sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
O FANTÁSTICO MUNDO DE TIÃO
O governador do Acre, Tião Viana (PT), que não sabe segurar cabo de enxada, plantou uma muda em Senador Guiomard e aproveitou para dizer que a seringueira é o segundo maior negócio da economia rural brasileira.
- A seringueira só perde para o eucalipto. A seringueira é mais lucrativa ainda que o álcool, que a cana de açúcar. Nós temos no Acre floresta dessa natureza já gerando renda e qualidade de vida para os produtores - acrescentou.
Lindo, não é?
Por que não temos mais seringueiros? Por que o governo prefere incentivar, por exemplo, investimentos em madeira, no plantio de cana de açúcar, na prospecção de petróleo e gás, peixe, tomate e nada capaz de elevar a pífia produção de borracha?
O Brasil produziu (veja), em 2011, 2,8 mil toneladas de látex coagulado. Foram 149 toneladas de látex líquido. No mesmo ano o Acre produziu 499 toneladas de látex coagulado e 101 toneladas de látex líquido.
P.S.: Tomara que o governador dê um carão nos assessores por distribuírem foto dele em posição tão desengonçada. Fosse governador, demitiria o secretário de Comunicação.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
ESCOLAS DE RIO BRANCO SEM VAGAS
Vice-prefeito
de Rio Branco, Márcio Batista (PCdoB), que é secretário de Educação,
revelou ao programa da radialista e vereadora Eliane Sinhasique (PMDB)
que faltam 4 mil vagas nas escolas da rede municipal de ensino.
Ele, digamos, se vangloriou que as filhas estudam nas escolas públicas
do município. Perdeu o rebolado quando Eliane Sinhasique o questionou:
- Faltam vagas nas escolas públicas e suas filhas estão ocupando as vagas de quem não pode pagar pelo ensino?
Márcio alegou que era para saber como as escolas funcionam. A radialista não se conteve:
- Pelo amor de Deus, Márcio.
Ambos equivocados: ocupante de cargo público não é obrigado a matricular filhos em escola particular, assim como ninguém matricula filhos em escola pública apenas para medir a qualidade do ensino.
ADÁLIO CORDEIRO EM PRISÃO DOMICILIAR
O juiz Romário Divino, titular da 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco (AC), que cuida dos crimes cometidos por maiores contra menores de idade, dentre os quais os crimes sexuais, converteu a prisão preventiva do fazendeiro Adálio Cordeiro, 80, em prisão domiciliar.
Acusado de participar como cliente de uma rede de prostituição em Rio Branco, o fazendeiro foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira (9), em Ji-Paraná (RO), onde estava foragido. Cordeiro vai cumprir a prisão na casa dele, no bairro São Francisco, em Rio Branco.
Acusado de participar como cliente de uma rede de prostituição em Rio Branco, o fazendeiro foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira (9), em Ji-Paraná (RO), onde estava foragido. Cordeiro vai cumprir a prisão na casa dele, no bairro São Francisco, em Rio Branco.
FUSCA DO PETECÃO
Do senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que já era cabeçudo na juventude
- Bons tempos. Eu e o meu fusquinha, poucos problemas. O medo era só quando chovia. Eu tinha tanto ciúme do fusca que não deixava nem molhar. Ah se meu fusca falasse. O tempo é cruel. Eu era um gatinho. Agora, sou um gatão.
- Bons tempos. Eu e o meu fusquinha, poucos problemas. O medo era só quando chovia. Eu tinha tanto ciúme do fusca que não deixava nem molhar. Ah se meu fusca falasse. O tempo é cruel. Eu era um gatinho. Agora, sou um gatão.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
ESCRITÓRIO DO GOOGLE
Por ter aparecido algumas vezes no conforto de minha rede, em casa, onde trabalho, alguns invejosos de vez em quando dizem que sou jeca, preguiçoso. Foto de Cláudio Pepper/Divulgação mostra parte da nova sede do Google, no Itaim Bibi (SP), que ocupa três andares onde 300 funcionários trabalharão. Nas instalações da companhia, há videogames, sala de massagem, restaurantes e mesa de sinuca. Há até uma Kombi com frutas. Veja mais fotos aqui.
NINGUÉM É DONO DA ÉTICA E DO BOM SENSO
Destaque para o comentário do publicitário Janu Schwab sobre a "nota de repúdio" do governo do Acre:
"O governo, como um todo, não pode ser responsabilizado totalmente por esse ou aquele agente que, em certo momento, saiu da linha da legalidade. É responsável apenas por tê-lo nomeado e, se provada a ilegalidade, e, se quiser, por mantê-lo no posto.
Minha pergunta gerada pela nota é: a Imprensa não é uma instituição competente para dar voz, seja lá a voz que for, a quem quiser falar, seja lá o que quiser falar? Se a garota da entrevista é uma personagem, mentiu ou se dispôs a acusar uns e inocentar outros, a culpa é de quem publica as aspas?
O governo estadual, enquanto instituição competente, tem todo o direito de honrar seu quadro de colaboradores - até que se prove o contrário. A presunção da inocência é artigo valioso na Carta. Muita gente esquece.
O governo só não tem o direito de denegrir o divergente porque essa é uma mania muito feia de se expor argumentos e não cabe em uma instituição dessa importância.
Uma sociedade justa, tolerante e moral é aquela que explicita o que tiver de bom, mas também de ruim, para que, baseados em princípios de Ética (que, ao contrário de valores morais, nunca mudam com o passar do tempo), possam ser analisados.
Ninguém detém os dons da ética e do bom senso. Apenas os perseguimos. Uns com mais afinco e competência. Outros nem tanto."
"O governo, como um todo, não pode ser responsabilizado totalmente por esse ou aquele agente que, em certo momento, saiu da linha da legalidade. É responsável apenas por tê-lo nomeado e, se provada a ilegalidade, e, se quiser, por mantê-lo no posto.
Minha pergunta gerada pela nota é: a Imprensa não é uma instituição competente para dar voz, seja lá a voz que for, a quem quiser falar, seja lá o que quiser falar? Se a garota da entrevista é uma personagem, mentiu ou se dispôs a acusar uns e inocentar outros, a culpa é de quem publica as aspas?
O governo estadual, enquanto instituição competente, tem todo o direito de honrar seu quadro de colaboradores - até que se prove o contrário. A presunção da inocência é artigo valioso na Carta. Muita gente esquece.
O governo só não tem o direito de denegrir o divergente porque essa é uma mania muito feia de se expor argumentos e não cabe em uma instituição dessa importância.
Uma sociedade justa, tolerante e moral é aquela que explicita o que tiver de bom, mas também de ruim, para que, baseados em princípios de Ética (que, ao contrário de valores morais, nunca mudam com o passar do tempo), possam ser analisados.
Ninguém detém os dons da ética e do bom senso. Apenas os perseguimos. Uns com mais afinco e competência. Outros nem tanto."
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NO ACRE
POR MARISA FONTANA
Na primeira gestão do governador Jorge Viana, na então Secretaria de Cidadania e Assistência Social, participei do início da construção de um serviço de intervenção nas situações de violência que atingem mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas diversas em situação de vulnerabilidade com o propósito de promover cidadania e garantir a viabilidade de direitos.
O be-a-bá da intervenção é saber ouvir sem julgar as escolhas feitas até então, informar e esclarecer direitos, contribuindo com a compreensão da condição de vulnerabilidade em que a pessoa se encontra, além de apoiar decisões que ajudem a diminuir essas vulnerabilidades.
Não é fácil uma intervenção de qualidade, mas uma primeira coisa deve se reconhecer para o bom andamento da intervenção: uma vítima é sempre vítima na situação e circunstância em que foi vitimada. Fora disso, ela é uma pessoa com sequelas a serem tratadas sem que seja revitimizada.
A segunda coisa importante para o bom andamento da intervenção é que em toda cena em que ocorre a violação existe o agressor, a vítima e quem assiste a cena ou toma conhecimento dela. A mudança de qualquer um desses personagens do tripé pode contribuir para aumentar, continuar ou diminuir a violação. Cada um de nós tem que procurar saber a posição que está na cena e qual a atitude mais consequente para diminuir as vulnerabilidades.
Os violadores da "Garota Delivery", em questão, são seus pais, que em suas omissões e atitudes expuseram-na a uma situação inicial de vulnerabilidade psicológica e material; o cafetão que a explorou financeiramente e em diversas situações a violou psicologicamente (quiçá fisicamente); os clientes que a trataram como objeto comprando sua vulnerabilidade e retroalimentando-a; os investigadores e operadores do direito que a revitimizam quando se trocam publicamente com alguém tão desfigurada na luta pela sobrevivência, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade; os governantes que falham em não oferecer oportunidades dignas e serviços de qualidade no campo da promoção da cidadania; e a sociedade, que não cansa de reproduzir preconceitos em relação à mulher, aumentando a sua vulnerabilidade na medida em que a trata como coisa e não pessoa/ser humano.
É provável que eu tenha esquecido de citar algum violador. Devemos perceber também que as violações se dão na perspectiva das relações interpessoais e na perspectiva social. A posição do jornalista Altino Machado foi de procurar ouvi-la e proporcionar à sociedade informações que possam dar materialidade às circunstâncias em que ocorreram e ocorrem as violações.
Percebi no depoimento da jovem ataques a diversos violadores (de forma irresponsável, pois lança suspeitas sobre muita gente sem citar nomes). Deveria manter apenas como denúncia aos responsáveis pela apuração dos fatos, mas talvez seja esperar muito de uma jovem de 22 anos em tamanha situação de vulnerabilidade.
Ela também manifestou uma preocupação em diminuir a gravidade dos atos do empresário condecorado pelo governo. Minha conclusão: ou ela está sendo constrangida ou comprada para isso. Percebi também uma banalização por parte da jovem da situação que a viola, o que revela falta de um conhecimento mais profundo sobre sua condição e sobre seus direitos.
Quanto ao trabalho jornalístico, por um lado aumenta e por outro diminui a vulnerabilidade da jovem. Aumenta porque a expõe na arena diante dos leões que afiam seus dentes; diminui quando informa sua situação e possibilita que nos desafiemos a colaborar para diminuir sua vulnerabilidade.
Marisa Fontana é historiadora
Na primeira gestão do governador Jorge Viana, na então Secretaria de Cidadania e Assistência Social, participei do início da construção de um serviço de intervenção nas situações de violência que atingem mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas diversas em situação de vulnerabilidade com o propósito de promover cidadania e garantir a viabilidade de direitos.
O be-a-bá da intervenção é saber ouvir sem julgar as escolhas feitas até então, informar e esclarecer direitos, contribuindo com a compreensão da condição de vulnerabilidade em que a pessoa se encontra, além de apoiar decisões que ajudem a diminuir essas vulnerabilidades.
Não é fácil uma intervenção de qualidade, mas uma primeira coisa deve se reconhecer para o bom andamento da intervenção: uma vítima é sempre vítima na situação e circunstância em que foi vitimada. Fora disso, ela é uma pessoa com sequelas a serem tratadas sem que seja revitimizada.
A segunda coisa importante para o bom andamento da intervenção é que em toda cena em que ocorre a violação existe o agressor, a vítima e quem assiste a cena ou toma conhecimento dela. A mudança de qualquer um desses personagens do tripé pode contribuir para aumentar, continuar ou diminuir a violação. Cada um de nós tem que procurar saber a posição que está na cena e qual a atitude mais consequente para diminuir as vulnerabilidades.
Os violadores da "Garota Delivery", em questão, são seus pais, que em suas omissões e atitudes expuseram-na a uma situação inicial de vulnerabilidade psicológica e material; o cafetão que a explorou financeiramente e em diversas situações a violou psicologicamente (quiçá fisicamente); os clientes que a trataram como objeto comprando sua vulnerabilidade e retroalimentando-a; os investigadores e operadores do direito que a revitimizam quando se trocam publicamente com alguém tão desfigurada na luta pela sobrevivência, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade; os governantes que falham em não oferecer oportunidades dignas e serviços de qualidade no campo da promoção da cidadania; e a sociedade, que não cansa de reproduzir preconceitos em relação à mulher, aumentando a sua vulnerabilidade na medida em que a trata como coisa e não pessoa/ser humano.
É provável que eu tenha esquecido de citar algum violador. Devemos perceber também que as violações se dão na perspectiva das relações interpessoais e na perspectiva social. A posição do jornalista Altino Machado foi de procurar ouvi-la e proporcionar à sociedade informações que possam dar materialidade às circunstâncias em que ocorreram e ocorrem as violações.
Percebi no depoimento da jovem ataques a diversos violadores (de forma irresponsável, pois lança suspeitas sobre muita gente sem citar nomes). Deveria manter apenas como denúncia aos responsáveis pela apuração dos fatos, mas talvez seja esperar muito de uma jovem de 22 anos em tamanha situação de vulnerabilidade.
Ela também manifestou uma preocupação em diminuir a gravidade dos atos do empresário condecorado pelo governo. Minha conclusão: ou ela está sendo constrangida ou comprada para isso. Percebi também uma banalização por parte da jovem da situação que a viola, o que revela falta de um conhecimento mais profundo sobre sua condição e sobre seus direitos.
Quanto ao trabalho jornalístico, por um lado aumenta e por outro diminui a vulnerabilidade da jovem. Aumenta porque a expõe na arena diante dos leões que afiam seus dentes; diminui quando informa sua situação e possibilita que nos desafiemos a colaborar para diminuir sua vulnerabilidade.
Marisa Fontana é historiadora
COMENTÁRIO SOBRE A OPERAÇÃO DELIVERY
Falta um boroscópio
Em nota (leia), a presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre, Denise Pinho de Assis Pereira, contesta declarações da "Garota Delivery", mas parabeniza-me pela entrevista.
Porém, "nota de repúdio" (leia) do governo do Acre, eivada de baixo nível, tenta induzir o leitor a imaginar que atuei de modo suspeito, além de forjar desprezo ao meu trabalho.
Fui, até agora, aquele que buscou atuar jornalisticamente na história, investigando situações, localizando fontes, conversando sobre o caso, enfim, procurando informar o leitor sobre todos os ângulos.
Por isso, fico com a nota dos delegados, que defende a categoria sem menosprezar a mim e o meu ofício.
A quem faltam argumentos, sobra arrogância e palavras de ordem. A opinião pública que avalie. A justiça que julgue.
Da fantasiosa sociedade justa (!), tolerante (!?) e moral (!) alegada pelo governo do Acre, eu prefiro não fazer parte.
Quão fuleira, safada e mentirosa aquela "Garota Delivery". Ninguém cheira cocaína por aqui. Aliás, nem existe cocaína no Acre.
Polícia Federal informa
O motorista e o suposto proprietário de uma carreta que transportava 97 quilos de cocaína foram presos pela Polícia Federal na noite de segunda-feira (14), durante fiscalização na BR-364.
Os policiais federais abordaram a carreta com placas de Santo André (SP) e os dois homens demonstram muito nervosismo.
Os agentes da PF perceberam que as soldas do tanque de combustível estavam recentes e com aspecto disforme.
Levaram a carreta até o pátio da Superintendência da Polícia Federal, no centro de Rio Branco, e visualizaram a droga com o auxílio de um boroscópio. A droga escondida num compartimento dentro do tanque de combustível.
Com a ajuda do Corpo de Bombeiros Militar do Acre foi usado um macaco hidráulico para abrir o tanque de combustível, onde foram encontrados os 97 Kg de cocaína acondicionados de forma extremamente meticulosa.
O condutor e o suposto dono do veículo foram presos em flagrante delito por tráfico de drogas e foram encaminhados ao presídio onde aguardarão à disposição da Justiça. Se condenados podem pegar até 15 anos de prisão.
Em nota (leia), a presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre, Denise Pinho de Assis Pereira, contesta declarações da "Garota Delivery", mas parabeniza-me pela entrevista.
Porém, "nota de repúdio" (leia) do governo do Acre, eivada de baixo nível, tenta induzir o leitor a imaginar que atuei de modo suspeito, além de forjar desprezo ao meu trabalho.
Fui, até agora, aquele que buscou atuar jornalisticamente na história, investigando situações, localizando fontes, conversando sobre o caso, enfim, procurando informar o leitor sobre todos os ângulos.
Por isso, fico com a nota dos delegados, que defende a categoria sem menosprezar a mim e o meu ofício.
A quem faltam argumentos, sobra arrogância e palavras de ordem. A opinião pública que avalie. A justiça que julgue.
Da fantasiosa sociedade justa (!), tolerante (!?) e moral (!) alegada pelo governo do Acre, eu prefiro não fazer parte.
Quão fuleira, safada e mentirosa aquela "Garota Delivery". Ninguém cheira cocaína por aqui. Aliás, nem existe cocaína no Acre.
Polícia Federal informa
O motorista e o suposto proprietário de uma carreta que transportava 97 quilos de cocaína foram presos pela Polícia Federal na noite de segunda-feira (14), durante fiscalização na BR-364.
Os policiais federais abordaram a carreta com placas de Santo André (SP) e os dois homens demonstram muito nervosismo.
Os agentes da PF perceberam que as soldas do tanque de combustível estavam recentes e com aspecto disforme.
Levaram a carreta até o pátio da Superintendência da Polícia Federal, no centro de Rio Branco, e visualizaram a droga com o auxílio de um boroscópio. A droga escondida num compartimento dentro do tanque de combustível.
Com a ajuda do Corpo de Bombeiros Militar do Acre foi usado um macaco hidráulico para abrir o tanque de combustível, onde foram encontrados os 97 Kg de cocaína acondicionados de forma extremamente meticulosa.
O condutor e o suposto dono do veículo foram presos em flagrante delito por tráfico de drogas e foram encaminhados ao presídio onde aguardarão à disposição da Justiça. Se condenados podem pegar até 15 anos de prisão.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
DELEGADOS REPUDIAM "GAROTA DELIVERY"
Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre repudia declarações da "Garota Delivery" em entrevista ao blog:
"Caro Altino,
Parabenizo-o pelo site, muito lido e muito interessante, como é de se esperar de uma pessoa como você.
Sou Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Acre e não posso me furtar de falar acerca dos comentários da pessoa entrevistada por você sobre a tão falada Operação Delivery, quanto à atuação dos Delegados durante o interrogatório da tal mulher.
Ela quis se mostrar superior e desencanada com sua escolhida profissão, mas isso não lhe dá o direito de denegrir a imagem de pessoas honestas e corretas como são os Delegados que dirigiram as investigações da Delivery.
A Polícia Civil como um todo tem se esmerado em mostrar um trabalho digno, honesto e confiável à população acreana. Na Operação Delivery não foi diferente das outras investigações; houve o cuidado de investigar cada envolvido e seu grau de envolvimento nos crimes identificados. Além disso, houve o acompanhamento do Ministério Público, que já fez a denúncia dos principais envolvidos, avalisando os trabalhos investigativos da Polícia Civil.
Engraçado que a dita mulher comentou a respeito do Delegado: “Que gente irritante”. É realmente irritante para alguém que vive na marginalidade chegar às barras da Justiça, ser descoberta por seus malfeitos. Com certeza se sentiu acuada e sua defesa foi acusar; só que esqueceu que estava lidando com autoridades policiais corretas e dignas, acostumadas a tratar com pessoas em conflito com a Lei e muito focadas no seu trabalho. Será que é frustrado (como ela acusou o Delegado) alguém que conseguiu galgar tão alto cargo por seus próprios esforços? Que teve a coragem de arregaçar as mangas, estudar, se empenhar e passar em um concurso público tão concorrido como os nossos Delegados? Quem será mesmo que está frustrado nessa história?
A Policia obtém suas informações investigando, perguntando e reperguntando, não batendo ou chantageando. Quem ficou estressada e começou a chorar no depoimento? Foi só o medo de ser desmascarada.
Ela reclamou que os Delegados interrompiam o depoimento que era gravado para induzir a falar o que eles queriam ouvir... e que “Eles não queriam ouvir um depoimento claro e limpo. Eles queriam ouvir só acusações” e ainda “Quando fui na delegacia, o delegado queria que eu falasse que fui estuprada, que me amarraram, coisas assim (risos)”. Ora, Inquérito Policial não é Diário de moça de 15 anos, contando suas aventuras e devaneios, é sim uma peça investigatória que apura crimes, que fará parte de um processo judicial, ou seja, tem que apurar se houve este ou aquele crime e seus autores, logo, tinham que voltar ao foco do interrogatório, o que deve ter frustrado a “mocinha” da história.
É deplorável ler o que tal mulher declarou, seu cinismo e escárnio com os valores da nossa sociedade. Acho que esqueceram de educá-la, de lhe incutir valores que realmente importam na vida.
Parabéns pela reportagem.
Denise Pinho de Assis Pereira
Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre – ADEPOL/AC"
Meu comentário:
A presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre, Denise Pinho de Assis Pereira, parabeniza-me pela entrevista com a "Garota Delivery".
Por sua vez, a nota do governo do Acre, eivada de baixo nível, tenta induzir o leitor a imaginar que atuei de modo suspeito, forjando desprezo ao meu trabalho.
Fui, até agora, aquele que buscou atuar jornalisticamente no caso, investigando situações, localizando fontes, conversando sobre o caso, enfim, procurando informar o leitor sobre todos os ângulos.
Por isso, fico com a nota dos delegados, que defende a categoria sem menosprezar a mim e o meu ofício.
A quem faltam argumentos, sobra arrogância e palavras de ordem. A opinião pública que avalie.
A justiça que julgue. Da sociedade justa, tolerante e moral alegada pelo Governo do Acre, eu prefiro não fazer parte.
"Caro Altino,
Parabenizo-o pelo site, muito lido e muito interessante, como é de se esperar de uma pessoa como você.
Sou Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Acre e não posso me furtar de falar acerca dos comentários da pessoa entrevistada por você sobre a tão falada Operação Delivery, quanto à atuação dos Delegados durante o interrogatório da tal mulher.
Ela quis se mostrar superior e desencanada com sua escolhida profissão, mas isso não lhe dá o direito de denegrir a imagem de pessoas honestas e corretas como são os Delegados que dirigiram as investigações da Delivery.
A Polícia Civil como um todo tem se esmerado em mostrar um trabalho digno, honesto e confiável à população acreana. Na Operação Delivery não foi diferente das outras investigações; houve o cuidado de investigar cada envolvido e seu grau de envolvimento nos crimes identificados. Além disso, houve o acompanhamento do Ministério Público, que já fez a denúncia dos principais envolvidos, avalisando os trabalhos investigativos da Polícia Civil.
Engraçado que a dita mulher comentou a respeito do Delegado: “Que gente irritante”. É realmente irritante para alguém que vive na marginalidade chegar às barras da Justiça, ser descoberta por seus malfeitos. Com certeza se sentiu acuada e sua defesa foi acusar; só que esqueceu que estava lidando com autoridades policiais corretas e dignas, acostumadas a tratar com pessoas em conflito com a Lei e muito focadas no seu trabalho. Será que é frustrado (como ela acusou o Delegado) alguém que conseguiu galgar tão alto cargo por seus próprios esforços? Que teve a coragem de arregaçar as mangas, estudar, se empenhar e passar em um concurso público tão concorrido como os nossos Delegados? Quem será mesmo que está frustrado nessa história?
A Policia obtém suas informações investigando, perguntando e reperguntando, não batendo ou chantageando. Quem ficou estressada e começou a chorar no depoimento? Foi só o medo de ser desmascarada.
Ela reclamou que os Delegados interrompiam o depoimento que era gravado para induzir a falar o que eles queriam ouvir... e que “Eles não queriam ouvir um depoimento claro e limpo. Eles queriam ouvir só acusações” e ainda “Quando fui na delegacia, o delegado queria que eu falasse que fui estuprada, que me amarraram, coisas assim (risos)”. Ora, Inquérito Policial não é Diário de moça de 15 anos, contando suas aventuras e devaneios, é sim uma peça investigatória que apura crimes, que fará parte de um processo judicial, ou seja, tem que apurar se houve este ou aquele crime e seus autores, logo, tinham que voltar ao foco do interrogatório, o que deve ter frustrado a “mocinha” da história.
É deplorável ler o que tal mulher declarou, seu cinismo e escárnio com os valores da nossa sociedade. Acho que esqueceram de educá-la, de lhe incutir valores que realmente importam na vida.
Parabéns pela reportagem.
Denise Pinho de Assis Pereira
Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre – ADEPOL/AC"
Meu comentário:
A presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre, Denise Pinho de Assis Pereira, parabeniza-me pela entrevista com a "Garota Delivery".
Por sua vez, a nota do governo do Acre, eivada de baixo nível, tenta induzir o leitor a imaginar que atuei de modo suspeito, forjando desprezo ao meu trabalho.
Fui, até agora, aquele que buscou atuar jornalisticamente no caso, investigando situações, localizando fontes, conversando sobre o caso, enfim, procurando informar o leitor sobre todos os ângulos.
Por isso, fico com a nota dos delegados, que defende a categoria sem menosprezar a mim e o meu ofício.
A quem faltam argumentos, sobra arrogância e palavras de ordem. A opinião pública que avalie.
A justiça que julgue. Da sociedade justa, tolerante e moral alegada pelo Governo do Acre, eu prefiro não fazer parte.
GOVERNO CONTESTA "GAROTA DELIVERY"
Por causa da entrevista da "Garota Delivery", o governo do Acre emitiu uma "nota de repúdio" nesta terça-feira (15) sobre a Operação Delivery. Veja:
"A chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, em nome de toda a equipe de governo, vem a público repudiar a maneira irresponsável com que algumas pessoas tentam atrelar integrantes do Governo do Estado do Acre à Operação Delivery, deflagrada e orientada pelo Ministério Público Estadual, instituição competente para proceder em casos como esse.
É inadmissível que a honra, a integridade e a dignidade de toda uma equipe sejam atacadas por acusações levianas dirigidas a uma pessoa não identificada, com o propósito de atingir todos os membros da equipe, que nos orgulham pela dedicação e compromisso com o governo e a causa pública.
É comum surgirem boatos a todo momento, atrelando pessoas respeitáveis da sociedade como membros do Judiciário, das polícias, jornalistas e empresários, entre outros, a envolvimentos em situações de agiotagem, pedofilia, sempre de maneira generalizada.
É natural que investigações policiais do porte da Operação Delivery ganhem grande repercussão na sociedade, mas é preciso que a busca pela verdade e pela punição dos envolvidos não seja forjada e estabelecida com base em atitudes que maculam a honra e a integridade de homens e instituições que não fazem parte do processo.
Ao utilizar de forma leviana uma denúncia grave, ficam patentes a irresponsabilidade e a fragilidade de quem a faz. Esses procedimentos refletem a absoluta ausência de ética para manter-se em evidência, sempre à custa da integridade de quem realmente a tem. Se existem provas de fatos dessa natureza e a intenção de contribuir realmente com a verdade, que se busquem as instituições competentes. É dessa forma que procedem as pessoas que almejam uma sociedade mais justa, tolerante e moral.
Márcia Regina Pereira
Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Acre"
"A chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, em nome de toda a equipe de governo, vem a público repudiar a maneira irresponsável com que algumas pessoas tentam atrelar integrantes do Governo do Estado do Acre à Operação Delivery, deflagrada e orientada pelo Ministério Público Estadual, instituição competente para proceder em casos como esse.
É inadmissível que a honra, a integridade e a dignidade de toda uma equipe sejam atacadas por acusações levianas dirigidas a uma pessoa não identificada, com o propósito de atingir todos os membros da equipe, que nos orgulham pela dedicação e compromisso com o governo e a causa pública.
É comum surgirem boatos a todo momento, atrelando pessoas respeitáveis da sociedade como membros do Judiciário, das polícias, jornalistas e empresários, entre outros, a envolvimentos em situações de agiotagem, pedofilia, sempre de maneira generalizada.
É natural que investigações policiais do porte da Operação Delivery ganhem grande repercussão na sociedade, mas é preciso que a busca pela verdade e pela punição dos envolvidos não seja forjada e estabelecida com base em atitudes que maculam a honra e a integridade de homens e instituições que não fazem parte do processo.
Ao utilizar de forma leviana uma denúncia grave, ficam patentes a irresponsabilidade e a fragilidade de quem a faz. Esses procedimentos refletem a absoluta ausência de ética para manter-se em evidência, sempre à custa da integridade de quem realmente a tem. Se existem provas de fatos dessa natureza e a intenção de contribuir realmente com a verdade, que se busquem as instituições competentes. É dessa forma que procedem as pessoas que almejam uma sociedade mais justa, tolerante e moral.
Márcia Regina Pereira
Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Acre"
E O TRÁFICO DE CRIANÇAS PARA O EXTERIOR?
POR LEILA JALUL
Bela entrevista do jornalista Altino Machado com a "Garota Delivery". Bela, até por não ter emitido opinião pessoal. Isenta, pois.
A moça “delivery”, no jeito que entendo a vida, não merece recriminações. Nem elogios. Do seu corpo, sabe ela. Vender, trocar, aviltar, faturar e gastar energia, sabe ela.
Lida, atentamente lida, em pouco difere do Diário de Bruna Surfistinha. À exceção do cachê, claro.
Pensando bem, Bruna Surfistinha vive de direitos autorais e da comissão do filme, garbosamente marcado pela presença da atriz global Débora Secco.
Causa espanto, porém, a defesa, digamos limpa, dos pecuaristas Adálio Cordeiro e Assuero Veronez, por ela considerados dois homens de bem e de educação esmerada.
Que males poderiam fazer dois homens que se contentam em pegar nos peitinhos e em discutir o Código Florestal, a ocupação do Acre e a derrubada da floresta?
Mais espécie, ainda, me causaram as afirmações de que a “operação Delivery” parece ter injunções de caráter político. Diz ela, em determinado momento, que o delegado quis forjar situações não existentes, tipo estupro, cárcere privado etc.
Eu, você e mais um tanto de gente sabemos bem da presença de cafetões que conduzem menores, maiores, melhores e piores, ao patíbulo da prostituição e da droga.
Gente que é e que não é da classe média baixa. Gente colunável, famosa e pertencente aos quadros da hierarquia maior do Estado, envolvida até a raiz dos cabelos com o tráfico de crianças para o exterior - até sei de um caso clássico e de final trágico que envolvia médico, advogado e funcionário de um órgão defensor da comunidade. As provas, infelizmente, não são jogadas no chão.
Muitos conheceram ou tiveram conhecimento da casa no bairro São Francisco, em Rio Branco, mantida e garantida por um colunista social que arrebanhava jovens e crianças para o sacrifício do sexo e do vício sem escolhas. Tudo nos mesmos moldes do relato da ”noivinha delivery”.
A Bruna Surfistinha do Acre, creio eu, deverá ter cuidado com os agenciadores que prestam serviços a, como bem disse, juízes, desembargadores, policiais, médicos que tomam a “piulinha azul”, secretários de estado e outros de renomada respeitabilidade e de moral ilibada e sem ranhuras.
No mais, asseguro, ela deverá aumentar o cachê. O pibinho é pequeno e o custo de vida está galopante. E ademais, no Acre, o conceito de riqueza e pobreza é muito relativo.
Basta que se pense que, o maior comércio do Acre, por mais lucrativo que seja, não abre um comércio de duas portas em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
É como leio e interpreto a sua entrevista da "Garota Delivery". Toda bastante relativizada.
Leila Jalul é cronista
Bela entrevista do jornalista Altino Machado com a "Garota Delivery". Bela, até por não ter emitido opinião pessoal. Isenta, pois.
A moça “delivery”, no jeito que entendo a vida, não merece recriminações. Nem elogios. Do seu corpo, sabe ela. Vender, trocar, aviltar, faturar e gastar energia, sabe ela.
Lida, atentamente lida, em pouco difere do Diário de Bruna Surfistinha. À exceção do cachê, claro.
Pensando bem, Bruna Surfistinha vive de direitos autorais e da comissão do filme, garbosamente marcado pela presença da atriz global Débora Secco.
Causa espanto, porém, a defesa, digamos limpa, dos pecuaristas Adálio Cordeiro e Assuero Veronez, por ela considerados dois homens de bem e de educação esmerada.
Que males poderiam fazer dois homens que se contentam em pegar nos peitinhos e em discutir o Código Florestal, a ocupação do Acre e a derrubada da floresta?
Mais espécie, ainda, me causaram as afirmações de que a “operação Delivery” parece ter injunções de caráter político. Diz ela, em determinado momento, que o delegado quis forjar situações não existentes, tipo estupro, cárcere privado etc.
Eu, você e mais um tanto de gente sabemos bem da presença de cafetões que conduzem menores, maiores, melhores e piores, ao patíbulo da prostituição e da droga.
Gente que é e que não é da classe média baixa. Gente colunável, famosa e pertencente aos quadros da hierarquia maior do Estado, envolvida até a raiz dos cabelos com o tráfico de crianças para o exterior - até sei de um caso clássico e de final trágico que envolvia médico, advogado e funcionário de um órgão defensor da comunidade. As provas, infelizmente, não são jogadas no chão.
Muitos conheceram ou tiveram conhecimento da casa no bairro São Francisco, em Rio Branco, mantida e garantida por um colunista social que arrebanhava jovens e crianças para o sacrifício do sexo e do vício sem escolhas. Tudo nos mesmos moldes do relato da ”noivinha delivery”.
A Bruna Surfistinha do Acre, creio eu, deverá ter cuidado com os agenciadores que prestam serviços a, como bem disse, juízes, desembargadores, policiais, médicos que tomam a “piulinha azul”, secretários de estado e outros de renomada respeitabilidade e de moral ilibada e sem ranhuras.
No mais, asseguro, ela deverá aumentar o cachê. O pibinho é pequeno e o custo de vida está galopante. E ademais, no Acre, o conceito de riqueza e pobreza é muito relativo.
Basta que se pense que, o maior comércio do Acre, por mais lucrativo que seja, não abre um comércio de duas portas em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
É como leio e interpreto a sua entrevista da "Garota Delivery". Toda bastante relativizada.
Leila Jalul é cronista
NÃO DÁ PRA CONTESTAR A REALIDADE
Relato da deputado Perpétua Almeida (PCdoB-AC) no Facebook
- Minha manhã de hoje foi nas ruas de Cruzeiro do Sul, a terra da farinha boa. Mercados, comércio, praça de táxi, entregando o jornal de prestação de contas do mandato, ouvindo as pessoas. Maiores reclamações: ruas do povo se desfazendo, ramais sem trafegabilidade, BR-364 com mais buracos que asfalto, ausência do Procon, preços absurdos da Gol e ônibus de Cruzeiro para Rio Branco que não dão conta, etc etc etc.
- Minha manhã de hoje foi nas ruas de Cruzeiro do Sul, a terra da farinha boa. Mercados, comércio, praça de táxi, entregando o jornal de prestação de contas do mandato, ouvindo as pessoas. Maiores reclamações: ruas do povo se desfazendo, ramais sem trafegabilidade, BR-364 com mais buracos que asfalto, ausência do Procon, preços absurdos da Gol e ônibus de Cruzeiro para Rio Branco que não dão conta, etc etc etc.
ROBERTO CALHEIROS
1º colocado em medicina
O professor Evaristo De Luca informa que o primeiro classificado em medicina na Universidade Federal do Acre é o alagoano Roberto Calheiros, que mora em Rio Branco e estudou para o vestibular sozinho, em casa.
- Ele estudou o ensino médio no Acre e, mais precisamente, no Colégio Meta - comemora o diretor De Luca.
O professor Evaristo De Luca informa que o primeiro classificado em medicina na Universidade Federal do Acre é o alagoano Roberto Calheiros, que mora em Rio Branco e estudou para o vestibular sozinho, em casa.
- Ele estudou o ensino médio no Acre e, mais precisamente, no Colégio Meta - comemora o diretor De Luca.
PAGAMENTO NA EDUCAÇÃO
Mensagem enviada ao blog por uma professora:
"Altino, você bem que poderia fazer matéria sobre a parcela do nosso 14º salário, a chamada VDP ( Prêmio de Valorização Profissional).
Nós, professores temporários, fomos surpreendidos com a "mais nova novidade": para receber a segunda parcela da VDP tivemos que fazer igual rádio pião (um professor ligar para o outro), pois até o fim do ano passado a informação que tínhamos era que governo pagaria no dia 20 de janeiro de 2013.
Porém, esta semana fomos "surpreendidos com a surpresa" de ter que ir até a Secretaria Estadual de Educação e solicitar através de requerimento e anexar cópia do contracheque.
Agora só Deus sabe quando acontecerá o pagamento. O que nos deixa triste é que todos os efetivos tiveram este ganho ainda no ano passado.
Na verdade, somos é marginalizados com esta política exclusivista governamental. Gostaria até que não mencionasse o meu nome, pois sei que a lei do mais forte é totalitária.
Enfim, você que tem mecanismos e palavras sutis, a chamada luva de pelica, interceda por nós."
Resposta do secretário de Educação Daniel Zen:
Prezado Altino,
O pagamento da segunda parcela do PVDP (Prêmio de Valorização pelo Desempenho Profissional) aos professores detentores de contratos temporários/provisórios que não tiveram seus vínculos contratuais renovados em virtude do decurso do prazo máximo permitido em lei (Lei complementar Estadual nº 58/1998), se dá de forma diferente ao pagamento do mesmo prêmio aos professores efetivos ou temporários que permanecem com vínculo com o Estado. Para estes, o pagamento se dá em folha e ocorrerá, no presente caso, até o final do mês de janeiro de 2013, como têm ocorrido nos anos anteriores (o pagamento da 2ª parcela têm sido efetivado entre o final de dezembro do exercício anterior e o final de janeiro do exercício seguinte).
Já para os professores que tiveram seu vínculo interrompido, o pagamento não pode ser processado em folha, pela cessão do vínculo funcional e o respectivo desligamento automático do colaborador no âmbito do sistema eletrônico de gestão de pessoas e de folha de pagamento da SGA. Sendo assim, o pagamento se dá mediante requerimento protocolado na Secretaria. O tempo médio de tramitação, após a entrada do requerimento, é de 45 (quarenta e cinco) dias, mas pode demorar um pouco mais ou um pouco menos.
Esse procedimento é normal e segue os ditames das normas quanto à legalidade de pagamentos de verbas pretéritas efetuadas a servidores que não possuem mais vínculo com o Estado. O esforço da SEE é no sentido de que a tramitação seja a mais célere possível, para que, em sendo possível, o pagamento coincida com a data do pagamento da mesma verba aos professores efetivos.
Atenciosamente"
"Altino, você bem que poderia fazer matéria sobre a parcela do nosso 14º salário, a chamada VDP ( Prêmio de Valorização Profissional).
Nós, professores temporários, fomos surpreendidos com a "mais nova novidade": para receber a segunda parcela da VDP tivemos que fazer igual rádio pião (um professor ligar para o outro), pois até o fim do ano passado a informação que tínhamos era que governo pagaria no dia 20 de janeiro de 2013.
Porém, esta semana fomos "surpreendidos com a surpresa" de ter que ir até a Secretaria Estadual de Educação e solicitar através de requerimento e anexar cópia do contracheque.
Agora só Deus sabe quando acontecerá o pagamento. O que nos deixa triste é que todos os efetivos tiveram este ganho ainda no ano passado.
Na verdade, somos é marginalizados com esta política exclusivista governamental. Gostaria até que não mencionasse o meu nome, pois sei que a lei do mais forte é totalitária.
Enfim, você que tem mecanismos e palavras sutis, a chamada luva de pelica, interceda por nós."
Resposta do secretário de Educação Daniel Zen:
Prezado Altino,
O pagamento da segunda parcela do PVDP (Prêmio de Valorização pelo Desempenho Profissional) aos professores detentores de contratos temporários/provisórios que não tiveram seus vínculos contratuais renovados em virtude do decurso do prazo máximo permitido em lei (Lei complementar Estadual nº 58/1998), se dá de forma diferente ao pagamento do mesmo prêmio aos professores efetivos ou temporários que permanecem com vínculo com o Estado. Para estes, o pagamento se dá em folha e ocorrerá, no presente caso, até o final do mês de janeiro de 2013, como têm ocorrido nos anos anteriores (o pagamento da 2ª parcela têm sido efetivado entre o final de dezembro do exercício anterior e o final de janeiro do exercício seguinte).
Já para os professores que tiveram seu vínculo interrompido, o pagamento não pode ser processado em folha, pela cessão do vínculo funcional e o respectivo desligamento automático do colaborador no âmbito do sistema eletrônico de gestão de pessoas e de folha de pagamento da SGA. Sendo assim, o pagamento se dá mediante requerimento protocolado na Secretaria. O tempo médio de tramitação, após a entrada do requerimento, é de 45 (quarenta e cinco) dias, mas pode demorar um pouco mais ou um pouco menos.
Esse procedimento é normal e segue os ditames das normas quanto à legalidade de pagamentos de verbas pretéritas efetuadas a servidores que não possuem mais vínculo com o Estado. O esforço da SEE é no sentido de que a tramitação seja a mais célere possível, para que, em sendo possível, o pagamento coincida com a data do pagamento da mesma verba aos professores efetivos.
Atenciosamente"
PIADA PRONTA
O comando da Polícia Militar do Acre determinou abertura de sindicância para apurar a causa da falha que fez com que um dos carros da corporação fosse empurrado no pátio de uma delegacia em Rio Branco.
O assunto foi relatado na "parada diária", que reúne oficiais. A imprensa noticiou que o carro teve que ser empurrado porque usava uma bateria vencida.
Imaginem o tempo, a quantidade de pessoas e o custo de uma sindicância durante um mês.
Caso a comissão seja realmente competente, vai descobrir que o governo do Acre não paga os fornecedores da PM há quatro meses.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
REVELAÇÕES DA "GAROTA DELIVERY"
"Um cliente, gente do primeiro escalão do governo do Acre, não quer sexo; só fica cheirando cocaína no motel"
O juiz Romário Divino, titular 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco (AC), que cuida dos crimes cometidos por maiores contra menores de idade, dentre os quais os crimes sexuais, dará início na próxima semana às audiências de instrução da ação penal decorrente da Operação Delivery, que identificou uma rede de prostituição e exploração de menores na capital do Acre. Serão ouvidos os que foram denunciados pelo Ministério Público do Estado (MPE) do Acre, tanto do grupo de aliciadores quanto de clientes. Também serão ouvidas testemunhas arroladas pela acusação e defesa. Entre os clientes estão pessoas influentes do Acre, como empresários, fazendeiros, comerciantes, políticos, integrantes do governo estadual, incluindo pais e filhos.
A denúncia do MPE, formalizada em dezembro, é assinada pelos promotores de Justiça Mariano Jeorge de Sousa Melo, Danilo Lovisaro do Nascimento e Marcela Cristina Ozório, além de membros do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado, que requisitaram a investigação inicial e acompanharam todas as fases do trabalho policial.
A rede de prostituição, além de contar com sete aliciadores identificados e denunciados, tinha como integrantes, na condição de garotas de programas, pelo menos 25 adolescentes menores de 18 anos e 104 mulheres maiores de idade.
Foram identificados pela Operação Delivery 104 clientes, sendo que 22 pessoas foram denunciadas pelo MPE à Justiça. O MPE não descarta que o número possa ser ainda maior do que efetivamente foi apurado durante as investigações policiais.
Também estão envolvidas no processo pessoas que possuem "foro de prerrogativa de função", contra quem o MPE fez o devido encaminhamento para a apuração dos fatos noticiados junto aos órgãos com atribuição para a investigação. Os nomes não foram revelados oficialmente e a ação penal contra todos os envolvidos tramita em segredo de justiça.
Os usuários da rede de prostituição denunciados pelo MPE são aqueles que o inquérito policial reuniu provas suficientes, pois contratavam garotas para a realização de programas sexuais, sendo estas menores de 18 anos e maiores de 14 anos.
De acordo com o MPE, os usuários, tendo conhecimento ou pelo menos razões para saber que as menores estavam sendo submetidas, induzidas ou atraídas à prostituição ou à exploração sexual, mesmo assim, mantiveram com elas "conjunção carnal ou praticaram outros atos libidinosos, fato este que constitui crime".
Dada a amplitude da rede de prostituição e exploração sexual, com envolvimento de adolescentes, o MPE afirma que as consequências das condutas dos denunciados agenciadores e usuários com as menores "foram extremamente nefastas para a sociedade, levando diversas jovens a ingressar na prostituição, corrompendo-as moralmente e expondo a saúde das vítimas a graves riscos".
Por causa da Operação Delivery, o ruralista Assuero Doca Veronez foi preso no ano passado e atualmente é foragido da Justiça. Ele era o vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura, mas ainda é o presidente da Federação de Agricultura do Acre.
Outro fazendeiro, Adálio Cordeiro, 80, que recebeu um das maiores comendas do governo do Estado em janeiro passado, também foi preso, depois ficou foragido, mas na semana passada foi recapturado pela Polícia Federal em Ji-Paraná (RO).
O Blog da Amazônia entrevistou com exclusividade a "Garota Delivery", uma universitária de 22 anos, noiva. A jovem revela parte do submundo da prostituição em Rio Branco envolvendo pessoas influentes, garotas pobres e também das classes média e alta.
Como foi a sua infância?
Foi difícil, mas nunca passei fome. Meu pai é arquiteto, ganhava muito dinheiro, mas sempre gostou muito de cheirar cocaína e jogar baralho. Com isso, começou a acabar o que tínhamos. Minha mãe fez concurso, se tornou professora e começou a se reerguer de novo. Ela conseguiu fazer uma loja e meu pai, aos trancos e barrancos, conseguiu se tornar fazendeiro. Hoje ele vive super bem também. Eu tinha de tudo: carro, faculdade paga, as melhores roupas, frequentava as melhores boates até os 18 ou 19 anos. Eu tinha vida de princesa mesmo. Briguei com meu pai por causa da separação de minha mãe. Ele prejudicou ela muito. Ela era dona de duas lojas no Acre. Meu pai começou a namorar com outras mulheres e gastava, curtia, se drogava. Grávida, minha mãe entrou em depressão profunda. Fiquei muito chateada, discutíamos muito, e chegou ao ponto em que ele veio me bater e eu bati nele, que parou de me dar dinheiro para pagar a faculdade.
E quando começou a fazer programas?
Conhecia muitas amigas que faziam programa e uma delas me apresentou ao Nei [Franciney de Oliveira Contreira], aquele cafetão que foi preso na operação Delivery. No mesmo dia, quando fui apresentada e entrei no carro dele, já fui levada para um cliente. Foi horrível porque não havia intimidade nenhuma. Estava acostumada a transar por amor, por atração física, mas fiquei com um cara que parecia meu pai. Fiquei porque estava precisando de dinheiro. Passei três horas com esse cara, que ficou tentando trabalhar a minha cabeça, pois eu havia desistido e pedido para ele me levar para casa. Ele pagou R$ 150.
Você ficou com os R$ 150 todo?
Todo. O cara deu R$ 50 pro cafetão. Fui pra casa me sentindo um lixo, pois estava acostumada com mais dinheiro. Falei com o cafetão. Ele disse: "É isso o que pagam, bicha. Não tem ninguém que pague mais que isso". No mesmo dia o cafetão me apresentou a outro homem, que pagou R$ 100 pelo programa e disse que já havia dado R$ 100 pro Nei. Naquele dia fiquei muito puta e pensei: "Caralho, já comecei sendo enrolada". No dia seguinte, passei o dia inteiro andando com o cafetão e foi quando conheci o fazendeiro Adálio Cordeiro e outros velhinhos da cidade. Mas eu já era maior de idade. Quando cheguei na casa, o Adálio pediu minha identidade porque, segundo ele, eu tinha cara de menina nova demais. A casa dele tinha segurança de primeiro mundo.
Ele pagava a sua faculdade?
Quando precisava ele pagava. Pagou duas vezes para mim. Mas ele não estava me explorando, pois ele não transava comigo nem com nenhuma de minhas amigas.
Então você nunca viu a prótese. O que ele fazia então?
Juro. Nem sei se ele usa prótese peniana. Ele gostava de ficar passando a mão no corpo da gente, de ver as meninas tomando banho na piscina. Ele gostava de ver a casa cheia de mulheres. Ele é um velho muito sozinho. Ele mora só, entendeu? Para ele aquilo era legal. Era tanta falsidade. Pense. Puta é bicha falsa demais. Mas ele se achava amado. Eu via ele como um vovô. Ele é super carinhoso, super educado, não explora e não bate em ninguém. Para mim, ele é um dos caras que estão presos pegando "bucha". Na primeira vez que estive na casa dele, junto com duas amigas, ninguém transou. O máximo que ele fez foi passar as mãos nos seios. Eram todas maiores de idade. Ele deu R$ 100 pro cafetão e mais R$ 100 pra cada uma de nós. Na casa dele tinha churrasco, bebida, podia fumar, fazer o que quisesse. Ele queria amizade, entendeu? Outra vez estive lá com o cafetão Jardel [de lima Nogueira], outro preso pela operação Delivery. Fui porque o Jardel não tinha carro e me pediu para dar carona para ele e umas amigas dele. Uma delas era menor de idade. Quando cheguei lá, o Adálio me chamou. Aliás, ele só me chamava por nomes estranhos, nunca me reconhecia. Ele gostava de mim, mas cada vez que me encontrava me chamava por nomes diferentes, como Cristina (risos). O bichinho é broco mesmo, já está caduquinho. Aí ele perguntou se a menina era menor de idade. Respondi que não sabia. Eu não sabia mesmo. Aí ele disse: "Não quero essa menina na minha casa. Diz pro Jardel tirar ela daqui". Falei com o Jardel e confirmei que realmente a menina era menor de idade. Jardel ficou muito irritado. Acho que, se o Adálio alguma vez ficou com alguma menor, foi enganado pelos cafetões.
Na sua faculdade ninguém nunca desconfiou que você é garota de programa?
Siiimmmmm [risos], todo mundo desconfia que faço alguma coisa de errada. Já disseram até que sou traficante, pois não trabalho, minha faculdade é cara, dou meu jeito de pagar e ando bem vestida no meu carro. As pessoas fazem muita especulação.
A operação Delivery pode ter gerado, digamos, uma crise entre as garotas que se prostituem em Rio Branco, agora em dificuldade para comprar roupas e sapatos de marcas, pagar carro e faculdades?
Você tem tem razão. A crise ficou séria. Tenho uma amiga, mãe de uma criança, que se viu obrigada a fazer um empréstimo porque estava sem nenhum real. Mas a prostituição não vai acabar, não tem como acabar. É uma coisa que acontece há muitos e muitos anos. Estão só aproveitando a moda da novela [risos] para querer se mostrarem. Dizem que é a profissão mais antiga do mundo, né? Até os policiais envolvidos nas investigações saem com meninas. Não tem como acabar com a prostituição. Teve uma cara lá da delegacia que, dois dias depois de um depoimento, ligou pra minha querendo sair com ela. Eles têm os números das meninas e ligam. Não vai acabar, não temo acabar.
Como foi seu depoimento à polícia?
No dia que fui prestar depoimento, fique sem saber se aquele delegado tem algum problema pessoal ou é muito estressado e frustrado. Que gente irritante. Eles só cansaram depois que comecei a chorar, pois eu não tinha mais o que falar. Eles interrompiam a gravação dos depoimentos. Uma amiga disse que ficou preocupada porque disse ter concordado com coisas que nem sabia se era verdade.
Além de políticos, secretários do governo, fazendeiros, empresários e comerciantes que outros clientes você já atendeu?
Um cara (risos) que vendia verduras nas ruas. Ele empurrava um carrinho [risos] e vendia couve, coentro, chicória. Naquele dia eu ri tanto, mas tanto mesmo. Tadinho. Ele me pagou tudo em notas de R$ 5 e R$ 2. Mas me deu R$ 150 certinho. Ele juntou aquele dinheiro para sair comigo. A gente vê de tudo: borracheiro, gari, o escambau. Tem gente que gosta, mas nunca saí com gari. O meu cliente mais bizarro foi o vendedor de verduras.
Mas também saiu com gente influente?
Claro, muitos e muitos, além de empresários e médicos. Os médicos são os mais safados. Eles gostam de organizar festas. Junta-se, por exemplo, um grupo de dez médicos, contratam a gente e vamos todos pro motel.
Você tem alguma explicação para considerar os médicos os mais safados?
Não sei qual é a deles, mas é estranho demais. São eles os que mais tomam aquelas piulinhas azuis. Acho que eles são os que mais gostam de putaria. Um deles uma vez me chamou para sair com ele e quando chegamos no motel tivemos que fazer troca de casais. Eu que fui a ativa, entendeu? Tem gente quem tem desejo loucos.
Que outras pessoas já foram seus clientes?
Juiz, desembargador e policiais da PM, da PF e da Civil. Desses, os policiais civis são os mais safados porque nem usam farda. Uma vez, por exemplo, fui para Brasileia com dois policiais civis no carro da Secretaria de Segurança Pública. Não era carro particular. Passamos um final de semana naquela pousada que existe na entrada de Brasileia. Já tirei até uma foto com a arma de um policial. Também aparecem muito policiais, comerciantes e médicos bolivianos à procura de meninas do Acre. Eles também pedem que os cafetões levem meninas pra eles, em Cobija. Nunca fui porque não trabalho mais para cafetão, mas eles fazem muito isso. Faço programas sem intermediários e foi uma decisão muito acertada.
Por que?
Cafetões são pessoas muito cruéis, exploradoras. Eles se acham donos das mulheres, exigem obediência, servidão total. Para você ter uma ideia: no ano passado, a garota de programa mais riquinha de Rio Branco, filha de um empresário, estava no motel com um cliente e o cafetão dela telefonou. Ela não atendeu e acabaram se desentendendo por causa disso. Dias depois, um empresário telefonou pro cafetão e disse que queria a mulher mais bonita que ele tivesse. O cafetão disse: "Passa aqui em casa que vou te apresentar uma verdadeira miss, a mais gostosa". O empresário foi e o cafetão indicou o endereço. Chegou numa rua, na frente de uma casa e falou: "É aqui, pode ir lá e bater". O empresário falou: "Mas aqui é a casa da minha filha". O cafetão respondeu: "Tua filha? Mas ela faz programa e é a preferida da hora". O empresário pegou o cafetão e meteu a porrada, entrou na casa da filha e fez o mesmo com ela.
Algo semelhante nunca aconteceu com você?
Mais ou menos. Outro dia fiquei chocada ao receber uma mensagem no celular, assim: "Está feliz agora por ter desfeito um lar?". Era de um telefone da mulher de um grande comerciante de Rio Branco com quem fiz algumas programas no começo. Aí fui conferir na minha agenda o telefone dele. Aliás, não uso agenda do celular. Todos os que foram ou ainda são meus clientes, anoto nome e telefone num caderno. Claro que alguns usam codinomes. Pois bem, fui na minha "agenda" e liguei pro comerciante. Então ele explicou que havia se separado, mas que a ex-mulher estava fazendo a mesma coisa com outras mulheres. Mas aquela mensagem me perturbou muito porque eu não tenho nada a ver com a separação deles.
Você disse que nunca foi fazer programa na Bolívia. Conhece alguma amiga sua já fez ou faz?
Uma amiga foi pra Cobija, na Bolívia, e acabou sendo extorquida pelo cafetão. Passou uma semana com ele num hotel de quinta categoria. Ao sair do hotel, ainda teve que transar com os funcionários para não pagar as diárias. Veio embora com mais de R$ 1 mil na carteira. O cafetão pegou o dinheiro dela e nunca mais devolveu.
Gostaria de saber mais sobre o seu depoimento à polícia.
Conforme falei antes, os delegados, os que estavam colhendo os depoimentos, paravam as gravações para induzir as pessoas a falar o que eles queriam ouvir. Eles não queriam ouvir um depoimento claro e limpo. Eles queriam ouvir só acusações.
Em breve, a Justiça vai começar a ouvir os denunciados e as testemunhas da operação Delivery. Conhece alguém que esteja sob ameaça?
Conheço. Uma amiga foi chamada para depor, mas não quer ir depois de ter falado com um dos caras que estão presos. Eles telefonam. Até para mim já telefonaram, para saber como estão as coisas.
Telefonam de dentro do presídio?
Sim, de dentro do presídio. Eles têm até celular para acessar internet. Telefonaram para minha amiga e disseram que não queriam nem ver a cara dela no dia da audiência. Disseram que, se vissem a cara dela, poderiam passar até 100 anos na cadeia, mas quando saíssem ela ia morrer. Por causa disso ela não quer ir. Pior é que na intimação tem que o não comparecimento pode resultar em multa e prisão. Outra coisa: ela não foi avisada que seria testemunha. Foi chamada para depor, como eu e muitas meninas foram, mas acho que deveriam ter perguntando se ela queria ser testemunha. Ser testemunha é um dever, claro, mas depois que você aceita ser testemunha.
Por que aceitou a entrevista?
Porque você me garantiu que a entrevista seria publicada, mas que eu não iria me queimar, que minha imagem seria preservada. Minha amiga, por exemplo, disse que se for para ela falar sem que os cafetões ouçam o depoimento, ela está disposta a comparecer. E ela tem razão: cafetão não tem nada a perder. A maioria daqueles cafetões não têm sequer o ensino médio. São pessoas sem perspectiva de vida melhor da que levam. No dia que saírem da prisão vão voltar a ser cafetões.
Por falar nisso, você está prestes a concluir o curso de enfermagem. Você acha que vai conseguir parar de fazer programas ou isso já se tornou, digamos, um costume ou vício?
Não vou mentir. Não pretendo parar. Pretendo parar de conhecer pessoas. Pretendo sair apenas com as pessoas que já conheço, mas nada de novos clientes, nem que sejam indicados pelos amigos do presidente da República. É um dinheirinho a mais que entra. Sexo é bom. Melhor ainda se você pode fazer sexo e ainda receber dinheiro por isso. Eu penso assim. É algo que não me prejudica. Não me sinto menos humana em relação a ninguém. Consigo sentar com um monte de mulheres da alta sociedade e me sinto igual a elas. Mesmo fazendo programa é assim que me sinto. Muita gente que aponta ou critica as garotas de programa fazem coisas piores. Existem homens que chamam as meninas apenas para que fiquem olhando eles se drogarem. Um cliente, gente do primeiro escalão do governo do Acre, não quis sexo; ele quis minha companhia e passou umas três horas no motel cheirando cocaína. Acho isso bem pior. Tem gente que rouba, tem gente que mata. Não acho que estou vendendo o meu corpo. Estou recebendo o pagamento por algo que proporcionou prazer a mim e ao parceiro ou cliente. Não vejo isso como crime. Aliciamento de menor acho nojento. Meninas de 14 ou 15 anos são persuadidas quando começam a fazer programas. Existem meninas nessa idade que dizem que querem e fazem, mas se fazem isso é porque foram persuadidas por alguém que falou que é legal, que rende dinheiro etc. Isso é persuasão. Não conheço menores que tenham feito isso. De todos os envolvidos na operação Delivery, acho que apenas dois ou três mereciam realmente estar presos. O resto é tudo pegando bucha mesmo.
Do seu convívio social, alguém sabe que você faz programa?
A maioria não sabe. Meus pais não sabem. Eles apenas suspeitam. Para minha mãe digo que saio com um cara que me ajuda financeiramente. Se eu falasse a verdade, acho que seria magoá-la demais. Tenho certeza de que minha mãe, caso eu chegasse a contasse tudo, iria entender a minha situação. O problema é que a sociedade discrimina. Ao discriminar, o que faço é visto como a coisa mais abominável do mundo.
Boa parte das garotas de programa se apresentam como modelos e possuem páginas em redes sociais. A internet facilita o trabalho de vocês?
Bastante. Acho que a grande contribuição das redes sociais é livrar as garotas dos intermediários, dos cafetões. Muitas mulheres já perceberam isso e usam a internet para contatos e visibilidade. Antigamente, programa só rolava se tivesse cafetão no meio. Agora, não. Você cria um perfil, por exemplo, no Facebook e vai estabelecendo contatos, expondo fotos etc. No Acre, temos a vantagem de não ser um lugar perigoso para fazer programa. Rio Branco é pequena, quase todo mundo se conhece. Eu já fui pra Brasília (risos) com uma amiga fazer programa. Passamos duas semanas e achei muito perigoso. A gente nem saia de dentro da boate. Lá, para transar na boate, o cara tinha que pagar R$ 200 pra menina e R$ 100 para o dono da boate. Tinha os quartos para transar lá mesmo, mas sempre aparecia algum homem oferecendo R$ 300 pra gente ir pra motel. Lá é muito arriscado: matam, surram, deixam mulheres abandonadas nas ruas ou praças. No Acre não acho perigoso ir para um motel mesmo sem conhecer o homem.
Você falou um pouco de como foi o seu convívio com o fazendeiro Adálio Cordeiro. E o outro fazendeiro, o Assuero Veronez?
Ele é um amor de pessoa. Ele é um senhor de idade, como todo mundo sabe, super educado e que não gosta de sair com várias meninas. A gente saiu durante quase dois anos, quase toda semana. Eu já vi cafetão adular. Cafetão é bicho que adula. Pense. Liga dizendo pro cliente: "Estou com uma miss, universitária, linda, loira, por favor saia com ela, é maior de idade". Fica ligando oferecendo, perturbando. O Assuero dizia para mim: "Eu não gosto de atender esses cafetões, não quero conhecer ninguém". Ele saía com muitas garotas de programa, conforme ele mesmo falou, há mais de 10 anos. Mas sempre foi assim: saia com uma, duas, três; gostava de uma, ficava saindo só com aquela que havia gostado mais. Entendeu? Ele não era explorador. Também nem gostava muito de transar. Gostava mais de conversar, de ter uma companhia.
Gostava mais de conversar?
Sim. As pessoas não entendem ou entendem e se fazem de bobas. Eu, que tenho 22 anos, já sei que o casamento é uma coisa enjoativa. Às vezes um homem quer conversar alguma coisa, mas não quer conversar sobre aquilo com a mulher dele, mas com alguém que não vai ficar perturbando, julgando etc. Mulher gosta de dar opinião, de se meter. Ele trabalhava num negócio dos pecuaristas, não é?
Sim. Ele era vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura e ainda é presidente da Federação de Agricultura do Acre.
Isso mesmo. Ele sempre viajava, quando voltava a gente saía e ele ficavam conversando sobre o trabalho dele. Lembro que ele falava muito sobre o novo Código Florestal Brasileiro, sobre ocupação da Amazônia, terras, meio ambiente. Ele falava dessa coisas, mas não que eu estivesse ali para emitir alguma opinião. Não. Ele queria apenas a minha companhia para desabafar, para ser ouvido por alguém que não era do cotidiano dele.
Você falou demais de um casamento alheio, mas agora é hora de falar do seu noivado.
Estou noiva, sim.
Mas o seu noivo sabe que você é garota de programa?
Não sabe e nem vai saber, se Deus quiser. Quem fala mais, acredite, é (risos) a minha vizinha. A minha vizinha fala para ele que entro num monte de carros diferentes. Aí digo que é mentira e explico que são amigas que pedem ou me dão carona. Não quero magoar ele. Pretendo ter minha família.
No começo da conversa você disse que pretende continuar fazendo programa mesmo depois de concluir a faculdade de enfermagem. Agora fala que pretende constituir família. Vai ou não continuar?
Vou "mermo". Conheço um monte de mulheres casadas que também fazem programas em Rio Branco. Existem mulheres casadas com homens que saem com meninas do babado, mas elas também fazem programa e eles não sabem. Entendeu? Tem como conciliar as coisas. Mas eu devo uma explicação: pretendo me estabilizar financeiramente, pois todo mundo conclui faculdade e fica desempregado. Terei concluído o curso de enfermagem, mas serei mais uma desempregada no Brasil. Nos índices, vou constar como mais uma desempregada. No dia que eu me estabilizar, quero ter filhos, casamento estável. Quando chegar a esse ponto, claro, não vou mais fazer programa. Vou me dedicar à minha família e ao meu trabalho. Enquanto eu não alcançar estabilidade financeira e necessitar de dinheiro, vou continuar fazendo programa.
Você já chegou a fazer quantos programas por dia?
Já fiz até sete programas durante o dia. Eu não trabalho à noite, que ao meu noivo. Cheguei a fazer sete programas por dia quando comprei o carro e precisava pagar as mensalidades dele e da faculdade.
Como foi esse período?
Horííííível. (risos) Deus me livre, ó. Foi triste. No final do dia eu estava morta de cansada. Teve um dia que eu estava no motel transando com um cliente. Quando terminamos, fui tomar banho e o telefone tocou. Era outro cliente querendo sair comigo. Eu falei: "Vem pro motel tal, que estou chegando aqui". O cara nem percebeu nada. Eu só troquei de carro (risos). Verdade.
Ia pra faculdade, chegava em casa e ia transar com o namorado?
Que nada. Eu não aguentava mais. Eu preferi terminar com o meu namorado. Passamos três meses sem nem nos ver. Eu não dava conta de ficar com ele. A minha jornada de trabalho para pagar as prestações do carro e da faculdade era muito pesada. Não quero mais aquilo. Eu não tinha tempo. Eu estudava à tarde, começava a fazer programa às 8 horas da manhã. Dava um jeito de agendar dois ou três programas pela manhã. À tarde, as vezes eu gazetava aula pra fazer mais programas, às vezes até saía na hora do intervalo, passava uma ou duas horas ausente, e voltava pra sala com a maior descaramento. De noite, quando eu saída da aula, sempre já havia alguém me esperando no estacionamento da faculdade. Às vezes eu já estava em casa, cansada, cochilando, mas quando me ligavam, por volta das 23 horas, me arrumava, escovava os dentes e saía de novo. Viu como não dá para ter um namorado desse jeito? Então terminei com ele, depois voltamos e hoje estamos noivos. Uma pessoa que quer viver de fazer programa não pode ter sua vida.
Do alto dos seus 22 anos, que conselho dá a alguma jovem que pensa ou já pensou em se tornar garota de programa?
Estudar de verdade para não se atrasar. Terminar o ensino médio com 16 ou 17 anos, quando a gente ainda é novinha, ingressar na faculdade, estudar pra valer, arranjar um namoradinho, ficar noiva, casar, ter filho e jamais fazer programa. Uma coisa eu digo: programa vicia. Eu comecei dizendo que ia fazer só para pagar minhas contas. Entendeu? Não dá porque sempre aparecem mais contas. Um dia você acorda e pensa: "Ah! Queria dinheiro para tal coisa". E não tem o dinheiro e diz: "Vou fazer programa". Então isso já faz parte de minha vida. Outra coisa: conversar com os pais ajuda muito. Boa parte das meninas que conheço fazem programas por culpa dos pais delas, por falta de diálogo, de entendimento. Uma garota diz que quer dinheiro e os pais pedem que parem de perturbá-los, coisas assim. Não procuram ouvir, saber para que a filha quer o dinheiro, simplesmente negam de maneira autoritária. Os pais não conhecem os filhos, não sabem do que eles são capazes. O meu conselho é que as garotas não aceitem fazer programa, não aceitem presentes de homens, pois isso é um jeito também de se prostituir.
Isso explica o fato de a gente ver tantas mulheres de origem humilde desfilando com roupas e sapatos de marcas nas festas da cidade?
Você tocou num assunto que conversei com um cara com quem saí recentemente. Ele é empresário e recebeu para entrevista uma jovem que pretendia um emprego. O currículo dela era tão pobre que só constava que tinha o ensino médio completo. Ele disse que ela tinha 25 anos, mas estava toda na Romanel, cheirando a perfume importado. Ele perguntou se ela morava com os pais e ela respondeu que morava sozinha. Então ele desconfiou, não por preconceito, que aquela era uma garota de programa. Ele não contratou porque entendeu que ela não teria responsabilidade, que seria capaz de sair para fazer programa em horário de expediente porque, sinceramente, ganharia muito mais fazendo programa. Em um dia dá para tirar um salário mínimo.
Quanto você ganha por mês?
Quanto é que dá R$ 150 vezes 25? Eu não faço programa nos finais de semana. Prefiro ficar com o meu noivo.
Dá R$ 3.750. É o que você fatura por mês?
Estou jogando por baixo. Esse valor é caso eu saia apenas uma vez por dia. Mas tem um problema: não vejo esse dinheiro (risos).
Como assim?
Eu só consigo juntar mesmo para pagar a faculdade e a prestação do carro. Eu saio e já gasto, o dinheiro vai indo embora. Sempre tem alguma coisa para gastar: R$ 50 de gasolina, arrumar cabelo, fazer unha etc. Ainda tem gente que acha que entra fácil (risos), mas vai embora mais rápido.
Então você tem de correr, estudar, conquistar um emprego e constituir família porque não vai permanecer bonita e atraente fisicamente para sempre.
Isso mesmo. É o que sempre digo para minha amigas: gente, quando estivermos com 30 anos, nenhum homem mais vai querer sair com a gente. Estaremos coroas, velhas, barangas, com o sexo engelhado (risos). Mas não é?
Grato pela a entrevista. Quer acrescentar algo?
Não. É só isso mesmo. Quando fui na delegacia, o delegado queria que eu falasse que fui estuprada, que me amarraram, coisas assim (risos). Leio o seu blog. Gosto do que você faz como jornalista. Só espero que cumpra o combinado: não revelar meu nome e proteger a minha imagem. Agora vamos esperar a repercussão da bagaceira dessa nossa conversa.
O juiz Romário Divino, titular 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco (AC), que cuida dos crimes cometidos por maiores contra menores de idade, dentre os quais os crimes sexuais, dará início na próxima semana às audiências de instrução da ação penal decorrente da Operação Delivery, que identificou uma rede de prostituição e exploração de menores na capital do Acre. Serão ouvidos os que foram denunciados pelo Ministério Público do Estado (MPE) do Acre, tanto do grupo de aliciadores quanto de clientes. Também serão ouvidas testemunhas arroladas pela acusação e defesa. Entre os clientes estão pessoas influentes do Acre, como empresários, fazendeiros, comerciantes, políticos, integrantes do governo estadual, incluindo pais e filhos.
A denúncia do MPE, formalizada em dezembro, é assinada pelos promotores de Justiça Mariano Jeorge de Sousa Melo, Danilo Lovisaro do Nascimento e Marcela Cristina Ozório, além de membros do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado, que requisitaram a investigação inicial e acompanharam todas as fases do trabalho policial.
A rede de prostituição, além de contar com sete aliciadores identificados e denunciados, tinha como integrantes, na condição de garotas de programas, pelo menos 25 adolescentes menores de 18 anos e 104 mulheres maiores de idade.
Foram identificados pela Operação Delivery 104 clientes, sendo que 22 pessoas foram denunciadas pelo MPE à Justiça. O MPE não descarta que o número possa ser ainda maior do que efetivamente foi apurado durante as investigações policiais.
Também estão envolvidas no processo pessoas que possuem "foro de prerrogativa de função", contra quem o MPE fez o devido encaminhamento para a apuração dos fatos noticiados junto aos órgãos com atribuição para a investigação. Os nomes não foram revelados oficialmente e a ação penal contra todos os envolvidos tramita em segredo de justiça.
Os usuários da rede de prostituição denunciados pelo MPE são aqueles que o inquérito policial reuniu provas suficientes, pois contratavam garotas para a realização de programas sexuais, sendo estas menores de 18 anos e maiores de 14 anos.
De acordo com o MPE, os usuários, tendo conhecimento ou pelo menos razões para saber que as menores estavam sendo submetidas, induzidas ou atraídas à prostituição ou à exploração sexual, mesmo assim, mantiveram com elas "conjunção carnal ou praticaram outros atos libidinosos, fato este que constitui crime".
Dada a amplitude da rede de prostituição e exploração sexual, com envolvimento de adolescentes, o MPE afirma que as consequências das condutas dos denunciados agenciadores e usuários com as menores "foram extremamente nefastas para a sociedade, levando diversas jovens a ingressar na prostituição, corrompendo-as moralmente e expondo a saúde das vítimas a graves riscos".
Por causa da Operação Delivery, o ruralista Assuero Doca Veronez foi preso no ano passado e atualmente é foragido da Justiça. Ele era o vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura, mas ainda é o presidente da Federação de Agricultura do Acre.
Outro fazendeiro, Adálio Cordeiro, 80, que recebeu um das maiores comendas do governo do Estado em janeiro passado, também foi preso, depois ficou foragido, mas na semana passada foi recapturado pela Polícia Federal em Ji-Paraná (RO).
O Blog da Amazônia entrevistou com exclusividade a "Garota Delivery", uma universitária de 22 anos, noiva. A jovem revela parte do submundo da prostituição em Rio Branco envolvendo pessoas influentes, garotas pobres e também das classes média e alta.
Como foi a sua infância?
Foi difícil, mas nunca passei fome. Meu pai é arquiteto, ganhava muito dinheiro, mas sempre gostou muito de cheirar cocaína e jogar baralho. Com isso, começou a acabar o que tínhamos. Minha mãe fez concurso, se tornou professora e começou a se reerguer de novo. Ela conseguiu fazer uma loja e meu pai, aos trancos e barrancos, conseguiu se tornar fazendeiro. Hoje ele vive super bem também. Eu tinha de tudo: carro, faculdade paga, as melhores roupas, frequentava as melhores boates até os 18 ou 19 anos. Eu tinha vida de princesa mesmo. Briguei com meu pai por causa da separação de minha mãe. Ele prejudicou ela muito. Ela era dona de duas lojas no Acre. Meu pai começou a namorar com outras mulheres e gastava, curtia, se drogava. Grávida, minha mãe entrou em depressão profunda. Fiquei muito chateada, discutíamos muito, e chegou ao ponto em que ele veio me bater e eu bati nele, que parou de me dar dinheiro para pagar a faculdade.
E quando começou a fazer programas?
Conhecia muitas amigas que faziam programa e uma delas me apresentou ao Nei [Franciney de Oliveira Contreira], aquele cafetão que foi preso na operação Delivery. No mesmo dia, quando fui apresentada e entrei no carro dele, já fui levada para um cliente. Foi horrível porque não havia intimidade nenhuma. Estava acostumada a transar por amor, por atração física, mas fiquei com um cara que parecia meu pai. Fiquei porque estava precisando de dinheiro. Passei três horas com esse cara, que ficou tentando trabalhar a minha cabeça, pois eu havia desistido e pedido para ele me levar para casa. Ele pagou R$ 150.
Você ficou com os R$ 150 todo?
Todo. O cara deu R$ 50 pro cafetão. Fui pra casa me sentindo um lixo, pois estava acostumada com mais dinheiro. Falei com o cafetão. Ele disse: "É isso o que pagam, bicha. Não tem ninguém que pague mais que isso". No mesmo dia o cafetão me apresentou a outro homem, que pagou R$ 100 pelo programa e disse que já havia dado R$ 100 pro Nei. Naquele dia fiquei muito puta e pensei: "Caralho, já comecei sendo enrolada". No dia seguinte, passei o dia inteiro andando com o cafetão e foi quando conheci o fazendeiro Adálio Cordeiro e outros velhinhos da cidade. Mas eu já era maior de idade. Quando cheguei na casa, o Adálio pediu minha identidade porque, segundo ele, eu tinha cara de menina nova demais. A casa dele tinha segurança de primeiro mundo.
Ele pagava a sua faculdade?
Quando precisava ele pagava. Pagou duas vezes para mim. Mas ele não estava me explorando, pois ele não transava comigo nem com nenhuma de minhas amigas.
Então você nunca viu a prótese. O que ele fazia então?
Juro. Nem sei se ele usa prótese peniana. Ele gostava de ficar passando a mão no corpo da gente, de ver as meninas tomando banho na piscina. Ele gostava de ver a casa cheia de mulheres. Ele é um velho muito sozinho. Ele mora só, entendeu? Para ele aquilo era legal. Era tanta falsidade. Pense. Puta é bicha falsa demais. Mas ele se achava amado. Eu via ele como um vovô. Ele é super carinhoso, super educado, não explora e não bate em ninguém. Para mim, ele é um dos caras que estão presos pegando "bucha". Na primeira vez que estive na casa dele, junto com duas amigas, ninguém transou. O máximo que ele fez foi passar as mãos nos seios. Eram todas maiores de idade. Ele deu R$ 100 pro cafetão e mais R$ 100 pra cada uma de nós. Na casa dele tinha churrasco, bebida, podia fumar, fazer o que quisesse. Ele queria amizade, entendeu? Outra vez estive lá com o cafetão Jardel [de lima Nogueira], outro preso pela operação Delivery. Fui porque o Jardel não tinha carro e me pediu para dar carona para ele e umas amigas dele. Uma delas era menor de idade. Quando cheguei lá, o Adálio me chamou. Aliás, ele só me chamava por nomes estranhos, nunca me reconhecia. Ele gostava de mim, mas cada vez que me encontrava me chamava por nomes diferentes, como Cristina (risos). O bichinho é broco mesmo, já está caduquinho. Aí ele perguntou se a menina era menor de idade. Respondi que não sabia. Eu não sabia mesmo. Aí ele disse: "Não quero essa menina na minha casa. Diz pro Jardel tirar ela daqui". Falei com o Jardel e confirmei que realmente a menina era menor de idade. Jardel ficou muito irritado. Acho que, se o Adálio alguma vez ficou com alguma menor, foi enganado pelos cafetões.
Na sua faculdade ninguém nunca desconfiou que você é garota de programa?
Siiimmmmm [risos], todo mundo desconfia que faço alguma coisa de errada. Já disseram até que sou traficante, pois não trabalho, minha faculdade é cara, dou meu jeito de pagar e ando bem vestida no meu carro. As pessoas fazem muita especulação.
A operação Delivery pode ter gerado, digamos, uma crise entre as garotas que se prostituem em Rio Branco, agora em dificuldade para comprar roupas e sapatos de marcas, pagar carro e faculdades?
Você tem tem razão. A crise ficou séria. Tenho uma amiga, mãe de uma criança, que se viu obrigada a fazer um empréstimo porque estava sem nenhum real. Mas a prostituição não vai acabar, não tem como acabar. É uma coisa que acontece há muitos e muitos anos. Estão só aproveitando a moda da novela [risos] para querer se mostrarem. Dizem que é a profissão mais antiga do mundo, né? Até os policiais envolvidos nas investigações saem com meninas. Não tem como acabar com a prostituição. Teve uma cara lá da delegacia que, dois dias depois de um depoimento, ligou pra minha querendo sair com ela. Eles têm os números das meninas e ligam. Não vai acabar, não temo acabar.
Como foi seu depoimento à polícia?
No dia que fui prestar depoimento, fique sem saber se aquele delegado tem algum problema pessoal ou é muito estressado e frustrado. Que gente irritante. Eles só cansaram depois que comecei a chorar, pois eu não tinha mais o que falar. Eles interrompiam a gravação dos depoimentos. Uma amiga disse que ficou preocupada porque disse ter concordado com coisas que nem sabia se era verdade.
Além de políticos, secretários do governo, fazendeiros, empresários e comerciantes que outros clientes você já atendeu?
Um cara (risos) que vendia verduras nas ruas. Ele empurrava um carrinho [risos] e vendia couve, coentro, chicória. Naquele dia eu ri tanto, mas tanto mesmo. Tadinho. Ele me pagou tudo em notas de R$ 5 e R$ 2. Mas me deu R$ 150 certinho. Ele juntou aquele dinheiro para sair comigo. A gente vê de tudo: borracheiro, gari, o escambau. Tem gente que gosta, mas nunca saí com gari. O meu cliente mais bizarro foi o vendedor de verduras.
Mas também saiu com gente influente?
Claro, muitos e muitos, além de empresários e médicos. Os médicos são os mais safados. Eles gostam de organizar festas. Junta-se, por exemplo, um grupo de dez médicos, contratam a gente e vamos todos pro motel.
Você tem alguma explicação para considerar os médicos os mais safados?
Não sei qual é a deles, mas é estranho demais. São eles os que mais tomam aquelas piulinhas azuis. Acho que eles são os que mais gostam de putaria. Um deles uma vez me chamou para sair com ele e quando chegamos no motel tivemos que fazer troca de casais. Eu que fui a ativa, entendeu? Tem gente quem tem desejo loucos.
Que outras pessoas já foram seus clientes?
Juiz, desembargador e policiais da PM, da PF e da Civil. Desses, os policiais civis são os mais safados porque nem usam farda. Uma vez, por exemplo, fui para Brasileia com dois policiais civis no carro da Secretaria de Segurança Pública. Não era carro particular. Passamos um final de semana naquela pousada que existe na entrada de Brasileia. Já tirei até uma foto com a arma de um policial. Também aparecem muito policiais, comerciantes e médicos bolivianos à procura de meninas do Acre. Eles também pedem que os cafetões levem meninas pra eles, em Cobija. Nunca fui porque não trabalho mais para cafetão, mas eles fazem muito isso. Faço programas sem intermediários e foi uma decisão muito acertada.
Por que?
Cafetões são pessoas muito cruéis, exploradoras. Eles se acham donos das mulheres, exigem obediência, servidão total. Para você ter uma ideia: no ano passado, a garota de programa mais riquinha de Rio Branco, filha de um empresário, estava no motel com um cliente e o cafetão dela telefonou. Ela não atendeu e acabaram se desentendendo por causa disso. Dias depois, um empresário telefonou pro cafetão e disse que queria a mulher mais bonita que ele tivesse. O cafetão disse: "Passa aqui em casa que vou te apresentar uma verdadeira miss, a mais gostosa". O empresário foi e o cafetão indicou o endereço. Chegou numa rua, na frente de uma casa e falou: "É aqui, pode ir lá e bater". O empresário falou: "Mas aqui é a casa da minha filha". O cafetão respondeu: "Tua filha? Mas ela faz programa e é a preferida da hora". O empresário pegou o cafetão e meteu a porrada, entrou na casa da filha e fez o mesmo com ela.
Algo semelhante nunca aconteceu com você?
Mais ou menos. Outro dia fiquei chocada ao receber uma mensagem no celular, assim: "Está feliz agora por ter desfeito um lar?". Era de um telefone da mulher de um grande comerciante de Rio Branco com quem fiz algumas programas no começo. Aí fui conferir na minha agenda o telefone dele. Aliás, não uso agenda do celular. Todos os que foram ou ainda são meus clientes, anoto nome e telefone num caderno. Claro que alguns usam codinomes. Pois bem, fui na minha "agenda" e liguei pro comerciante. Então ele explicou que havia se separado, mas que a ex-mulher estava fazendo a mesma coisa com outras mulheres. Mas aquela mensagem me perturbou muito porque eu não tenho nada a ver com a separação deles.
Você disse que nunca foi fazer programa na Bolívia. Conhece alguma amiga sua já fez ou faz?
Uma amiga foi pra Cobija, na Bolívia, e acabou sendo extorquida pelo cafetão. Passou uma semana com ele num hotel de quinta categoria. Ao sair do hotel, ainda teve que transar com os funcionários para não pagar as diárias. Veio embora com mais de R$ 1 mil na carteira. O cafetão pegou o dinheiro dela e nunca mais devolveu.
Gostaria de saber mais sobre o seu depoimento à polícia.
Conforme falei antes, os delegados, os que estavam colhendo os depoimentos, paravam as gravações para induzir as pessoas a falar o que eles queriam ouvir. Eles não queriam ouvir um depoimento claro e limpo. Eles queriam ouvir só acusações.
Em breve, a Justiça vai começar a ouvir os denunciados e as testemunhas da operação Delivery. Conhece alguém que esteja sob ameaça?
Conheço. Uma amiga foi chamada para depor, mas não quer ir depois de ter falado com um dos caras que estão presos. Eles telefonam. Até para mim já telefonaram, para saber como estão as coisas.
Telefonam de dentro do presídio?
Sim, de dentro do presídio. Eles têm até celular para acessar internet. Telefonaram para minha amiga e disseram que não queriam nem ver a cara dela no dia da audiência. Disseram que, se vissem a cara dela, poderiam passar até 100 anos na cadeia, mas quando saíssem ela ia morrer. Por causa disso ela não quer ir. Pior é que na intimação tem que o não comparecimento pode resultar em multa e prisão. Outra coisa: ela não foi avisada que seria testemunha. Foi chamada para depor, como eu e muitas meninas foram, mas acho que deveriam ter perguntando se ela queria ser testemunha. Ser testemunha é um dever, claro, mas depois que você aceita ser testemunha.
Por que aceitou a entrevista?
Porque você me garantiu que a entrevista seria publicada, mas que eu não iria me queimar, que minha imagem seria preservada. Minha amiga, por exemplo, disse que se for para ela falar sem que os cafetões ouçam o depoimento, ela está disposta a comparecer. E ela tem razão: cafetão não tem nada a perder. A maioria daqueles cafetões não têm sequer o ensino médio. São pessoas sem perspectiva de vida melhor da que levam. No dia que saírem da prisão vão voltar a ser cafetões.
Por falar nisso, você está prestes a concluir o curso de enfermagem. Você acha que vai conseguir parar de fazer programas ou isso já se tornou, digamos, um costume ou vício?
Não vou mentir. Não pretendo parar. Pretendo parar de conhecer pessoas. Pretendo sair apenas com as pessoas que já conheço, mas nada de novos clientes, nem que sejam indicados pelos amigos do presidente da República. É um dinheirinho a mais que entra. Sexo é bom. Melhor ainda se você pode fazer sexo e ainda receber dinheiro por isso. Eu penso assim. É algo que não me prejudica. Não me sinto menos humana em relação a ninguém. Consigo sentar com um monte de mulheres da alta sociedade e me sinto igual a elas. Mesmo fazendo programa é assim que me sinto. Muita gente que aponta ou critica as garotas de programa fazem coisas piores. Existem homens que chamam as meninas apenas para que fiquem olhando eles se drogarem. Um cliente, gente do primeiro escalão do governo do Acre, não quis sexo; ele quis minha companhia e passou umas três horas no motel cheirando cocaína. Acho isso bem pior. Tem gente que rouba, tem gente que mata. Não acho que estou vendendo o meu corpo. Estou recebendo o pagamento por algo que proporcionou prazer a mim e ao parceiro ou cliente. Não vejo isso como crime. Aliciamento de menor acho nojento. Meninas de 14 ou 15 anos são persuadidas quando começam a fazer programas. Existem meninas nessa idade que dizem que querem e fazem, mas se fazem isso é porque foram persuadidas por alguém que falou que é legal, que rende dinheiro etc. Isso é persuasão. Não conheço menores que tenham feito isso. De todos os envolvidos na operação Delivery, acho que apenas dois ou três mereciam realmente estar presos. O resto é tudo pegando bucha mesmo.
Do seu convívio social, alguém sabe que você faz programa?
A maioria não sabe. Meus pais não sabem. Eles apenas suspeitam. Para minha mãe digo que saio com um cara que me ajuda financeiramente. Se eu falasse a verdade, acho que seria magoá-la demais. Tenho certeza de que minha mãe, caso eu chegasse a contasse tudo, iria entender a minha situação. O problema é que a sociedade discrimina. Ao discriminar, o que faço é visto como a coisa mais abominável do mundo.
Boa parte das garotas de programa se apresentam como modelos e possuem páginas em redes sociais. A internet facilita o trabalho de vocês?
Bastante. Acho que a grande contribuição das redes sociais é livrar as garotas dos intermediários, dos cafetões. Muitas mulheres já perceberam isso e usam a internet para contatos e visibilidade. Antigamente, programa só rolava se tivesse cafetão no meio. Agora, não. Você cria um perfil, por exemplo, no Facebook e vai estabelecendo contatos, expondo fotos etc. No Acre, temos a vantagem de não ser um lugar perigoso para fazer programa. Rio Branco é pequena, quase todo mundo se conhece. Eu já fui pra Brasília (risos) com uma amiga fazer programa. Passamos duas semanas e achei muito perigoso. A gente nem saia de dentro da boate. Lá, para transar na boate, o cara tinha que pagar R$ 200 pra menina e R$ 100 para o dono da boate. Tinha os quartos para transar lá mesmo, mas sempre aparecia algum homem oferecendo R$ 300 pra gente ir pra motel. Lá é muito arriscado: matam, surram, deixam mulheres abandonadas nas ruas ou praças. No Acre não acho perigoso ir para um motel mesmo sem conhecer o homem.
Você falou um pouco de como foi o seu convívio com o fazendeiro Adálio Cordeiro. E o outro fazendeiro, o Assuero Veronez?
Ele é um amor de pessoa. Ele é um senhor de idade, como todo mundo sabe, super educado e que não gosta de sair com várias meninas. A gente saiu durante quase dois anos, quase toda semana. Eu já vi cafetão adular. Cafetão é bicho que adula. Pense. Liga dizendo pro cliente: "Estou com uma miss, universitária, linda, loira, por favor saia com ela, é maior de idade". Fica ligando oferecendo, perturbando. O Assuero dizia para mim: "Eu não gosto de atender esses cafetões, não quero conhecer ninguém". Ele saía com muitas garotas de programa, conforme ele mesmo falou, há mais de 10 anos. Mas sempre foi assim: saia com uma, duas, três; gostava de uma, ficava saindo só com aquela que havia gostado mais. Entendeu? Ele não era explorador. Também nem gostava muito de transar. Gostava mais de conversar, de ter uma companhia.
Gostava mais de conversar?
Sim. As pessoas não entendem ou entendem e se fazem de bobas. Eu, que tenho 22 anos, já sei que o casamento é uma coisa enjoativa. Às vezes um homem quer conversar alguma coisa, mas não quer conversar sobre aquilo com a mulher dele, mas com alguém que não vai ficar perturbando, julgando etc. Mulher gosta de dar opinião, de se meter. Ele trabalhava num negócio dos pecuaristas, não é?
Sim. Ele era vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura e ainda é presidente da Federação de Agricultura do Acre.
Isso mesmo. Ele sempre viajava, quando voltava a gente saía e ele ficavam conversando sobre o trabalho dele. Lembro que ele falava muito sobre o novo Código Florestal Brasileiro, sobre ocupação da Amazônia, terras, meio ambiente. Ele falava dessa coisas, mas não que eu estivesse ali para emitir alguma opinião. Não. Ele queria apenas a minha companhia para desabafar, para ser ouvido por alguém que não era do cotidiano dele.
Você falou demais de um casamento alheio, mas agora é hora de falar do seu noivado.
Estou noiva, sim.
Mas o seu noivo sabe que você é garota de programa?
Não sabe e nem vai saber, se Deus quiser. Quem fala mais, acredite, é (risos) a minha vizinha. A minha vizinha fala para ele que entro num monte de carros diferentes. Aí digo que é mentira e explico que são amigas que pedem ou me dão carona. Não quero magoar ele. Pretendo ter minha família.
No começo da conversa você disse que pretende continuar fazendo programa mesmo depois de concluir a faculdade de enfermagem. Agora fala que pretende constituir família. Vai ou não continuar?
Vou "mermo". Conheço um monte de mulheres casadas que também fazem programas em Rio Branco. Existem mulheres casadas com homens que saem com meninas do babado, mas elas também fazem programa e eles não sabem. Entendeu? Tem como conciliar as coisas. Mas eu devo uma explicação: pretendo me estabilizar financeiramente, pois todo mundo conclui faculdade e fica desempregado. Terei concluído o curso de enfermagem, mas serei mais uma desempregada no Brasil. Nos índices, vou constar como mais uma desempregada. No dia que eu me estabilizar, quero ter filhos, casamento estável. Quando chegar a esse ponto, claro, não vou mais fazer programa. Vou me dedicar à minha família e ao meu trabalho. Enquanto eu não alcançar estabilidade financeira e necessitar de dinheiro, vou continuar fazendo programa.
Você já chegou a fazer quantos programas por dia?
Já fiz até sete programas durante o dia. Eu não trabalho à noite, que ao meu noivo. Cheguei a fazer sete programas por dia quando comprei o carro e precisava pagar as mensalidades dele e da faculdade.
Como foi esse período?
Horííííível. (risos) Deus me livre, ó. Foi triste. No final do dia eu estava morta de cansada. Teve um dia que eu estava no motel transando com um cliente. Quando terminamos, fui tomar banho e o telefone tocou. Era outro cliente querendo sair comigo. Eu falei: "Vem pro motel tal, que estou chegando aqui". O cara nem percebeu nada. Eu só troquei de carro (risos). Verdade.
Ia pra faculdade, chegava em casa e ia transar com o namorado?
Que nada. Eu não aguentava mais. Eu preferi terminar com o meu namorado. Passamos três meses sem nem nos ver. Eu não dava conta de ficar com ele. A minha jornada de trabalho para pagar as prestações do carro e da faculdade era muito pesada. Não quero mais aquilo. Eu não tinha tempo. Eu estudava à tarde, começava a fazer programa às 8 horas da manhã. Dava um jeito de agendar dois ou três programas pela manhã. À tarde, as vezes eu gazetava aula pra fazer mais programas, às vezes até saía na hora do intervalo, passava uma ou duas horas ausente, e voltava pra sala com a maior descaramento. De noite, quando eu saída da aula, sempre já havia alguém me esperando no estacionamento da faculdade. Às vezes eu já estava em casa, cansada, cochilando, mas quando me ligavam, por volta das 23 horas, me arrumava, escovava os dentes e saía de novo. Viu como não dá para ter um namorado desse jeito? Então terminei com ele, depois voltamos e hoje estamos noivos. Uma pessoa que quer viver de fazer programa não pode ter sua vida.
Do alto dos seus 22 anos, que conselho dá a alguma jovem que pensa ou já pensou em se tornar garota de programa?
Estudar de verdade para não se atrasar. Terminar o ensino médio com 16 ou 17 anos, quando a gente ainda é novinha, ingressar na faculdade, estudar pra valer, arranjar um namoradinho, ficar noiva, casar, ter filho e jamais fazer programa. Uma coisa eu digo: programa vicia. Eu comecei dizendo que ia fazer só para pagar minhas contas. Entendeu? Não dá porque sempre aparecem mais contas. Um dia você acorda e pensa: "Ah! Queria dinheiro para tal coisa". E não tem o dinheiro e diz: "Vou fazer programa". Então isso já faz parte de minha vida. Outra coisa: conversar com os pais ajuda muito. Boa parte das meninas que conheço fazem programas por culpa dos pais delas, por falta de diálogo, de entendimento. Uma garota diz que quer dinheiro e os pais pedem que parem de perturbá-los, coisas assim. Não procuram ouvir, saber para que a filha quer o dinheiro, simplesmente negam de maneira autoritária. Os pais não conhecem os filhos, não sabem do que eles são capazes. O meu conselho é que as garotas não aceitem fazer programa, não aceitem presentes de homens, pois isso é um jeito também de se prostituir.
Isso explica o fato de a gente ver tantas mulheres de origem humilde desfilando com roupas e sapatos de marcas nas festas da cidade?
Você tocou num assunto que conversei com um cara com quem saí recentemente. Ele é empresário e recebeu para entrevista uma jovem que pretendia um emprego. O currículo dela era tão pobre que só constava que tinha o ensino médio completo. Ele disse que ela tinha 25 anos, mas estava toda na Romanel, cheirando a perfume importado. Ele perguntou se ela morava com os pais e ela respondeu que morava sozinha. Então ele desconfiou, não por preconceito, que aquela era uma garota de programa. Ele não contratou porque entendeu que ela não teria responsabilidade, que seria capaz de sair para fazer programa em horário de expediente porque, sinceramente, ganharia muito mais fazendo programa. Em um dia dá para tirar um salário mínimo.
Quanto você ganha por mês?
Quanto é que dá R$ 150 vezes 25? Eu não faço programa nos finais de semana. Prefiro ficar com o meu noivo.
Dá R$ 3.750. É o que você fatura por mês?
Estou jogando por baixo. Esse valor é caso eu saia apenas uma vez por dia. Mas tem um problema: não vejo esse dinheiro (risos).
Como assim?
Eu só consigo juntar mesmo para pagar a faculdade e a prestação do carro. Eu saio e já gasto, o dinheiro vai indo embora. Sempre tem alguma coisa para gastar: R$ 50 de gasolina, arrumar cabelo, fazer unha etc. Ainda tem gente que acha que entra fácil (risos), mas vai embora mais rápido.
Então você tem de correr, estudar, conquistar um emprego e constituir família porque não vai permanecer bonita e atraente fisicamente para sempre.
Isso mesmo. É o que sempre digo para minha amigas: gente, quando estivermos com 30 anos, nenhum homem mais vai querer sair com a gente. Estaremos coroas, velhas, barangas, com o sexo engelhado (risos). Mas não é?
Grato pela a entrevista. Quer acrescentar algo?
Não. É só isso mesmo. Quando fui na delegacia, o delegado queria que eu falasse que fui estuprada, que me amarraram, coisas assim (risos). Leio o seu blog. Gosto do que você faz como jornalista. Só espero que cumpra o combinado: não revelar meu nome e proteger a minha imagem. Agora vamos esperar a repercussão da bagaceira dessa nossa conversa.
domingo, 13 de janeiro de 2013
NEGO BAU E SUA ORIGEM NOBRE
Renan Almeida de Souza, mais conhecido como Nego Bau, 34, caminhava no final da tarde deste domingo (13) no calçadão da Gameleira.
Figura popular das ruas de Rio Branco, sempre simpático e sorridente, pediu dinheiro para ir ao pagode próximo e concedeu entrevista exclusiva ao blog.
Tudo bem, Nego Bau?
Tudo em paz.
Qual o seu nome completo?
Renan Copenhague Viana.
Qual a origem do Copenhague?
Vem da Dinamarca.
E o Viana?
O Jorge Viana [aponta para o Pavilhão Acreano] é o meu pai.
ONZE GOVERNADORES NA MIRA DO TSE
Tião Viana é o único do PT
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prepara-se para julgar neste ano os pedidos de cassação de mandato de governadores. Dos 27 eleitos, a Corte eleitoral recebeu ações para cassar o mandato de 12 deles – quase a metade dos diplomados em 2010. Nas ações contra os governadores do Amazonas, Omar Aziz (PSD), do Acre, Tião Viana (PT), e de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), a vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau proferiu duros pareceres, pedindo a cassação dos mandatos.
Concluída a maior parte dos processos relativos às eleições municipais, o TSE agora volta os olhos para os governadores. Foi assim em relação ao pleito anterior. Quando os governadores eleitos em 2006 completavam a metade dos mandatos, o tribunal deflagrou os processos de cassação daqueles que haviam cometido crimes eleitorais, como compra de votos e abuso de poder.
Na ação movida pelo Ministério Público contra o governador do Acre, Tião Viana, o vice-governador Carlos Cesar Messias, e o senador Jorge Viana (PT), a vice-procuradora eleitoral pede a cassação de todos, pelo uso indevido dos meios de comunicação social, por abuso de poder político e econômico. No parecer, ela destaca a “gravidade das condutas, com potencial lesivo ao pleito eleitoral”. O relator do caso é o ministro Marco Aurélio Mello.
Em novembro de 2008, o TSE cassou o então governador da Paraíba e hoje senador, Cássio Cunha Lima (PSDB). Já em março de 2009, decretou a perda de mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT). Três meses depois, foi a vez do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB).
Clique aqui e leia mais no blog de João Bosco Rabello, do Estadão.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prepara-se para julgar neste ano os pedidos de cassação de mandato de governadores. Dos 27 eleitos, a Corte eleitoral recebeu ações para cassar o mandato de 12 deles – quase a metade dos diplomados em 2010. Nas ações contra os governadores do Amazonas, Omar Aziz (PSD), do Acre, Tião Viana (PT), e de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), a vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau proferiu duros pareceres, pedindo a cassação dos mandatos.
Concluída a maior parte dos processos relativos às eleições municipais, o TSE agora volta os olhos para os governadores. Foi assim em relação ao pleito anterior. Quando os governadores eleitos em 2006 completavam a metade dos mandatos, o tribunal deflagrou os processos de cassação daqueles que haviam cometido crimes eleitorais, como compra de votos e abuso de poder.
Na ação movida pelo Ministério Público contra o governador do Acre, Tião Viana, o vice-governador Carlos Cesar Messias, e o senador Jorge Viana (PT), a vice-procuradora eleitoral pede a cassação de todos, pelo uso indevido dos meios de comunicação social, por abuso de poder político e econômico. No parecer, ela destaca a “gravidade das condutas, com potencial lesivo ao pleito eleitoral”. O relator do caso é o ministro Marco Aurélio Mello.
Em novembro de 2008, o TSE cassou o então governador da Paraíba e hoje senador, Cássio Cunha Lima (PSDB). Já em março de 2009, decretou a perda de mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT). Três meses depois, foi a vez do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB).
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LAMA COBRE CALÇADA NA GETÚLIO VARGAS
A construção de um supermercado no cruzamento da Av. Getúlio Vargas com a Rua João XXII, numa área que pertencia ao Atlético Clube Juventus, continua a transtornar a vida de quem vive em Rio Branco.
A obra pertence ao empresário Roberto Moura, dono do Grupo Recol, da TV Gazeta e do site A Gazet.Net, considerado um dos homens mais ricos e influentes da aldeia.
Desde outubro do ano passado, quando começou a chover, a lama gerada pela obra cobre quase 100 metros da calçada da avenida, num dos pontos mais movimentados do trânsito da cidade nos dias úteis da semana.
Ninguém fiscaliza e causa espanto que prefeitura, Ministério Público, Justiça e o empresário façam cara de paisagem para o problema.
O transeunte se vê obrigado a praticar esgrima sobre o asfalto, sempre correndo o risco de ser atropelado.
Com a palavra o prefeito Marcus Viana (PT). Estamos com a prefeitura no dia a dia.
Atualização às 11h57 - Explicação de Cesar Felício, gestor de negócios do Atlético Clube Juventus:
"Caro amigo Altino Machado,
o Atlético Clube Juventus nunca vendeu aquela área de terra para o senhor Roberto Moura. A obra é um supermercado que o próprio clube esta construindo de acordo com as necessidades do locador, o senhor Roberto Moura.
Segundo: A obra não esta embargada pelo Ministério Público.
Terceiro: É o próprio clube que esta construindo a obra com recursos da venda de um terreno que tinha na Via Verde, sendo que o clube está esperando as estruturas metálicas para conclusão da obra.
Quarto: O clube já foi notificado pela prefeitura e pela Secretaria de Obras sobre o problema do passeio público que será solucionado esta semana, inclusive com o isolamento de toda área da obra.
Aproveitando aqui para informar aos sócios e admiradores do Atlético Clube Juventus que o clube não vendeu nem um metro quadrado da sua sede na Getúlio Vargas.
Abraços"
sábado, 12 de janeiro de 2013
FOGO NO MORRO DO MARROSA
Acionados no final da tarde deste sábado (12) para atender chamado de morador do Morro do Marrosa, em Rio Branco, homens da Polícia Militar estacionaram a caminhonete numa rua do bairro.
Afastaram-se para atender a ocorrência, mas tiveram que interrompê-la porque o fogo tomou conta do carro. A PM suspeita que o incêndio foi criminoso. Dano ao patrimônio público.
O Morro do Marrosa é um tradicional ponto de venda de drogas da cidade, situado na lateral e fundos da sede da Secretaria de Educação do Estado do Acre.
José Afonso Cândido da Silva, o Marrosa, que comandava o tráfico no "morro", morreu durante uma operação da polícia, em dezembro de 1988. Era um dos bandidos mais temidos. Virou mito no "morro".
Afastaram-se para atender a ocorrência, mas tiveram que interrompê-la porque o fogo tomou conta do carro. A PM suspeita que o incêndio foi criminoso. Dano ao patrimônio público.
O Morro do Marrosa é um tradicional ponto de venda de drogas da cidade, situado na lateral e fundos da sede da Secretaria de Educação do Estado do Acre.
José Afonso Cândido da Silva, o Marrosa, que comandava o tráfico no "morro", morreu durante uma operação da polícia, em dezembro de 1988. Era um dos bandidos mais temidos. Virou mito no "morro".
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