sábado, 27 de setembro de 2008
ÁLCOOL VERDE EM AUDIÊNCIA PÚBLICA
Começou agora a audiência pública de apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da usina Álcool Verde, que produzirá açúcar e álcool no município de Capixaba, a 77 quilômetros de Rio Branco. Reunida no ginásio de esportes da cidade, uma platéia de 200 pessoas assiste a apresentação do EIA, que foi coordenado pelo agrônomo João Luiz Lani, da Universidade de Viçosa.
O Grupo Farias é o principal acionista da Álcool Verde, localizada na margem esquerda da BR-317, na região sudeste do Acre. O grupo possui seis usinas em funcionamento em Pernambuco, Rio Grando do Norte, Goiás, São Paulo e novos projetos em construção em São Paulo, Goiás.
A empresa resultou da sociedade entre o governo da floresta com o Grupo Farias e empresários locais, para resgatar o antigo projeto Alcobrás, que fora instalado em Caixaba no final da década de 1980.
Os recursos federais de financiamento da usina foram consumidos por um esquema de corrupção que envolveu empresários e políticos. A Alcobrás jamais produziu sequer uma gota de álcool e acabou sendo hipotecada pelo Banco do Brasil.
Há três anos, o então governador Jorge Viana decidiu usar mais verba pública para comprar a sucata por R$ 2,7 milhões e repassá-la para a iniciativa privada.
Na composição acionária da empresa estão o governo do Acre, como acionista minoritário, e a Companhia Acreana de Participações, cujos acionistas são o Grupo Farias e empresário acreanos.
A usina planeja iniciar suas operações no próximo ano, com uma produção inicial de 389 mil toneladas e ampliar progressivamente sua capacidade até atingir a estabilidade cm 2,5 milhões de toneladas em 2015.
Jorge Viana e os empresários tentaram atropelar a legislação ambiental para que a empresa estivesse produzindo já neste ano. A imprensa do Acre se calou diante disso, tendo este blog, colaboradores e leitores se transformado nas únicas vozes a reagirem publicamente, o que motivou o Ministério Público do Acre a questionar a improvisada "licença prévia" concedida pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).
O MP recomendou o cancelamento da licença de instalação e solicitou a elaboração do EIA, pois o documento que fora apresentado ao Iamc não atendia minimamente à legislação ambiental. A Álcool Verde suspendeu as atividades de plantio e de reforma da unidade industrial até um posicionamento definitivo do Imac, que começa com a realização da audiência pública.
Agora, uma das diretrizes da usina é utilizar somente terras já desmatadas e ocupadas com pastagens degradadas, de forma a não promover desmatamento ou competir por terras ocupadas com outras culturas.
A usina também se compromete em não utilizar o fogo como método despalhador da cana-de-açucar para colheita, fomentar a participação de empresários e produtores no empreendimento e desenvolver parcerias e contratos de arrendamento com produtores locais para a produção.
A área do terreno da usina é de 66 hectares. A capacidade de processamento anual é estimada em cerca de 400 mil toneladas. O parque fabril está orientado para a produção de álcool carburante.
A empresa tem a expectativa de realizar a primeira moagem no segundo trimestre de 2009, com um processamento previsto de 389,3 mil toneladas de cana e uma produção de 30,8 milhões de de litros de álcool hidratado.
Os empresários projetam que a Álcool Verde, em 20015, estará processando 2,5 milhões de sacas de açúcar, 90,8 milhões de litros de álcool anidro e 38,9 milhões de litros de álcool hidratado. Projetam, ainda, a produção e comercialização de um excedente de energia elétrica da ordem de 200.000 MWh. Mais de R$ 23 milhões já foram investidos no empreendimento.
Até o final do ano, quando o projeto da usina for licenciado, o presidente Lula poderá dizer em suas palestras pelo mundo que a cana está longe da Amazônia. A partir do licenciamento, poderá anunciar que seus companheiros petistas do "governo da floresta", em pleno bioma amazônico, estão desenvolvendo um "projeto extraordinário, nunca antes visto na história deste país".
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