quarta-feira, 22 de março de 2006

É BINHO

Tudo pronto para o anúncio definitivo de que a ministra do Meio Ambiente Marina Silva não será mesmo candidata à sucessão do governador Jorge Viana pela Frente Popular do Acre.

O candidato do PT com certeza será o vice-governador e secretário de Educação Arnóbio Marques, 43, o Binho, que é considerado pela ministra como o seu melhor amigo. É promessa segura de uma verdeira revolução no ambiente acreano.

Binho foi quem mais estimulou Marina Silva a estudar, quando a mesma saiu do seringal Bagaço para viver em Rio Branco. Chegou a pagar a inscrição dela no vestibular e a comprar seus livros. Ambos se formaram em história pela Universidade Federal do Acre.

Arnóbio Marques tem sido o maior entusiasta da Usina de Comunicação e Arte João Donato. No começo dos anos 80, Binho esteve envolvido com o movimento cultural e artístico em Rio Branco, tendo sido um dos idealizadores do extinto Teatro Horta, no bairro da Estação Experimental. A ministra Marina Silva era atriz e figurinista do grupo.

Vários jovens que participaram do movimento cultural e artístico há mais de 20 anos alcançaram posições de destaque e influência em diversas áreas do ambiente social e político acreano.

Binho é casado com a jornalista Simony D’Avila, diretora da TV Aldeia. No governo, esteve sempre empenhado em contribuir para resgatar a efervescência artística e cultural que marcaram o Acre naqueles anos.

Ele é secretário de educação desde que Jorge Viana administrou a prefeitura de Rio Branco em meados dos anos 90. Como secretário municipal e estadual, Binho mudou a realidade da educação no Acre, tendo seu trabalho sido reconhecido com premiações nacionais.

Bastante metódico, poucos da atual equipe de governo entendem de gestão pública como ele. Além disso, sua indicação será capaz de animar a militância petista por ser considerado um quadro "ideológico".

As mudanças que a gestão de Jorge Viana tem promovido no Acre são consideradas revolucionárias. Com Arnóbio Marques no governo a tendência é de que as mudanças sejam bem mais ousadas, sobretudo no campo social, após quase oito anos de organização da máquina pública estadual.

Clique aqui para ler a entrevista concedida ao blog, na qual Binho Marques se revela uma positiva ameaça ao establishment. Na ocasião, negou qualquer pretensão em voltar a disputar cargo eletivo e por isso acabei suprimindo a pergunta e sua negativa. Veja a última pergunta da entrevista:

É por conta dessa sutileza da arte como elemento de transformação que os políticos têm dificuldade em incentivá-la?

Talvez a gente tenha poucos artistas na política. Nós queremos contribuir com uma juventude que já está com gás para fazer as mudanças, para que ela possa ser mais criativa, produtiva, ligada à realidade amazônica. O verdadeiro espírito de florestania está dentro dessa usina, para que possamos ter uma consciência nova, voltada à defesa do meio-ambiente, justiça social e solidariedade. A gente começou essa mudança, mas essa mudança precisa de mais gente. A idéia é usinar um novo conceito de sociedade. A gente vê o passado quando olhamos para essa usina. É olhando para o passado que a gente constrói o futuro. Nesse ambiente no qual o passado e o futuro vão se encontrar, também será o encontro de tradição e modernidade, de culturas, pois vivemos num ambiente onde transitam 16 etnias. Queremos uma sociedade plural na qual a diversidade é a nossa maior força. O Acre é um destaque no Brasil e será um destaque no mundo também por isso: o respeito às diferenças.

NOSSA HISTÓRIA TEM VALOR

É realmente primorosa e impactante a campanha publicitária do Governo do Acre, criada pela agência Companhia de Selva, do marqueteiro Gilberto Braga, na qual japoneses e chineses ilustram com sorrisos e equipamentos o lead "Agora Nossa História Tem Valor". Vi na rua o outdoor no qual aparece o oriental supostamente pai da garotinha que ilustra a foto acima. "Chic perde", diria a colunista social Marlize Braga.

Tem tudo a ver com a dica que o Toinho Alves, do blog O Espírito da Coisa, escreveu sobre a doença que abala os países asiáticos:

- Essa gripe aviária que anda aí assustando meio mundo, pode acabar chegando ao Brasil. Preocupam-se os criadores de aves, os governos, os mercados, os milhões de consumidores, já tão assustados com poluições e contaminações e transgenias variadas. Só resta esperar que, quando chegue ao Acre, alguma dona-de-casa descubra que a tal perigosa gripe é o velho conhecido gôgo, que fez estrago nos quintais acreanos em tempos idos, na companhia do famoso “mal das galinhas”. (Meus pais criavam mais de 120 cabeças no quintal, quando o “mal” veio e derribou uma por uma, só deixando um frango de penas arrepiadas, justamente o mais goguento.) Aí vai se transformar em política pública e medida emergencial de alcance internacional o velho hábito de esfregar limão no bico das galinhas. Salvaremos o mundo, mais uma vez.

Nota: Veja o que diz o dicionário Aurélio: Gogo (ô). [Alter. de gosma, poss.] S. m. 1. V. gosma (1): "Pois deixa estar, hei de levar a galinha mais magra, a pinta, a que tem gogo." (Bernardo Pinheiro Pindela, Azulejos, p. 10.). O dicionário explica, ainda, que gosma é a "doença que ataca a língua das aves, em especial as galináceas; gogo". Toinho, tira o "^" do gogo que eu tiro o chapéu.

Comentário do Toinho:

-
Altino, a palavra é velha, do tempo em que se usava acento circunflexo e chapéu. Decidi publicá-la com acento para prevenir outras interpretações por parte dos leitores mais jovens. Tomo certas liberdades no uso da língua brasileira, pois me considero, se não dono, ao menos um inquilino dela com contrato de longa duração. Cumprida a tarefa, talvez não seja necessário manter o "^" daqui por diante. Tirá-lo-ei, portanto, mas não faço questão que você tire o chapéu. Acho até que você deveria usá-lo na foto que ilustra sua apresentação no blog.

terça-feira, 21 de março de 2006

MARQUETEIRO CARTOLA

Quase esqueço de registrar a relevante notícia que li na página de esportes do jornal A Tribuna: o marqueteiro Gilberto Braga virou cartola após ter contribuído pesadamente para a eleição de Orleir Cameli (alguém lembra dele?) e de Jorge Viana ao governo do Acre, do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, além da conquista das respectivas contas de publicidade do Estado e da capital.

Ele é o novo presidente do Andirá Esportes Clube, o Morcego, que usará na camisa o slogan "Doe sangue". Grosso modo, o Andirá está pro futebol acreano como o América pro futebol carioca.

O objetivo inicial de Braga é a conquista do primeiro título para merecer vaga na Copa Brasil.
Ele já tropeça nos jargões do futebol e da política. Leia algumas frases do cartola:

"Estou chegando ao Andirá para somar".

"Na hora que o clube estiver precisando vamos recorrer, sim, aos muitos amigos".

"Como todo brasileiro sou apaixonado por futebol e acredito que esse foi o principal motivo para ficar na presidência do clube"

"Isso é somente uma primeira etapa, pois temos outros objetivos".

Aí tem, mas não deixe de doar sangue ao morcego.

segunda-feira, 20 de março de 2006

CHAMEM A POLÍCIA

Do site Erros da Hora:

- O senador Tião Viana foi evasivo e manteve o suspense ao ser questionado por repórteres sobre sua possível desistência da reeleição. O próprio senador teria confidenciado a um assessor seu que estaria pensando seriamente se continuaria na polícia (sic).

CHUVAS NA AMAZÔNIA

Observação do Evandro Ferreira, do blog Ambiente Acreano, a partir de dados de precipitação obtidos na página CPTEC-INPE:

- Até o meio dia de hoje (20.03) só choveu 58 mm na região de Rio Branco. No mesmo período do ano passado - o ano da grande seca amazônica - já tinha chovido 109,5 mm. É uma diminuição de quase 50% nas chuvas em 2006!!!

Vale a pena conhecer o Ambiente Acreano.


UM MUNDO SEDENTO

Poupem um pouco de água para o amanhã


Kevin Watkins (*)

Há cem anos William Mulholland apresentou aos cidadãos da Califórnia um novo conceito de política estadual: a garantia das reservas de água. Encarregado de assegurar tais reservas para uma pequena e sedenta cidade no deserto, o chefe do Departamento de Água de Los Angeles encontrou uma resposta imaginativa.

Ele comprou discretamente os direitos à água no Vale Owens, 370 quilômetros ao norte, construiu um aqueduto cortando o abrasador Deserto de Mojave, e levou a água até o centro de Los Angeles.

Quando os fazendeiros locais protestaram, dinamitando o seu aqueduto, Mulholland declarou guerra a eles, respondendo com uma demonstração maciça de tropas armadas.

Atualmente os californianos do sul do Estado disputam a água nos tribunais. Os moradores de Los Angeles possuem alguns dos gramados mais verdes e as maiores piscinas, para não mencionar um deserto onde prosperam as culturas de algodão e frutas.

Manter tal situação significa bombear água coletada a centenas de quilômetros e drenar o Rio Colorado de forma tão drástica que este mal consegue desaguar no Golfo do México. E isso também significa disputar cada gota d'água com o Colorado e o Arizona.

O modelo Mulholland representa uma forma bruta daquela que tem sido a abordagem global da questão de gerenciamento de água. Quer urbanizar e industrializar a uma velocidade estonteante? Represe e desvie os rios para atender a demanda. Deseja expandir a fronteira agrícola? Explore os seus aqüíferos e outros depósitos subterrâneos.

Nesta semana e na próxima, governos, agências internacionais e organizações não governamentais estão se reunindo na Cidade do México, no Fórum Mundial da Água, para discutir o legado da filosofia global de Mulholland em relação à água - e para traçar um novo rumo para o problema.

O local escolhido para o encontro não poderia ser mais apropriado. A água é bombeada de um aqüífero sobre o qual se assenta a Cidade do México em um ritmo que é duas vezes superior à capacidade de reposição daquela reserva. O resultado é que a cidade está afundando cerca de meio metro por década. É possível constatar as conseqüências disso nas paredes rachadas das catedrais, na inclinação do Palácio de Artes e na ruptura de tubulações de água e esgoto.

Cada região do mundo enfrenta uma variante da história da crise de água. A exploração de águas subterrâneas para irrigação reduziu o nível do lençol freático em áreas da Índia e do Paquistão em até 30 metros nas últimas três décadas. À medida que a água desce para camadas mais profundas, aumentam os custos para bombeá-la, o que prejudica os agricultores pobres. Enquanto isso, uma combinação letal de falta d'água, salinização do solo e enchentes ameaça a produção de alimentos em ambos os países.

Na Índia, cerca de um quarto da produção de grãos se baseia na utilização não sustentável de água subterrânea. Na China, a urbanização e o crescimento rápidos retiraram milhões de pessoas do estado de pobreza. Mas isso gerou também uma crise de abastecimento de água de proporções épicas. A região drenada pelos rios Hai, Huai e Amarelo conta a sua própria história. Mais de 80% dos cursos desses rios estão cronicamente poluídos. A região abriga mais de 400 milhões de pessoas, e cerca da metade da população rural do país. Ela produz mais da metade do trigo e do milho colhidos na China. E este território está ficando sem água. O uso atual excede o fluxo do rio em um terço, o que implica em um novo caso de superexploração das águas subterrâneas.

O que está gerando a crise global de água? A disponibilidade física é parte do problema. Ao contrário do petróleo e do carvão, a água é uma fonte infinitamente renovável, mas ela só está disponível em quantidade finita. Com o uso da água aumentando segundo o dobro da taxa de crescimento populacional, a quantidade disponível por pessoa está diminuindo - especialmente em alguns dos países mais pobres.

No decorrer dos últimos 25 anos, o número de pessoas vivendo em países que enfrentam crises de abastecimento de água aumentou de 700 milhões para 2,2 bilhões, sendo que mais da metade das populações do sul da Ásia e da região subsaariana é afetada pelo problema. Acrescente-se a isso o aquecimento global, que poderá reduzir as chuvas em partes da África subsaariana em até um quarto no decorrer do próximo século, e a situação começa a assumir os contornos de uma crise em formação no que diz respeito à questão do desenvolvimento. A escassez crescente significa mais competição pela água. E, conforme William Mulholland nos ensinou anos atrás, competição sem boa governança pode gerar sérios problemas - especialmente para aqueles que não têm poder. Conflitos entre usuários agrícolas, de um lado, e consumidores urbanos e industriais, de outro, estão se intensificando.

O perigo é que os fazendeiros mais pobres, que têm menor poder de pressão no que se refere ao gerenciamento da água, sairão perdendo, o que terá conseqüências devastadoras para os esforços pela redução da pobreza global.

Por mais grave que a escassez possa ser em alguns países, os problemas relativos à água são mais profundos. O modelo de gerenciamento de água do século 20 se baseava em uma idéia simples: a de que a água é um recurso infinitamente disponível e gratuito a ser explorado, represado ou desviado, não havendo preocupações quanto a problemas como a escassez ou a sustentabilidade.

Há 40 anos, o Mar de Aral cobria uma área do tamanho da Bélgica. Por culpa dos planejadores da era soviética que desviaram os rios Amu Dary e o Syr Darya para as irrigações de algodoais, ele foi reduzido a dois pequenos lagos sem vida e hipersalinos.

Nos Estados Unidos, fazendeiros dos altiplanos estão retirando água do Aqüífero Ogallala - um dos mais antigos aqüíferos fósseis do mundo - em um ritmo oito vezes maior do que a taxa de reposição desta reserva.

Do Texas ao Punjab, a exploração de águas subterrâneas não é apenas tolerada, mas também apoiada com generosos subsídios concedidos aos grandes fazendeiros.

Em todo o mundo, os sistemas ecológicos aquáticos - rios, lagos e divisores de água - vêm sendo explorados além dos limites da sua sustentabilidade ecológica por elaboradores de políticas que fizeram vistas grossas para as conseqüências da superexploração.

Precisamos de um novo modelo de gerenciamento de água para o século 21. E o que isto significa? Para começar, temos que parar de usar a água como se não houvesse um amanhã - e isso quer dizer utilizá-la de forma mais eficiente e em níveis que não destruam o meio-ambiente.

O slogan do fórum da água no México é "gerenciamento integrado de recursos aquáticos". Isso significa que os governos precisam gerenciar a demanda privada de diferentes usuários e administrar este recurso segundo o interesse público.

Existe um outro desafio, igualmente profundo. Em uma era de intensificação da competição, precisamos garantir que os pobres do mundo não sejam atingidos, no século 21, por uma variante prematura do destino dos moradores do Vale Owens. E isto significa fortalecer os direitos e a voz dos pobres, o que, por sua vez, implica em colocar a justiça social como fator central na questão do gerenciamento da água.

(*) Kevin Watkins é o diretor do Departamento de Desenvolvimento Humano do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Artigo publicado no “Herald Tribune”.

A FARSA DO ACRE

Está disponível no site Portacurtas o documentário "A Farsa do Acre" (2003), que tenta provar que o estado do Acre não existe. É dirigido por Guga Caldas e tem no elenco Francisco Mortara, Hermes Leal, José Mauro Gnaspini e Zilda Tucci.

A indicação é do jornalista João Maurício, correspondente do Estadão no Acre. Não deu tempo conferir, mas no site existe o seguinte comentário postado por César Claudio Gordon:

- Desculpe a sinceridade, mas achei o filme absolutamente confuso, com narrativa pouco consistente, misturando informações conhecidas com outras improváveis. Pretencioso e não convence. A forma escolhida também é banal. Aguardo outro.

Tomara que o deputado Nilson Mourão exija que o documentário "A Farsa do Acre" seja dublado em acreanês. Se o fizer, assistirei.

Quem quiser pode participar da comunidade
"Acre is a Lie", no Orkut, onde a máxima é que "o Acre não existe".

DUBLAGEM

Tissiano Silveira envia mensagem na qual pergunta o que acho do Projeto de Lei - 6741/2006, de autoria do deputado Nilson Mourão (PT-AC), que dispõe sobre a obrigatoriedade de dublagem, em língua portuguesa, de obras cinematográficas produzidas em idioma estrangeiro e apresentadas em salas comerciais de exibição pública em todo o território nacional.

- A justificativa é uma pérola. Confira - recomenda Tissiano.

Ei-la:

"As deficiências de leitura dos estudantes brasileiros, denunciadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, realizado pelo Ministério da Educação, e os índices altíssimos de analfabetismo funcional constituem um dos motivos que impede a democratização do cinema como alternativa de entretenimento e de cultura para a maioria da população brasileira.

As obras cinematográficas estrangeiras são veiculadas nas salas comerciais de exibição em outros idiomas, com legendas em português, o que impede sua compreensão pelos milhares de brasileiros que infelizmente não dominam a habilidade de leitura.

A legislação em vigor que estabelece os princípios gerais da Política Nacional do Cinema determina como um dos objetivos da Agência Nacional do Cinema – ANCINE, órgão de fomento, regulação e fiscalização da indústria cinematográfica, o de estimular a universalização do acesso às obras cinematográficas, não apenas as nacionais (art. 6º, inciso VII da MP n.º 2.228- 1, de 6 de setembro de 2001).

Em defesa da democratização do cinema para a população brasileira, peço aos meus Ilustres Pares o decisivo apoio para a aprovação do Projeto de Lei que ora apresento a esta Casa.

Sala das Sessões, em 15 de março de 2006".

Clique aqui para ler o
projeto de lei.

Nota: Caro Tissiano, só de mau, dublado, em inglês: no comment, para não reprovar o deputado e sua assessoria em bom senso e língua portuguesa.

sexta-feira, 17 de março de 2006

PRÉ-HISTÓRIA DA AMAZÔNIA

A população de São Paulo tem a oportunidade, desde janeiro até abril, de visitar a exposição "Dinos na Oca", que traz informações científicas sobre a evolução geológica do planeta Terra e a vida desses animais que, mesmo extintos há 65 milhões de anos, instigam tantos questionamentos até hoje. Uma das peças mais interessantes em exposição é o crânio e mandíbula do Purussaurus brasiliensis, o maior crocodilo que já viveu na Terra, encontrado no Acre em 1986, considerado um dos maiores predadores de todos os tempos, maior até que o Tyrannosaurus rex.

Embora o Acre faça parte do roteiro de uma renomada lista de pesquisadores da paleontologia, jamais a iniciativa privada e o poder público se sensibilizaram com as sugestões para a criação de um espaço adequado para a exposição de nossas mais de cinco mil peças fósseis, muitas das quais únicas no mundo.

O Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal do Acre já revelou para a ciência uma série de novos gêneros e espécies de animais vertebrados que viveram na Amazônia nos últimos 8 milhões de anos. Apesar disso, é mantido precariamente em sala improvisada pela abnegação de um grupo de pesquisadores.

De outro lado, a exposição "Dinos na Oca" reúne 400 peças de um acervo vindo de várias partes do mundo, com investimento total de R$ 7 milhões.

O crânio do purussaurus brasiliensis em exposição em São Paulo mede cerca de 1,5 metro de comprimento. Alguns indivíduos alcançavam até 18 metros de comprimento. Esses jacarés habitaram o Acre entre 8 e 5 milhões de anos,

O Brasil, especialmente o Acre, é uma terra fértil para estudiosos da pré-história. O crânio do maior predador da Amazônia foi coletado no Alto Rio Acre e descrito pelo paleontólogo Jonas Filho (no lado esquerdo da foto), que atualmente é o reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac). Os jacarés gigantes habitaram o Acre entre 8 e 5 milhões de anos, o que corresponde às épocas geológicas Mioceno Superior-Plioceno. Foram encontradas diversas peças de crânio e pós-crânio em vários sítios fossilíferos acreanos. Fósseis de purussaurus também foram encontrados na Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela.

O maior sítio fossilífero do Estado está localizado à margem direita do Rio Acre, no Seringal Niterói, município de Senador Guiomard, a aproximadamente 20 quilômetros de Rio Branco.

A descoberta desse sítio ocorreu em 1987 por uma equipe composta por membros do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Ufac e do Museu Paraense Emílio Goeldi.

A denominaçãoi do sítio foi baseada no topônimo do lugar Seringal Niterói, onde se localiza. Desde então, inúmeros trabalhos de campo foram e continuam sendo realizados com o intuito de estudar-se sua paleofauna.

As coletas pela equipe do LPP da Ufac são realizadas no período compreendido entre os meses de junho e setembro, mais propício devido ao baixo nível da água no curso do rio.

A espetacular concentração de fósseis achados faz do sítio, dentre todos até agora estudados no Acre, um dos mais importantes para o conhecimento da paleofauna da Amazônia Sul-Ocidental, contribuindo enormemente para o enriquecimento do acervo paleontológico da Ufac.

O sítio Niterói apresenta sedimentos aflorantes com aproximadamente 300 metros de extensão, ao longo de uma barranca na margem direita do Rio Acre, em direção norte-sul. Em uma pequena extensão, com cerca de 30 metros, ocorre uma maior concentração de vertebrados fósseis.

O que não dá para compreender é que a sociedade e o poder público tratem com tanto descaso as descobertas relacionadas à nossa pré-história a partir dos fósseis e dos geoglifos.

Em breve teremos pronta a Estrada do Pacífico, por onde passará muita soja, madeira e cocaína, mas estaremos despreparados para atrair milhares de turistas dos EUA e da Europa que transitam no Chile, Bolívia e Peru.


P.S.:
O paleontólogo Alceu Ranzi complementa a legenda da foto.

"Caro Altino:

Muito bom o texto. Jonas Filho, que é o atual reitor da Ufac, é doutor em geociências/paleontologia pela UFRGS; Peter Mann de Toledo, ex-diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, é PhD em paleontologia pela Universidade do Colorado (USA), e Dilce Rosseti PhD em geologia pela Universidade do Colorado (USA). Antes destes títulos pomposos, todos arrastaram canoas, subiram e desceram barrancos ao longos dos rios do Acre. A Home Page dos Geoglifos está em processo de mudança para melhor. Em breve...

Um abraço, Alceu Ranzi"

quinta-feira, 16 de março de 2006

A CIENTISTA DOS CORONÉIS

Moisés Diniz (*)

Ela está surpreendendo. Utilizando o pomposo ‘título’ de cientista política, a senhora Lúcia Hippólito vem fazendo o papel de babá literária das elites. No atual jogo político, ela virou cientista política do PSDB. O que não deixa de ser, também, uma serviçal do PFL.

Quando Geraldo Alckmin botou Serra para correr, ela veio em socorro do candidato tucano. Na velha linguagem sociológica, teceu argumentação fantasiosa, para dizer que Alckmin é mais competitivo do que Serra. Só esqueceu de olhar para as pesquisas.

Agora, no episódio do caseiro de Brasília, a ‘cientista política’ Lúcia Hippólito ultrapassou todos os limites. Visando atingir o vice-presidente do Senado, o acreano Tião Viana, a escrivã dos oligopólios voltou sua ácida pena contra o STF. A ‘sabidinha’ diz que “o STF virou um tribunal político-partidário e está contribuindo para a insegurança jurídica”.

Sem querer, Lúcia Hippólito reconhece que o Supremo é e deve ser um tribunal político, exatamente para equacionar os humores políticos à legislação em vigor. Mas, pensadamente, não reconhece outro fato: a CPI dos Bingos virou uma ‘casa da mãe joana’. Qualquer denúncia na República é levada a essa CPI que, pelo interesse tucano-pefelista, só termina depois das eleições de outubro.

É tanta aberração política e, principalmente, jurídica, que só falta levar o papa Bento XVI à CPI, para investigar a morte do antecessor. Pelo querer da CPI dos Bingos, o papa João Paulo II não sofria do mal de Parkinson e foi assassinado pelos muçulmanos. A CPI virou um verdadeiro bingo.

Como o STF decidiu intervir, como tribunal político, na baderna criada pelos velhos ladrões da República, Lúcia Hippólito e os coronéis-senadores de São Paulo e do Nordeste passam a atacá-lo. Lúcia Hippólito, na verdade, só está escrevendo o que fala ACM, que já afirmou a necessidade de ‘controlar’ o STF. Como esse último não escreve, só grita, Lúcia Hippólito transcreve os seus desejos, enlameando a sociologia, a bela ‘física social’, nas palavras de Augusto Comte.

O que nos incomoda é como essa gente, como ACM e suas escrivãs, se ajoelhavam, no passado, às decisões do STF. Passando por toda a longa e tenebrosa ditadura militar, até o governo de FHC, esses ‘intelectuais’ colocavam o STF no altar da infalibilidade. Era quase uma profissão de fé, como se fosse um dogma católico.

É que eles governavam o país e a ‘segurança jurídica’ nunca era abalada por decisões judiciais que penalizavam os pobres, os negros, as prostitutas, os canavieiros, os operários, os estudantes espancados, os sem-terra famintos, os índios, enfim, os ‘arredios’ da bela vida na República. O STF não errava e, como em um tribunal inquisidor, os políticos da República colocavam na fogueira todo aquele que ousasse discordar de suas sentenças.

Era a velha máxima: “decisão judicial não se discute, se cumpre”. Foram séculos sacralizando essa máxima. Agora, ela não vale mais. Agora, o STF virou tribunal político-partidário. Só falta dizer que é um tribunal do PT, mesmo que seus membros tenham sido indicados por Collor e FHC.

É preciso que a esquerda esteja atenta. A velha elite não perdoa. ACM e seus coronéis do PFL, abraçados aos ‘intelectuais’ do PSDB, não vão entregar o jogo no primeiro tempo. A eles não interessa essa estória de segurança jurídica. O que interessa é a segurança de seus interesses políticos e econômicos. E, para atingi-los, vendem a pátria, valores seculares da República e até se dispõem a reinventar, para trás, o papel dos poderes constituídos.

Para eles, o STF pode até fechar. Depois, eles o reabrem, quando lhes interessar. Se eles já fecharam o Congresso, por que não fecham, interditam ou desmoralizam outros poderes? ACM tem experiência nisso. Só não esperávamos a entrada dos ‘intelectuais’ nesse jogo, transcrevendo os humores impublicáveis dos velhos coronéis da política.

Lúcia Hippólito está se ‘credenciando’ como a nova FHC de saias. E nem vamos poder apeá-la dos gabinetes de Brasília, como fizemos com o seu emplumado guru. É que ela não ousa enfrentar o humor popular, através do voto. Prefere os euros e os dólares dos representantes de Bush aqui.


(*) Moisés Diniz é escritor e deputado estadual do PCdoB-AC

BORBOLETA

Menos de 24 horas após a publicação da última nota, recebi mensagens de leitores perguntando-me se não havia novidade para o blog hoje. Respondi que não, mas há: essa borboleta que entrou fagueira pela janela e pousou na lateral direita do notebook. Parece cansada e pelo visto terminará seus breves dias em meu casulo. A vida parece tão breve quanto o seu abrir e fechar de asas. Caso alguém queira a borboleta, poderei enviá-la se a mesma vir a fenecer antes de mim. Farei sorteio.

quarta-feira, 15 de março de 2006

HÉLIO MELO E O ACRE



No final de fevereiro, na nota "Viva Hélio Melo", anunciei com exclusividade que o artista seria destaque na próxima edição da Bienal Internacional de São Paulo, de 7 de outubro a 17 de dezembro. Posteriormente, no dia 1 de março, na nota "Hélio Melo na Bienal", anunciei a presença, no Acre, do produtor cultural Bartolomeo Gelpi, que veio catalogar obras do pintor acreano que poderão ser selecionadas para a exposição. Hoje foi a vez do jornal Folha de S. Paulo destacar, na capa do caderno Folha Ilustrada, a obra de Hélio Melo. O jornal também cita a minissérie que a novelista Glória Perez vai escrever sobre o Acre, outro assunto abordado aqui com exclusividade, quando ela realmente começou a trabalhar na criação da obra. Esse modesto blog sempre serve. "Sempre Serve" é o nome do conjunto musical criado pelo saudoso Hélio Melo. Transcrevo a reportagem da Folha:


Pouco conhecido, artista do Acre vai ser estrela na Bienal

FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

O papel de parede da tela do laptop de José Roca, um dos quatro co-curadores da 27ª Bienal de São Paulo, é um detalhe de uma pintura do artista acreano Hélio Melo (1926-2001). Praticamente desconhecido no circuito da arte, Melo tem uma vinculação muito mais óbvia com arte popular, o que, possivelmente, trará surpresa aos iniciados na produção contemporânea quando o detalhe de sua tela sair do computador de Roca e chegar às paredes da Bienal, no próximo mês de outubro.

"Conheci o trabalho de Hélio Melo durante minha viagem de pesquisa a Rio Branco pelo programa Rumos Visuais, do Itaú Cultural. Foi no Acre, enquanto eu estava escrevendo meu projeto conceitual para a Bienal, que eu tive a intuição que esse Estado tinha uma riqueza histórica e geográfica absolutamente pertinente para a discussão de "Blocos Sem Fronteiras" que, naquela ocasião, era o título da Bienal", diz a curadora Lisette Lagnado, responsável pela mostra, finalmente intitulada "Como Viver Junto".

No projeto com o qual concorreu para a Bienal, Lagnado havia criado sete blocos e o Acre era um de seus temas. Atualmente, os sete blocos se transformaram em dois grandes eixos --Projetos Construtivos e Programas para a Vida--, mas o Acre se mantém na Bienal não só como tema de um dos seminários mas como local de residências artísticas.

"Não há produção contemporânea no Acre. Com as residências, quero deixar sementes na região", afirma Lagnado. Já Roca afirma que, agora, o Estado assumiu dentro da Bienal um conjunto de temas a serem abordados.

Fronteiras
"Discutir o Acre permite aprofundar a própria América Latina, pois além de abordar o que ocorre na região, podemos pensar em questões como território, fronteira, natureza e até mesmo inclusão do outro. A idéia de não trabalhar com fronteiras e sim com noções de vizinhança, coabitação e colaboração faz parte de meu trabalho desde sempre, como crítica e curadora independente. E como eu via quadros de Hélio Melo em quase todos os lugares, principalmente instituições públicas, fiquei fascinada não somente pela pintura, de excepcional fatura, como pela história do personagem", diz Lagnado.

A empolgação da curadora não é isolada. Roca, que cuida da seleção de pinturas de Melo na Bienal e que, por isso, esteve no Acre em novembro passado, tampouco economiza elogios à obra do ex-seringueiro. "Toda a história dele, de seringueiro a artista, que até tocava violino na floresta, é adequada para a criação de um mito local. Entretanto, não se trata de mera curiosidade antropológica --sua produção visual é passível de muitas interpretações", disse o curador, que esteve em São Paulo, na última semana, para participar da reunião dos co-curadores, na qual foram definidos mais artistas que tomarão parte da Bienal, entre eles as brasileiros Lucia Koch, Cláudia Andujar e Marilá Dardot.

Voltando à pintura de Melo, a obra mais admirada por Roca, e que está sempre visível em seu computador, é um trabalho de 1983, sem título, que o curador considera "uma das obras mais fascinantes que encontrei nos últimos tempos".

Em primeiro plano e no espaço inferior, como sempre nas telas do artista acreano, são vistas impressões verdes feitas por folhas, como um carimbo, que simulam uma mata. Já o motivo central da pintura é uma árvore cujos galhos se organizam como uma estrada, possível percurso de um seringueiro a recolher o látex dos caules. "Só sobre este trabalho é possível fazer uma conferência inteira. A obra dele não trata apenas da floresta mas também de questões de território", afirma o colombiano Roca.

O objetivo do curador, no momento, é reunir uma quantidade significativa de obras, e ele diz que 40 seria o número ideal de trabalhos para serem expostos na Bienal. "De tudo que vi, 90% pertence ao Estado do Acre. Li uma entrevista do Hélio Melo, na qual ele diz ter produzido 2.000 quadros. Espero ainda encontrar sua filha, responsável por cuidar de seu acervo, mas ela passa por Rio Branco apenas duas vezes por ano, a cada seis meses", diz Roca.

Ao trazer à Bienal um artista distante dos procedimentos contemporâneos de produção, que em geral falam mais aos iniciados do que ao público em geral, Lagnado busca "romper o preconceito entre o dito "popular" e o "contemporâneo'". "Ele tem algo de Arthur Bispo do Rosário, embora com outras características, e eu sempre gostei de sacudir as narrativas críticas e estéticas em vigor", diz a curadora.


Sergio Camargo era fã da luz dos quadros

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi a luz presente em tela de Hélio Melo que fascinou o escultor Sergio Camargo. Ele se tornou uma das pessoas empenhadas em promover o artista acreano. Em fevereiro de 1980, Camargo (1930-1990), consagrado artista que morava no Rio, estava jogando fora "um convite mal impresso, quando ficou intrigado com a luz da tela", segundo a filha do artista, a roteirista Maria Camargo.

"Ele foi então ao Sesc Tijuca, que sediava a mostra, vazia, e ficou fascinado com a produção do Hélio. Acabou comprando todas as telas", conta ela, lembrando que seu pai e o acreano ficaram amigos e que ele divulgou a obra de Melo para vários artistas mais próximos. "A luz de Hélio Melo ocupa", escreveu Camargo.

Autodidata, Melo viveu da infância até cerca de seus 40 anos entre os seringais. Desde cedo fazia desenhos, mas sem ambição artística, com uma tinta que era extraída do sumo de plantas.

Com cerca de 20 anos, ficou impressionado com um violinista que aparecera na região e quis ter o instrumento. Poupou dinheiro e comprou um violino, que aprendeu a tocar em seis meses, formando até uma banda anos mais tarde, já instalado em Rio Branco. Na capital acreana, desde os anos 60, para onde mudou para ter uma vida mais confortável, trabalhou em diversas funções: catraieiro (barqueiro), barbeiro e porteiro, entre outras.

"Era um homem muito simples, gostava de prosa, mas era versátil: tocava, pintava. Vendia seus quadros muito barato", afirma o colecionador Chagas Freitas, um dos maiores do Acre -parte de seu acervo está exposto na mostra "Além do Muro", na Caixa Cultural Sé, em São Paulo. Freitas tem cinco desenhos de Melo em sua coleção, abrigada em Brasília.

Roberto Rugiero, especialista em arte popular e dono da galeria Brasiliana, em SP -que possui uma tela de Melo- lembra que Pietro Maria Bardi também se encantou com a obra de Melo, em 1983, durante feira no Ibirapuera. "Com o destaque de Hélio na Bienal, a arte popular finalmente volta ao evento", avalia Rugiero.


Estado vai ser tema de série da Rede Globo

DA REPORTAGEM LOCAL

No próximo mês, Glória Perez ("América", "O Clone") viaja com uma equipe da Globo ao Acre. A história do Estado, onde a autora nasceu, será narrada por ela na próxima minissérie da emissora, com estréia prevista para janeiro de 2007.

O título provisório, conta Perez, é "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes". A sinopse, em fase final, será entregue à cúpula da Globo após a "expedição" ao Acre.

De acordo com a autora, a série narrará "a conquista do Acre, que é a história de como não perdemos a floresta amazônica já naquele final do século 19". "É uma história tão importante quanto desconhecida no Brasil."

Serão três os heróis da série. O primeiro é Luis Galvez. Financiado pelo governo do Amazonas, ele tirou o Acre do domínio boliviano em 1899, declarou a independência e foi escolhido como seu primeiro presidente.

Em 1900, a Bolívia recuperou o Acre. Na seqüência, surge o segundo herói a ser apresentado pela minissérie da Globo, Plácido de Castro, que declarou o território como brasileiro em 1903. Dessa revolução, participou o avô da autora, amigo de Castro.

Por fim, Perez narra a saga do famoso Chico Mendes. Líder do movimento sindical de seringueiros, ele lutou contra o desmatamento e foi assassinado em 1988.

A autora conta com apoio dos governos do Acre e do Amazonas, onde também serão gravadas algumas cenas. A direção será de Marcos Schechtman, parceiro de Perez na novela "América".

De acordo com a escritora, a sinopse prevê vários atores, "mas é preciso adequá-la à atual realidade da Globo, que não tem elenco de sobra". Os três heróis serão nomes conhecidos da TV. "Mas estamos buscando gente no teatro e no cinema para outros papéis", diz. (LAURA MATTOS)

Fonte:
Folha de S. Paulo

TIÃO VIANA



Decisão do TSE inviabiliza plano do senador Tião Viana para suceder o irmão Jorge Viana no governo do Acre; candidatura do PT agora depende do "sim" da ministra Marina Silva e do vice-governador Arnóbio Marques

Detentor de mandato parlamentar não pode candidatar-se a cargo executivo na mesma jurisdição em que parente até segundo grau tenha exercido o mesmo cargo, com ou sem reeleição, mesmo que o titular tenha se desincompatibilizado do cargo seis meses antes da eleição. Este é o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral ao responder consulta feita pelo senador Jefferson Peres (PDT-AM) e relatada pelo ministro Caputo Bastos.

Votaram a favor dessa tese os ministros Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Humberto Gomes de Barros e Gerardo Grossi. Foram vencidos os ministros Marco Aurélio, César Rocha e Caputo Bastos. A apreciação da consulta foi retomada ontem à noite, em sessão administrativa, após pedido de vista do ministro Gerardo Grossi que votou contrário à posição do ministro Caputo Bastos, relator.

No entender do ministro Gerardo Grossi, não tem sentido revogar a inelegibilidade prevista no parágrafo 7º do artigo 14 da Constituição Federal com o advento da reeleição. "Parece-me mesmo que as razões que levaram o legislador constituinte a criar tal hipótese de inelegibilidade não só permanecem as mesmas como, por raciocínio lógico, são multiplicadas por dois, como o foi o tempo do mandato a que se refere a consulta".

Por unanimidade, o TSE também respondeu negativamente à seguinte indagação: "Pode o eleitor votar em candidato a deputado federal que seja detentor do mandato de deputado estadual, cujo parente colateral por afinidade em segundo grau, na mesma jurisdição, seja vice-governador reeleito, mas que venha a assumir o mandato de governador em razão de desincompatibilização do titular para disputar as eleições de 2006?".

terça-feira, 14 de março de 2006

HAICAI

Caro Altino, boa noite.

Para os haijins (poetas do haicai) o outono já começou (março, abril e maio). O céu mais belo do ano é o dessa época.

Especialmente porque se tem a
mais esplendorosa lua cheia das estações.

A 'lua desta noite', já é a primeira do outono, embora ela vá estar em sua maior luminosidade em 13 de abril (2006). Nessa noite os poetas farão a contemplação da Lua. Escreverão seus poemas. Celebração, reverência e alegria, admirando a força da natureza.

Fiz um haicai com a 'lua-acreana' que você me enviou, e colei-o em sua foto. Tomara que você e os seus amigos gostem.

Se quiser saber mais sobre a contemplação da lua, entre em Contemplação da Lua.

Grato por aceitar a brincadeira.

Um abraço,

silêncio noturno
primeira lua de outono
caminha no céu


P.S.: se você quiser, podemos repetir a dose em 12 de abril!

José Marins
Curitiba (PR)

Nota:
Claro que gostei da brincadeira e, se Deus quiser, haveremos de repeti-la em abril. Agradeço a você também. Um abraço.

A LUA E O AÇAIZEIRO

A lua vista sob a palha de um açaizeiro, às 19h04. Visualize melhor em alguns monitores inclinando-se pra direita e pra esquerda.

JACARÉ

Alan Assad, diretor do Guia Rio Branco, enviou a foto do moço ao lado, com a seguinte mensagem:

"Altino,


Esse jacaré, com mais de um metro de comprimento, foi encontrado na casa do meu vizinho, o personal training Luiz dos Prazeres, aqui no bairro do Bosque, próximo da igreja Santa Inês.


O Luiz contou que não é a primeira vez que isso acontece. Já apareceu outro jacaré na casa dele há menos de um ano, mas era um pouco menor.

A fauna que passa na casa do Luiz é bem diversa. Ele contou que costuma aparecer outros animais: preguiças e macacos, além de aves como papagaios e periquitos.

O jacaré foi devolvido ao igarapé São Francisco, de onde certamente fugiu por causa da poluição.

Abraço

Alan Assad"

HAICAI DA LUA DE MARÇO

Recebi de José Marins um pedido de poeta. Ao lado, a lua hoje, em Rio Branco (00h04). Eis a mensagem do Marins:

"Altino irmão,

Parabéns pelo seu site-blog. Já comecei ler os arquivos. Tenho certeza de que você nunca recebeu um pedido como este que venho lhe fazer. Trata-se do seguinte:

Lembra-se daquela foto da lua que postou? Pois, então, vem aí, no dia 14 de março, a principal lua do ano. A lua dos poetas do haicai. A lua de outono. É para nós, haicaistas, a lua mais linda do ano.

Pergunto e peço: você poderia fotografar a lua cheia no próximo dia 14 e me ceder uma cópia?

Prometo fazer um haicai com ela e lhe enviar. Você está na linha do Equador e eu estou aqui, em Curitiba! Entende?

Grato,

José Marins
Curitiba (PR)

quantos pirilampos
posso contar esta noite?
caminho enluarado

(José Marins)

domingo, 12 de março de 2006

LEONA CAVALLI

A vida é melhor com as suas boas coincidências. Na semana passada, encontrei Leona Cavalli com uma câmera de vídeo na mão. Ela avançou e, muito delicada, fez um monte de perguntas sobre o Acre.

No dia seguinte, um carro estacionou na frente da minha casa e lá estava ela novamente. Queria a confirmação de um endereço.

Estava acompanhada do secretário de Segurança Antonio Monteiro, do juiz paulista Egberto Penido e da dramaturga Ana Vitória Vieira Monteiro, que escreveu no ano passado o musical "Chico Mendes e o Encantado", dirigido por Ivini Ferraz, para lembrar os 15 anos da morte do sindicalista.

Convidei o grupo a descer do carro e então ficamos um bom tempo na varanda de minha casa proseando mais sobre o Acre. Bicho-do-mato, foi quando fiquei sabendo que Leona Cavalli é uma atriz premiadíssima no teatro e no cinema.

Ela indicou o site que possui, trocamos e-mails e lá foi Leona Cavalli embora. E me dei conta que comi mosca: não havia tirado sequer uma foto dela.

Enviei uma mensagem para o seu e-mail e acabamos tendo novo encontro, quando conversamos mais ainda sobre a magia acreana.

Leona estréia em maio o monólogo "Presente de aniversário", escrito por Ana Vitória, e está cheia de planos para retornar ao Acre para viajar mais pela região e participar das oficinas programadas para a Usina de Comunicação e Artes João Donato, prevista para ser inaugurada ainda neste mês.

Enquanto escrevia essa breve nota, Leona telefonou para se despedir e avisou:


- O Acre e seu povo são encantadores e tenho certeza de que vou retornar em breve.

Assista abaixo um trecho de nosso longo bate-papo. A luz estava péssima, mas... Da pra ouvir ao menos a voz e o sotaque gaúcho de Leona Cavalli.

ENTREVISTA COM LEONA

sábado, 11 de março de 2006

A CAÇA É FARTA



Por Elson Martins (*)

As famílias extrativistas do Vale do Juruá não escondem que de uns tempos para cá, a carne de caça está sempre à mesa: porcos do mato (queixadas), veados, antas e pacas, aves como mutum e nambu, macacos de várias espécies garantem sua alimentação nesse período de chuvas em que, com os rios alagados e barrentos, os peixes somem.

Uma outra explicação para a fartura é a migração das famílias de seringueiros que trocam os centos da mata pelas margens dos rios. Com isso os animais que haviam se afastado para regiões remotas estão voltando para mais perto, onde bebem água nos igarapés e lagos, e freqüentam antigos “barreiros” de frutos.

As histórias sobre caçadas, as reais e as fantasiosas, voltaram a animar encontros dos ribeirinhos. Já apareceu até quem jura ter matado um filhote de Mapinguari. Os relatos mais comuns (e verdadeiros), entretanto, referem-se a bandos de queixadas que em algumas áreas não fiscalizadas pelos moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá sofrem perseguição implacável.

Numa comunidade próxima à Foz do Breu, na fronteira com o Peru, nossa expedição conheceu um experiente caçador que falou da eliminação de um bando com 72 animais, de uma só tacada. Os caçadores peruanos, que estão próximos, levam a culpa. Entretanto, a reserva extrativista tem seus próprios predadores.

O presidente da Associação Agro-Extrativista do rio Tejo, José Augusto Ferrira da Costa, 35, falou do envolvimento do dirigente da Reserva do Alto Juruá (conhecido por Orleizinho) com um conhecido candidato ao governo do Estado que andaria pela região pregando uma política contra o manejo e preservação da floresta.

Augusto explicou que uma grande ameaça que ocorre na reserva, nos dias atuais, é a caça com a ajuda de cachorros treinados. Outra é a retirada de madeiras de lei através dos canais e baixios alagados. Uma terceira, talvez a pior, é a desinformação de muitos ex-seringueiros que lutam pela sobrevivência sem contar mais com a economia da borracha, completamente falida na região.

Contando com essa desinformação, segundo Augusto, o dirigente da Resex (à frente da entidade há oito anos) faz reuniões com ex-seringueiros, apresenta seu candidato predador e promete: “Se elegermos este homem vamos poder caçar com cachorros, livremente, explorar nossa madeira, trocar e vender colocações sem as proibições que hoje nos impõem”.

A mesma denúncia está sendo feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul, João Ferreira, que cobra providências das autoridades e entidades ambientalistas. As atitudes de Orleizinho, segundo ele, ameaçam a natureza e também alguns projetos comunitários em curso na floresta

A caça de subsistência não está proibida, tanto que a Polícia Federal participou do Projeto Cidadão realizado em Marechal Thaumaturgo, em fevereiro, legalizando o porte de espingardas e rifles dos extrativistas. Com o documento estes podem comprar legalmente a munição (balas, pólvora, chumbo e cartuchos) que necessitam, mas terão que cumprir regras a para garantir a tolerância.

No rio Tejo, nós (membros da expedição) visitamos uma família de ribeirinhos que nos ofereceu uma farofa de ovos caipira com café quente. Se pudéssemos aguardar um pouquinho, sugeriu a dona da casa, ela prepararia um prato especial com algo que se encontrava ainda em pelo, numa panela grande na cozinha: era um macaco parauacu, pronto para ser pelado na água quente.

Agradecemos a oferta, claro, e abreviamos a partida.

Falando de caçadas, principalmente daquelas mais fantasiosas, fica difícil não lembrar do saudoso padre acreano José Carneiro de Lima que rolou a vida toda pelos seringais de sua terra. Nos anos setenta, eu e o jornalista José Alves,correspondente da revista Veja em Cuiabá, o entrevistamos. Alves acreditou em tudo que, pasmado, ouviu.

Num livrinho precioso que escreveu em 1986, padre José adverte aos incautos que entram na floresta sem conhecer seus segredos. Diz ele:

“No tempo dos amores (cio), os machos de antas, porcos e veados ficam loucos e começam a correr atrás das fêmeas, atingindo a velocidade de até 60 quilômetros por hora. para ver quem é mais “macho” ou tem mais sorte: fazem muito barulho nos matos, quebram galhos, cipós, brigam e acabam cansando e caindo”.

O pároco relata que viu um bando de onças transformarem a noite na floresta em um “inferno dantesco”, com “correrias, gemidos, miados, sopros cavernosos, rosnados, paus azunhados, raízes e folhagens revirados”, tudo de arrepiar o pêlo de qualquer homem, “mesmo macho”.

O cineasta John Ford recomendou através de um dos personagens dos fabulosos filmes que produziu sobre a conquista do oeste americano: se a realidade parece menos atraente que a lenda, imprima-se a lenda.

(*) Elson Martins é jornalista acreano

PEREGRINA GOMES SERRA

CICLU - ALTO SANTO NÃO FAZ PARTE DO CONAD

Os jornais Página 20 e A Tribuna publicam hoje nota de esclarecimento em relação à reportagem sobre o "Seminário Ayahuasca", de autoria de Flaviano Schneider, veiculada ontem.

A reportagem havia listado Cosmo Lima de Souza como representante do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal (CICLU) - Alto Santo junto ao Conselho Nacional Antidrogas (Conad), tendo Tufi Rachid Amin como suplente.

Dona Peregrina Gomes Serra, viúva do mestre Raimundo Irineu Serra e dignitária do CICLU - Alto Santo, enviou aos editores dos dois jornais a seguinte nota de esclarecimento:


Alto Santo, 10 de março de 2006

Senhores Editores,

A respeito da reportagem intitulada "Seminário reafirma liberdade religiosa", publicada na edição do dia 10 de março, solicito, a bem da verdade, que sejam feitos os seguintes esclarecimentos:

1) Na condição de dignitária do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal (CICLU) - Alto Santo, fundado por meu saudoso esposo, o mestre Raimundo Irineu Serra, decidi me abster de pedir votos para representar ou ser representada como dirigente de quaisquer dos centros usuários de ayahuasca, durante o seminário organizado pelo Conselho Nacional Antidrogas (Conad), em Rio Branco, nos dias 8 e 9 de março;

2) Ao contrário do que foi noticiado, o CICLU - ALTO SANTO não concedeu autorização para que quaisquer de seus filiados viessem a representá-lo entre os representantes de centros usuários de ayahuasca que integrarão o Grupo Multidisciplinar de Trabalho do Conad;

3) Minha decisão não deve ser interpretada como desrespeitosa às autoridades do governo brasileiro, mas expressa a minha discordância para com o critério de representatividade adotado pelos organizadores do evento ao classificar um grupo de dirigentes como pertencentes a uma suposta "linha" do Mestre Irineu Serra ou do Alto Santo;

4) Nada do que possa vir a ser proposto ou decidido por cientistas e representantes dos demais centros vai afetar a condução histórica dos trabalhos no CICLU - ALTO SANTO; que é o único estabelecido na Terra por Raimundo Irineu Serra;

5) Espero contar com a sensibilidade e a colaboração das autoridades do governo brasileiro, que querem constituir um Grupo Multidisciplinar de Trabalho de pesquisadores para o levantamento e acompanhamento das aberrações que vêm sendo praticadas com o uso indevido da ayahuasca;

6) Reafirmo que as autoridades podem contar com o meu apoio e colaboração caso julguem necessário providências enérgicas, como a proibição do transporte interestadual e a exportação do jagube, da folha e da própria ayahuasca - o que serviria para conter o comércio da bebida e o tráfico de outras substâncias associadas à proliferação descontrolada de centros de pretensa iluminação cristã.


Atenciosamente,


Peregrina Gomes Serra
Dignitária do CICLU - ALTO SANTO