quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

GAROTO DEMOVE SENADOR

Santiago Queiroz

Altino,

Por causa da "Carta aberta ao Tião", que escrevi e você fez a gentileza de publicá-la no seu blog, na segunda-feira fui acordado de maneira estranha. Era meu pai me perguntando se podia dar o número do meu telefone a um conhecido seu. Disse que sim. Esse conhecido dele, diretor-geral de um importante jornal da situação (e qual não é no nosso Estado?), disse que o senador Tião Viana desejava marcar uma reunião comigo. E assim ficou acertado.

No mesmo dia, à tarde, me encontrei com o Senador no gabinete dele, em Rio Branco, situado no Conjunto Habitasa. Na verdade cheguei lá um pouco depois da hora marcada. O senador já estava a me esperar. O que me deixou mais pensativo foi ver que o líder do PT no Senado e 1º Vice-Presidente, teve o trabalho de me procurar e falar comigo pessoalmente. Ação que me mostrou o político que ele é.

Nos reunimos em uma sala, eu, ele e mais alguns de seus companheiros. O senador fez de tudo para me deixar à vontade. Apresentou-me a todos e começou a responder meu questionamento, que ele disse ter achado muito pertinente.

Bem, devem estar se perguntando se ele me explicou o que se julgou "inexplicável". Pois bem, ele me deixou a par da sua opinião e posição. O mesmo que ele me explicou, o Noblat, no seu blog, relatou no dia de ontem.

O senador Tião Viana propôs às mesas diretoras da Câmara e do Senado que os parlamentares continuem a receber o salário de R$ 12.847 nos próximos quatro anos e que sejam cortadas as verbas mensais de R$ 15.000 e os 14º e 15º salários que os parlamentares têm direito.

Outra proposta: uma alteração da Constituição, para baixar o aumento de 91% para 28%, que é o acumulado da inflação nos últimos quatro anos, data do último reajuste. O salário cairia de R$ 24,6 mil para R$ 16,5 mil. E também isso alteraria o teto do serviço público, que ficaria no limite de R$ 16.500. Isso afetaria principalmente os ministro do STF que teriam seus salários reajustados para R$ 16.500.

Mas vocês devem se perguntar: "Se ele acha tudo isso, por que votou a favor?". Foi uma das coisas que eu tive que pensar por conta própria. E o que me veio a cabeça foi que se ele faz parte da Mesa Diretora do Senado, ele tem que, no final das contas, votar no que é a opinião de todos. São decisões unânimes e as vezes alguém pode ter que votar a favor do que não concorda.

Esse pelo menos é o meu pensamento. A impressão maior que ficou foi de um homem íntegro, que se deu ao trabalho de me procurar e de me encontrar pessoalmente para esclarecer uma dúvida minha. Creio que se todos os parlamentares fizessem isso e todas as pessoas se dispusessem a indagar, talvez pudéssemos, num futuro não tão distante, mudar a nossa situação. Me tratou muito bem e pra falar a verdade, fez o que eu, nos meus pensamentos mais otimistas, esperava que ele fizesse.

Que fique registrado publicamente que consegui o que queria. O fato me fez lembrar da letra da música "Faroeste Caboclo", do Renato Russo: "... E João não conseguiu o que queria quando veio para Brasília, com o diabo ter. Ele queria era falar pro presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer..."

O estudante Santiago Queiroz tem 17 anos. Por autocensura e a pretexto de não desagradar ao senador, a carta do adolescente jamais seria publicada num dos "jornais da situação". Tião Viana preferiu se valer do blog do Noblat para anunciar a boa nova. Até parece que santo de casa não faz milagre. Vale a pena ler, ainda, a "Carta aberta a Santiago", de autoria do professor e escritor mineiro Juarez Nogueira.

5 comentários:

Anônimo disse...

E o que o caro senador respondeu a respeito do aumento do salario mínimo? teria aumento de 28% (acumulo da inflação dos últimos 4 anos?) ah não o último reajuste foi antes certo? mas foram valores de acordo com a inflação? e os servidores públicos? teriam também direito a esse aumento? não caro Santiago Queiroz, ele antes de membro da mesa do senado, ele é representante do povo, e o que o povo ganha com esse aumento para os senadores? e que papel de fraco e de rídiculo seria esse de votar em algo que não concorda? somente para compactuar com as outras raposas...

Anônimo disse...

Oi Altino, tudo bem? Aqui na Bahia tem uma expressão que caracteriza bem a situação: "Farinha pouca, meu pirão primeiro!"...é assim a mentalidade do brasileiro de uma forma geral! Não deixa de ser a mentalidade dos nossos políticos! Na minha modesta opinião, a atitude do senador foi o que deve ser, apenas isso! Simples assim...ele está senador porque a população assim o quis! Nada mais justo do que dar as devidas explicações por seus atos!!!! No final das contas, ele não foi contra e nem a favor, muito pelo contrário...! Abraços e um Feliz Natal!!! :)))

Anônimo disse...

Altino, boa tarde.
É por coisas assim, é por jovens como Santiago, que nunca perco as esperanças neste pobre país.
Eu sei que existem poucos jovens interessados na na política e nos políticos, mas creio no trabalho dos pequenos que, mesmo sozinhos, tanto fazem, em pequenos e perfeitos gestos, como este.
Novamente parabenizo o Santiago.

beijos

Anônimo disse...

O senador mais votado do Brasil poderia muito bem,não dá a minima ao questionamento de um jovem de 17 anos (como muitos fariam),porém teve uma atitude diferente de muitos parlamenteres,que depois da eleição nem BOM DIA,dão aos seus eleitores.Não quero entrar no mérito da questão do voto a favor ou contra o aumento,isso cabe a cada eleitor refletir,mas que a atitude do senador foi no minimo gentil,lá isso foi.

Anônimo disse...

"À César o que é de César!". Essa atitude do Senador realmente me surpreendeu, ainda mais pelo fato de ele pessoalmente ter conversado com o Santigo ao invés de mandar uma outra pessoa, mas, mesmo assim, ainda não engoli essa história do salário.