sábado, 5 de agosto de 2006

6 DE AGOSTO

Antonio Areal Souto

Onde é que este homem vai pelas margens distantes
Do rio solitário? É o Titã do Nordeste
Que vem oferecer seus braços possantes
Ao Acre verde e rico. Em vão contra ele investe
Da natureza hostil a trágica revolta.

E este homem não pára!...Este homem não volta!...
E vai subindo mais, e sobe... E sobe até...
Onde ele já não sabe a terra de quem é.

E correndo a rechã, amansando o cacique,
Pondo a broca na mata e a seringueira em pique,
Um dia descansou. Era a posse tranquila
Da terra que vencera e devia possui-la.

Mas, quando de uma vez, um audaz invasor
Quis lhe tomar o lar; quis arrancar-lhe o amor
Ele, o conquistador dos caboclos bravios,
Ele, o dominador dos paludes doentios
Ele, o desbravador da terra abandonada,
Põe balas no bornal, corta a volta da estrada
E, tomando do rifle a mira contra o rosto,
Começou a lutar... E fez o 6 de agosto.


O compositor Sérgio do Areal Souto, que enviou a poesia, explica: “Ela deve ter sido escrita entre 1912 e 1915 por Antonio Areal Souto, meu tio, em Sena Madureira". Areal Souto é o patrono da cadeira nº 9 da Academia Acreana de Letras, fundada em 17 de novembro de 1937. Clique aqui para saber mais sobre o 6 de agosto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Altino, bom dia.

É maravilhoso começar o domingo com tanta beleza, força e coragem, como nos versos deste lindo poema.
Antes mesmo de ler sobre o 6 de agosto, não pude deixar de dizer que o poema me deixou emocionada, como tudo que diz respeito a este planeta chamado Acre.

beijos e bom domingo.

Anônimo disse...

Muito grato pela publicação do verso de meu pai: 6 de agosto.Resido no Rio, sou médico e em nome da familia agradeço esse seu gesto de carinho por alguém que dedicou toda sua vida ao Acre onde exerceu desde 1909 importantes missões inclusive o governo do território.
Estive na festa junto com o Sergio meu primo.Fico ao seu dispôr.Meu e-mail é:
dsouto@terra.com.br