terça-feira, 8 de agosto de 2006

SITE FRAUDA ENQUETE

Menos de 12 horas após a publicação da nota Acre Agora (abaixo) neste blog, o site da assessoria do candidato Márcio Bittar (PPS) decidiu fraudar a enquete de intencao de voto para o governo do Acre. Ela tem novos índices: Márcio Bittar aparece com 69.9% da preferência de votos, seguido de Binho Marques (PT), com 27.4%. Até 1 hora da madrugada de hoje, quando publiquei o resultado parcial, 198 pessoas haviam participado da enquete, disponível desde o dia 27 de julho. Agora registram-se incríveis 420 participantes. Na eleição de 2004, quando foi derrotado como candidato a prefeito de Rio Branco, a assessoria de Márcio Bittar se envolveu numa fraude que foi desmascarada por este modesto blog. A Justiça Eleitoral retirou então a pesquisa do site do "fantasma" Norte Data Center, criado na web para beneficiar Bittar com resultaods de pesquisas inexistentes. Leia aqui.

ACRE AGORA

A gente lê e nunca leva a sério o conteúdo do site do jornalista Antonio Stélio, da assessoria do candidato a governador Márcio Bittar (PPS).

Desde o dia 27 de julho, por exemplo, está no site uma enquete para saber em qual dos candidatos ao governo do Acre os leitores estão dispostos a votar.

O resultado parcial é o seguinte: Binho Marques (PT), lidera com 55.8%, seguido de Márcio Bittar com 38.1%. Tião Bocalom (PSDB) tem apenas 6.1% da preferência.

Será mentira?

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

AMOR DE ACREANO

Bastante comentada a seleção de fotos de Davi Sopchaki, 18, sobre a revitalização do centro de Rio Branco, na seção brasileira do forum Sky Scraper City, onde os participantes trocam imagens e idéias sobre urbanismo. Estudante de engenharia florestal, Sopchaki é um acreano apaixonado por sua terra. Desde os 15 anos sua maior diversão é circular pela cidade com uma obsoleta Canon Powershot A200, para registrar as peculiaridades de nossa paisagem urbana.

Comentários sobre o trabalho do Davi:

- ESSE É O ACRE!!!!!! ESSE É O ESPÍRITO DO POVO ACREANO!!!! Como Rondoniense, tenho orgulho de ter o Acre como vizinho! Que esse espírito de preservação da nossa cultura e da nossa história seja seguido aqui em Rondônia! Davi, a transformação do local foi espetacular! Mas o seu trabalho de nos mostrar essa tranformação, inclusive com a preocupação de mostrar fotos no mesmo ângulo das anteriores, também merece uma medalha! Nota 10 pras fotos, pra obra, pra vc, pra Rio Branco, pro Acre, pro Norte!!! (BR-364 - Rondônia)

- Cccccccccccaaaramba!!!! Não pode ser verdade uma cosa dessas, não acredito! Isso não foi revitalização, foi nascimento mesmo, hehehe! Um lugar completamente destruído, transformou-se num centro completamente novo, com arquitetura antiga preserva! Que lindo! Perfeito! Rio Branco tá de parabéns! Belas fotos Davi, muito obrigado pela contribuição! (Tarcísio Tamarozi - Bauru)

- Que legal, as casinhas todas bem pintadas, a fiação aterrada, a calçadas padronizadas, placas de publicidade em harmonia com os prédios, ficou muito boa essa regiao, belo exemplo de Rio Branco, quem não conhece nem dá pra imaginar que aí era uma região tão feia. (RRC)

- Impressionante!!! Meu deu uma vontade de pegar um avião e ir pra Rio Branco conhecer o lugar e a cidade. Gostei muito dessas casas art decco pintadas com cores vivas e também do material que usaram pra calçada e pras praças. E essas pontes com os cabos inclinados parece que estão virando marca registrada do Acre. Também achei comovente a história do cidadão homenageado com a placa. Um trabalho muito bem feito. Parabéns aos acreanos. (Paroara)


Clique aqui para ver as fotos do garoto Davi Sopchaki, que merece uma câmara digital à altura de sua sensibilidade.

domingo, 6 de agosto de 2006

MERCADO VELHO



O Mercado Velho de Rio Branco foi reinaugurado hoje pelo governador Jorge Viana e o prefeito Raimundo Angelim, com a presença de aproximadamente duas mil pessoas. O mercado foi inaugurado pela primeira vez em 1929, mas desapareceu do cenário, assim como a Praça da Bandeira, em decorrência da invasão por comerciantes, que tiveram o apoio de políticos do passado.

A revitalização da área central da cidade faz parte de uma estratégia de resgate histórico e cultural desencadeada pelo governo estadual. Clique em "Amor pelo Acre" para ver mais fotos.

A reinauguração coincidiu com a data do 104º aniversário da Revolução Acreana, liderada pelo coronel José Plácido de Castro, que resultou na anexação do Acre ao Brasil.

Referindo-se ao candidato a governador Márcio Bittar (PPS), mas sem citar o nome dele, Jorge Viana criticou-o duramente por apresentar Rondônia como modelo de desenvolvimento a ser seguido pelo Acre.

Viana citou a Operação Dominó, da Polícia Federal, destinada a desarticular e prender uma organização criminosa que agia em Rondônia desviando recursos públicos.

Estrangeiro
Ele disse que o Acre não vai seguir o modelo de Rondônia e qualificou Bittar de "estrangeiro". Com voz embargada e lágrimas nos olhos, declamou um trecho do Hino Acreano, para assinalar que a população acreana vai lutar contra o "estrangeiro".

- Mas se audaz estrangeiro algum dia/ Nossos brios de novo ofender/ Lutaremos com a mesma energia/ Sem recuar, sem cair, sem temer/ E ergueremos, então, destas zonas/ Um tal canto vibrante e viril/ Que será como a voz do Amazonas/ Ecoando por todo o Brasil.

No ano passado, durante a estiagem, Bittar trouxe ao Acre os governadores Blairo Maggi, do Mato Grosso, e Ivo Cassol, de Rondonia, para criticarem a florestania e defenderem a soja e a expansão da pecuária na região.

O governador disse que tem sido vítima de ofensas à sua honra e que um de seus opositores esteve durante a manhã no Mercado Velho para fazer provocações.

Corrupto e corruptor
Viana também não citou nome, mas o episódio envolveu o empresário Narciso Mendes, dono do jornal e da TV Rio Branco, que compareceu à loja do Doutor Raiz, o raizeiro mais famoso do Acre.

- Tem alguma planta boa com a qual eu possa curar Jorge Viana do mal da corrupção - indagou o empresário.

- O povo sabe que quem sofre das doenças de corrupto e corruptor é o senhor. Tenho uma planta boa, capaz de fazê-lo criar vergonha na cara e respeitar quem está reconstruindo o Acre - rebateu o Doutor.

Vários moradores antigos ficaram emocionados ao recordar a vida em Rio Branco antes da invasão do espaço do mercado e da praça. O prefeito Raimundo Angelim chorou durante o discurso e prometeu zelar pelo local.

Jorge Viana demorou mais de uma hora para conseguir deixar o local da solenidade. Centenas de pessoas se aproximaram para cumprimentá-lo, pedir autógrafo e tirar fotos ao lado dele. A seguir, os vídeos com trechos do discurso.

"Fim de cinco prostíbulos e pontos de venda de drogas"



"Doze anos de trabalho, sem férias"

BANDEIRAS

(antes do Altino bater a foto)

Antonio Alves

Vi a bandeira vermelha no alto da árvore, agitada pelo vento e recortada contra o céu azul do verão amazônico. Uma. No dia seguinte, duas. Depois dez e agora centenas.

É que o povo da minha cidade se engraça com essas coisas de guerra, de erguer mastros de bambu no alto das árvores ou das casas e colocar na ponta a cor de seu partido quando chega o tempo da eleição. São algumas poucas bandeiras amarelas, azuis e brancas no meio do mar vermelho.

Um pano levantado ao vento e parece que é dentro de mim. Um espírito de guerra, um grito prestes a sair da garganta, um desejo de multidão. Como se as casas e as árvores, as ruas e as flores das praças, os carros e as andorinhas, tudo, mas tudo participasse de uma grande conflagração.

Coisas de meu povo e sua inquietude pachorrenta, seu ardor cordial, sua teimosia incurável, sua revolução permanente.

As bandeiras me chamam para um mundo urgente. O vento vem me lembrar que meu coração é vermelho. E não se rende.

O apaixonado Antonio Alves escreve no blog O Espírito da Coisa. Obviedades: tudo tem a sua hora, "nunca é tarde, nunca demais". E como hoje é o aniversário da Revolução Acreana, eis as fotos.


sábado, 5 de agosto de 2006

6 DE AGOSTO

Antonio Areal Souto

Onde é que este homem vai pelas margens distantes
Do rio solitário? É o Titã do Nordeste
Que vem oferecer seus braços possantes
Ao Acre verde e rico. Em vão contra ele investe
Da natureza hostil a trágica revolta.

E este homem não pára!...Este homem não volta!...
E vai subindo mais, e sobe... E sobe até...
Onde ele já não sabe a terra de quem é.

E correndo a rechã, amansando o cacique,
Pondo a broca na mata e a seringueira em pique,
Um dia descansou. Era a posse tranquila
Da terra que vencera e devia possui-la.

Mas, quando de uma vez, um audaz invasor
Quis lhe tomar o lar; quis arrancar-lhe o amor
Ele, o conquistador dos caboclos bravios,
Ele, o dominador dos paludes doentios
Ele, o desbravador da terra abandonada,
Põe balas no bornal, corta a volta da estrada
E, tomando do rifle a mira contra o rosto,
Começou a lutar... E fez o 6 de agosto.


O compositor Sérgio do Areal Souto, que enviou a poesia, explica: “Ela deve ter sido escrita entre 1912 e 1915 por Antonio Areal Souto, meu tio, em Sena Madureira". Areal Souto é o patrono da cadeira nº 9 da Academia Acreana de Letras, fundada em 17 de novembro de 1937. Clique aqui para saber mais sobre o 6 de agosto.

REVOLUÇÃO ACREANA

Amanhã, dia 6 de agosto, é a data do 104º aniversário da Revolução Acreana. Acreanos e acreanas que moram no Rio costumam se reunir para comemorar a conquista. A correspondente deste blog na cidade nos envia o seguinte relato da festa:

- Altino, o encontro dos acreanos como sempre foi animado e, esse ano, ainda mais especial, com a presença do Jorge Viana. Cliquei para você. Não ficou muito bom, mas vale a lembrança.

Beijo
Glória Perez




A novelista Glória Perez e o governador Jorge Viana



Glória Perez e o artista plástico Sansão Pereira



Maria Augusta Ferrante, mãe de Glória Perez, e Ametista Portella

IRMÃO DE FÉ E LUTA

Altino velho guerreiro!

Bom te encontrar para desobstruir os poros, bater tambor e tomar tacacá!

Parabéns pela exelente ´rentrê` de nosso caro Alex Shankland, que tomou a decisão de voltar para casa e dar sequencia a este grande trabalho do programa - não é um projeto simplesmente, Saúde Sem Limite!!!

Em tempo: quero dar boas-vindas a toda equipe do programa, com votos de boas e muito promissoras iniciativas nesta retomada de nossa ação articulada e solidária, na busca de melhores dias para nossas famílias da floresta, dos rios e igarapés que tanto amamos.

Meu estímulo a todos os parentes que estão atendendo a esta primeira oficina, que está se preparando para os próximos dias em Feijó. Especialmente para as nossas lindas irmãs Huni Kuin, Yawanawá, Arara, Jamináwa, Poyanawa... todas, que tive a alegria de ver integrando a iniciativa de atender a chamada desta oficina próxima.

Abraços a todos e todas, desde nossas serras de Minas Gerais, onde já estou, depois de ter feito um rafting pelas praias e matas do Juruá, Tarauacá e Gregório, visitando nossas aldeias e filmando a série "Tarú Andek - A cura da Terra".

Ailton Krenak

Passei horas ontem com o índio Ailton Krenak, meu sábio irmão de fé e lutas, antes do embarque dele de volta ao seu recanto na Serra do Cipó (MG). Ele passou 15 dias viajando nas aldeias do Acre. A partir de segunda-feira, publicarei as entrevistas que fiz com ele e com o diretor e produtor de sua equipe, para que todos saibam o que vieram fazer aqui.

AUTO-ENTREVISTA

Olá, Altino.

"Quem é você?"

Pois, bem, sou Filipe Mesquita de Oliveira, 19 anos (filho de Pedro Pereira de Oliveira e Maria Suylena Mesquita de Oliveira), natural de Rio Branco - Maternidade Bárbara Heliodora. Com a criação do estado de Rondônia, em 1981, e de seu TRT, nossa família se mudou para lá. A mudança ocorreu em 29 de junho de 1987, quando eu tinha seis meses de vida. Isso não impediu as constantes visitas a Rio Branco para ver meus avós, primos, tios e agregados.

"O que quer?"
Pois bem, desde que vim fazer direito aqui em Marília (SP), acabei ficando longe de Rondônia e do Acre. Recentemente, em julho de 2006, fui visitar a única avó ainda viva e tomei um belo susto. Desculpe-me a contradição. Como Rio Branco mudou! Como participante do projeto Wikipédia , tirei fotos e recolhi informações para a página da cidade de Rio Branco que ficou modestamente bonita.

"Mais algo?"

Outra coisa que devo falar é da comunidade ACRE is a LIE onde criei o tópico: "Aos conformistas e separatistas o Acre existe" que fez frente aos absurdos que os membros diziam.

"É só isso?"

É. Ah, eu fui criado com os filhos do doutor Sebastião e da tia Marilda, presos recentemente na operação da Polícia Federal.

"O que mais?"

Compartilho o blog Putas com amigos. Escrevo sob o pseudônimo de Filipux. Creio que é só.

Filipe Mesquita
Marília-SP

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

MODESTO RECORDE

"Você merece, Altino. Faz um belíssimo trabalho".
(Ricardo Noblat)

Este modesto blog registrou hoje 1.947 acessos únicos e 2.889 páginas foram vistas. Teve um momento em que o contador indicava a existência de 54 pessoas online. Logo passou para 75 e chegou até 112. Pensei que o contador estivesse pirado. Aí me dei conta de que havia avisado ao jornalista Ricardo Noblat sobre a Operação Dominó, em Rondônia, a quem indiquei uma nota ilustrada com foto do site Rondoniagora.

Foi a indicação feita por Noblat aos leitores do blog dele que me tirou da média de 400 a 600 acessos únicos diariamente. Até o site rondoniense comemorou o feito. Nenhum dos quatro jornais diários de Rio Branco chega a circular com mais de 1.500 exemplares, sendo que alguns circulam até com menos de 300 exemplares. O blog sempre serve, mas eu não ganho nenhum centavo com ele. Minha satisfação é outra e não tem preço.

"A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas."
(Manoel de Barros)

RUA DA SAUDADE



Elson Martins

Altino, meu caro:

Vi que seu blog está cheio de coisa interessante para ver e ler, mas estou com pouco tempo para isso porque, a exemplo do governador Jorge Viana e do prefeito Raimundo Angelim, estou em obras. Lembra ou ouviu comentar sobre o tufão que passou sobre Rio Branco dois sábados atrás?

Pois bem, ou "marrapaz", como nós acreanos preferimos:

O vento quase derruba minha velha casa da rua da Saudade, esquina com a travessa do Morro, aqui na vizinhança do Clube Juventus. O muro da parte de trás caiu inteiro, duas telhas daquelas de amianto de quatro metros foram desparafusadas e ficaram batendo, aterrorizando a gente, enquanto três capotes voavam feito pipa caindo de “facada” sobre as outras telhas.

Imagino que você vai estranhar como um muro inteiro pode cair assim, com um vento forte, mas não do tipo arrasa-cidade que quebra tudo nos EUA e na América Central...Eu também estranhei.

Entretanto, descobri, 25 anos depois, que esse muro construído pelo velho mestre de obras e "cientista político" Martins Bruzugu, em 1981, não tinha ferragem nenhuma sustentando as colunas. Era só massa e tijolo e podia ter caído antes, sem vento mesmo.

Mas eu te falei que estou em obras...Contratei dois vizinhos experientes – seu Orlando e seu Armando -, ex-seringueiros do rio Iaco, que com um pouco de cimento, areia e ferro, aproveitaram os tijolos não quebrados inteiramente e levantaram de novo o muro.

Com os cacos, ou seja, o que não deu para remendar, decidimos nós três dar uma forcinha ao prefeito Angelim e melhorar a situação dos cem metros da rua da Saudade que dá acesso à avenida Getúlio Vargas. Dá dó, durante o inverno, ver mulheres e homens idosos, crianças, mulheres grávidas derrapando nesse trecho.

Não sei se você lembra (já lhe contei mais de uma vez) que isso resultou de uma maldição lançada por um secretário de obras do Flaviano Melo, quando este era prefeito. Naquela época, por volta de 1985, eu escrevia a coluna “Gazetinhas” que hoje é marca registrada do Silvio Martinello, e andei cutucando os brios do gajo “estrangeiro”- digo, do Brasil boa vida lá de baixo - e o gajo que estava entijolando os bairros sentenciou:

- Esse trecho é pra ficar com lama para sempre.

Não é que a praga pegou? Que eu lembre, passaram quase uma dezena de prefeitos e secretários depois deles, mas nenhum, - nem o Jorge Viana - enxergou mais esse trecho de rua tão central, tão ecológico. Há pouco tempo, uma vizinha sugeriu que a gente fechasse o trecho e o transformasse numa horta coletiva.

Não foi por falta de organização popular, não, que fomos abandonados. Eu mesmo ajudei a criar a associação de moradores, faz muitos anos, entortamos a coluna de tanta reunião entre nós e com os homens do poder, mas nada demoveu a condenação de “merdinha”.

Bom, eu só queria que você fizesse o registro em seu blog de nossa obra porque agora nem organização temos mais no bairro. Outro dia, caí na besteira de reclamar com o secretário de obras do Estado, o meu amigo Eduardo Vieira, gente boa de verdade, e ele me deu uma resposta que quase me mata de vergonha:

- Cadê a organização de vocês? Vão lá e proponham ao Angelim...

Eu não tive tempo nem saco para contar essa história antiga e perversa ao meu amigo da corte. Um abraço.

Elson Martins é jornalista acreano e colaborador deste blog. Como o acesso a blogs é bloqueado nos computadores da prefeitura de Rio Branco, vou encaminhar o drama dos moradores da Rua da Saudade ao e-mail do prefeito Raimundo Angelim. Daqui uns dias Elson nos relata o resultado do apelo.

RONDÔNIA

Vejam que situação deplorável: o presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, Sebastião Teixeira Chaves, sendo levado algemado pra sede da Polícia Federal, em Porto Velho. O Estado tem sido apresentado pelo candidato a governador do Acre, Márcio Bittar (PPS), como paradigma de desenvolvimento. Após devastar as florestas do Estado, o crime organizado tomou conta do ambiente e agora está sendo combatido pela Operação Dominó.

Gostaria que essa operação se estendesse ao Acre, afinal, não sobreviveram apenas anjos após a limpeza ética. Aliás, conheço uma meia dúzia de personalidades daqui que deveria estar presa por participação ativa na criminalidade lá e cá.

Clique aqui para saber mais sobre a Operação Dominó.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

SAÚDE SEM LIMITES

Tive o prazer de receber hoje o inglês Alexander Shankland, 39, mestre e doutorando em estudos do desenvolvimento pela Universidade de Sussex. Nos conhecemos no começo dos anos 90, quando eu era correspondente do Estadão e ele jornalista freelance do diário inglês The Gardian, tendo ajudado a divulgar, na Europa, as histórias das lutas dos seringueiros e índios acreanos da Aliança dos Povos da Floresta.

Alex Shankland volta fazendo parte de um grupo de pesquisadores que vai investigar a participação indígena na implementação de políticas públicas de saúde no Acre. Diversas etnias serão beneficiadas com o projeto de pesquisa que será realizado pela Saúde Sem Limites, a organização da qual ele é membro, sediada em São Paulo.


As primeiras ações - oficinas participativas - ocorrerão entre os dias 9 e 12 de agosto na Aldeia Morada Nova, em Feijó. Eles vão identificar temas que afetam a capacidade dos povos indígenas em obter seus direitos de saúde, delinear estratégias regionais de efetivação de direitos em saúde baseadas nas pesquisas nacionais, envolver as comunidades e disseminar os resultados das informações.

Distritos
Isso tudo faz parte das ações do projeto “Investigação Participativa: Fatores condicionantes na implementação de políticas de saúde dos povos indígenas no estado do Acre", que a ONG Saúde Sem Limites vai executar com o apoio financeiro de duas redes internacionais.

Para operacionalizar as ações e serviços de saúde nas áreas indígenas dos DSEI (Distrito Sanitários Especiais Indígenas), a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) estabelece convênios com organizações indígenas, ONGs, prefeituras e universidades no sentido de viabilizar o repasse dos recursos necessários à prestação de serviços e ao desenvolvimento das ações de saúde.

A Funasa celebrou um convênio com a organização União das Nações Indígenas do Acre e Sul do Amazonas para viabilizar os distritos do Alto Juruá e Alto Purus. Em 2004, o convênio foi interrompido. A partir daí, os convênios passaram a ser firmados com os municípios para garantir a continuidade da assistência à saúde da população indígena do Acre.

Entretanto, relatos da população usuária ainda identificam graus variados de desasistência e despreparo dos serviços para atender os problemas e necessidades de saúde da população.

Como esse levantamento, será possível levar ao conhecimento da sociedade, a forma mais adequada para implantar um sistema de saúde capaz de atender às necessidades locais, as peculiaridades daquela comunidade, o perfil epidemiológico, a condição sanitária e apontar adequações eficazes para a concretização da prestação de atenção pelos distritos.

Equipe
Além de Alex, a equipe de pesquisadores da Saúde Sem Limites é integrada por:

- Maria Ferreira, médica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, especialista em pediatria e saúde pública e mestre em saúde ooletiva pela Universidade Federal da Bahia.

- Maria Elvira Toledo, cirurgiã dentista pela Universidade de São Paulo, especialista em administração em saúde pública, pela Universidade de São Paulo/Fundação Getúlio Vargas, em educação em saúde, pelo Ministério da Saúde de Cuba, e em epidemiologia, pela prefeitura de São Paulo, além de mestranda em saúde coletiva pela Universidade Estadual de São Paulo (Botucatu).

- Hélio Barbin Júnior, médico formado pela Faculdade de Medicina de Santos, especialista em homeopatia, acupuntura e medicina da família e comunidade, e mestre em antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Saúde Sem Limites é uma organização sem fins lucrativos e tem como missão atuar juntos às comunidades socialmente excluídas para que estas possam interagir na construção de sistemas oficiais de saúde eficientes, democráticos, culturalmente adequados e capazes de atenderem às suas necessidades. Atualmente, desenvolve projetos com os índios Pankararu, em Pernambuco, e Hupdäh, no Amazonas.

Apoio
É a Red Raices (Red da las Americas Indigenas Contibuyendo en el Empoderamiento de la Salud) que apoia financeiramente o projeto. A rede é formada por cinco países latino americanos (Brasil, Peru, Nicarágua, Guatemala e El Salvador), que buscam cooperar para o empoderamento das populações indígenas destes países, desenvolvendo projetos voltados à efetivação dos seus direitos de saúde e cidadania, com o apoio financeiro da agência de cooperação inglesa Health Unlimited.


O objetivo é contribuir para que os povos indígenas destes cinco países se estabeleçam como parte dos formuladores das políticas de saúde para atingirem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Alex Shanklandc sempre se empolga quando começar a falar do Acre. Ele admite que volta porque bebeu água dos rios acreanos. Assista ao vídeo com um pouco dos temas que dominaram nossa longa prosa no final da tarde, enquanto cheirávamos rapé, bebíamos café e fumávamos tabaco acreano e inglês.

GENTE ACREANA

A Silvana Maria Escócio Drummond Viana de Faria Ditcham, atriz e diretora acreana que vive em Londres, envia das Ilhas Canárias, onde curte férias, a seguinte mensagem:

- Altino, realizei esse vídeo antes das férias. É um documentário de 10 minutos para a gravadora americana do cantor e compositor PF Sloan. Eles decidiram lançá-lo na internet e eu estou super feliz, pois vem mais trabalho depois desse. Não é maravilhoso? Desculpa, mas tem somente versão em inglês. Beijos, Silvana.

Bem, além do vídeo, estou incluindo, com bastante atraso, a indicação de dois blogs que gosto muito - o "Coca Mata" e o "Ufa, cansei!", dos jovens acreanos Thiago Fialho e Chico Mouse.

Os dois são criativos, humorados e escrevem melhor do que 99,99% dos jornalistas que conheço no Acre. As aventuras e a projeção alcançada na web por ambos em breve vai merecer um registro especial neste blog.

Thiago (foto), por exemplo, tem 20 anos, mas desde os 15 se acostumou a compartilhar na web o que escreve. Ele ficou famoso ao criar o Videolog quando nem existia Youtube.

Putz! E ainda temos que tolerar os paraquedistas que surgem e ficam a falar mal da nossa terra e dos acreanos.

- Ninguém vem pro Acre impunemente - dizia o Zé Leite.

Clique na setinha abaixo para assistir ao vídeo.


quarta-feira, 2 de agosto de 2006

PODE ENTRAR

CORES DO VERÃO



Besta quem pensa que o paraíso é não sei onde. Ele está bem pertinho, a um palmo do nariz da gente: a rosa ao léu, em contraste com o céu, a velha árvore sem nome, florida, herdeira da árvore da vida, a fartura de caju-banana, a tessitura da flor do jagube, a rolinha preguiçosa, o vento cheio do cheiro da flor do assa-peixe ou a mandala da agávia. Vamos nós ao Vosso reino. É mais religioso conviver com o paraíso do que vendê-lo como promessa no céu. Olhe ao seu redor porque você pode estar num paraíso mais belo que o "meu". Clique em "Há metafísica bastante em não pensar em nada".











DOAR SANGUE?



Demorei 43 anos para me decidir a doar sangue. Ao acordar ontem, com a coragem percorrendo as veias, permaneci em jejum e fui ao Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre, às 8h30.

No atendimento, ao ser constatado que sou natural de Cruzeiro do Sul, fui informado de que teria que passar por pré-triagem sorológica para saber se sou portador de vírus de hepatite.

Fui informado, ainda, de que não poderia me submeter à pré-triagem, pois a mesma está suspensa por 20 dias porque falta o kit necessário para o diagnóstico de hepatite.

Quando realizada, a pré-triagem sorológica para hepatite B em candidatos a doação de sangue reduz o custo e aumenta a segurança da transfusão.

Segundo a Fundação Nacional de Saúde, existem no Acre 30 casos da doença para cada 100.000 habitantes.

As informações do Hemoacre sugerem que entre doadores de sangue os índices de reatividade na pré-triagem são de 6 casos a cada 1.000 pessoas que doam sangue, chamando a atenção para a gravidade da situação no Estado.

Faminto, procurei a birosca mais próxima e comi um "quebe" (ou quêbe?) de arroz com suco de maracujá, o que me fez passar o dia com azia.

Só o "Vampiro", de Jorge Mautner, para me redimir:

Eu uso óculos escuros
pras minhas lágrimas esconder
e quando você vem para o meu lado
ai, as lágrimas começam a correr
e eu sinto aquela coisa no peito
eu sinto aquela grande confusão
eu sei que eu sou um vampiro
que nunca vai ter paz no coração

Às vezes eu fico pensando
porque que eu faço as coisas assim
e a noite de verão, ela vai passando
com aquele seu cheiro louco de jasmim
e eu fico embriagado de você
eu fico embriagado de paixão
no meu corpo o sangue, não corre, não
corre fogo e larva de vulcão

Eu fiz uma canção cantando
todo amor que eu sinto por você
você ficava escutando impassível
eu cantando do teu lado a morrer
e ainda teve a cara de pau
de dizer naquele tom tão educado
"Oh, pero que letra mas hermosa
que habla de un corazon apasionato..."

Por isso é que eu sou um vampiro
e com meu cavalo negro eu apronto
e vou sugando o sangue dos meninos
e das meninas que eu encontro
por isso é bom não se aproximar
muito perto dos meus olhos
senão eu te dou uma mordida
que deixa na sua carne aquela ferida

Na minha boca eu sinto
a saliva que já secou
de tanto esperar aquele beijo, ai,
aquele beijo que nunca chegou
você é uma loucura em minha vida
você é uma navalha pros meus olhos
você é o estandarte da agonia
que tem a lua e o sol do meio-dia

terça-feira, 1 de agosto de 2006

DOMÍNIO PÚBLICO

Vale a pena conhecer o portal Domínio Público, do Ministério da Educação. É uma bibliotea digital desenvolvida em software livre.

Você vai encontrar toda a obra de Machado de Assis, obras como a "A Divina Comédia", tem acesso a historinhas infantis, grandes pinturas de Leonardo da Vinci e até, gratuitamente, música em MP3 de alta qualidade.

Só de literatura em língua portuguesa há 732 obras e dizem que estão pensando em findar o projeto por desuso, pois a quantidade de acessos é reduzida.


Recebi uma mensagem que pede, por favor, para que a mesma seja repassada a todos os meus samigos, para que a iniciativa do portal não pare e continue a crescer.

Andei dando uma olhada no portal e o acervo é realmente formidável. Mas não concordo com a chantagem que fazem com os usuários enviando mensagens dramáticas.

Os desenvolvedores do portal deveriam mudar a interface, que é morta. Eles poderiam anunciar obras do acervo e até criar canais para maior participação dos usuários.

O site ganharia vida, por exemplo, se fosse criada uma forma do usuário votar e comentar. O usuário precisa ser atraído na primeira visita e cativado a experimentar o conteúdo.

Na minha opinião, a home é um desastre e este pode ser o motivo do desuso. É preciso que considerem as diretrizes dos usuários.

Use o Domínio Público.

Recebi hoje ( 30 de outubro de 2006) a seguinte mensagem:

"Prezado Altino,

Trabalho no Portal Domínio Público, site desenvolvido pelo Ministério da Educação, e cheguei até o seu blog ao pesquisar notícias sobre nossa biblioteca digital. Eis o que encontrei no post "Domínio público" - um texto seu que fala sobre uma suposta desativação do Portal. Não há, entretanto, a menor possibilidade de que isso venha a ocorrer. Gostaria de pedir que você corrigisse essa informação, seria possível?

Desde já agradeço sua atenção,

Lídia Hubert".

EXAMES EM "MAYAME"

Está na coluna "Saiba das últimas", de Rubedna Braga, no jornal O Rio Branco:

"A bacharela em Direito Mercedes Lavocat desembarcou no Brasil no sábado. Ao lado do marido Eliezer, a mina realizou em Mayame uma bateria de exames. Já no Rio de encantos mil, permanecerá até o finalzinho de agosto".

Coluna social para anunciar exames de... Chic perde.

Enquanto isso, o casal paulista que não suporta viver no Acre, se viu forçado a cometer orkuticídio: excluiu as contas no Orkut por causa dos protestos incessantes da acreanada.

Custo a me estressar com a vida no Acre. É besta quem não consegue navegar na irrealidade acreana.

P.S: Dou a mão à palmatória: errei ao julgar que o Notícias da Hora estava errado ao se referir a um tal presídio Urso Panda. Ele existe, sim. O editor Roberto Vaz enviou explicação:

"Altino, para seu conhecimento: em Porto Velho existem dois presídios. Um chama-se Urso Branco, o que você conhece, o outro chama-se Urso Panda, inaugurado recentemente. Eu também já errei ao corrigir um texto originário de Rondônia que citava Urso Panda.
Grato, Roberto Vaz".

Vaz e eu não nos estressamos.

EU NÃO GOSTO DO ACRE

Juarez Nogueira

É um lugar cheio de riscos. Inclusive, o de esbarrar com o "fundamentalismo acreano". Não é difícil esbarrar em riscos e fundamentalismo em qualquer lugar. Risco é toda convivência, conivência também. Fundamentalismo é todo comportamento que não observa o fundamental: a tolerância.

É intolerável, o a.C.RE. Ali, a estranheza não dá aviso prévio. É outro mundo, outra cultura.

A cultura, ao contrário do que se supõe, é, e sempre será, fonte, se não objeto, de mal-entendidos e conflitos. As diferenças culturais separam, distinguem, pré-conceituam, classificam, fazem indivíduos extremados (olhe que eu não disse "radical", que vai na raiz das coisas), alimenta maniqueísmos, contra ou a favor, bem ou mal, preto ou branco, xiita ou sunita, peta ou pita, pota ou pata.

A cultura não é, por si, capaz de converter o homem à tolerância, livrá-lo da barbárie, destituí-lo das incompatibilidades, digamos, própria da sua natureza. Antes, costuma ser a divisa para atacar as "leis da comunidade, a liberdade e a propriedade dos cidadãos", no dizer de Locke. A honra, talqualmente.

O a.C.RE tem leis próprias da sua cultura, costumes desconcertantes, exóticos para o turista acidental, rudezas incrustradas no próprio nome - acre: amargo, áspero, aflitivo, doloroso, feito a história desse lugar. Que é bom conhecer, a história, digo.

Eu não gosto do Acre. Muita gente não gosta. Muita gente manifesta seu (des)contentamento, seu (des)gosto. Cria, para isso, até comunidade em espaços tão tolerantes como casa de porta aberta num tal orkut, que abriga montes de comunidades de nada para coisa nenhuma, e consegue bandos de adeptos (in)tolerantes, (des)contentes, (des)gostosos.

E aí é que está: engana-se quem pensa que, nesse espaço, o (des)contentamento ou o (des)gosto está protegido pela privacidade, pelo sigilo, pela isenção do ônus de que, se o desabafo é livre, quem tem mais cultura, visão mais ampla, enfim, o mais civilizado tem também de ser mais responsável pela tolerância. Não é questão de opinião apenas, é de atitude mesmo. Respeito.

Mas recomenda-se não entender por tolerância o espírito escancarado a ofensas, asneiras, a futilidades que sejam. Porque toda tolerância se aloja, com o tempo, nas "leis da comunidade": vira direito adquirido. E há tolerâncias intoleráveis, bem mereceriam espaço e debate aqui, ali e alhures. Por isso também, pelo "consenso adquirido" há comunidades intolerantes.

No Orkut, nas civilizações, na vida. Algumas virulentas, infiltradas de violência e rancor, fadadas ao massacre (sem trocadilhos, por favor) do "diferente". Outras, parecem inofensivas, não mais que careta na cara de quem faz, um lapso da inteligência ou da gentileza reparável com o reconhecimento do erro, um sincero pedido de perdão com o propósito de não ser reincidente.

Alguém disse que não voltam a flecha atirada, a palavra dita, a oportunidade perdida. Há uma oportunidade que não quero perder, a de dizer que não gosto do a.C.RE. Não porque pareça um lugar do tipo ame-o ou deixe-o, "encômio" este que já motivou tanta intolerância nesse país todo ele surreal.

Também não é por motivações pessoais, com as quais costuma-se ser mais "leniente". Mas é porque permanecer, ali, exige um amor difícil que deixa intolerante o coração desavisado, e não se permite suportar sem indulgência como saudade em longa distância, sem eira nem beira.

Eu não gosto do a.C.RE. Eu amo.

O escritor mineiro Juarez Nogueira mora em Divinópolis (MG). Ao ver o artigo no blog, Nogueira complementou com a seguinte mensagem:

- Grato pela distinção, filho do Alto. Para pontuar: quando terminei o texto "Não gosto do a.C.RE", fui espiar a TV. De cara, uma chamada do Jornal da Globo sobre a guerra Israel X Líbano anunciava: "Israel descobre que é mais fácil começar uma guerra do que terminar." [...] Essa discussão sobre o casal paulista pode ensinar bastante, vale sobremaneira o alerta de que orkuts e nets não são "terra de ninguém" e a reação está no corpo das "leis da comunidade". Tenho certeza de que a dupla vai recapitular. Eu aprendi muito, inclusive, quero usar o material, com fins didáticos, numa próxima aula com meus jovens alunos.