O Página 20 publica hoje o esclarecimento do paleontólogo Alceu Ranzi. Ele foi alvo de acusações infundadas no jornal, que teve como fonte, segundo o redator Leonildo Rosas, o historiador Marcos Vinícius Neves, presidente da Fundação Garibaldi Brasil.
"Senhor Redator:
Com relação às notas publicadas na coluna Poronga de 23 de maio de 2006, embora meu nome não seja citado, mas como interessado no tema, venho fazer alguns esclarecimentos:
Defesa - A imprensa do Acre, desde abril de 2000, vem constantemente publicando matérias, e divulgando positivamente a ocorrência, no Acre, de estruturas de terra, pré-históricas, denominadas Geoglifos.
As fotos aéreas de 2000, foram obtidas pelo Edison Caetano, usando um avião cedido pelo Gabinete Civil do Governo do Acre. Duas destas fotos, estão expostas em forma de banners gigantes na entrada principal do Palácio Rio Branco;
Em 2001, foi aprovado pela Fundação Elias Mansour – Lei de Incentivo à Cultura – o Projeto Geoglifos Patrimônio Cultural do Acre, os recursos permitiram sobrevôos e mais fotografias pelo Edison Caetano.
Com a publicação do relatório e das fotografias, o tema Geoglifos do Acre, recebeu ampla cobertura da imprensa e chamou a atenção de pesquisadores brasileiros e estrangeiros;
Datações - Em julho de 2002, esteve no Acre uma equipe de arqueólogos das Universidades de Helsinki e Turku (dentro de acordos firmados com a Universidade Federal do Acre).
Em novembro de 2002, estive na Finlândia, autorizado pela UFAC, e na oportunidade levei um fragmento de carvão para datação, retirado de um corte de estrada. Destas visitas resultou a publicação, em 2003, do livro Western Amazônia – Amazônia Ocidental. No livro estão as nossas impressões e o resultado da datação e também o relatório completo com fotos, resultado dos recursos da Lei de Incentivo à Cultura.
Como paleontólogo - considerando o Decreto Lei n° 4.146 de 4 de março de 1942, o trabalho independe de autorização prévia e é do conhecimento do DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral) - coletei a amostra para datação, o que é comum e rotineiro em nossas pesquisas.
Patrimônio cuidado - Em 1977, por ocasião do registro da primeira estrutura de terra (um círculo ainda não denominado geoglifo), pelo Dr. Ondemar Dias, eu estava presente, como estagiário da Universidade Federal do Acre. Portanto, testemunhei a descoberta do primeiro geoglifo do Acre, embora os méritos devam ser dados ao Dr. Ondemar Dias da UFRJ.
Transcrevo abaixo:
“Próximo à sede da Fazenda Palmares, durante a Expedição PRONAPABA de 1977, sob a direção do Dr. Ondemar F. Dias Júnior, participamos da descoberta do que viria a ser o primeiro geoglifo registrado no Acre.” (Relatório apresentado à Fundação Elias Mansour e publicado na pagina 137 do livroWestern Amazonia – Amazônia Ocidental).
Reparo - Com a Dra. Denise Schaan, do Museu Goeldi-Belém, temos uma parceria que envolveu os trabalhos para a Eletronorte e um capítulo no livro Geoglifos da Amazônia.
No Projeto Natureza e Sociedade na Amazônia Ocidental, já aprovado pelo IPHAN, sob a responsabilidade da Dra. Schaan, o principal pesquisador estrangeiro é o Dr. Martti Parssinen, Professor da Universidade de Helsinki. O Projeto conta com recursos da Academia de Ciências da Finlândia e está prevista a participação da Universidade Federal do Acre.
Ponto final - Em 2004, publicamos em co-autoria com o Dr. Rodrigo Aguiar, o livro Geoglifos da Amazônia – Perspectiva Aérea, cujo lançamento em novembro de 2004, no Museu da Borracha, foi noticiado pelo Página 20 e com ampla cobertura da imprensa do Acre.
Sou da opinião de que o tema “geoglifos” deve ser tratado de forma multidisciplinar envolvendo profissionais das mais variadas disciplinas, como arqueólogos, palinólogos, historiadores, geógrafos, botânicos, ecólogos e também paleontólogos, pois o tema ocupação humana, megafauna e savana/floresta é recorrente neste campo de trabalho. Há espaço, portanto, para a participação de todos, não só na pesquisa de campo, estudos, publicações, como também na utilização do material já registrado e disponível para consulta e análise.
► Alceu Ranzi"
4 comentários:
Trata-se de duas colocações bem distantes, por um lado, o aspecto estritamente científico do Dr. Alceu Ranzi, com toda a retaguarda da UFAC, de livros, publicações e
principalmente, do reconhecimento pela Comunidade Científica Internacional,que para poder contestá-lo deveriamos obter no mínimo o PhD do Doutor. A outra colocação mencionada, datada em 23 do corrente,aparentemente não ultrapassa o patamar de meras suposições.
Altino, bom dia.
Menos mal, porém não creio que isso seja suficiente, na realidade eles deveriam publicar como matéria, desculpando-se com os cientistas.
Mas isso só se o objetivo fosse s honestidade na divulgação de matérias e não o sensacionalismo.
Beijos
Altino, meu caro, não falte com a verdade. Em momento algum confirmei que a fonte é o professor Marcos Vinicius. Você insinuou e julgou ser ele quem me passou a informação. As acusações não são infundadas. A datação do levantamento feito em 2002 é mais do que prova da pirataria. Recuei a pedido seu, mas se você continuar furtigando, podemos aprofundar.
Valeu?
É..........
A verdade é que a movimentação de alguns incomoda demais a inércia daqueles que têm o dever de fazer e não o fazem. Se tais estruturas (denominadas Geoglifos pelo Dr. Alceu Ranzi), são de conhecimento de todos, desde 1977, por que as autoridades competentes não fizeram nada desde então? E por que não fazem nada desde que tais estruturas foram "redescobertas" em 2000??
Ou se fazem, poderiam divulgar isso para a população.
Ficam as perguntas.
Enquanto isso, o patrimônio arqueológico vai sendo impactado e perdido pela construção de estradas, ramais, criação de gado, queimadas, etc.
Diante de tudo isso, a inércia continua prevalecendo.
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