sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CPT SE DIZ AMEAÇADA NO ACRE APÓS INVASÕES

O escritório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Rio Branco (AC) sofreu duas invasões nos últimos 15 dias e seus agentes, que atuam no Acre e Sul do Amazonas, relataram às autoridades estaduais que estão se sentindo ameaçados.

Na primeira invasão, no dia 15 de agosto, a grade de ferro da janela do escritório, no centro de Rio Branco, foi serrada, objetos revirados, mas nada foi levado. O escritório da CPT, equipado com muitos equipamentos eletrônicos, além de documentos, voltou a ser invadido dez dias depois.

- Os invasores também não subtraíram nada do escritório, mas desarrumaram tudo. Havia talões com cheques assinados e R$ 583,00 dentro de uma gaveta. Quem invadiu, pegou o dinheiro e o deixou bem no centro da mesa. É uma ameaça velada e vou me ausentar do Acre por um tempo para preservar a minha vida – relatou a coordenadora da CPT na região, Darlene Braga.

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O deputado estadual Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na Assembleia, denunciou as supostas ameaças aos membros da CPT. Ele pediu que a Polícia Federal seja acionada pela Assembleia para investigar o caso.

- É um absurdo o que vem acontecendo e mais estranho é que havia objetos valiosos lá e nada foi roubado. São bandidos poderosos mandando recado e o que aconteceu é um caso de intimidação e ameaça. A coordenadora da CPT está saindo do Estado aterrorizada. Para mim, quem aterroriza uma mulher é pior que bandido. Se ocorrer algo mais grave com os dirigentes da CPT, nós já temos suspeitos e vamos tomar as devidas providências. Não vamos permitir ameaça e intimidação desse tipo – disse Diniz.

A coordenadora da CPT suspeita que a invasão escritório esteja relacionada ao apoio da entidade aos posseiros que denunciaram danos ambientais causados no Riozinho do Rola pelo manejo de madeira da Laminados Triunfo Ltda., do empresário Jandir Santin, que se instalou no Acre em 2004 e beneficia madeira para exportação.

Com um documento intitulado "Agonia da Bacia do Riozinho do Rola", a CPT acionou o Ministério Público do Acre contra a Laminados Triunfo por causa problemas ambientais e sociais decorrentes da atividade de manejo florestal, na Fazenda Ranchão II.

O documento, que incluía um CD e fotos impressas, foi assinado por moradores da área do entorno da atividade madeireira.

Recomendado pelo Ministério Público, o Instituto do Meio Ambiente do Acre suspendeu de imediato as licenças expedidas para o Plano de Manejo Florestal Sustentável localizado na área da Fazenda Ranchão II, que tinha como favorecida a empresa Laminados.

- Nós estamos convencidos que as ameaças decorrem de nossa atuação contra a Laminados Triunfo. Já relatamos o caso ao secretário estadual Nilson Mourão, de Justiça e Direitos Humanos, e vamos fazer o mesmo ao Ministério Público nesta sexta-feira. O secretário se dispôs a pedir investigação à Polícia Federal e também sugeriu nos incluir em programa de proteção a vítimas e a testemunhas. Não aceitamos isso porque precisamos continuar trabalhando – disse Darlene Braga.

Empresário nega

Consultado pelo Blog da Amazônia, o empresário Jandir Santin negou qualquer envolvimento com as invasões ao escrtório da CPT.

- Estou chocado com essas insinuações maldosas, incabíveis e ridículas. Estive com a cocordenadora da CPT uma vez, me coloquei à disposição para corrigir o que pudesse estar errado no trabalho de nossa empresa, mas ela foi totalmente radical ao afirmar que é contra o manejo florestal.

Santin disse que invasão de escritório, ameaças ou qualquer tido de intimidação não fazem parte do meu histórico.

- Isso seria a última coisa a fazer na minha vida. Tenho uma vida de zelo pela preservação ambiental. Só posso imaginar que está existindo uma armação para prejudicar a minha imagem e a imagem da empresa. A insinuação é descabida e e eu vou exigir reparação por danos morais. Nós só temos o direito de exploração da madeira na fazenda Ranchão, que é uma área particular, e onde existem problemas de litígio envolvendo o proprietário da áreas e alguns posseiros.

Santin assinalou que a família dele tem 50 anos de atividade madeireira em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Acre.

- Toda a vida  nós zelamos pela integridade de nossa atividade com respeito e compromisso com o meio ambiente e as pessoas que habitam as áreas.

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