terça-feira, 13 de março de 2007

FAROESTE ACREANO

Eriel Ponche de Lima foi assassinado com um tiro na cabeça, durante a madrugada de hoje, porque pescava tambaqui, sem autorização, na fazenda Piracema, propriedade de Gilberto Afonso de Moraes, irmão do ex-deputado Júnior Betão. Além de prender os mandantes e os executores do crime, a polícia e o Ministério Público deveriam investigar a suspeita de que outras pessoas já foram vítimas na fazenda.

A família do fazendeiro Edilberto Afonso de Moraes, o Betão, pai de Gilberto, é temida no Acre pela violência com que costuma agir quando alguém invade suas propriedades ou negócios com o poder público.


Estava escuro, mas Eriel foi atingido na cabeça, o que sugere um tiro disparado por alguém hábil no manejo de arma. Quem relatou o crime à polícia foi Rogério, um dos cinco pescadores clandestinos. Ele disse que o grupo foi surpreendido por três homens, que chegaram atirando. O corpo da vítima foi encontrado dentro do açude.

Florindo Poersch, presidente da OAB no Acre, já atua na defesa da família Betão Moraes. A primeira atitude dele foi tentar plantar a a falsa informação de que teria havido troca de tiros entre os pescadores e os jagunços.

Talvez o próximo passo de Poersch seja tentar responsabilizar a TV Globo, cuja equipe está no Acre para gravar a terceira fase da minissérie "Amazônia", que aborda a luta de Chico Mendes à frente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri.

O advogado até poderia alegar que os jagunços da família Moraes estavam apenas ensaiando cenas dos anos 70 ou 80, quando Chico Mendes e os trabalhadores rurais foram fustigados no Acre sem piedade pelos fazendeiros.


Será que Glória Perez já escolheu alguém para o papel de Darli Alves da Silva, o mandante do assassinato de Chico Mendes? Para ser bem realista, poderia contratar algum Betão da vida ou fazendeiros cruéis que agora posam de governistas da florestania.

O pessoal foi pescar, mas acabou caçado.

8 comentários:

Unknown disse...

Como se pode ver, a criminalidade acontece em todos os lugares, não apenas no Rio. Infelizmente.

Anônimo disse...

A pergunta que não quer calar: Por que os assassinos não foram presos, já que comprovadamente flagrante? Esse País não tem jeito mesmo!

Anônimo disse...

Pois é Altino, um erro não justifica outro, mas é de se perguntar, e o direito de propriedade não deve ser respeitado? E olha que eram vários os invasores. Sou contra a violência em todos os sentidos (invasão também é violência)

ALTINO MACHADO disse...

Caro Edson, o direito de propriedade existe, mas não agrega o direito de matar por causa de alguns quilos de peixe. Só mesmo parodiando Paulo Maluf: dá uma surra, põe pra correr, aleija, mas não mata.

Anônimo disse...

Ainda concordo com o Altino, fica a dúvida que não foi esclarecida (pelo menos na minha cabeça) se eles estavam ali para pescar para sí e sua família (o que não constitui-se crime, vide Art. 23 do código penal que diz entre outros que "Não a crime quando o agente pratica o fato: I - Em Estado de Necessidade") ou caso pescassem para comercialização, e mesmo que assim fosse, creio que um tiro na cabeça é exagero, certo que ninguém gostaria de ter sua propriedade invadida, incluindo a mim, porém tiros de advertência ou até mesmo na perna já assustariam e impediriam novos aventureiros no local.

a ação narrada só mostra o velho faroeste do Acre.. desde Plácido..

Anônimo disse...

Marcel, pelo amor ao debate entendo que estado de necessidade sugere que a pessoa peça, agora ir pescar numa propriedade privada na calada da noite com mais quatro pessoas.. no entanto é de se ressaltar que um crime foi cometido e deve ser apurado com rigor, senão vamos voltar aos tempos do quaráquáquá - sabe o que isso amigo? O direito de propriedade tem que ser defendido, dentro da lei. Já dizia Santo Tomáz de Aquino ( a virtude está no meio)

Anônimo disse...

Falou o ilustre rábula. Apoiado.

Anônimo disse...

Não querido anônimo, não sou rábula porque tive a felicidade de estudar na UFAC embora tenha concluido o Curso de Direito na Católica de Mato Grosso em Campo Grande, mas para teu govêrno receb í muitas de um Rábula verdadeiro em Tarauacá o saudoso Esperidião Menezes