domingo, 1 de janeiro de 2006

NO DIA MUNDIAL DA PAZ

Cedo o telefone tocou. Era o professor de redação e escritor Juarez Nogueira, que saiu de Divinópolis (MG) para vir conhecer o Acre.

Viria de avião na próxima semana, mas mudou o plano de vôo e embarcou num ônibus na quinta-feira. Chegou em Rio Branco às 8 horas da manhã deste domingo.

- Mineiro costuma não ter pressa pra pegar o trem. Durante a viagem de ônibus vi os brasis passando na janela, embarcando e desembarcando. Vi que o povo brasileiro é muito paciente diante da grandeza do país - contou.

Juarez trouxe três presentes: seus dois livros "O Menino Alquimista" e o "Manual de Sobrevivência na Redação", além do romance "Quero Minha Mãe", de Adélia Prado, autografado pela poeta amiga dele, que nasceu e vive em Divinópolis.

- Quando falei que estava vindo pro Acre, o José de Freitas, marido da Adélia, falou: "Amazônia? Ô vontade de ir com ocê. Deve ser bão demais".

Passamos na casa do antropólogo Txai Terri Vale de Aquino, onde encontramos o Joaquim Kaxinawá, que neste ano se tornará o primeiro índio do Acre com formação superior em pedagogia. Depois, fomos almoçar e cantar parabéns para dona Heloisa, na Vila Irineu Serra.

Agora terei que voltar pra varanda, onde Juarez descansa na rede e consulta alguns livros sobre o Acre. Muito especial este Dia Mundial da Paz. Segue um poema de Adélia Prado:

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

(Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 252.)

5 comentários:

Anônimo disse...

OLá meu irmão Juarez
Que folga é essa aí? Levanta dessa rede porque estou ficando com "inveja", uai(rs).Espero que tenha encantado com parte desse Brasil "Gigante pela própria natureza". Altino é muito hospitaleiro, hein. Cedeu até a rede. Curta bastante esses dias, pois você merece. Abraços extensivos ao Altino.Rosangela

Anônimo disse...

Altino, sempre venho aqui, mas a única vez que comentei deu um thilt e o comentário sumiu. Mas gosto "demais da conta" desse teu blog. Feliz 2006 pra vc, que ele seja cheinho e inteirinho de coisas boas.

Anônimo disse...

Ê mineirada! Adélia Prado é como um calorzinho de fogão à lenha. (Seu amigo chega só trazendo coisa boa. Salve, salve!)

Anônimo disse...

Altino. Bom ano novo. A presença do Juarez como seu hóspede,já é um grande presente. Diga a ele que lhe desejo boas vindas e bom proveito em sua estada. Se tiver tempo na agenda, não esqueça de marcar uma conversa com os seringueiros de Xapuri. Raimundão e companhia. O Polanco pode ser o articulador. Se a reunião for acontecer, não esqueça de me convidar. Quero ouvir a conversa. Os seringueiros de Xapuri são nossos filósofos da floresta. Uma espécie de pré-socráticos.

Anônimo disse...

Sombra e água fresca com certeza na casa do Altino existe. Boa proza e muita amizade. Rsrsrs além do verde verde ao redor de sua casa.