“Sabe aquele poema que te mandei, outro dia? Mande pro Altino, peça pra ele publicar. Faça um pequeno texto de apresentação, simples, não precisa fazer referência a nada nem a ninguém. Basta dizer o seguinte: ingrisia e alegria a gente transforma em poesia”.
Forem estas as palavras que Marina me disse, ao telefone, interrompendo seu descanso neste breve intervalo entre batalhas.
Passo como recebi, um dia após a partida de Manoel de Barros, no ano em que nos despedimos também de Ariano Suassuna, João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves.
Acho que essas pessoas Marina há de me permitir citar e aproveito para lembrar da trágica partida de Eduardo Campos, ao início de uma campanha em que o Brasil também perdeu o pouco que restava de inocência na política.
E paro por aqui, pois no interdito algo está dito. Assim, pois, apresento a leveza e o humor com que Marina Silva recebe uma interdição maior e mais severa (que a História, onde subjaz toda ironia, quiçá revogue e desfaça) e a publicação ao editor solicito. (Antonio Alves).
Sentença - Marina Silva
Pesquisaram, investigaram
O passado e o presente,
Os feitos e os não feitos,
Os ditos e os não ditos,
E não encontrando nada,
Deram o cabal veredito:
Alguém com uma vida assim,
Que não rouba, que é decente,
Que respeita adversários,
É uma afronta à nossa mente.
A declaramos culpada!
E a pena da apenada,
Seja exemplo a toda gente:
Pode falar, ensinar,
Pode até legislar
(Melhor se só costurar),
Mas jamais ser presidente.
3 comentários:
Duas coisas me chamaram a atenção: a palavra ingrisia muito ouvida na minha infância e que andava sumida e o fato de Marina Silva escrever poesia. Mais a admiro!!!
Cada dia admiro mais Marina Silva. Uma pessoa inspiradora, de alma linda, emana autenticidade e verdade.
Maravilha de mulher, mãe, poeta, simplesmente Marina.
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