domingo, 5 de fevereiro de 2006

CASAMENTO NO ACRE

O jornal Página 20 às vezes se supera. A edição de hoje traz uma reportagem interessante, assinada por Leonildo Rosas e Chagas Batista, ideal para aquele quadro "Me leva Brasil", de Maurício Kubrusly, que é exibido no Fantástico, da Rede Globo.

A reportagem (clique aqui para ler) revela a história do ex-seringueiro Adelson Cariolando, de Tarauacá, que já teve 120 mulheres, é pai de 38 filhos e chegou a conviver com três mulheres na mesma casa durante nove anos.

- Trabalhava dia e noite para dar o sustento a elas. Se eu comprasse uma barra de sabão para uma, tinha que comprar para todas. Cada uma tinha seu quarto e suas coisas, suas criações de galinha, porco, pato, e todas educavam bem os filhos. Tinha época que nasciam três crianças por ano dentro da mesma casa. Quando isso acontecia, eu tinha que produzir mais borracha e aumentar a criação de galinhas - conta Cariolando.

Outro bom material, na mesma edição do jornal, encontra-se na coluna Papo de Índio, onde o antropólogo Terri Aquino transformou em artigo a entrevista que fez com o índio Zé Correia, da etnia jaminawa do Caeté, um povo tradicional em busca de terra e saúde para sobreviver no Acre.

Perguntado sobre regras de casamento, Zé Correia explicou:

- Também segundo a nossa tradição, se uma mulher tiver gestante e dez homens transarem com ela, todos eles são considerados pais dessa criança. Por isso que vira uma familiarização grande. Tem que saber qual é o original pra não casar os dois do mesmo original, porque isso leva a maior desmoralização da comunidade. E não é só isso, dá medo das crianças nascerem aleijadas, porque é parente muito próximo.

Clique aqui para ler o depoimento revelador do Zé Correia.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Zé Correia é uma liderança Jaminaua que eu conheci nos anos de 1980 no Alto Acre.
Tenho boas lembranças do Zé Correia. Uma em especial. Em 1987, eu precisava sair do Alto Acre e chegar a tempo para um compromisso em Rio Branco. Em uma "ubada" com varejão, o Zé Correia me levou da aldeia São Lourenço para Assis Brasil. Sou devedor ao Zé Correia pela gentileza e quando o encontro (coisa rara) faço questão de lembrar o episódio. Vida longa ao Zé Correia e sáude ao seu povo no Alto Acre e Caeté.

Anônimo disse...

Altino, eu li ontem essa matéria sobre o seringueiro Adelson Cariolando e o nome bateu na minha mente - fui aos meus diários de campo e lá estava ele: Adelson morava no Seringal Alagoas, no rio Tarauacá, quando fiz minha primeira pesquisa no Acre. Tenho a cópia da conta corrente dele e devo ter outros registros em outras páginas a serem descobertas no futuro. abraço