sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

BRINQUEDINHO


A insegurança pública é crescente em Rio Branco. Mui conhecido homem público do Acre, que tem cara de pacifista e costuma fazer aparições em defesa do desarmamento, pagou R$ 4,2 mil por uma pistola Glock. Já obteve porte de arma e agora curte a ansiedade de receber o brinquedo - armamento padrão do exército austríaco. A pistola também é usada pelo FBI, GIGN, US Navy Seals e Polícia Federal.

"PEÇO PERDÃO AOS DOIS"


Carlos Augusto Coelho de Farias, o homem sorridente que exibe os dois abacaxis na foto, era do PMN e foi eleito segundo suplente na chapa vencedora para o Senado Federal pelo Acre em 2006.

Em 2011, deu entrada no Supremo Tribunal Federal (veja) com um mandado de segurança em que pedia para ocupar cadeira quando Tião Viana deixou o Senado para governar o Acre.

Alegava que o primeiro suplente, Aníbal Diniz, não poderia ficar com o mandato, pois, à época da eleição, teria se valido de uma fraude para demonstrar desincompatibilização do cargo de secretário de Comunicação do governo do Acre.

Nesta sexta-feira (8), agora como filiado ao Partido Ecológico Nacional e aliado do governo estadual, durante reunião aberta do PT, no plenário da Assembléia, Coelho pediu a palavra e implorou perdão várias vezes pelo que fez.

- Quero pedir perdão aos senadores Jorge Viana e Aníbal Diniz pelo que fiz. Peço perdão aos dois. Naquele momento, meu partido e eu não fomos capazes de enxergar o bem que ambos faziam, fazem e ainda vão fazer pelo Acre. Estou aqui para pedir o perdão de vocês. Me perdoem mesmo.


Como diz o samba de Ataulfo Alves, "perdão foi feito pra gente pedir". O blog não conseguiu apurar até o momento se Carlos Coelho obteve o perdão dos senadores.

Durante a reunião, realizada para comemorar a passagem da vice-presidência do Senado, de Anibal Diniz para Jorge Viana, o ex-governador citou o blogueiro.

Para ressaltar o que considera "desapego" pelo poder, Viana mencionou nota deste blog, de novembro de 2006.

Num lapso de memória, durante discurso de 43 minutos, atribuiu ao blogueiro (veja) o que na verdade foi dito por Antonio Alves, que era secretário estadual.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

USO DA FORÇA PELOS AGENTES DE SEGURANÇA

POR ROBERTO FERES

No apagar das luzes do governo Lula, em dezembro de 2010, os ministros da Justiça e dos Direitos Humanos lançaram a portaria nº 4.226, que foi muito criticada no meio policial e, parece, nasceu morta porque ninguém mais fala dela.

Na minha opinião, o documento é mesmo desnecessário, pois trata do que devia ser óbvio e corriqueiro aos órgãos policiais, além de conter uns poucos absurdos elencados nos itens de 16 a 18, visto que o porte de arma de fogo é uma prerrogativa do policial e não uma habilitação.

O policial, sim, deve ser punido pelo uso indevido da arma (e da força), na forma determinada pelo procedimento disciplinar que apurou o fato.

Todo o treinamento prévio ao ingresso na carreira habilita o policial a ter sua prerrogativa de portar arma.

A constatação, a qualquer momento, seja durante um treinamento ou uma ação, de que ele não tenha a necessária habilidade (e não habilitação), deve ser motivo de apuração e consequente sanção.

Afora essas ressalvas, a portaria, que não é mais que uma bela carta de intenções, diz o que qualquer agente da segurança pública já deveria saber de berço:

Não existe tiro de advertência; não se atira pelas costas; não se atira em quem fura bloqueio; quem, pelas atividades que exerce, está sujeito a situações de uso da força, deve portar também armas de menor efeito letal; treinar faz parte do trabalho do policial; dar as condições para o treinamento faz parte das atividades dos órgãos de segurança; feriu alguém tem que prestar socorro; tudo que acontece tem que ser registrado...

Todas essas e outras obviedades deveriam fazer parte da rotina dos órgãos e agentes policiais em nosso país.

Roberto Feres é engenheiro e perito da Polícia Federal

ASSIM É A POLÍCIA DO ACRE

O que o blog ouviu de um policial militar sobre o caso do delegado do Bujari (AC), Marco Antonio Toledo, que morreu acidentalmente na quarta-feira (6) por tiro de um policial civil:

- Lamentável o ocorrido com o delegado. A Polícia Civil raramente disponibiliza treinamento de tiro. Conheço um colega, policial civil antigo, que deu tiros quando uns amigos da Polícia Federal doaram munição para o revólver calibre 38 dele - uma espécie de esmola. Para a sociedade, os policiais são super treinados. Um segurança da empresa Norsegel é melhor treinado que qualquer membro da segurança pública do Acre, pois faz reciclagem anualmente e dá 80 tiros em cada reciclagem. Na PM, quando vamos ao stand de tiro, uma vez a cada dois ou três anos, nos dão migalhas: três tiros de fuzil, 10 de revólver e 10 de pistola. Quem é bom de tiro na polícia do Acre, é porque treina com seus recursos próprios. Com o salário que ganhamos, pagar R$ 5 por uma munição é tirar comida da boca dos filhos para poder treinar. Mas, na hora da ocorrência, nos cobram a aptidão de acertar no alvo exato, afinal somos "peritos" no assunto.


O blogueiro agradeceu ao policial pelas informações. Ele acrescentou:

- O seu blog é a voz que não tenho frente à sociedade. Tenho que retribuir.

Às vezes não sinto vergonha de ser repórter no Acre.

VEREADOR FERNANDO MARTINS

Do chargista Dim, de A Gazeta, sobre a Operação Delivery no PCdoB

GAROTAS DA CAIXA

Foto "histórica" do repórter Luciano Tavares, do AC 24 Horas, ao noticiar (leia) a passagem do "Caminhão da Sorte" por Rio Branco.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

POLÍCIA CIVIL REPUDIA "SENHOR DELIVERY"

Nota de repúdio enviada ao blog pela assessoria do secretário estadual de Polícia Civil do Acre, Emylson Farias

"A Polícia Civil do Estado do Acre vem a público repudiar, com veemência, as expressões ofensivas, proferidas pela pessoa identificada no Blog do Altino como “Senhor Delivery” (leia), contra o Delegado de Polícia Civil que conduziu as investigações da Operação Delivery.

O Delegado de Polícia que presidiu as investigações e todos os demais policiais civis envolvidos nesse trabalho são pessoas competentes, responsáveis e comprometidas com a verdade real dos casos que investigam.

A instituição Polícia Civil, através de seus integrantes, trabalha de forma responsável, ética, impessoal, eficiente e comprometida no desempenho de sua missão constitucional, sempre pautada pelos princípios norteadores da Administração Pública.

A Polícia Civil tem demonstrado isso com as inúmeras operações que desencadeou, a exemplo da Operação Diáspora, que extirpou a pretensão de um grupo de indivíduos que intentavam instalar, em nosso Estado, a organização criminosa denominada “PCC”.

A Constituição Federal assegura a manifestação do pensamento, mas veda o anonimato, razão pela qual a pessoa denominada “Senhor Delivery” deverá responder criminal e civilmente, na forma da legislação, pelas expressões aviltantes e contrárias à moral e aos bons costumes que proferiu contra o profissional, pois, agindo assim, ofendeu não apenas o servidor público, mas o próprio Estado e a sociedade acreana. 


Emylson Farias
Secretário de Polícia Civil
"

DESABAFO E APELO DO "SENHOR DELIVERY"

Ele é um dos denunciados pelo Ministério Público do Acre por envolvimento com uma rede de prostituição de mulheres adultas e menores, identificada pela Operação Delivery.

Empresário, dono de empresas de comunicação, amigo e aliado político do governador do Acre, Tião Viana (PT), foi interrogado na manhã desta quarta-feira (6) pelo juiz Romário Divino, titular 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco.

O blog publicou na terça uma lista de agenciadores e clientes da rede de prostituição, mas não incluiu o nome do empresário por não ter obtido confirmação de que constava como denunciado.

O empresário telefonou após o depoimento e pediu para ser recebido em minha casa, onde chegou às 10h50.


O "Senhor Delivery" se declarou injustiçado, criticou a Polícia Civil e o Ministério Público e pediu para que o nome dele não seja revelado, mas aceitou que o teor de nossa conversa fosse publicado.

Leia a transcrição do áudio da conversa:


ALTINO MACHADO - Bom dia, pode entrar.

"SENHOR DELIVERY" - Você sabe que o delegadozinho, meganha, filho da puta, safado, que conduziu a Operação Delivery, botou o meu nome no meio dessa merda. Até hoje, ninguém divulgou o meu nome até mesmo pela forma cretina que esse filho da puta fez. Depus hoje e disse ao juiz que a Operação Delivery -você sabe, delivery é entrega-, em vez de Operation Delivery, deveria ser chamada de Operação Entrega. Pensavam em entregar para a sociedade o nome de algum pedófilo e não encontraram nenhum. A menina mais nova dessa putaria todinha tem 17 anos. Se o delegado tivesse o mínimo de competência, ele teria feito ao menos o gesto que fiz. Enquanto o delegado procurava algum pedófilo e não encontrou nenhum, fui na Maternidade Bárbara Heliodora. Tenho a estatística hospitalar de 2012, por faixa etária. Está aqui. O documento é assinado por uma gerente da Secretaria de Saúde. Veja: na faixa etária de 10 a 14 anos, foram realizados 47 partos normais, 36 partos cesarianos e 18 curetagens. Na faixa etária de 15 a 19 anos, também há registro de partos normais (666), partos cesarianos (360) e curetagens (235). Portanto, se o delegado tivesse começado a investigação na maternidade, teria pegado um bocado de pedófilo.

Mas o que você quer de mim?

Você sabe que contra mim não acontecerá nada porque a denúncia é tão sem-vergonha e tão cachorra, como eu disse ao delegado, que não tenho nem como me defender. De qualquer maneira, você sabe, o cara que é casado há 40 anos com a mesma mulher, a divulgação do nome numa merda dessa causa um grande incômodo.

O que tem nesse papel?

É a minha denúncia. Pegue e leia.

Leio: "B.2.8) Senhor Delivery (artigo 218-B,§ 2°, inciso I, do Código Penal): "Aproximadamente no mês de julho de 2012, no estabelecimento comercial denominado "Motel C Q Sabe", situado na Via Chico Mendes, Segundo Distrito, nesta cidade, em data e horário não precisados nos autos, o denunciado "Senhor Delivery", com consciência da condição de menoridade da vítima, praticou conjunção carnal com a adolescente vítima "Nome da menor", com 17 (dezessete) anos, que se encontrava em situação de prostituicão ou exploração sexual". Apurou-se que no final do ano de 2011, o denunciado "Senhor Delivery" conheceu a menor "Nome da menor", por intermédio da denunciada Greice, que também a agenciava, momento a partir do qual passou a ligar insistentemente para a adolescente com o objetivo de marcar um programa sexual. Relatam os autos que em em julho de 2012, o denunciado efetivamente conseguiu marcar um encontro com "Nome da Menor" e a maior de idade "Nome da Maior". Nesta data, segundo se extrai do inquérito policial, "Nome da Maior", encontrou com "Nome da Menor" no Posto Amapá, de onde o denunciado as levou para o Motel C Q Sabe, local em que o denunciado praticou conjunção carnal com a menor "Nome da Menor" e com "Nome da Maior", tendo pagado a quantia de R$ 500,000 (quinhentos) reais para cada uma. Posteriormente, o denunciado teve outros encontros sexuais com "Nome da Menor" e "Nome da Maior", em datas e locais não especificados nos autos.

Agora me dê o papel. Veja aqui: B.2.7) Carlos Fernando Gomes Martins (artigo 218-B,§ 2°, inciso I, do Código Penal).

Quem é ele?

É o vereador do PCdoB. Diz a denúncia: "No dia 28 de agosto de 2012, após as 17h, na residência do denunciado, nesta cidade e comarca, Carlos Fernando Gomes Martins, conhecido por "Fernando Martins", com plena consciência da menoridade da vítima, praticou conjunção carnal com a adolescente vítima "Nome da Menor", com 17 (dezessete) anos, que se encontra em situação de prostituição ou exploração sexual". Era a mesma dona. Na minha denúncia está mencionado "aproximadamente no mês de julho de 2012". Por que ele não detalha? O Posto Amapá é vizinho do motel, você sabe. Portanto, eu poderia dizer que foi ela quem me levou para o motel, não é?

Você acha que é vago o que consta contra você. É isso?

Sim. Bem, mas explico o motivo de estar aqui: não use o meu nome por conta dessa denúncia.

Tudo bem. Você lembra o que aconteceu no ano passado, quando o governador do Acre, Tião Viana, usou o Twitter para insinuar, sem citar nome, que havia pedóflio camuflado de blogueiro, no Acre? Lembra?
 

Sim, lembro.

Que bom. O seu jornal, a sua emissora de TV e todos os demais veículos de comunicação, todos subservientes e na ânsia de bajular o governador, usaram como manchete o que Tião Viana escreveu. Embora eu não seja o único blogueiro do Acre, dizem que sou o mais famoso do Estado e o meu nome fez parte da leviandade do fuxico. Lembra?

Lembro.

Que bom. Naquele momento vocês, donos dos veículos que servem ao governador, não se preocuparam com a honra de ninguém. Trataram de replicar genericamente e jamais cobraram dele a prisão do suposto pedófilo.

Mas o seu nome não foi citado nem divulgado.

Não divulgaram porque tenho a honra de jamais ter respondido a uma processo dessa natureza. Aliás, fique bem claro, não respondo a processo nenhum. Faço o meu trabalho de modo a não ter que publicar desmentido nem responder a processo judicial. Além disso, meu nome não consta como proxeneta ou cliente de rede de prostituição que envolve mulheres adultas e adolescentes.

Se isso aconteceu, eu estava desavisado. Não tem governo, autoridade nenhuma, que diga para que eu use meus veículos de comunicação para meter o cacete em qualquer pessoa. O que quero dizer a você é o seguinte: se o juiz não me absolver liminarmente, aí você pode dizer que estive em sua casa pedindo para não divulgar o meu nome.

Não sou expert em direito, mas posso supor que nem todos os denunciados serão condenados. Mas temos que encontrar uma maneira de divulgar isso. Seus familiares e amigos sabem que você foi denunciado, um site chegou até a publicar isso na noite de terça, mas já retirou o seu nome. O que podemos fazer?

Você vai usar o meu nome?

Posso não usar.

Tudo bem. Você pode fazer da maneira que quiser, mas sem usar o meu nome. Se usar o meu nome, não vou poder mais confiar como confiava em você. A denúncia é tão cretina. A dona, em depoimento, disse que foi apresentada a mim por Greice, que nunca vi. Como é que o delegado pega um depoimento de alguém dizendo que todo dia eu ligava para essa menina e não pediu nem o número do meu telefone? Portanto, o motivo de estar é para pedir que não cite o meu nome em seu blog. O comentário que você quiser fazer, pode fazer, mas sem citar meu nome.

Vou atender o seu pedido, embora, no Acre, quem ler ficará sabendo que se trata de você.

Não tem problema algum. Não tem problema algum. O que quero é expor a fragilidade da Operação Delivery. Eu me casei no dia que minha mulher completou 16 anos e eu tinha 27. Agora tenho que ir embora. Volto outro dia.

Quando quiser. Reputo você como o melhor redator de suas empresas de comunicação. Apesar de nossas diferenças, sempre fomos capazes de dialogar com franqueza. Além disso, reconheço, você não é pessoa de guardar mágoa de ninguém. E eu escrevi isso publicamente várias vezes.

Outro dia apareço aqui para que possamos conversar com mais tempo.

"SENHOR DELIVERY"

Um empreiteiro, dono de empresas de comunicação no Acre, foi interrogado na manhã desta quarta-feira (6) pelo juiz Romário Divino, titular 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco.

Ele é um dos denunciados pelo Ministério Público do Acre por envolvimento com uma rede de prostituição de mulheres adultas e menores, identificada pela Operação Delivery.

O blog publicou na terça uma lista de agenciadores e clientes da rede de prostituição, mas não incluiu o nome do empresário por não ter obtido confirmação de que constava como denunciado.

Após o depoimento, o empresário telefonou e pediu para ser recebido em minha casa. Ele chegou às 10h50, se declarou injustiçado, criticou a Polícia Civil e o Ministério Público e pediu para que o nome dele não seja revelado, mas autorizou que o teor de nossa conversa seja publicado.

Contou que apresentou ao juiz Romário Divino a estatística hospitalar de 2012, por faixa etária, da Maternidade Bárbara Heliodora, de Rio Branco.

Assinado por uma gerente da Secretaria de Saúde, o documento é revelador: na faixa etária de 10 a 14 anos, foram realizados 47 partos normais, 36 partos cesarianos e 18 curetagens. Na faixa etária de 15 a 19 anos, também há registro de partos normais (
666), partos cesarianos (360) e curetagens (235).

- Portanto, se querem identificar os pedófilos de Rio Branco, as autoridades devem investigar a partir do que acontece na maternidade - sugere o empresário.

Daqui a pouco, publicarei o conteúdo da conversa com o "Senhor Delivery", tão reveladora quanto a conversa com a "Garota Delivery".

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

JUIZ INTERROGA ACUSADOS DA DELIVERY

Veja lista de agenciadores e clientes acusados pelo Ministério Público do Acre de atuar em rede de prostituição. A lista não inclui nome de quem tem "foro de prerrogativa de função".

O juiz Romário Divino, titular 2ª Vara da Infância e Juventude de Rio Branco (AC), deu início nesta terça-feira (5) aos interrogatórios de 22 acusados pela Polícia Civil e Ministério Público do Estado (MPE) do Acre de envolvimento com uma rede de prostituição de mulheres adultas e menores, identificada pela Operação Delivery.

Além de contar com sete aliciadores identificados e denunciados, a rede de prostituição tinha como integrantes, na condição de “garotas de programas”, pelo menos 25 adolescentes menores de 18 anos e 104 mulheres maiores de idade. Segundo o MPE, não se descarta que este número possa ser ainda maior do que efetivamente foi apurado durante as investigações policiais.

Leia mais:

"Garota Delivery" revela detalhes do submundo da prostituição no Acre

A 2ª Vara da Infância e Juventude cuida dos crimes cometidos por maiores contra menores de idade, dentre os quais os crimes sexuais. As audiências de instrução da ação penal decorrente da Operação Delivery são fechadas porque o processo tramita sob segredo de Justiça.

Dos 22 acusados, sete encontram-se presos. Entre os que serão interrogados, os pecuaristas Adálio Cordeiro, 80, e Assuero Veronez, 65, que ocupava o cargo de vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) até ser preso acusado como um dos principais clientes da rede de prostituição.

Os dois pecuaristas chegaram a ser presos e foram declarados foragidos da Justiça. Cordeiro foi recapturado pela Polícia Federal em Vilhena (RO). Por ter comprovado problemas de saúde, está em regime de prisão domiciliar. Veronez, que continua como presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, se apresentou ao juiz após ser beneficiado por um habeas corpus para responder em liberdade.

O Ministério Público do Acre pediu à Polícia Civil, em junho de 2012, a abertura de inquérito, tendo sido descoberta "uma grande rede de exploração sexual", a partir de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça.

A Operação Delivery começou a ficar visível para a sociedade a partir de outubro de 2012, quando sete pessoas foram presas acusadas de agenciar prostituição e exploração sexual envolvendo mulheres a partir de 14 anos.

De acordo com a polícia, a prisão dos agenciadores possibilitou que diversas mulheres, maiores e menores de idade, exploradas sexualmente, se sentissem à vontade nos depoimentos durante a investigação. A polícia assinala que havia uma rede, não organizada, de exploração sexual de mulheres maiores e menores, da qual constavam três grupos – dos agenciadores, das mulheres e dos clientes.

O MPE formalizou denúncia, assinada pelos promotores de Justiça Mariano Jeorge de Sousa Melo, Danilo Lovisaro do Nascimento e Marcela Cristina Ozório, além de membros do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado, que requisitaram a investigação inicial e acompanharam todas as fases do trabalho policial.

Os agenciadores costumavam levar em seu próprio veículo a garota de programa até o local indicado pelo cliente para a realização do encontro sexual e, ao final, se encarregavam de buscá-la.

Eles exerciam atividade típica de “coleta e entrega” ou “leva-e-traz”, bem como de orientação na forma de agir com os clientes, na maneira de se vestir e até mesmo a cobrar por serviços extras, garantindo eficiência e discrição na prestação dos serviços sexuais por eles oferecidos.

Os agenciadores cobravam para intermediar os encontros sexuais valores que variavam de R$ 50  a R$ 200 a título de comissão e pelo programa a ser realizado. "Dependendo da qualidade da garota oferecida", de R$ 40 a R$ 2 mil, dentre outras vantagens de cunho econômico, de acordo com o MPE.

A rede de prostituição teve atuação de forma estável e perene, sendo que alguns agenciados atuavam há pelo menos 10 anos.

O MPE informou que foram identificados pelo menos 105 usuários da rede de prostituição, mas assinala que "resta evidenciado que este número deve ser muito superior, já que a investigação, por razões óbvias, representa um recorte temporal dos fatos".

A peça acusatória do MPE apresenta 70 laudas e os fatos estão descritos de forma circunstanciada, bem como individualizada a conduta de cada pessoa. Em relação às pessoas citadas, que possuem foro de prerrogativa de função, o MPE anunciou que deu o devido encaminhamento para a apuração dos fatos noticiados junto aos órgãos com atribuição para a investigação.
 

Lista de acusados

Agenciadores: Jardel Lima Nogueira, Francinei de Oliveira Contreira, Greice Maria Vasconcelos de Almeida, Adriano Macedo Nascimento Filho, Maria José Souza da Silva, Romara Costa Mota e Thiago Celso Andrade Reges.

Clientes: Adálio Cordeiro Araújo (fazendeiro), Asssuero Doca Veronez (fazendeiro), Ari Palu (empresário), Cassio Pereira Gonçalves (conhecido como Cassio da Cia de Selva), Cassius Afonso Regio Nogueira (cinegrafista de TV), Charlom Pereira da Silva, Fernando Martins (vereador), George Cruijff Sales da Costa (oficial de justiça), Jamil Kassem Mastub (empresário), Lázaro Santos Pessin (empresário), Manoel Machado da Rocha Filho (funcionário da Assembleia), Marcello Moniz Mesquita (empresário), Paulo Henrique Delfino Nascimento (apresentador do Globo Esportes, na TV Acre) e Ramadan Kalil(arquiteto).

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

PM MATOU ZEQUINHA

POR IRINEIDA NOBRE
 

Altino,

Escrevo para lembrar de uma tragédia revoltante ocorrida no lugar onde moro. Caso julgue pertinente, penso que pode ajudar a fazer alguma justiça.

O caso ocorreu na noite de sexta (1), bem em frente ao trecho do Calçadão da Gameleira, que foi inaugurado na manhã do sábado (2), no centro histórico de Rio Branco.

Um de meus vizinhos, José Lima Carneiro, 33, o "Zequinha", uma pessoa com problemas psiquiátricos, fazendo uso de medicação controlada, estava bebendo e quebrando pratos, travessas, copos, dentro de seu próprio apartamento.

Como de vez em quando cacos atravessavam a porta da frente, preocupados, alguns vizinhos telefonaram para a proprietária dos apartamentos que, por sua vez, chamou a polícia.

O "Zequinha" tentou se refugiar no quarto quando a Polícia Militar chegou, mas tomou dois dos quatro tiros que ouvi sendo disparados.

Os policiais chamaram o Samu e nos disseram que haviam contido "Zequinha" com o uso de uma arma imobilizadora.

Na verdade esqueceram de dizer que imobilizaram "Zequinha" para sempre.

Quando soubemos da morte de "Zequinha", ficamos chocados e tristes. Ainda estamos chocados e tristes, pois como vizinhos, vimos praticamente tudo e constatamos que nada do acontecido ali justifica o assassinato.


Fiquei ainda mais indignada quando a esposa do "Zequinha" me contou que, no "boletim de ocorrência", feito pelos policiais, consta que o marido dela foi morto sob a alegação de que estava mantendo a mulher com refém.

Não é verdade. Nem de longe é verdade.


A mulher havia saído de casa por volta do meio dia e não mais voltou naquela noite.

Aliás, voltou apenas no dia seguinte para constatar a tragédia e arrumar os pertences do morto. Tal notícia, conforme registrada no "boletim de ocorrência" pelos policiais militares, já foi divulgada nos jornais.

Eu me prontifiquei a depor contando o que de fato ocorreu, pois vi bastante coisa. Por sua vez, a viúva de "Zequinha" foi até à Defensoria Pública com meus dados e com a esperança de que se faça Justiça.

Pensei em você para nos ajudar nesta que, infelizmente, será uma difícil tarefa.


O "Zequinha" precisava de atendimento médico e foi morto covardemente. Isso não sai das nossas cabeças.

Veja o que pode fazer para ajudar a família e a sociedade acreana, que ganhará muito, caso a verdadeira Justiça seja feita.

Obrigada pela atenção. Fico à disposição para mais esclarecimentos.

Um abraço.

Irineida Nobre é gestora de políticas públicas na Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour


Atualização às 15h15

De um PM do Acre:

- Temos um lema: melhor ser julgado por 7 do que carregado por 4. E, se for pra chorar a mãe de alguém, que seja a do bandido.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

CARONA

Cobra-cipó (Leptophis ahaetulla), não peçonhenta, de hábitos subarborícola e diurno, alimenta-se de pererecas




sábado, 2 de fevereiro de 2013

O DIA FINDA

"Finda a tarde a terra cora e a gente chora porque finda a tarde" 

IMAGINE O QUE QUISER

NOTA DE ESCLARECIMENTO DO IAPEN

"Em alusão ao episódio (leia) ocorrido na tarde da última sexta-feira, 1, a direção do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) esclarece:

O fato teve início durante a manifestação dos encarcerados na Unidade de Recolhimento Provisório, em Rio Branco, por volta das 17 horas.

Acionados para se dirigir até  a área, dois agentes penitenciários foram ao local equipados com armas não letais.

Um desses agentes disparou tiros contra os presos naquela unidade, atingindo, infelizmente, nove deles.

A direção da unidade tomou as medidas necessárias, enviando os detentos atingidos ao Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), para atendimento médico. Em seguida, para o Instituto Médico-Legal, onde foram submetidos a exame de corpo de delito.

Os nove reeducandos tiveram hematomas. Após os exames, foram encaminhados à delegacia de polícia, na Regional do Tucumã, para o registro do devido boletim de ocorrência.

O agente acusado de haver efetuado os disparos foi imediatamente afastado do serviço, até que o caso seja apurado. Processo administrativo disciplinar já foi instaurado nesse sentido.

Por fim, a direção do Iapen repudia e lamenta o ocorrido, reforçando que não pactua com quaisquer atos de violência contra os reeducandos.

Dirceu Augusto Silva
Diretor-presidente do Iapen
"

MORTE DE UM JOVEM

POR GABRIEL SANTOS 


Também morri em Rio Branco, no Acre. Quem não morreu aqui?

A cidade nunca esteve tão perigosa. A displicência dos governantes nunca foi tão clara. E o medo nunca foi tão presente.

Morri porque nem só a morte mata, mas o medo, a violência e a insegurança, também, nos privam da vida.

Morri porque sou jovem e quando saio para me divertir, deixo meus pais aflitos por não saberem se irei voltar.

Morri porque fui assaltado oito vezes nos últimos dois anos.

Morri porque não sei se meu desejo de envelhecer em lugar tranquilo será possível. Nem sei se será possível envelhecer.

Morri porque parte de um amigo meu morreu quando o pai dele foi assassinado em um assalto.

Morri porque a viatura da polícia demorou a chegar.

Morri porque tenho que atravessar a cidade inteira para ir à delegacia mais próxima.

Morri porque, chegando lá, os plantonistas não estavam presentes e tive que faltar ao trabalho no dia seguinte para fazer a queixa.

Morri porque esse pequeno Estado é incapaz de formar um serviço de investigação eficiente.

Morri porque temos um sistema prisional prestes a explodir, que não ressocializa ninguém e nem há vontade política para que isso aconteça.

Morri porque continuamos privando nossas crianças da cultura e da educação de qualidade.

Morri porque estamos perdendo nossos jovens para o tráfico e nada é feito para cessar esse absurdo.

Morri nas mãos da violência, preso na insegurança, sufocado pelo medo.

Morri porque estamos criando assassinos e vítimas, em vez de criarmos seres humanos.

Gabriel Santos é estagiário na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

TIROS NO PRESÍDIO

Um agente penitenciário é suspeito de ter surtado nesta sexta-feira durante expediente no presídio Francisco D'Oliveira Conde, em Rio Branco (AC), quando presos provisórios chamavam atenção batendo nas grades de uma cela.

Um grupo de agentes se deslocou para conferir e um deles descarregou arma não letal contra a cela. Nove presos sofreram ferimentos leves e foram hospitalizados.

Foi aberto procedimento administrativo, a ocorrência registrada em delegacia, os presos foram levados para o Pronto Socorro e depois para o Instituto Médico Legal.

Neste momento (21h55), o agente está passando por avaliação psiquiátrica.


As informações foram confirmadas pela secretária adjunta de Comunicação, Andrea Zílio.

- Não temos nenhum apoio psicológico. Só quando a gente surta mesmo. Algumas agentes são ameaçadas quando revistam e ficam muito abaladas. Existem agentes sofrendo de depressão, mas ninguém liga, não se toca. O povo pensa que ficar ali dentro, falando o tempo todo pro preso, naquele clima infernal, não abala ninguém. Eu mesma, vou trabalhar chorando, prometendo a mim mesma que vou estudar mais para mudar minha vida. Alguns não, até gostam da adrenalina, sabem dosar os momentos - disse uma agente.

E ASSIM SE FEZ JUSTIÇA


Erguida há 100 anos num morro de terra firme, em Cruzeiro do Sul, na margem esquerda, de onde se avista a beleza do gigante Rio Juruá, esta é a mais antiga edificação em pé no Acre.

O prédio foi construído em 1912 para ser a sede da Prefeitura do Departamento do Alto Juruá. Sediou o Tribunal de Apelação do Alto Juruá e, posteriormente, se transformou no Fórum Rego Barros, sede da comarca da cidade até 1979.

Em 2003, foi transformado no primeiro Museu da Justiça Acreana. Naquele ano, após ampla reforma, passou a abrigar o Centro Cultural do Juruá, como é conhecido atualmente.

Trata-se do último sonho realizado pelo desembargador Arquilau de Castro Melo, que está oficialmente aposentado a partir desta sexta-feira.

O projeto de revitalização das instalações e do entorno do Centro Cultural do Juruá é uma ação conjunta do Tribunal de Justiça, governo do Acre e prefeitura de Cruzeiro do Sul, que foi responsável na semana passada pela demolição de um prédio erguido onde, na foto, se vê agora o chão coberto de areia.

- Geralmente as pessoas vêm até o Judiciário porque são intimadas. Mas aqui elas serão convidadas, não precisam se sentir coagidas ou ameaçadas. O Centro se confunde com a dinâmica do município e guarda a memória cultural e a história de vida de nossa gente - disse Arquilau Melo, que, aposentado, continuará como curador do acervo histórico do Poder Judiciário.


Questão trabalhista

O prédio, digamos, faz parte de minha infância, pois algumas vezes meu pai me levou até lá para contemplar a paisagem exuberante do Juruá.


Por causa de uma audiência nele, no começo da década de 60 do século passado, o então juiz Jorge Araken, atualmente aposentado como desembargador, até hoje conta para os amigos que meu pai foi um dos homens mais inteligentes que conheceu.

Meu pai era um modesto enfermeiro das antigas, do quadro de servidores do governo do Acre. Naquele tempo, o salário costumava atrasar até mais de seis meses. Por causa dos atrasos, uma empregada doméstica ficou sem receber e o denunciou à Justiça.

Intimado, meu pai, além da empregada, estiveram numa audiência em que o juiz Jorge Araken, de reconhecida fluência verbal e jurídica, o pressionava a pagar o salário dela com urgência.

- É fácil fazer isso, senhor Eriberto Machado. O senhor pode pedir dinheiro emprestado a qualquer pessoa para honrar os meses de salário em atraso. Quando o governo pagar os seus proventos, o senhor devolve o dinheiro a quem pediu emprestado. Viu como é fácil?

Meu pai pediu a palavra e o meritíssimo concedeu:

- Doutor Jorge Araken, tudo bem. Sendo assim, o senhor me empresta o dinheiro e eu faço o pagamento na sua presença.

O juiz reagiu:

- Está vendo, senhora? Viu como ele tem boas intenções? Viu como ele quer pagar? Ele é um homem bom, honesto. Fica combinado assim: quando o governo pagar ao senhor Eriberto, a senhora receberá dele todos os meses de salário em atraso.

E assim se fez Justiça.

CAUTELA E CONTENÇÃO NOS GASTOS

Trecho que considero mais relevante da mensagem do prefeito Marcus Alexandre (PT) na abertura da legislatura na Câmara Municipal de Rio Branco:

- Estamos buscando apoio do Governo Estadual e do Governo Federal para a realização dos investimentos que nossa cidade precisa. A arrecadação da Prefeitura sofreu uma diminuição significativa em 2012, com a redução de R$ 27 milhões dos repasses constitucionais, quase 10% de todas as receitas próprias. Neste ano a realidade não será diferente, pois o Governo Federal prorrogou o incentivo do IPI, fonte dos repasses do FPM. A crise que assola o mundo, também impacta nosso município. O momento requer cautela e contenção nos gastos públicos. Os serviços essenciais e inadiáveis devem ser priorizados.


Ou seja: em campanha eleitoral, político faz discurso heróico, de libertador. Quando eleito, safa-se dizendo ter constatado que não dá para resolver todos os problemas da cidade e que os serviços essenciais e inadiáveis devem ser priorizados.

ORIENTAÇÃO DA EDITORIA

"Fulano, veja o blog do Altino e descubra o verdadeiro tipo de jornalismo que interessa em (…).

É isso que eu gostaria de ver aqui.

Pode ser assim?

Vamos deixar de correr atrás de futricas, questões politiqueiras e outras coisitas mais…
 

Vamos fazer jornalismo do povo, para o povo.

As questões de cidades ainda são as melhores para ser exploradas.

Sonho com isso, talvez tenha decidido colocar (…) pensando nisso. Não da forma como estamos fazendo.

Todo dia tem gente chorando na rua, mendigando, carro fora da lei, gente passando na faixa de pedestre sem respeitar as leis, mercados sujos, freteiros do mercado reclamando da vida, pensões oferecendo bons pratos de comida regional a preços baixos, camelôs vendendo de tudo, ônibus superlotados, semáfaros quebrados e um montão de coisas que só (…) não vê.

Pegue estes exemplos como pauta e verá que vamos bombar.

Este e-mail vai com cópias para os repórteres que podem fazer textos sobre os mesmos assuntos para fortalecer (…).

Um abraço,

(...)"