Paulista, Meirelles desistiu da faculdade de engenharia para viver cercado por índios sem contato nas florestas do Acre.
O slogan “morrer se preciso for, matar jamais”, do general Cândido Mariano Rondon, segundo Meirelles, “é bonito na teoria”.
- Não tenho essa filosofia de monge budista, de sentar na praia e dizer: matem-me. Nessas horas você não pensa. O racional vai pro espaço.
Embora declare que lida tranquilamente com o episódio, Meirelles não esquece o indígena:
- Você sabe aquele momento que você não está dormindo nem acordado? De vez em quando eu vejo o rosto desse cara. Se eu soubesse pintar… Está aqui, na minha cabeça, a cara de espanto dele, quando largou o arco e flecha e caiu morto. Isso me persegue até hoje.
Em 2004, nas cabeceiras do Rio Envira, o sertanista foi alvo de uma flechada de uma etnia que vivia em isolamento, considerada atualmente de recente contato:
Meirelles, que também relata o episódio na entrevista, relembrou do fato nesta quarta-feira (6) em sua página no Facebook:
- Era um domingo. Funai fechada. Pouca gente sabe que duas pessoas me salvaram a vida. A notícia chegou aos ouvidos do senador Tião Viana e de Jorge que era governador. Na mesma manhã. Eles conseguiram a façanha de deslocar um helicóptero do exército de Porto Velho, que pousou em Rio Branco. Tião que é médico embarcou um médico e uma enfermeira e tudo que podia ser usado em primeiro socorro. O helicóptero chegou à tarde na base de frente Envira. Fui medicado e no dia seguinte o helicóptero me deixou em Tarauacá onde um avião tipo UTI aérea me esperava. Fui transladado para Rio Branco e internado. Escapei da morte por um fio. Fica difícil até agradecer o que fizeram por mim. Mas é bom que as pessoas saibam disso. Atitudes como esta mostram quem são estes dois personagens a quem devo somente a vida.
A conversa vai muito além desses dois episódios e tem valor de um documento para quem se interessa pelo processo de ocupação da Amazônia.
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