O escritório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Rio Branco (AC)  sofreu duas invasões nos últimos 15 dias e seus agentes, que atuam no  Acre e Sul do Amazonas, relataram às autoridades estaduais que estão se  sentindo ameaçados.
Na primeira invasão, no dia 15 de agosto, a grade de ferro da janela  do escritório, no centro de Rio Branco, foi serrada, objetos revirados,  mas nada foi levado. O escritório da CPT, equipado com muitos  equipamentos eletrônicos, além de documentos, voltou a ser invadido dez  dias depois.
- Os invasores também não subtraíram nada do escritório, mas  desarrumaram tudo. Havia talões com cheques assinados e R$ 583,00 dentro  de uma gaveta. Quem invadiu, pegou o dinheiro e o deixou bem no centro  da mesa. É uma ameaça velada e vou me ausentar do Acre por um tempo para  preservar a minha vida – relatou a coordenadora da CPT na região,  Darlene Braga.
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O deputado estadual Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na  Assembleia, denunciou as supostas ameaças aos membros da CPT. Ele pediu  que a Polícia Federal seja acionada pela Assembleia para investigar o  caso.
- É um absurdo o que vem acontecendo e mais estranho é que havia  objetos valiosos lá e nada foi roubado. São bandidos poderosos mandando  recado e o que aconteceu é um caso de intimidação e ameaça. A  coordenadora da CPT está saindo do Estado aterrorizada. Para mim, quem  aterroriza uma mulher é pior que bandido. Se ocorrer algo mais grave com  os dirigentes da CPT, nós já temos suspeitos e vamos tomar as devidas  providências. Não vamos permitir ameaça e intimidação desse tipo – disse  Diniz.
A coordenadora da CPT suspeita que a invasão escritório esteja  relacionada ao apoio da entidade aos posseiros que denunciaram danos  ambientais causados no Riozinho do Rola pelo manejo de madeira da  Laminados Triunfo Ltda., do empresário Jandir Santin, que se instalou no  Acre em 2004 e beneficia madeira para exportação.
Com um documento intitulado "Agonia da Bacia do Riozinho do Rola", a  CPT acionou o Ministério Público do Acre contra a Laminados Triunfo por  causa problemas ambientais e sociais decorrentes da atividade de manejo  florestal, na Fazenda Ranchão II.
O documento, que incluía um CD e fotos impressas, foi assinado por moradores da área do entorno da atividade madeireira.
Recomendado pelo Ministério Público, o Instituto do Meio Ambiente do  Acre suspendeu de imediato as licenças expedidas para o Plano de Manejo  Florestal Sustentável localizado na área da Fazenda Ranchão II, que  tinha como favorecida a empresa Laminados.
- Nós estamos convencidos que as ameaças decorrem de nossa atuação  contra a Laminados Triunfo. Já relatamos o caso ao secretário estadual  Nilson Mourão, de Justiça e Direitos Humanos, e vamos fazer o mesmo ao  Ministério Público nesta sexta-feira. O secretário se dispôs a pedir  investigação à Polícia Federal e também sugeriu nos incluir em programa  de proteção a vítimas e a testemunhas. Não aceitamos isso porque  precisamos continuar trabalhando – disse Darlene Braga.
Empresário nega
Consultado pelo Blog da Amazônia, o empresário Jandir Santin negou qualquer envolvimento com as invasões ao escrtório da CPT.
- Estou chocado com essas insinuações maldosas, incabíveis e  ridículas. Estive com a cocordenadora da CPT uma vez, me coloquei à  disposição para corrigir o que pudesse estar errado no trabalho de nossa  empresa, mas ela foi totalmente radical ao afirmar que é contra o  manejo florestal.
Santin disse que invasão de escritório, ameaças ou qualquer tido de intimidação não fazem parte do meu histórico.
- Isso seria a última coisa a fazer na minha vida. Tenho uma vida de  zelo pela preservação ambiental. Só posso imaginar que está existindo  uma armação para prejudicar a minha imagem e a imagem da empresa. A  insinuação é descabida e e eu vou exigir reparação por danos morais. Nós  só temos o direito de exploração da madeira na fazenda Ranchão, que é  uma área particular, e onde existem problemas de litígio envolvendo o  proprietário da áreas e alguns posseiros.
Santin assinalou que a família dele tem 50 anos de atividade  madeireira em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Acre.
- Toda a vida  nós zelamos pela integridade de nossa atividade com  respeito e compromisso com o meio ambiente e as pessoas que habitam as  áreas.
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