
Antonio Alves
Vi a bandeira vermelha no alto da árvore, agitada pelo vento e recortada contra o céu azul do verão amazônico. Uma. No dia seguinte, duas. Depois dez e agora centenas.
É que o povo da minha cidade se engraça com essas coisas de guerra, de erguer mastros de bambu no alto das árvores ou das casas e colocar na ponta a cor de seu partido quando chega o tempo da eleição. São algumas poucas bandeiras amarelas, azuis e brancas no meio do mar vermelho.
Um pano levantado ao vento e parece que é dentro de mim. Um espírito de guerra, um grito prestes a sair da garganta, um desejo de multidão. Como se as casas e as árvores, as ruas e as flores das praças, os carros e as andorinhas, tudo, mas tudo participasse de uma grande conflagração.
Coisas de meu povo e sua inquietude pachorrenta, seu ardor cordial, sua teimosia incurável, sua revolução permanente.
As bandeiras me chamam para um mundo urgente. O vento vem me lembrar que meu coração é vermelho. E não se rende.
◙ O apaixonado Antonio Alves escreve no blog O Espírito da Coisa. Obviedades: tudo tem a sua hora, "nunca é tarde, nunca demais". E como hoje é o aniversário da Revolução Acreana, eis as fotos.

3 comentários:
Altino / nessa panorâmica, é fumaça ou a névoa que costumava marcar as manhãs acreanas??
Mário, tirei a foto às 7h18 da matina de hoje. Era a névoa das manhãs acreanas.
Altino, como sempre sensível na sua visão acreana do mundo. Linda imagem que trouxe saudades. Não sei se recebeste um e-mail por estes dias. Bjs. Bruh
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