"CPI VIROU UM PALANQUE"

IstoÉ – Como se deu a sua aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Zezé di Camargo – Ao contrário do Luciano, a primeira vez que votei no Lula foi agora, para presidente. A aproximação com ele se deu por causa da minha música, Meu País. Um amigo nosso levou a canção e ele adorou. Me pediram e eu autorizei. Não tinha simpatia por Lula nem pelo PT. Perguntaram quanto custava e eu falei: “Nada, a música não é minha, é um grito de alerta, e eu quero que seja usada nesse sentido.” Aí o Lula achou legal esse gesto e disse que queria “conhecer esse menino”. Em um jantar, fiquei com ele umas quatro horas conversando sobre política, problemas sociais do País. Saí de lá encantado com o Lula.

IstoÉ – O PT ainda te deve?
Zezé – Eles me devem é da última campanha. Negócio profissional. Mas não devem só para mim. Devem para vários artistas. Leonardo, KLB, mais de 20 artistas estavam fazendo a campanha deles agora para prefeito no Brasil inteiro. Aquele dinheiro, aquele monte que chega a R$ 7 milhões e tanto não é para Zezé di Camargo & Luciano não. Para nós não chega a
R$ 400 mil, que a gente cedeu quase tudo.

IstoÉ – Como você vê a crise atual?
Zezé – A CPI virou um palanque político, muita coisa que está acontecendo ali já é olhando as próximas eleições de 2006. Existe um debate político, um palanque eleitoral com certeza, das oposições. Dizer que o Dirceu é o bandidão ou não é, pelo amor de Deus, nem se eu tivesse a certeza usaria esse termo. Prefiro aguardar. Se ele for condenado diante de todas essas coisas, claro que eu vou falar: acho que o Dirceu pisou na bola. Mas até então eu quero aguardar os fatos e ver o que é que está acontecendo. Independentemente de a gente ter feito campanha na época para o PT, porque eu sou um cara suprapartidário, sempre disse. O único cara no PT que recebeu meu voto foi o Lula e uma vez.

Fonte: IstoÉ