quinta-feira, 12 de julho de 2007

METANO DA AMAZÔNIA

O físico Paulo Artaxo anunciou hoje que poderá ser refutado um estudo divulgado na Geophysical Research Letters, em abril, segundo o qual a floresta amazônica responde por mais de 20% das emissões de metano (CH4) do mundo, o segundo principal gás de efeito estufa. Durante conferência sobre “O Papel da Floresta Amazônica nas Mudanças Climáticas Globais”, Artaxo revelou que novos estudos serão realizados no município de Coari, no Amazonas.

O próprio Artaxo, que é do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e do Instituto do Milênio, vai coordenar um grupo de pesquisadores do Experimento de Grande Escala da Atmosfera-Biosfera na Amazônia (LBA), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Artaxo disse que apenas um experimento foi realizado no mesmo sentido na Amazônia, no período de 2000 e 2006, envolvendo o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).

No levantamento foi constatado que a floresta amazônica contribui para um aumento médio na concentração de metano na atmosfera terrestre na ordem de 34 partes por bilhão (ppb) por ano, ante o total de 150 bilhões de ppb do mesmo gás avolumados na atmosfera planetária anualmente.

De acordo com o estudo mais recente, a Amazônia é apresentada como responsável por mais de 20% da emissão mundial de metano, o que é considerado desastroso para quem defende a preservação da Amazônia a qualquer custo. "Essa estimativa de emissão de metano pela floresta amazônica pode ser bem menor", ponderou o cientista.

Artaxo disse que o experimento publicado na Geophysical sofreu limitações durante as observações de campo. "A pesquisa foi realizada com coletas amostrais de ar em perfis verticais da mata de até 4 quilômetros. Isso pode comprometer o experimento ou enviesar os resultados. Não há confiança sobre as medidas”. O metano, que provém de áreas alagáveis, queimadas e de processos aeróbios das plantas, retém 23 vezes mais calor na atmosfera que o gás carbônico.

A Petrobrás firmou convênio com o LBA/Inpa para ajudar a financiar na instalação de duas torres na Província Petrolífera de Urucu. As torres serão utilizadas pelos pesquisadores na medição dos fluxos de emissão de metano da floresta amazônica. “Até agora, o que a última pesquisa constatou foi a partir de correlações entre duas áreas, uma alagada e outra de terra firma. O que vamos fazer é realizar medições sistemáticas”, explicou o cientista.

A proposta de fazer a medição próxima a Urucu é intencional pelo fato de tratar-se de uma área de exploração petrolífera. Os equipamentos devem começar a funcionar a partir de outubro ou novembro deste ano.

Em tempo: A taxa da emissão de gases de efeito estufa oriunda das queimadas da floresta amazônica também incide sobre a quantidade per capita que cada um dos acreanos emite, fazendo com que esta suba de 0,5 tonelada por habitante para 1,5 tonelada. Os dados foram destacados anteontem à noite, no mais importante painel de palestras sobre aquecimento global e seus impactos na Amazônia ocorrido no âmbito da 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O autor do destaque foi o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo ele, o índice é válido para todos os moradores da Região Norte.

Um comentário:

Anônimo disse...

NOTA DE ESCLARECIMENTO - notícia incorreta sobre pesquisa LBA

No dia 13 de Julho foram veiculadas pela imprensa informações incorretas sobre atividades do LBA, envolvendo medidas de metano na Amazonia. Em palestra na SBPC o Prof. Paulo Artaxo mencionou que o LBA está planejando realizar medidas de metano em Coari, que seriam feitas em parceria com a Petrobras. A matéria publicada contem imprecisões importantes, pois estas futuras medidas não tem como objetivo checar ou contradizer medidas publicadas recentemente em artigo na revista Geophysical Research Letters sobre concentrações de metano na Amazonia. A matéria tambem contem várias colocações que não foram sequer mencionadas pelo pesquisador em sua palestra ou na fase de respostas a questões do publico.