
Colunista da BBC Brasil
Use uma camisinha, companheiro. Não, não. Nada a ver com essa que lhe cobre o peito magro e, no meio, tem “eu”, um coraçãozinho e depois a cidade em que vive.
Dessas que os homens de bom caráter botam no caráter, pois não? Se é que têm os ouvidos e a mente afiados. Eu li no metrô, local onde se passa 80% de minha vida cultural.
Lá está, no alto da página, em inglês da Rainha Elizabeth e de Pete Doherty (ora por trás das grades): “Como o sexo pode salvar a selva das chuvas amazônicas”.
Nunca entendi essa mania dos ingleses chamarem selva tropical de rainforest. Chove pouco nas selvas tropicais.
Na amazônica então, a época da seca é lendária. Aqueles barcos todos paradões no imenso Amazonas ressequido e ressabiado…
Enfim, vamos às besteiras que eu li no tal jornal que é distribuído – também pudera – grátis.
Como que então eles berram “sexo”, para chamar a atenção de todo mundo, usam o verbo “salvar”, para acenar às poucas pessoas de bom senso, e, finalmente, guardam para o fim esse conhecido desmancha-prazeres da leitura que é a selva tropical amazônica, eles em letrinha menor, embora em negrito, dão o serviço.
“Da próxima vez em que você usar uma camisinha, você estará não só protegendo a si próprio e à sua parceira (partner, em inglês, é neutro; eu desneutralizei por conta própria) como também estará salvando a maior selva tropical do mundo.”
E explicam:
“Isso porque o Brasil começou a produzir as primeiras camisinhas feitas com látex selvagem amazônico – um estratagema (ploy) destinado a combater a Aids e preservar a floresta. O látex será extraído de árvores da reserva Chico Mendes por seringueiros que protegem suas árvores – e, assim, a selva tropical amazônica – e, ainda por cima, garantem sua sobrevivência. A reserva fica situada no Estado do Acre e ganhou o nome em homenagem ao ambientalista, sindicalista e seringueiro Chico Mendes, assassinado pelos donos de terra locais.”
Aí, tenho a impressão de que houve um “pastel”. O Brasil tem mais de 20 Estados, nenhum deles no entanto se chama “Acre”. O jornal gratuito deve ter confundido com Amazonas ou Pará.
De qualquer forma, num futuro mais próximo do que se pensava, não serão os homens aqueles a perguntar para a parceira, antes do ato sexual:
- Você está de chico?
Não, não. A coisa toda muda de figura e teremos mais uma vitória do feminismo no século 21. Chegará a vez das damas, antes do ato sexual, perguntarem aos parceiros:
- Você está de Chico?
Com maiúsculas, com maiúsculas!
Um comentário:
Que texto. Muito legal. Ri demais. Ainda bem que não é no Pará. Senão seria Párachico e a coisa não aconteceria... rsrs
Beijos.
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