelo horário atual. Parece que o deputado quer reinventar esse ciclo para os acreanos.

E haja ciência. Noutra passagem, diz o deputado: "Como vamos 'puxar' para baixo as atividades humanas, o dia vai ficar mais longo, pois estaremos aproveitando uma hora a mais no período da manhã." Ou seja, agora, em Rio Branco, desculpe, no Acre, o dia passará a ter vinte e cinco em vez de vinte e quatro horas. Não é isso?

É de esperar que o deputado também esteja preocupado em manter as suas posições nos limites do socialismo científico. Numa passagem, desafia o professor Evandro a participar de um seminário onde “... vamos discutir o que o senhor chama de interesses das elites! Horário bancário, transações comerciais de produtos que o pobre consome, viagens para fora do Acre, incluindo doentes pobres do TFD, etc.” Pois é. Tudo em nome dos pobres. Ser científico na perspectiva socialista seria, no entanto, assumir uma apreensão crítica da realidade. Como dizem os socialistas: expor as raízes da alienação, desvelar o fetiche que dá coesão ao mundo do capital e a reprodução do sistema de exploração do homem. Bem. Mas, diz o deputado, isso é outro tema, outro assunto a ser debatido depois.

Anônimo disse...

A coisa pior do texto do simpático líder do governo é ele reclamar que não pode tirar dinheiro`às nove horas. É mais uma prova que o quarto fuso faz bem para a saúde do bolso dos que têm dinheito para tirar. Além da proteção do bolso tem garantida sua segurança pessoal, já que os caixas eletrônicos são bem visados pela bandidagem. Um pouco de bom senso não faz mal `a ninguém. Acho que o Deputado deveria ir cuidar dos problemas sociais graves que o Estado enfrenta e que estão sobejamente definidos na cartilha do nosso honrado partido - o PCdoB.

Anônimo disse...

Por que vocês não vêem o outro lado? Qual o deputado do Acre que tem coragem de se expor e ir ao debate sobre temas polêmicos? Apenas o dep. Moisés! Os outros só cuidam do próprio bolso! Aliás, é uma injustiça pedir ao deputado quer cuide de coisas mais importantes. É só olhar a luta dele... Deputado, conte comigo!

Anônimo disse...

Conhecendo o Dr. Evandro como eu conheço, eu não daria muita atenção ao que ele escreve no Blog dele. Pois prefere ficar escrevedo textos no seu blog lá no PZ, em vez de fazer ciência, que esta sim deveria ser a sua maior preocupação.

Anônimo disse...

O deputado tá querendo é aparecer.

Marcelo Jardim disse...

Mas um livro ´´inútil`` de um parlamentar tão i... quanto. Pelo amor de deus, o Rio Acre morrendo, o canal da maternidade despejando toneladas de esgoto nele e... o deputado escrevendo livro sobre fuso horário...e, como lembrou um anônimo, é ainda menos pior q outros que nem isso fazem...

Aliás, falando em canal da maternidade, faz tempo que ouvi que quando do rio Acre morrer, ou quase, será a do ´´Tião`` fazer um canal e ficar ´´bonito`` na foto do mais novo cartão postal de Rio Branco.

é o cumulo...

Anônimo disse...

Do jeito que o Moisés está indo, daqui a pouco nem o Chagas Batista lá de Tarauacá lhe dará atenção. Fala sério...

Anônimo disse...

Olha só, temos inúmeros projetos mais importantes a serem debatidos do que fuso horário...mais é óbvio que nos acostumamos afinal uma hora a mais ou a menos não vai fazer diferença.