quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MALEK MOHAMED

Enquanto no Brasil alguns defendem diploma para restringir o exercício da profissão, na Líbia o jornalista mais jovem, de 14 anos, funda agência


Ele tem 14 anos, mãos finas e olhar estrábico. Seu nome é Malek Mohamed e em fevereiro, após a eclosão da rebelião popular na Líbia, não pegou em armas como muitos de seus amigos, familiares e vizinhos, mas fez o que sempre quis, atuou como jornalista.

"Sempre gostei de jornalismo e, com a revolução, decidi começar", conta Mohamed, que detalha após participar de uma entrevista coletiva do presidente do Conselho Nacional de Transição líbio, Mustafa Abdel Jalil, que trabalhou primeiro no jornal Al Rai e em outros veículos até que decidiu fundar, em junho, uma agência de informação, a primeira da Líbia rebelde.

A Agência Brega de notícias, da qual é fundador e diretor, têm 21 trabalhadores, todos voluntários. "São 20 em Benghazi e um em Gaza, na Palestina", comenta Mohamed, além de falar sobre seus projetos de ampliação e de estabelecer delegações nacionais e internacionais, em Trípoli e na Arábia Saudita.

A agência aberta na rede social Facebook há quatro meses, tem 2.770 seguidores, e em seu perfil garante que é "independente" e pertence a "toda a Líbia" e não a uma cidade ou região do país, em referência às rivalidades locais que afloraram durante e após a rebelião.

Mohamed conseguiu seu credenciamento no centro de imprensa do CNT, que não fez nenhuma objeção a sua idade, além de confirmar que ele é o jornalista mais jovem credenciado na Líbia.

"Uma vez, um jornalista estrangeiro me disse que eu era o diretor de agência de notícias mais jovem do mundo, mas não sei", confessa Mohamed com um sorriso tímido.

O jovem age com total naturalidade, como se ter 14 anos, ser jornalista, ir à escola e acabar de viver um conflito armado de oito meses fosse normal.

Na escola, sua disciplina preferida é informática, o que talvez explique a habilidade com que faz downloads e publica fotos que ele mesmo fez, ainda que às vezes saiam um pouco fora de foco.

"A agência cobre informação política, econômica e social", informa o jovem diretor, que publica seu último trabalho, a entrevista coletiva de Mustafa Abdel Jalil, na recepção de um hotel de Benghazi, cercado por correspondentes locais e estrangeiros que viajaram à Líbia para cobrir o fim do conflito armado.

Além de suas fotos, a agência publica ainda notícias e fotografias de outras agências, cuja origem é sempre informada.

Mohamed afirma que sua família o apoia e comenta que "antes do início das aulas", estava envolvido com a cobertura do conflito na maior parte do tempo, já que "trabalhava dia e noite".

O jovem acrescenta que concilia a escola com o jornalismo. "Eu gostaria de ser jornalista internacional", declara o adolescente, o mais velho de cinco irmãos que, por enquanto, segundo afirma, não tem a mesma vocação. 

Fonte: portal Terra

8 comentários:

Janu Schwab disse...

Taí um bom exemplo de "alto de data", né, não, Altino? :)

ALTINO MACHADO disse...

É mermo, Janu. No Acre existe uma galerinha que morre de inveja de quem é "alto de data". Compromisso nenhum, com nada. O diploma e as atitudes não valem o que o gato enterra.

Cidadania disse...

Esse é "O CARA"!!! Janú, perciso de seu e-mail...Preciso trocar umas idéias com vc: cidadania.ac@gmail.com

Fátima Almeida disse...

me veio a ideia que estamos vendo um mundo podre desaparecendo e um novo surgindo.

Pietra Dolamita disse...

Atitude é o que faz a diferença em um mundo em que as pessoas estão atreladas a conceitos, diplomas e etc...E ainda não sabem escrever ou pensar. A palavra liberta e ensina, e não se torna jornalista, se nasce.
Parabéns Jornalista!

@MarcelFla disse...

De certo atitude e coragem ele tem de sobra, diferente de maioria com 'diproma' aqui no Acre.

Janu Schwab disse...

Conheço gente que assina email assim:
"Fulano de Tal
Jornalista diplomado"

@MarcelFla disse...

Sabe Janu, sinto um grande carinho por você, e também conheço pessoas que assinam do mesmo jeito, as mesmas que quando se faz necessário se calam, é uma pena, sinceramente. Eu mesmo abomino a imprensa, justamente pela falta de ética e profissionalismo com a qual é tocada no Brasil... No mais grande abraço.