quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

A CASA DO JORGE

São impactantes as imagens de TV expondo o desespero da família cuja casa foi demolida com ordem judicial, a pedido do Governo do Acre, para deixar mais bela a paisagem no Parque da Maternidade.

A casa foi construída há mais de 30 anos e um dos donos é o Jorge, motorista de ônibus da linha Floresta, que conheci ao chegar na capital há quase 30 anos. A família dele se recusou a receber a vergonhosa indenização de R$ 8 mil estabelecida pelo governo estadual.

A pouco mais de um quilômetro da demolição, na avenida Ceará, permanecem imponentes a casa da desembargadora Eva Evangelista e o prédio da Agroboi (sic), a loja de material de construção que mais cresceu no Acre nos últimos oito anos.

O governo decidiu pela duplicação da Ceará e centenas de proprietários tiveram que recuar seus imóveis. A partir do cruzamento com a rua Omar Sabino, o traçado da avenida muda. O protuberante calçadão da Agroboi está intacto. Em meio à obra de duplicação a loja teve tempo para ampliar a estrutura, alterando o seu projeto original, e recorreu à justiça para assim permanecer.

Após a loja, a duplicação é feita apenas a partir da margem direita, pois, no próximo cruzamento, à esquerda, situa-se a casa da desembargadora, que teria de recuar seu imóvel caso todos fossem realmente iguais perante a lei.

Jorge, o motorista de ônibus, ganha R$ 965,00 em carteira, mais 6% de abono, além de uma cesta básica para família-padrão (dois adultos e três crianças). Eva, a magistrada, ganha R$ 24.500,00, é casada com renomado advogado da cidade e mãe de dois promotores de justiça.

O arquiteto Eduardo Vieira, secretário de Obras Públicas do Acre, defende a ação do Estado.

- Estávamos negociando com os herdeiros daquele imóvel desde 2001. Eles se recusaram a sair. Após o falecimento da proprietária, depositamos em juízo o valor da indenização. Recebemos a imissão de posse e demolimos a casa de madeira. A Polícia Militar agiu de forma exemplar, pois foi xingada e agredida e não revidou. Esgotamos todos os canais de negociação e neste caso não poderíamos recuar sob pena de ficarmos sem moral ao negociar futuras desapropriações.

Conversei ao telefone com o advogado Menandro de Souza, marido da desembargadora Eva Evangelista, que me pediu mui gentilmente para deixar mais explícito neste blog que a sua família jamais tomou qualquer iniciativa que pudesse alterar o traçado de duplicação da avenida Ceará. "Nós estamos torcendo para que a obra tenha continuidade e, às nossas expensas, removemos da frente de nosso imóvel o que podia afetá-la", assinalou. Menandro lidou sem afetação por eu ter mencionado sua família na analogia acima. Sempre foi civilizado.

12 comentários:

Anônimo disse...

Altino, o que me chamou atenção foi o clamor da turma. Até assustei.
Como podemos ver, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
Vamos deixar que o bom senso do Ministério Público aja de forma adequada de forma que, mesmo que Jorge não venha a reaver seu terreno, pelo menos se negocie o valor justo.
É seu dever de ofício.

Anônimo disse...

Na balança da Justiça é o que se chama de 2 pesos e duas medidas. Mas a Justiça, como é cega, não vê.

Anônimo disse...

Quero retificar meu comentário anterior Não é que a Justiça seja cega, mas aquela venda nos olhos é para essas ocasiões específicas.

Anônimo disse...

Nas terras de Galvez e
Chico Mendes vale o dito popular:
Quem pode-pode, e quem não pode se FODE!!!!!!!!!!!!!!
É o triste caso do seu Jorge, que não é o Viana.
Que pelo menos São Jorge de
ôlho esteja nessa legião de sacanas.

Anônimo disse...

Mais uma vez o Governo do Acre demonstra a sua forma de governar...
A residência do Jorge, uma casa simples, onde mora há trinta anos foi demolida por conta de um fator estético. Não levaram em consideração as histórias de vida constituída nesse local. Mas, essa postura do governo já não é novidade basta lembrar de como foram retirados os trabalhadores da Praça da Bandeira que por coincidência ou não muitos deles trabalhavam nesse local há trinta anos e foram obrigados a aceitarem a proposta indecorosa de indenização feita pelo governo. Como que um governo pelo qual se diz preocupado com a história do Acre é capaz de apagar a memória constituída nesses espaços? Que história interessa ao governo narrar?

Anônimo disse...

vergonhoso...uma situação que evidencia como o poder público age de maneira a não enxergar os seres humanos, mas somente seus nobres e belos interesses! falar todos sabem, mas ninguém faz nada, onde estão as autoridades, os nossos digníssimos deputados, sempre tão simpáticos nas eleições? haaaa sei essas pessoas são pobres e não precisam de atenção!

Anônimo disse...

O novo governador precisa tomar muito cuidado antes que essas heranças malditas do outro Jorge se transformem na cara da tão falada INCLUSÃO SOCIAL do Binho. O mais interessante é que no caso da BR 364, o outro jorge mudou o curso da estrada exatamente para que a obra beneficiasse seu terreno que fica em frente ao balneário Pôr-do-Sol, na Via Verde e, também passasse quase dentro do empreendimento chamado Amazon Rio, de propriedade do secretário de segurança pública Antonio Monteiro, e que segundo alguns pertece também ao ex-governador. Olha, sinceramente, sugiro a essa e outras famílias que ocupem aquela área improdutiva situada na Via Verde em frente ao Pôr-do-Sol.

Anônimo disse...

Uma ditadura escancarada!!! uma pouca vergonha o q aconteceu, moro nesse bairro e sei muito bem o q o vai virar este local onde despejaram a familia!!!,um ponto de maconha!!!! como esta a maioria do parque da maternidade, O q me deixa admirado é q o "governador" mora nesse bairro e pouco faz pela nossa população.... estou indignado com essa falta de compromisso com o povo!!!!!

Anônimo disse...

Se gritar pega ladrão :
Não fica um meu irmão.
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paz $$$$ amor $$$$$$$$$
e muita$ $acanagen$$$$.

Anônimo disse...

Me envergonha, ao ver o arquiteto Eduardo Viera dizer que não podíam recuar sob pena de ficarem sem moral. A propósito desde quanto o governo tem moral de tirar uma família de casa para construir um canal que transpira e respira merda.
Então mostre moral, removam a casa dos magistrados?
O que você fizeram foi uma pouca vergonha que não tem palavras.. Vivo numa rua que eu mesmo tenho que jogar concreto para me passar de carro... A prefeitura nunca teve "moral e vergonha" de mandar asfaltar....
VAN A JODER A SU MADRE, HIJOS DE PUTA DE POCA MADRE!!!

Anônimo disse...

Sou muito mais a Leila, decididamente contra esta realidade amoral de Estado Absoluto. Tinha crianças dentro de casa na hora do despejo.

Anônimo disse...

Sr Eduardo Vieira, quero que saiba que moral o sr não tem e nunca terá. O sr não pensa, o sr só obedece.Que tristeza! Quanta brocheza.
Viva el rey do Aquiriópolis!