Justiça do Acre manda prender os dois fazendeiros
A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre revogou nesta
quinta-feira (29) a decisão do desembargador Francisco Djalma da Silva
que havia concedido, em decisão liminar, liberdade aos pescuaristas
Assuero Doca Veronez, 63, e Adálio Cordeiro, 79, acusados de
envolvimento com uma rede de pedofilia em Rio Branco (AC).
Assuero
Veronez, um dos principais expoentes em defesa de um novo Código
Florestal, foi afastado temporariamente do cargo de vice-presidente da
Confederação Nacional de Agricultura após o escândalo. Adálio Cordeiro
recebeu do governador do Acre, Tião Viana (PT), em janeiro, a insígnia
no Grau de Cavaleiro, do Quadro Especial da Ordem da Estrela do Acre.
Os
dois ruralistas foram presos no mês passado em decorrência da operação
Delivery, a pedido do Ministério Público do Acre, por ordem do juiz
Romário Divino Faria, da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Rio
Branco.
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Durante
a sessão da Câmara Criminal, o desembargador Pedro Ranzi assinou
mandado de prisão contra os dois fazendeiros. O mandado está sendo
cumprido por um oficial de justiça, que tenta localizar os dois
acusados.
- Como mulher, me sinto enojada ao tomar conhecimento
das provas que constam nos autos. Os dois fazendeiros e todos os demais
envolvidos merecem ser presos. Estou arrependida de ter votado pela
liberdade de um dos agenciadores e quero reformar a minha decisão -
afirmou a desembargadora Denise Bonfim.
A rede de prostituição,
além de contar com sete aliciadores identificados e denunciados, tinha
como integrantes, na condição de garotas de programas, pelo menos 25
adolescentes menores de 18 anos e 104 mulheres maiores de idade.
Foram
identificados pela operação Delivery 105 clientes, sendo que 22 pessoas
já foram denunciadas pelo Ministério Público à Justiça. A lista de
criminosos inclui autoridades que gozam de "foro de prerrogativa de
função".
O Ministério Público e a Justiça não divulgaram os nomes de todos os acusados sob alegação de segredo de justiça.
-
A lista da Operação é uma bomba de 50 mil megatons. Embora o caso
esteja sob segredo de justiça, o Acre é terra de muro bairro e todos
sabem os nomes dos envolvidos - comentou o desembargador Pedro Ranzi
durante a sessão.
No Tribunal de Justiça alguns desembargadores
entendem que segredo de justiça é para proteger a imagem das menores que
foram exploradas sexualmente e não a imagem dos criminosos:
empresários, comerciantes, advogados, secretários de estado e até
membros da Justiça e do Ministério Público.
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Atualização às 19h30
Os fazendeiros
Assuero Doca Veronez, 63, e Adálio Cordeiro de Araújo, 79, já são
considerados oficialmente foragidos da Justiça.
Ambos foram
procurados em todos os endereços residenciais e profissionais informados
à Justiça, mas não foram localizados.
Os nomes deles já constam no
Banco Nacional de Mandados de Prisão, assim como nos demais sistemas de
informação da polícia.
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