segunda-feira, 9 de abril de 2007

NOTA À REVISTA VEJA

Binho Marques

Em respeito aos leitores da revista Veja, o Governo do Estado sente-se obrigado a esclarecer as informações apresentadas pelo jornalista Leonardo Coutinho na matéria publicada no último final de semana. Não é a primeira vez que o jornalista busca atacar o ex-governador Jorge Viana. Em setembro de 2003, Veja utilizou dados preliminares do INPE para afirmar que na gestão de Jorge Viana teria ocorrido o maior desmatamento da história do Acre. Depois de esclarecimentos, inclusive do próprio INPE, sete meses depois, a revista publicou nota reconhecendo o erro.


Na última edição de Veja, novamente o jornalista se apressa em afirmar, baseado em pesquisa do IMAZON - contratado pelo próprio Governo do Estado para servir de base à política ambiental - que o desmatamento do Acre aumentou na gestão de Jorge Viana, buscando desqualificar novamente os trabalhos em defesa da floresta no Estado do Acre.

De forma apressada, faz uma soma simples das áreas desmatada nos oito anos do Governo da Floresta e chega à conclusão de aumento de 42% de área desmatada. Com este dado bruto e sem uma avaliação adequada, o jornalista decreta a suposta incapacidade da política praticada nos últimos oitos anos para conter o desmatamento no Acre.

Primeiramente, é preciso esclarecer que, para realizar uma avaliação mais precisa, devemos levar em consideração não o valor bruto de desmatamento, mas o valor do incremento anual e compará-lo com a média da Amazônia. O incremento do desmatamento no Acre, nos últimos oitos anos, foi abaixo da média da região. Tanto é assim que a contribuição do Acre no desmatamento da região é de apenas 3%.

A média baixa do ritmo do incremento do desmatamento do Acre é ainda mais significativa (0,40 % - média anual nos últimos oito anos), se levarmos em consideração que neste mesmo período no Acre, ocorreu um dos maiores investimentos públicos de toda a história com melhoramento da infra-estrutura rodoviária (asfaltamento da BR 317 e obras de pavimentação na BR 364), ampliação do crédito rural (de 89 a 98, R$ 56,4 milhões e de 99 a 2006 mais de 314,5 milhões), crescimento do rebanho bovino no mesmo período em 416% (de 900 mil reses para 2,4 milhões) e crescimento da população rural em 14,9%: mais de 24 mil pessoas buscaram a área rural. Mesmo com este incremento econômico, a interferência no ritmo do desmatamento foi menor que em outras regiões da Amazônia.

Foram criados planos de desenvolvimento sustentável para as áreas de abrangência das estradas pavimentadas: as áreas de unidades de conservação aumentaram mais que o dobro (2000 a 2006 houve ampliação de 2,7 milhões de hectares, um incremento de 105% na área de conservação). Foram criadas três florestas estaduais para manejo sustentável (85% das madeiras comercializadas hoje no Acre são manejadas).

A afirmação sobre o Seringal Nova Esperança e sobre a Reserva Indígena precisa ser melhor detalhada ao leitor. O Seringal Nova Esperança é uma área recentemente incorporada às unidades propostas pelo Zoneamento Ecológico onde o percentual de desmatamento de 36% refere-se à área desmatada antes de se tornar uma unidade de conservação. Em relação à terra indígena, é preciso dizer que ela foi criada há décadas como uma Colônia Rural Indígena com apenas de 200 hectares e com uma população de mais de 60 pessoas: cerca de menos de 3 hectares por pessoa.

A floresta é uma referência importante para o desenvolvimento econômico no Acre. É com ela que o povo aprendeu a ter um novo olhar na relação entre o homem e a natureza. Foi com a floresta que surgiram nossas maiores lideranças: Marina Silva, Chico Mendes, Wilson Pinheiro, Jorge Viana. É preciso que o Brasil saiba isso e que os comunicadores revelem essa verdade.

Binho Marques (PT) é governador do Acre. A nota foi enviada pela assessoria de imprensa do governador para a redação da revista Veja. Meu comentário: o erro desta vez também envolve o governo estadual, que não deu a devida publicidade de um estudo de interesse público. Poderia ter optado por divulgá-lo, incluindo sem afetação os aspectos positivos e negativos de seus dados. Talvez esse novo petardo de Veja, tentando abalar mais uma vez a reputação de Jorge Viana, sequer teria sido disparado se o governo tivesse lidado com máxima transparência diante da pesquisa contratada junto ao Imazon. A revista não teria apresentado os dados do documento como uma revelação que escapous dos escaninhos do poder. Espera-se que o episódio sirva de lição ao governador Binho Marques. Já estive no centro dessa polêmica ao apontar a falha da reportagem anterior de Veja, no artigo "Equívocos de uma apuração apressada", publicado no site Observatório da Imprensa. Espero, ainda, que a revista nos surpreenda publicando a nota de esclarecimento assinada pelo governador. Ela não costuma permitir contestação em suas páginas.

9 comentários:

Anônimo disse...

É isso mesmo Binho (Governador), esse cara pensa que é quem, pra querer julgar o que aconteceu no governo Jorge Viana? Bronca nele...
Vai te catar sujeito.
Altino, um abraço

Anônimo disse...

Peraí... quer dizer que o rebanho bovino cresceu mais de 400%. Onde? Subindo em árvores? Em gaiolas? A turma do Mauro Ribeiro é que se deu bem, né?
Por que a nota não diz quanto cresceu a produção de alimentos, de borracha, e de castanha?
Quer dizer que a população rural aumentou porque famílias buscaram a mata, foi? E os que já estavam lá, foram proibidos de coisar? Tem mais muié lá não?
Quanto cresceu a população da zona urbana? Sabem não? Será que foram famílias que buscaram a cidade? O IBGE é bem ali.
Quer dizer que o repórter tem birra com Jorge? Que foi que o nosso governador fez com ele?
Fala sério. Com um assessor desses o Bim tá arrumado.

Anônimo disse...

Achei muito, mas muito fraca mesmo essa resposta do Binho. Primeiro q nem cabe a ele fazer isso. Só dificulta mais a imagem q se tem dele de um ´´garoto de recados´´, alguém q tá tapando buraco. E os exageros então... colocar Jorge Viana ao lado de Chico Mendes, Wilson Pinheiro e até mesmo a Marina Silva q tem uma história 1000 vezes mais interessante e digna q a do Jorge, é no mínimo mal gosto, pra não dizer puxa.... E os dados, já tinha visto isso numa fala do Edegard Deus, q o Acre representa ´´só´` 3% do desmatamento na Amazônia... CLARO, o Acre, ou o território acreano, representa JUSTOS 3% da Amazonia Legal. Portanto estamos poluindo igual, e se fosse menos, desde quando existe ´´desmatamento bom``?. Não devia é ter nenhum, magina, trocar floresta por pasto de ´´capim``. Num estudo encomendado pela SOS Amazônia e USAID, apontou q o desmatamento na região do Juruá DUPLICOU nos últimos 6 anos. Isso foi apresentado no Conselho Estadual de Meio Ambiente e ñ deram nem bola. Pudera, essas reuniões são realizadas sem o conhecimento público e só pra cumprir tramites burocráticos pra liberação de verbas ´´pretençamente`` destinadas a projetos ambientais ´´sérios``. Enfim, a VEJA economizou foi críticas...muitas ´´bombas`` ainda estão por estourar... a do Petróleo bem q podia ter entrado, né Altino?
Ass. Jardim

Unknown disse...

Caro Altino,
Tenho consultado seu blog e acompanhado sua trajetória desde os tempos de Goiás. Agora, gostaria que nos ajudasse nos próximos posts a tirar a limpo esta estória da Veja. Jorge Viana já ajudou o povo do Acre que procurou minha interferência quando no I Reinado de FHC, para resolver problemas de prisão de gente do Santo Daime na Espanha junto ao embaixador espanhol aqui, etc. No entanto, preciso de uma fonte local, confiável como um colega jornalista que so tem compromisso com a verdade, para nos esclarecer os números reais, a conjuntura em que se deu o desmatamento e as questões de corrupção da ministra colega dele no Senado, que vem ficando no cargo inclusive com o apoio do meu partido, dos ambientalistas etc, apesar de tudo. É este o meu pedido: ajude-nos a nos informar sobre o que ocorre no querido Acre.
Abraços,
do colega
Arnolfo
www.joaoarnolfo.blog.com

ALTINO MACHADO disse...

Arnolfo, nunca tive acesso aos dados da pesquisa. E esse é o motivo que não possibilitou minha manifestação. Na vez anterior, os dados foram divulgados sem cerimônia. Agora eu gostaria de saber a respeito daquilo que você menciona como "as questões de corrupção da ministra colega dele no Senado". Marina corrupta? Seja mais explícico, por favor.

Anônimo disse...

Caro Altino,

Fico surpreso quando o governo divulga que o rebanho bovino cresceu assustadores 416% no governo Viana. Esse é o indicador que aqui é o governo do boi, né não? Apesar de 85% da madeira hoje vir de área manejada, por que não foi divulgado o crescimento da atividade madeireira no estado? Acho que seria muita humilhação perante o crescimento do boi.

Estamos carecas de saber que pecuária no Acre não é de primeiro mundo, não há pastejo rotacionado e a produtividade é baixíssima (viajando pela BR você pode observar o vazio dos pastos), portanto aqui se pratica PECUÁRIA EXTENSIVA, onde grandes áreas de pastos são criadas para pouco boi. Assim, infelizmente o Acre ainda é mais o estado do boi do que da floresta.

Mas, medo mesmo dá quando um governador responde por outro. Binho tem que ficar longe dessa briga de petistas (PT-SP x PT-AC) e focar no aperto que seus secretários estão passando para ajustar a máquina ao seu perfil de gestor.

Anônimo disse...

Gente,
A nota do Binho não esclarece. Cadê o estudo? Por quê ele não coloca o relatório do Imazon na rede?
Abre a caixa-preta, Binho. Abre, vai.
Beijo para todos

Anônimo disse...

Nota pífia de um Governador idem...

Unknown disse...

Caro Altino,
Que bom estarmos tendo este contato, ja que considero a fonte mais confiável ai em Rio Branco hoje.
Acho que não me expressei direito ("escreveu não leu o pau comeu") sobre nossa amiga Marina Silva. Minha questão era sobre os dados de deflorestamento que a Veja publicou - e sobre denuncias envolvendo o nome indiretamente, creio que por causa de parentes fazendo negocios etc. Não tenho agora aqui estes recortes de jornais da semana passada, mas eu pessoalmente não acredito em denuncia de imprensa a não ser que eu seja o autor da matéria.
Espero ter sido mais explicito mas aguardo sua pontuação.
abcs
Arnolfo