sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

INTERVENÇÃO FEDERAL

Leila Jalul

A briga foi feia. O pessoal da época com certeza lembra. A escola virou de cabeça para baixo. A diretora, nomeada pelo governador do Território Federal do Acre, achava, quase com razão, que era a rainha da cocada preta. Que podia mandar e desmandar, fazer e acontecer.

Como tudo tem limite, estourou a bomba. Teve tapa, puxão de cabelo, reunião com o pároco, com o prefeito, mas o entrevero continuou. A pacata Feijó tornou-se um campo de batalha. De um lado, os que defendiam a diretora - ela, o marido, com o apoio do governador. E, do outro, o resto da cidade.

Nada resolvido, era preciso comunicar ao Ministério da Educação e Cultura. Afinal, ninguém queria ver sangue. E, de pronto, lá se vem um rapaz novo, gravatinha borboleta, todo empombado. E marca a primeira reunião de conciliação.

E quem queria saber de conciliação? Gritos, cadeiras arrastadas na base da porrada, gente chorando. De tudo um muito.

O rapazinho, inspetor federal, tava vendo a hora ser atingido pela fúria das mulheres. Aí resolveu acabar com a esbórnia. Aplicou dois murros na mesa, engrossou a voz e começou a desfiar o papel de uma escola naquele fim de mundo.

Primeiro, um discurso decorado, brilhoso como seus sapatos de verniz comprados na Rua da Alfândega. Cheio de palavras bonitas, rebuscadas, tipo: "faz-se mister", "amiúde", "interagir", "vislumbrar", e outras mais. De nada adiantou. As feras estavam desembestadas e completamente tomadas pelo ódio.

Impotente, o representante da União berrou:

- Gente, vocês devem agora calar e escutar. Aqui, neste recinto, sou igual ou mais que o presidente da República. Sou seu representante legal. Chega! Pela ordem, quem está acima da diretora, sou eu. A diretora, quer vocês queiram, ou não, está acima dos professores e, estes, acima dos alunos.

O cabra falou com tanta convicção que a plenária emudeceu. Até que, lá do fundo, uma vozinha se fez ouvir. Baixinha, quase incompreensível. Ninguém via quem era, mas ela estava decidida e levantou a mão até ser notada.

- Doutor, sei que servente é pouca coisa. Sei que a diretora está em cima das professoras, as professoras, em cima dos alunos. Agora, me responda, por obséquio, e as serventes, trepam em quem?

- Está encerrada a reunião - sentenciou o interventor.

No outro dia embarcou para o Rio de Janeiro.

5 comentários:

Anônimo disse...

Essa servente é de grande serventia,serviu pra encerrar um reunião chata.
Leila, você,Fátima e o Altino estão convidados para o Chá do Jabuti, o ingresso é 1 metro de cetim(amarelo ou vermelho) e dois pacotes de miçangas de qualquer cor.Pula pra cá,vem dançar,vem curtir com o jabuti.Dia 27 de janeiro na aldeia da Kátia(Gaya) as 17 horas, um abraço, Silene Farias.

Anônimo disse...

Silene,estaremos lá na aldeia da "brima". Então saberei se o amarelo ou vermelho tem algo a ver com a Escola de samba do Santinho seu amigo querido que Deus o tenha.

Anônimo disse...

Veja, Fátima, eu so irei se vc vier me dar carona. Não sei onde fica o Gaya. Então?

Anônimo disse...

rsrrsrsrsrs....
Altino, não é de rir, mas imagino a situação como foi engraçada.
Felizmente, esses tempos mudaram (eu espero) e hoje o protagonista da educação é o aluno.
Porém, acho que, como nos bons folhetins de amor (educar é amar), deveriam ser dois: o professor e o aluno.
E ninguém trepando em ninguém que já ultrapassamos a condição macacos.

beijos e parabéns à Leila por mais um excelente texto.

Anônimo disse...

(`“•.¸(`“•.¸ ¸.•“´) ¸.•“´)
Abraços da Daniela
(¸.•“´(¸.•“´ `“•.¸)`“ •.¸)